tafona do Tio Faustino Machado
A mandioca (aipim ou macaxera), herança indígena na nossa mesa, feita e processada de várias maneiras, tem um lugar de destaque na família dos Machado no município de Formigueiro (na localidade denominada Fundo do Formigueiro), região central do Estado.
Existente há aproximadamente dois séculos, tem uma história contada por quatro gerações, mantendo a tradição em seu fabrico, comandado pelo Tio Faustino, que segue o ofício de seu bisavô e preserva o mesmo sabor de antigamente.
No início, os tempos eram outros!
A mandioca chegando de carreta, lavada e raspada à mão e a tafona tocada a boi ou cavalo.
Depois, levavam a farinha para municípios vizinhos, São Sepé, Restinga Seca (e até para Bagé, segundo Tio Faustino) em carretas, para ser trocada por outras mercadorias, num escambo tão comum à época. Após, foi movida à roda d'água, para mais tarde funcionar à diesel e depois, até os dias de hoje, à eletricidade: a raspadeira, o ralador, a prensa e o forno.
Mas Tio Faustino tem muitas histórias: muitas vezes, para um serviço urgente (encomenda grande), recebiam a ajuda de vizinhos (os famosos pixurus) e que, ao terminarem o trabalho, faziam brincadeiras e até bailes com uma gaitinha de oito baixos que acompanha até os dias de hoje o gaiteiro daquelas festa.
Sabem quem?
Ele mesmo, Tio Faustino!
A fama do sabor da farinha Tio Faustino ganhou o mundo, ficando na lembrança da família, o árduo trabalho e o sucesso que fazia o produto vendido em sacas de 50Kg.
Ainda hoje, com toda a tecnologia batendo à nossa porta, a mandioca ainda chega em carretas puxadas a boi o que, com certeza, dão-lhe um toque de saudosismo ao seu sabor inigualável.
A tafona do Tio Faustino Machado, no interior de Formigueiro (que tive o prazer de conhecer em Julho de 2007), continua como um símbolo ao trabalho rural e, principalmente um marco na indústria caseira deste produto que é apreciado de Norte a Sul do Brasil. E, queira Deus, que essa atividade perdure por muitos anos, preservando essa tradição.
A farinha de mandioca, presente por este Brasil de Deus à fora, constituiu-se em todas as mesas, uma importante contribuição indígena para a culinária típica do Rio Grande do Sul... a nossa terra!
Seção: Tradição e Folclore। Pedro Oliveira.
http://www.jornaldecanela.com.br/edicao/1278/tradicaoefolclore
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