A Fabrica de Conservas (línguas) de Mac Cool & Cia. Ltda.

Quinta-feira, Agosto 23, 2007

Entrevistando o Lord Mayor da City of London, sir John Stuttard, e falar com alguém que é sir já é muito divertido, envolvi-me com uma instigante história do nosso Pampa. Meu entrevistado contou-me do parentesco de sua esposa com um antigo dono de uma fábrica de línguas enlatadas em Bagé. Na conversa, pediu que, se eu tivesse informações sobre a origem da marca das línguas, mandasse notícias. Curioso, fui um pouco além e, com meu inglês macarrônico (corrijam meus erros, plis), escrevi o seguinte e-mail a Sir Stuttard (bem abaixo deste post, leia o resumo, em português).

Sir John Stuttard,

I had to call to Bagé to confirm McCawl´s first name. I found out many other things that I didn´t use in newspaper but may be curiosities for your wife´s family.

Your wife´s great grandfather, Charles McCawl, was a well-known man in Bagé. As you told me, he had an industry that canned cattle tongues to export. At that time, there were other brittish an european families operating in the meat area in the south of Rio Grande do Sul. McCawl didn´t speak portuguese well, but was very good in spanish - language that everybody understands in that region.

I talked to a friend of Charles (sun of a very good friend of him) and he told me your wife´s relative was a very tall and strong man. What he liked most was to hunt (specially grouses) and to fish. That man told me Charles had two suns - Alan and Osborne, who were twins. Alan lived in Bagé untill death and fabricated aliminium boats. Osborne is alive and works for Rolls Royce in London, according to that man. Charles had also a daughter, who died, when was young, in an accident envolving a shot in a hunting - a very sad story.

The house where the McCawl lived was big and beautiful, and it still exists in Vila Santa Thereza (district of Bagé). It belongs to HugoVaz Pinto, a businessman, who rents it. Untill some time ago, the place was - I'm sorry to inform - a brothel.

About the origin of the name "Paysandu": it was the name of a great prophet in the guarany indians' religion. After the christians arrived here, the indians began using the name Paysandu to call "Saint Thomas" (from Wikipedia).

Mais tarde, chegou a seguinte resposta do pedido de informações que fiz ao diretor do arquivo municipal de Bagé, mestre em história, Claudio Boucinha, um sujeito muito atencioso que não gosta de Zero Hora.

A Fabrica de Conservas (línguas) de Mac Cool & Cia. Ltda., com instalações modernas, e cujos produtos são exportados totalmente para a Europa.

O GUIA ILUSTRADO COMERCIAL, INDUSTRIAL E PROFISSIONAL DE BAGÉ, publicado em 1937, possuía um conjunto de informações preciosas sobre a história de Bagé, embora com alguns senões. Por exemplo, o GUIA não possuía indicação de página alguma, bem como a autoria dos textos não estava devidamente identificada. No presente trabalho, um desenvolvimento do Município de Bagé, embora com uma série de ressalvas. O GUIA estava assinado pelo Dr. S. de Navasques, em Bagé, setembro de 1937. No original, completava uma planta da cidade de Bagé e seus arrabaldes, organizada e desenhada na gestão do Ilmo. [1] Dr. Luiz Mércio Teixeira, D. D. Prefeito Municipal ( aparecia, na planta da cidade, a assinatura de Francisco Gonçalves Vieira[2] ); e uma planta do Município de Bagé, em que apareciam os oito distritos.



[1] Exmo. (?).

[2] O nome não está legível, parcialmente.

Conforme depoimento de Ilo Mendes Boucinha, engenheiro agrônomo, que conheceu o pai e o filho: A família de Mac Cool, possivelmente, tenha vindo na década de 30 ou até antes. Permaneceu até a década de 60, quando mudou a regulamentação sanitária, que exigiam outras instalações. No caso, a fábrica era uma fabriqueta, de madeira, mas com todos os equipamentos para fazer a língua enlatada. Era exportada para a Inglaterra, visto que, entre outras coisas, era um súdito inglês que fazia a exportação. A casa da Família ficava na mesma localidade, perto da Charqueada Santa Teresa. Depois da década de 60, o filho passou a fabricar barcos, pois tinha equipamento para isso. A língua era temperada e bem feita.

As informações são pequenas, visto o apuro do momento. Um abraço. Claudio Antunes Boucinha.

Após o qual, enviei a seguinte resposta, como contribuição a quem quer que possa querer estudar a história de Bagé.

Olá, Claudio. Obrigado pela atenção. Conversei com o Sr. Nei Carneiro, um amigo do "velho" Charles McCawl, e com o Lord Mayor sir John Stuttard (abaixo a função dele), uma bisneta do inglês. A grafia correta do nome é a referida acima, segundo ambos, com certeza. De acordo com o Stuttard, ele chegou aqui no final do século 19. A marca das línguas enlatadas era Paysandu, conforme relato do Stuttard. A grafia seria "Paysandu", como a cidade uruguaia, conforme o Nei. A partir de agora, as informações são todas do Nei. Charles McCawl era um inglês grande e corpulento. Um sujeito reservado. Se comunicava em esanhol. Suas grandes paixões eram pescar e, principalmente, caçar. Teve dois filhos gêmeos em Bagé: Alan e Osborne (cuja grafia não tenho certeza). Alan ficou na cidade até morrer e tinha uma indústria de barcos de alumínio. Osborne vive na Inglaterra até hoje. Trabalha na Rolls Royce, com motores. Charles ainda teve uma filha, que faleceu em um acidente durante uma caçada. Um tiro acidental disparado pelo próprio pai a teria vitimado, em um episódio trágico, envolvendo a abertura de uma porteira e cães. A casa dos McCawl, grande e bela, ainda existe no distrito de Santa Thereza (com h?). Até pouco tempo atrás, era um bordel.

Um abraço, e, novamente, obrigado. Sebastião Ribeiro.

Seguem as explicações de quem é sir Stuttard.

John Stuttard exerce desde 2006 o cargo de Lord Mayor, uma espécie de prefeito nobre com status de ministro que dirige a City of London, como é chamado o distrito financeiro da capital britânica. O cargo existe desde 1189 e sua função primordial é promover os serviços financeiros da City para empresas e governos de todo o mundo।




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