A Mulher do Chiqueiro
CAPÍTULO I
Cláudio Antunes Boucinha1
Introdução
A discussão sobre um filme que foi rodado em Bagé, em volta de um
crime hediondo, sobre uma mulher que foi obrigada pelo marido a viver
num chiqueiro, chama a atenção, para quem estuda as narrativas
locais, a micro-história, a monografia. O estudo de casos criminais
que envolvem toda a comunidade, de maneira escandalosa, que chegaram
a ser registrados em jornais e revistas da época, revelam um pouco
da alma humana e como os costumes locais podem interferir no
comportamento, especialmente, na prática, de um crime. Uma das
fontes para o estudo é Correio do Povo, Porto Alegre, 7.10.1913.
Em
pesquisa no Museu Dom Diogo de Souza, em Bagé, o jornal Correio do
Povo, Porto Alegre, domingo, 17 de março de 1974, p. 20, surge como
primeira informação, através de uma reportagem, cuja manchete é
“Pelotas, berço do cinema gaúcho”, cujo autor era Antônio
Jesus Pfeil. Falava de dois amigos, Francisco Santos e Francisco
Vieira Xavier, organizadores de um empreendimento, Guarany Films,
em 1913. Estava registrado que Francisco Santos filmava em Bagé, o
dito crime. Na pesquisa de Antônio Jesus Pfeil, também estava
relacionada a fonte do registro, o jornal Diário Popular, 7 de maio
de 1913. A intenção inicial de Francisco Santos era filmar a
romaria em torno do enterro do Coronel José Otávio Gonçalves2.
Sidimar Rostan (2015)3,
em interessante reportagem sobre o cinema em Bagé, especialmente a
figura de Francisco Santos, indicava que o pioneiro cineasta
registrou partida entre Sport Club Rio Branco e Sport Club União.
“PARTIDA
DE FUTEBOL ENTRE O SPORT CLUB RIO BRANCO DE
BAGÉ E O
S.C. UNIÃO. Filme desaparecido . Categorias: Curta-metragem /
Silencioso / Não ficção. Material original: 35mm, BP, 16q. Data e
local de produção. Ano: 1913. País: BR. Cidade: Pelotas. Estado:
RS. Data e local de lançamento. Data: 1913.01.00. Local: Pelotas.
Sala(s): Ponto Chic. Gênero: Documentário. Termos descritores:
Futebol. Descritores secundários: Sport Club Rio Branco de
Bagé;
Sport Club União. Produção: Companhia(s) produtora(s): Guarani
Filmes. Produção: Santos, Francisco. Conteúdo examinado: N. Fontes
utilizadas: YLS-PHC/FS4,
citando Correio Mercantil, 10 e 14.01.1913. Observações: AJP/FCG5
refere-se à exibição entre 10 e 14 de janeiro de 1913. Nome
correto da companhia produtora, segundo GNP/PCG6:
.7
O Sport Club Rio Branco e o Sport Club União, ambos eram clubes da
cidade de Pelotas.
“A
referência como um dos principais clubes de futebol da cidade
inicialmente foi dividida com clubes como o Sport Club União
(fundado em 1908), o Grêmio Sportivo Guarany (fundado em 19098)
e o Sport Club Rio Branco (fundado em 1910), seus principais
adversários na primeira década do futebol pelotense. (…) Em 1913,
sob a responsabilidade da Liga Pelotense de Futebol (fundada em
1907), Pelotas teve o seu primeiro campeonato citadino. Participaram
da primeira edição dessa competição: Pelotas, Rio Branco, União,
Guarany e Brasil. (…) Nesse ano e no seguinte, o clube realizou uma
série de jogos amistosos na cidade e na região e, em 1913, junto
com o Sport Club Pelotas, S. C. União, S. C. Rio Branco e Grêmio
Sportivo Guarany, participou da primeira edição do campeonato
citadino, organizado pela Liga Pelotense de Futebol, cumprindo assim,
já nos seus primeiros anos de existência, uma agenda esportiva
característica dos principais clubes da cidade na época”. 9
A
propósito dos times de Bagé, em 1913, como também dos costumes da
época, uma notícia de jornal informava que existia um “Club Rio
Branco” na cidade. Os termos que envolviam a modalidade, eram em
inglês. As pessoas andavam armadas, o que, circunstancialmente,
condicionava ao crime por motivos fúteis:
Leonardo Tajes Ferreira (Editor-chefe) & Gustavo Mansur (Adm.) &
Alexandre Neutzling (Adm.)& Rafa Marin (Adm.) (2013), escolheram
o nome do filme em estudo como “O Marido Fera”. Os responsáveis
pela publicação afirmavam que o período em que a mulher ficou presa
no chiqueiro foi de quatro anos:
“Outra
produção é “O marido fera”. Essa produção abordou um caso
policial ocorrido na cidade de Bagé, em 1913.
A história girava em torno da desconfiança do marido de que a
esposa lhe traía. Para sanar as dúvidas, o estancieiro resolveu
prendê-la em uma espécie de chiqueiro, o que acarretou denúncia de
populares. A polícia descobriu o cativeiro em 06 de outubro; a
mulher vivia, há quatro
anos10,
acorrentada e no meio da lama, num cubículo coberto de capim, com
dois palmos de comprimento por seis e meio de altura. Francisco
Santos e Vieira Xavier não hesitaram em acompanhar este caso de
tanta repercussão pública. Filmando in loco todos os lances da
captura dos envolvidos, a reconstituição, a prisão e a agitação
popular, logram realizar um documentário valioso. Conta-se que, no
mesmo dia, de regresso para Pelotas, montaram uma câmara escura no
vagão do trem, fazendo revelação e copiagem dos filmes durante a
viagem. A repercussão nas outras cidades11
do Estado foram ótimas; em Bagé, por exemplo, a polícia chegou a
proibir a venda de entradas para evitar superlotação no Coliseu.
Com todo esse sucesso no Estado, a Guarany Filmes arrecadou uma
excelente bilheteria.12
Beatriz
Ana Loner & Lorena Almeida Gill & Mario Osorio Magalhães,
[organizadores], (2017), publicaram interessante estudo sobre o
cinema na cidade de Pelotas. Como o estudo fornece os fundamentos
para uma reflexão maior, a citação literal do verbete vai ao
sentido de melhor organizar o próprio conteúdo estudado. Os
organizadores escolheram o título do filme como O Marido Fera,
sem muita discussão.
“Cinema.
A exibição de filmes. Onze meses separam o que se convencionou
chamar de “a primeira sessão de cinema” (28 de dezembro de 1895,
no Salão Indiano do Café des Capucines, em Paris, com o
“cinematographo Lumière”) da primeira projeção de imagens em
movimento para um público pagante, em Pelotas. O fato ocorreu em 26
de novembro de 1896, por iniciativa do pioneiro Francisco de Paola,
três semanas depois da primeira exibição em Porto Alegre, em 4 de
novembro, e quatro meses após a sessão inaugural do cinematógrafo
no Brasil, ocorrida no Rio de Janeiro em 8 de julho. Ainda que não
se possa considerar que a sessão de 1896 marcasse a instalação da
primeira sala permanente de exibição de filmes na cidade ─ já
que as “cenas mudas” eram projetadas em meio a apresentações
musicais, de mágicos, de dança e de números circenses ─, a data
serve, como as demais aqui relacionadas, como marco inaugural de uma
atividade comercial que iria rapidamente se desenvolver pelos
próximos anos. A primeira sessão com uso do cinematógrafo Lumière
só vai acontecer em 1901, por iniciativa do empresário Henrique
Sastre, com energia fornecida pela usina da empresa Moinho Pelotense:
durante meses as projeções se sucederam no Theatro Sete de Abril,
com imensa afluência de público, ávido por conhecer a novidade.
Uma década depois, ao mesmo tempo em que se realizavam projeções
em circunstâncias precárias ─ em clubes sociais, salões de festa
e até no salão da Bibliotheca Pública, com uso de aparelhos
europeus e norte-americanos ─, já eram várias as salas de
exibição pública permanentes: o primeiro local a se estabelecer em
caráter definitivo foi o Cinema Ponto Chic (Rua Quinze de Novembro
esquina Sete de Setembro, propriedade de J. F. Passos), com sessão
inaugural em 30 de março de 1912. Logo vieram mais três salas: a do
Cinema Politheama (face à Praça Coronel Pedro Osorio esquina Rua
Anchieta), a do Cinema Coliseu (Rua Anchieta entre General Telles e
Dom Pedro II), bem como a do Cinema O Popular. Essas salas,
funcionando como alternativa para outras atividades de diversão e
lazer, inclusive como restaurantes, disputavam público crescente com
os locais que exibiam preferencialmente “números de variedades”.
A novidade revelara-se negócio extremamente lucrativo e desde o
início do século XX o tradicional Theatro Sete de Abril arrendava o
local para projeção de fitas.
Um
dos arrendatários ─ Francisco Santos (Porto, 1872 − Bagé,
1937), que já vinha atuando no mercado de produção e exibição de
filmes, com a Guarany-Films, tendo seu contrato de dois anos
rescindido em 1919, resolveu, em sociedade com Rosauro Zambrano e
Francisco Xavier, construir seu próprio teatro.
Em
18 de maio de 1921, ocorreu a sessão inaugural do portentoso Theatro
Guarany, com a exibição de um melodrama de sucesso norte-americano
(Defraudando o público, com a popular atriz Enid Markey, que ficaria
sendo conhecida como a primeira Jane de Tarzan do cinema), em sete
partes, para um público de 3.800 espectadores. Orquestra dirigida
pelo maestro Romeu Tagnin acompanhou as imagens. Ficou “moderno”
ir ao cinema: famílias alugavam camarotes, frisas permanentes, como
até então se fazia para assistir a óperas e recitais no Theatro
Sete de Abril. Afinal, o cinema já podia ser considerado como mais
do que mera diversão popular: em 1911, o literato europeu Riccioto
Canudo já o havia batizado como a “sétima arte”. No início dos
anos 1930, a cidade dispunha de mais de uma dezena de salas
exibidoras. Com o advento do cinema sonoro ─ o primeiro filme
“falado” exibido em Pelotas foi uma “fita cantante”, Alvorada
de amor (The love parade, Paramount, 1929, dirigida por Ernest
Lubitsch, com Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier), em 17 de
dezembro de 1930, no Guarany, com o sofisticado sistema de som
Western Eletric, da Paramount Pictures ─, proliferaram as empresas
exibidoras e as salas se espalharam do centro para a periferia
urbana, instituindo os cinemas de bairro.
Nos
anos 1950, o público lotava as salas já tradicionais ─
Cine-Theatro Guarany (1921), Cine-Theatro Apollo (1925), CineTheatro
Avenida (1926), Cinema Capitólio (1929), todos construídos por
Francisco Santos, bem como o Cine-Theatro São Raphael e o
aristocrático e já tradicional Theatro Sete de Abril ─ e
prestigiava o aparecimento de novos locais, como o Cine América e o
Cine-Rádio Pelotense.
Na
década de 1960, apareceram o Cine Tabajara e o Cine Rei. Surgiu
nessa época a primeira sala provida com sistema de calefação: o
efêmero Cine Garibaldi, na zona do Porto.A fase áurea de um cinema
para grandes plateias, que começara nos anos 1920, teve o seu apogeu
nos anos 1950, com dezenas de salas projetando filmes das diversas
cinematografias mundiais. Todas as novidades técnicas da indústria
fílmica repercutiram na cidade. O primeiro filme brasileiro colorido
─ O destino em apuros (1953, dirigido pelo italiano Ernesto Remani,
da produtora paulista Multifilmes) ─ foi exibido no Capitólio em
1953. Também nesse ano, o Avenida apresentou o primeiro filme
produzido em Cinemascope ─ O manto sagrado (The robe, Henry Koster,
USA, 1953, Twenty Century Fox). Em 1954, foi apresentada no Guarany,
com estardalhaço e intensa afluência de público durante mais de um
mês, a novidade do “cinema em três dimensões” ─ 3D, que
exige o uso de óculos bicolores ─, com o filme Museu de cera
(House of Wax, USA, 1953, dirigido por André de Toth). O sistema
VistaVision, conquista técnica exclusiva da Paramount Pictures,
alavancou o grande sucesso de Os dez mandamentos (The ten
commandments, USA, 1956, dirigido por Cecil B. de Mille), em 1957, no
Guarany. A partir do final dos anos 1960, como consequência do
avanço comercial das redes de televisão e da facilidade
possibilitada pela audiência de imagens em domicílio, o público
afastou-se das salas exibidoras e muitos cinemas fecharam as
bilheterias, o que refletia uma tendência mundial. Do início do
século XX até os anos 1960, Pelotas contou, concomitantemente ou
não, com 33 salas exibidoras, a saber, incluindo as já citadas:
Cine Bandeirantes, Cine Benfica, Cine Continental, Cine Esmeralda,
Cine Fragata, Cine Glória, Cine Presidente, Cine Sansca, CineTupy,
Cine-Theatro Gonzaga, Cine 15, Cinema Coliseu, Cine Éder Salão,
Cinema Eldorado, Cinema Excelsior, Cinema High Life, Cinema Ideal,
Cinema Parisiense, Cinema Recreio Ideal. A produção de filmes. Seis
anos depois das primeiras tomadas (prise de vues) cinematográficas
no Brasil ─ vistas da Baía da Guanabara por Afonso Segreto, em
1898 ─, filmava-se em Pelotas pela primeira vez. José Filippi,
vindo do Nordeste, usando um aparelho Bioscopo-inglês, realizou
takes no Retiro, documentando uma festa regional de cavaleiros da
União Gaúcha. O documentário foi exibido dois dias depois no
Theatro Sete de Abril (26 de abril de 1904). Essa referência
histórica, entretanto, não dá conta da produção sistemática de
filmes na cidade.
Foi em 1912, com a fixação do ator português Francisco Santos em
Pelotas, o qual, em sociedade com Francisco Vieira Xavier,
estabeleceu a “Fábrica de filmes” Guarany-Films, que teve início
a produção e exibição contínuas de fitas rodadas em Pelotas.
Dezenas de cine-jornais (o “Jornal da tela 1913” teve 83
edições), curtas-metragens de ficção, “partes naturais”,
documentários vários foram aqui produzidos e exibidos nos diversos
cinematógrafos da cidade entre 1913 e 1914. O resultado dessa
atividade foi tão importante que não se hesita em denominar o
período como “Ciclo de Pelotas”, nas mesmas condições em que
se reconhece a existência de outros focos importantes de produção
intensa no país, em Cataguazes, Minas Gerais, ou em Pernambuco, fora
do eixo Rio-São Paulo, durante as primeiras décadas do século XX.
Ator e diretor de teatro, Santos investiu na criação de filmes de
ficção: o chamado “cinema posado”, ou seja, filmes
interpretados por atores, narrativas ficcionais, inspiradas em fatos
do cotidiano, criadas especialmente para serem filmadas ou adaptadas
de obras literárias. Os óculos do vovô (1913, 20 minutos), único
exemplar que restou intacto, recuperado pelo pesquisador Jesus Pfeil,
encontra-se depositado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. O
curta-metragem de ficção conta as peripécias de um menino travesso
(Mário Santos) que pinta de preto as lentes dos óculos do vovô
(Francisco Santos), enquanto esse dormia. Ao acordar, e
acreditando-se cego, o avô se assusta e provoca uma série de
situações cômicas. Dirigido e roteirizado por Santos, tem
fotografia de Francisco Xavier. O formato do filme seguiu a linha de
curtas de sucesso no mundo inteiro, a partir das primeiras fitas
francesas de ficção dos irmãos Lumière e do pioneiro Georges
Méliès, que narravam anedotas curtas, explicitando quiproquós da
vida cotidiana. Dos outros filmes, inacabados ou desaparecidos, só
restam informações publicadas em jornais e em arquivos particulares
e nenhum fotograma. Segundo esses registros, os filmes seriam: Amor
de perdição (1913), adaptação do romance de Camilo Castelo
Branco; O beijo (1913); Maldito algoz (ou O álbum maldito, 1913);
O
marido fera (1913, estreia em 17 de outubro13
em Pelotas, e em Porto Alegre em 24 de novembro, também referido
como A mulher do chiqueiro).
Mas
é O crime dos banhados (1914, 8 partes, 2.400 metros), considerado
como o primeiro filme de longa-metragem de ficção feito no Brasil ─
já que Os estranguladores,de Antonio Leal, Rio de Janeiro, 1908,
tido como o primeiro filme de ficção, tinha apenas 3 partes, 3
rolos, com duração de 40 minutos, ou seja, um médiametragem ─,
que vai localizar Pelotas como importante pólo na produção
nacional de filmes. O filme estreou no Cine Íris, em 25 de fevereiro
de 1914, em Pelotas, e em Porto Alegre no dia 23 de março. Escrito,
produzido, fotografado, interpretado e dirigido por Santos, o filme
tem ainda no elenco Jaime Cardoso, Jorge Pinto, Abel Pêra, Manoel
Pêra, Graziella Diniz, Antonieta Cancella, entre outros.
Reconstituição ficcional de um crime ocorrido no Passo da Estiva,
na vizinha cidade de Rio Grande, em abril de 1912, a fita se insere
num gênero nacional muito cultuado na época: o de filmes sobre
crimes e assassinatos de grande impacto social. Com a eclosão da
Primeira Guerra Mundial, e devido à consequente restrição à
importação de filme virgem, a produção da Guarany-Films
praticamente terminou. Francisco Santos e seu sócio, Francisco
Xavier, dedicaram-se então exclusivamente à exibição de filmes,
construindo, em 1920, a mais confortável e ampla sala de projeção
da cidade, o Cine-Theatro Guarany. Pelotas jamais viveria um surto de
produção e exibição de filmes locais igual. Diletantes e
“cavadores” continuaram a filmar por aqui, esporadicamente, mas
nada que se comparasse ao breve período de quase dois anos em que a
cidade viu florescer uma incipiente, mas prolífica indústria
cinematográfica.
Do
ponto de vista da produção de filmes, outro fato registrável, até
os anos 1960, foi a realização, quase que totalmente em locação
na cidade, do filme, Ângela. Produção da paulista Companhia
Cinematográfica Vera Cruz, de 1951, inicialmente sob a
responsabilidade de Alberto Cavalcanti, o filme foi dirigido pelo
ator e dramaturgo Abílio Pereira de Almeida e pelo imigrante
norte-americano Tom Payne. Com elenco de atores famosos nas telas
brasileiras ─ Eliane Lage, Alberto Ruschel, Inezita Barroso, Ruth
de Souza, Luciano Salce ─, além de iniciantes, como Maria Clara
Machado, Antunes Filho e Sérgio Cardoso, o filme contou com inúmeros
pelotenses, como figurantes e até em pequenas participações, como
a de Nóris Gastal. Durante as semanas em que se filmou na cidade, a
circulação de técnicos e atores colocou em agitação os meios
artísticos de Pelotas, principalmente de estudantes e de cinéfilos.
Produto típico da marca de qualidade técnica da Vera Cruz, sob a
inspiração de modelos vigentes do realismo noir do cinema
norte-americano e do realismo poético europeu, a película teve
locações na residência da família Maciel (onde hoje está
instalado o Museu da Baronesa, no Areal) e no Clube Comercial, no
centro da cidade. Atualmente distribuído pela Universal Pictures,
encontra-se disponível em vídeo, além de ter cópia depositada na
Cinemateca Brasileira, em São Paulo. O cineclubismo. A cinefilia
pelotense possibilitou que aqui se criassem condições propícias
para o desenvolvimento dos clubes de cinema, por meio dos quais os
cinéfilos puderam assistir a filmes importantes que não passavam
pelas salas comerciais, ao mesmo tempo em que realizavam a necessária
reflexão sobre a natureza estética dos filmes. Na esteira da
proliferação dos cineclubs europeus ─ franceses, notadamente,
logo após a Segunda Guerra Mundial ─, foi fundado o Círculo de
Estudos Cinematográficos, em 14 de agosto de 1950, o qual deu origem
ao Clube de Cinema de Pelotas. Aglutinando interesse de cinéfilos ─
estudantes, professores, pessoas ligadas às artes ou simplesmente
diletantes ─, a entidade promoveu mais de duzentas sessões em suas
diversas fases de funcionamento, até o final dos anos 1960. As
sessões eram realizadas nos mais diversos locais, como salas de aula
de escolas e faculdades, para projeções em 16 mm (a sala 54 da
Faculdade de Odontologia acolheu dezenas de sessões sempre bastante
concorridas), ou em salas de exibição dos cinemas locais que eram
cedidas para os associados do clube aos domingos pela manhã, para
exibição de filmes em 35 mm e debates muitas vezes acalorados.
Filmes de cinematografias importantes da Europa e de países
orientais puderam ser apreciados nessas sessões, constituindo-se os
eventos como verdadeira programação de cinemateca, já que,
sistematicamente, eram realizados também festivais de cinema, com o
melhor da programação internacional, e que só circulava no âmbito
cineclubístico. Até o final dos anos 1960, o Clube de Cinema teve
em sua coordenação nomes como Luiz Fernando Lessa Freitas, Gustavo
Gastal, Pedro Zanotta, Manoel Villanova, Hamilton Fernandes, Geraldo
Valente, Aldyr Garcia Schlee, Pedro Luis Monti Prieto, Gisela Dias
da Costa, Antonio Carlos Mazza Leite, João Manuel dos Santos Cunha,
Laura Pedrotti, Jurema Lopes. Por essa mesma época, no início dos
anos 1960, foi ativo, também, nos mesmos moldes do Clube de Cinema,
o CineClube de Pelotas, por iniciativa da agência local do SESI, sob
a responsabilidade de João de Deus Correa e animado por jovens
estudantes secundaristas coordenados por Laerte Mario Pedrosa Jr.
Outra iniciativa importante foi a criação do Clube de Cinema dos
Gatos Pelados, do Colégio Municipal Pelotense, que promoveu vários
festivais de cinema em “super 8”, sob a coordenação dos
próprios estudantes, além de projeções, seguidas de debates, no
auditório da escola. Pouco tempo antes de se dissolver, em meados
dos anos 1970, coube ao clube do Colégio Pelotense façanha
memorável: a exibição, em mais de trinta sessões, do
curta-metragem Di Cavalcanti (Glauber Rocha, 1976), no breve espaço
de tempo em que o filme circulou no âmbito cineclubístico, antes de
sua apreensão pela Polícia Federal, interditado a pedido da família
do pintor. Até hoje o filme não foi liberado para qualquer tipo de
exibição, pública ou privada. A crítica. O que de importante a
crítica cinematográfica em Pelotas produziu até o final dos anos
1960 está publicado nos jornais A Opinião Pública e Diário
Popular, redigido pelos pelotenses Paulo Fontoura Gastal (1922-1996),
sob pseudônimo de “Écran”, e Pery Gonçalves Ribas(1904–1979).
Até o fim dos anos 1920, não se pode afirmar que tenha havido
crítica de cinema sistemática em Pelotas; os poucos escritos
publicados em jornais e revistas locais iam na direção do que a
grande imprensa nacional também praticava: resenhas, notas
informativas, entrevistas com artistas. P.F. Gastal, jornalista em
tempo integral, iniciou-se na crítica de cinema em 1941, no Diário
Popular, ao mesmo tempo em que trabalhava como programador em um
cinema local. Dele, disse Paulo Emílio Salles Gomes: “É o
principal responsável, no Rio Grande do Sul, pela constituição do
público cinematográfico proporcionalmente mais evoluído do Brasil”
(1981). Tendo se transferido para Porto Alegre, no final dos anos
1940, passou a colaborar com a Revista do Globo e, a partir de 1949,
além de manter coluna crítica sobre cinema, com o pseudônimo de
“Calvero”, tornou-se o mais importante jornalista da área
cultural do estado, criando o “Caderno de Sábado” do jornal
Correio do Povo, de Porto Alegre. A qualidade e o alcance popular de
seus textos, bem como sua incansável atividade de animador cultural
(criador do Festival de Cinema de Gramado e ativo cineclubista ─
sua colaboração foi decisiva para a criação e a manutenção das
atividades do Clube de Cinema de Pelotas ─; assessor do cineasta
Alberto Cavalcanti na criação do Instituto Nacional de Cinema –
INC), levaram o jornalista Almir Labaki a afirmar ser ele “uma
espécie de André Bazin dos Pampas, influência maior sobre mais de
quatro gerações”. Sua produção crítica está compilada no
livro Cadernos de cinema de P. F. Gastal. Pery Ribas iniciou sua
trajetória como homem de cinema também em jornais pelotenses, daqui
saindo para ser articulista na influente revista A Scena Muda, no Rio
de Janeiro, tendo atuado ainda como crítico de cinema em alguns dos
mais importantes periódicos brasileiros, como Cinearte e O Cruzeiro.
Em 1927, assinou o roteiro do filme de longa-metragem Amor... Amor...
Amor..., que se encontra desaparecido, produzido pela Gaúcha Filmes,
em Pelotas. Foi ator de cinema (Alô, Alô Carnaval, 1936, de Adhemar
Gonzaga; Ganga bruta, 1933, de Humberto Mauro) e participou, como
entrevistado e personagem, do documentário De como se faz um jornal
moderno (1933, de Adhemar Gonzaga). Cobriu festivais e lançamentos
de filmes, sempre como jornalista e comentarista de cinema. Em seu
retorno para Pelotas, entretanto, mais do que crítico de filmes,
exercitou-se como pesquisador dotado de argúcia e espírito
científico, numa época em que a atividade de investigação
metodológica em cinema ainda não se institucionalizara. Seus
textos, primeiramente publicados aqui, no jornal Diário Popular,
repercutiram no país e no exterior, veiculados pelas principais
revistas especializadas nacionais. Teve o ensaio Il cinema in Brasile
fino al 1920 publicado na Itália, em 1961 (é nesse texto que ele
apresenta dados sobre o “ciclo de Pelotas 1913-1914”, referência
para todas as pesquisas que se sucederam sobre a produção local de
cinema). Sua produção sistemática de biofilmografias e
filmografias sustentou por anos a base da pesquisa historiográfica
sobre cinema no Brasil. Seu arquivo – composto por milhares de
peças, entre filmes, críticas, sinopses, fichas técnicas, fotos,
recortes de jornais e revistas, cartazes de filmes, roteiros,
entrevistas −, resultado de mais de cinquenta anos de vida dedicada
exclusivamente ao cinema e aos filmes, juntamente com sua filmoteca e
biblioteca especializada, que abrangiam mais de oitenta anos de
cinema mundial, foram vendidos para particulares em Porto Alegre,
visto que não se encontrou, em Pelotas, instituição que se
interessasse pelo acervo14.
15
TOMAIN,
Cássio dos Santos (2010), escolhe o nome de O Marido Fera e
acrescenta outro título, O Crime de Bagé, sem apontar
fontes. Vale registrar que o enquadramento do filme em contexto
histórico do cinema brasileiro, a partir de uma classificação
dentro do gênero, é importante.
“É
de Francisco Santos, O Crime
de Banhados (1913), um
longa-metragem de mais de duas horas de duração sobre o assassinato
de toda uma família, na fazenda Passo da Estiva, em Rio Grande, por
motivos políticos. Este filme, assim
como O Marido Fera ou o Crime de Bagé (1913),
também do diretor, se enquadra em uma espécie de gênero de “filmes
criminais” que foi comum entre as primeiras produções dos anos de
1910 do cinema brasileiro, seja em São Paulo, Rio de Janeiro ou
Pelotas. Muitas destas produções eram realizadas no calor da hora,
aproveitando o interesse do público pela trama amplamente noticiada
na imprensa. Ainda em 1913 a Fábrica Guarany realizou outros dois
filmes ficcionais, O Álbum
Maldito e Os
Óculos do Vovô, este último
considerado, ainda hoje, o filme de ficção brasileiro mais antigo
preservado”. 16
Viviane
Abejaneda17,
(2012), citando matéria do Jornal Minuano, produzida por Melissa
Louçan, que usou como fonte o trabalho de Elizabeth Macedo de
Fagundes, Inventário Cultural de Bagé , registrou parte da
presença de Francisco dos Santos, em Bagé, em 1934.
“Cinema
Apolo: de propriedade de Francisco Santos, foi construído em 1934. O
projeto e a construção ficaram a cargo de Lourenço Lahorgue.
Fechou na década de 1950 e cedeu espaço ao Cine Presidente, de
Kucera”.18
A
Cinemateca, sem indicar data de publicação, registrou o filme em
estudo como O Marido Fera. No registro, mais informações,
especialmente sobre o nome dos envolvidos no crime; a data da
ocorrência, 6 de outubro de 1913. A Cinemateca apontava outro
período para a prisão no chiqueiro, quatro anos. Apontava, como
fonte, o jornal Correio do Povo, Porto Alegre, dia 7 de outubro de
1913. Em suas “Observações”, fez interessante debate sobre qual
seria o nome, afinal, do filme: Marido Fera ou A Mulher do
Chiqueiro?
“O
MARIDO FERA. Filme desaparecido. Outras remetências de título:
MARIDO FERA; A MULHER DO CHIQUEIRO. Categorias: Curta-metragem /
Silencioso / Não ficção. Material original: 35mm, BP, 1.200m, 16q.
Data e local de produção. Ano: 1913. Início: 1913.10.00.País:
BR. Cidade: Pelotas. Estado: RS. Data e local de lançamento. Data:
1913.10.17. Local: Pelotas.
Sala(s): Coliseu. Circuito exibidor. Exibido em Bagé, Santa Maria e
Rio Grande, em outubro de 1913. Exibido em Porto Alegre a 24.11.1913,
no Íris. Sinopse: "Caso policial ocorrido na cidade de Bagé,
em 1913 (…). Desconfiado de que a esposa lhe traía, um estancieiro
resolveu prendê-la numa espécie de chiqueiro. Uma denúncia de
populares levou a polícia, em 6 de outubro,
ao local do cativeiro. A pobre mulher vivia há
quatro anos, acorrentada
e no meio da lama, num cubículo coberto de capim, com doze palmos de
comprimento por seis e meio de altura. 'Trata-se de José Alves da
Silva (…) A população em massa afluiu à Intendência Municipal,
a fim de ver a vítima, que ali estava recolhida. A polícia procura
o criminoso. A população quer linchá-lo.' (Correio do Povo, Porto
Alegre, 7.10.1913).
Francisco Santos e Vieira Xavier rumaram para Bagé, a tempo de
presenciar a prisão do responsável pelo crime e
de uma criada que fazia
às vezes de carcereira.(Foram filmados) - in loco - todos os lances
da captura dos envolvidos, a reconstituição, a prisão e a
agitação popular". (YLS-PHC/FS19).
Gênero: Documentário. Termos descritores: Crime; Mulher.
Descritores secundários: Silva, José Alves da; Alves,
Rafaela;
Branco, Orfila Lopes;
Polícia. Termos geográficos. Bagé – RS. Produção: Companhia(s)
produtora(s): Guarani Filmes. Produção: Xavier, Francisco Vieira;
Santos, Francisco. Fotografia:... Operador: Santos, Francisco.
Identidades/elenco: Silva, José Alves da. Conteúdo examinado: N.
Fontes utilizadas: YLS-PHC/FS20,
p. 61-3. AJP/P21
in Correio do Povo, Porto Alegre, 17.03.1974, p. 20. AJP/FCG22.
Fontes consultadas: TB/CRGS, artigo de Antonio Jesus Pfeil, p. 21.
ALSN/DFB-LM. Observações: e já foram considerados dois filmes distintos.
YLS-PHC/FS23
não tem dúvidas de que são um único filme; AJP/FCG24
e TB/CRGS25
concordam. No entanto, AJP/P26
traz uma sinopse mais nuançada para : o filme
abordava "um notório caso de adultério, fato que aconteceu na
cidade de Rio Grande (RS). Um cidadão, ciente da infidelidade da
esposa, chegando mesmo a surpreendê-la em flagrante, levou o caso à
justiça. O processo se desenvolve(u) com grande repercussão em Rio
Grande e Pelotas". CS/FCB27
informa que seria o nome da segunda série do
filme , de 1914. Nome correto da
companhia produtora, segundo GNP/PCG28:
. A fonte
ALSN/DFB-LM29
acredita que este filme é um longa-metragem com direção de
e . Esta
fonte aceita como título principal .30
Conforme
Antônio Jesus Pfeil, sem data de publicação, Francisco Santos
filmou outros, em Bagé e outras cidades próximas: “Centenário
e Exposição de Bagé, Um Curtume Pelotense, Uma
Visita à Hidráulica de Bagé (em outubro) e Manobras em
Jaguarão (em novembro)”.
“Os
cinemas continuavam lotados. Em Bagé, no dia 19/9, Francisco Santos,
empresário teatral, anunciava que iria montar, no estado, com o nome
de Guarany, um estúdio de filmes e que já tinha encomendado os
aparelhos necessários. (…) a Guarany Films foi inaugurada em
16/01/1913, na cidade de Pelotas, e tinha como sócio Francisco
Xavier. Fazer cinema em Pelotas não era novidade, pois, José
Brizolara, proprietário de uma clicheria, se dedicava a documentar a
paisagem da região. Também os Irmãos Grecco, financiados por
Eduardo Hirtz, da mesma forma realizavam seus pequenos documentários,
como Club dos Atiradores, lançado em 12/02/1913 no
Recreio Ideal de Pelotas. José Brizolara filmou: Uma Excursão
pelo Rio São Gonçalo, Da Boca do Arroio Pelotas ao
Porto da Cidade, Panorama da Represa e Uma
Excursão ao Cerro do Capão Leão, que eram exibidos na
cidade. Consta que Francisco Santos praticamente chegou filmando,
dias depois de sua primeira apresentação, pois, já tinha uma
câmera de filmar, faltando apenas um laboratório para revelação
dos negativos e cópias – o que não foi difícil, já que
Brizolara também filmava e certamente possuía um pequeno
laboratório, permitindo as primeiras experiências: Centenário
e Exposição de Bagé, Um Curtume Pelotense,
Uma Visita à Hidráulica de Bagé (em outubro) e Manobras
em Jaguarão (em novembro).31
Miriam de Souza Rossini (2007), escolheu o título
do filme como A Mulher do Chiqueiro, embora erre a data de
exibição:
Desde
os primórdios do cinema gaúcho que a realização de filmes com
base no elemento campesino é uma constante. Um dos primeiros filmes
feitos no Rio Grande do Sul, Ranchinho do Sertão, de 1912/13,
dirigido por Eduardo Hirtz, instaura a temática rural em nosso
cinema. Pela mesma época, Francisco dos Santos estava dando início
ao seu estúdio cinematográfico em Pelotas, rodando filmes também
ambientados no meio rural, como O crime dos banhados, 1913, sobre o
assassinato de uma família inteira por desavenças política, ou A
mulher do chiqueiro, 191432,
sobre uma esposa que fora trancafiada pelo marido num chiqueiro.
Estes são exemplos do início do cinema gaúcho que já trazia a
marca do rural, que por sua vez tornou-se a marca do gaúcho.33
O “IMDb”, sem data de publicação, escolheu
o título A Mulher do Chiqueiro:
“39.
Francisco Xavier. Producer | A Mulher do Chiqueiro. Francisco Xavier
was born in 1879 in Vila Real, Portugal as Francisco Maria Vieira
Xavier. He was a producer and actor, known for A
Mulher do Chiqueiro (1913),
O Crime dos Banhados (1914) and Os Óculos do Vovô (1913). He died
in 1935 in Pelotas, Rio Grande do Sul, Brazil.34
O
trabalho não pode ser concluído a contento por que existe muita
debilidade nas informações. É preciso aprofundar a pesquisa. Seria
interessante estabelecer os fundamentos psicológicos envolvidos no
crime e na filmagem, bem como a histeria da população em acompanhar
a exibição do filme. Estabelecer a rede social em que se inseria o
autor do crime, bem como todos os envolvidos.
Notas
1Mestre
em História do Brasil. (PUCRS). Licenciado em História. (UFSM).
2“Já
doente, concorreu as eleições para Intendente Municipal a pedido
do Partido Republicano, sendo eleito em 31 de maio de 1910 pela
terceira vez. (…) durante seu mandato, faleceu em 7 de abril
de 1913, sem poder realizar a conclusão da Hidráulica de
Bagé, que acabou sendo inaugurada uma semana após sua morte”.
“Fontes: Bagé – Governos e Governantes – Tarcísio Taborda.
José Otavio Gonçalves – Jornal Folha do Sul - José Otávio Neto
Gonçalves - Especial Semana de Bagé. Cultura 26/06/2017 |
Colunista: Diones Franchi. “José Octávio Gonçalves: Um coronel
em nome de Bagé”.
http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2017/06/26/jose-octavio-goncalves-um-coronel-em-nome-de-bage
.
3
Jornal Minuano, “Legado Desaparecido: Bagé sediou experimentos
cinematográficos que se perderam no tempo”. Bagé, 6 de julho de
2015. https://issuu.com/jornalminuanobage/docs/20150706
.
4YLS-PHC/FS
SANTOS, Yolanda Lhullier
dos e CALDAS, Pedro Henrique. Francisco Santos: pioneiro no cinema
do Brasil. Prefácio Miroel Silveira. Gramado : Festival de Gramado,
1996. 111p. il. [Levantamento efetuado em fontes de época].
5AJP/FCG
PFEIL, Antonio Jesus.
Filmografia do cinema gaúcho: 1911-1935. [Pesquisa inédita,
baseada em jornais da época. Texto depositado na Cinemateca
Brasileira. O autor não indica suas fontes de informação].
6GNP/PCG
PÓVOAS, Glênio Nicola. Pesquisas
sobre cinema gaúcho. [Informações remetidas através de
correspondência, indicando fontes primárias de época, que
atualizam o banco de dados do Censo].
7http://bases.cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/#
8“O
Guarany Futebol Clube é um clube de futebol brasileiro com sede na
cidade de Bagé, no estado do Rio Grande do Sul. Foi fundado em 19
de abril de 1907”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guarany_Futebol_Clube
.
9Dicionário
de História de Pelotas [recurso eletrônico] / Beatriz Ana Loner,
Lorena Almeida Gill, Mario Osorio Magalhães, [organizadores]. 3.
ed. – Pelotas: Editora da UFPel [ FAU - Fundação de Apoio
Universitário] 2017, Disponível em:
http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/3735/1/Dicion%C3%A1rio%20de%20Hist%C3%B3ria%20de%20Pelotas.pdf
.
10O
Correio do Povo informava 16 anos.
11“Circuito
exibidor: Exibido em Bagé, Santa Maria e Rio Grande, em outubro de
1913. Exibido em Porto Alegre a 24.11.1913, no Íris”.
12https://www.facebook.com/Olharessobrepelotas/photos/-a-guarany-filmes-diferentemente-do-que-popularmente-se-conta-a-origem-do-theatr/367952723311939/
. “Declaração de autoria:
- Leonardo Tajes Ferreira
(Editor-chefe)
- Gustavo Mansur (Administração)
- Alexandre Neutzling (Administração)
- Rafa Marin
(Administração). 10
de fevereiro de 2013 ·
13“e)
É produzido o filme Marido Fera (do diretor Francisco dos
Santos), um policial da Guarany Films, abordando um fato ocorrido no
município de Bagé quando um estancieiro, desconfiado da traição
de sua esposa, a aprisionou em um chiqueiro e a manteve em
cativeiro por alguns anos. Este filme tambem recebeu o nome de A
Mulher do Chiqueiro. A estreia desse filme ocorreu no
cineteatro Coliseu, de Pelotas, em 18/Out/1913. Era um
curta-metragem de 20 minutos que está desaparecido”.
http://www.carlosadib.com.br/ciners_fatos.html
.
14Bibliografia.─
Becker, T. (org.). Cinema no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UE,
1995; Becker, T. (org.). Cadernos de cinema de P. F. Gastal. Porto
Alegre: UE, 1996; Caldas, P. H., Santos, Y. L. Guarany: o grande
teatro de Pelotas. Pelotas: Semeador, 1994; Caldas, P. H. A primeira
sessão de cinema: 1901. In: Pelotas Memória. v. especial. Pelotas:
l992. p. 15-18; Cunha, J. M. S. Cinema: a crítica e os limites de
uma impossibilidade. In: Continente Sul/Sur. Porto Alegre: IEL/CNPq,
1996; Cunha, J. M. S. O crime dos banhados e o pioneirismo de
Pelotas em produção cinematográfica. In: Diário Popular.
Pelotas: Diário Popular, 16.09.1984. p. 6; Cunha, J. M. S. Pelotas
e a atividade cineclubística. In: Gazeta Pelotense – Caderno de
Cultura. Pelotas: Gazeta Pelotense, 08.10.1976. p. 3; Gomes, P. E.
S.Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Paz e
Terra/Embrafilme, 1980; Magalhães, N. N. Palcos e telas. In:
Pelotas Memória. N.2, v.12. Pelotas, 2001; Miranda, L. Dicionário
de cineastas brasileiros. São Paulo: Art Editora, 1990; Pfeil, J.
Cinematógrafo e o cinema dos pioneiros. In: Becker, T. (org.):
Cinema no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UE, 1995; Ribas, P. G. Il
cinema in Brasile fino al 1920. In: Cinema brasiliano. Gênova:
Silva Editora, 196l; Santos, Y. L., Caldas, P. H. Francisco Santos:
pioneiro do cinema no Brasil.Pelotas: Semeador, 1996; TULARD, J.
(org. brasileira de Hiron Goidanich). Dicionário de cinema: os
diretores. Porto Alegre: L&PM, 1996.(João Manuel dos Santos
Cunha).
15Dicionário
de História de Pelotas [recurso eletrônico] / Beatriz Ana Loner,
Lorena Almeida Gill, Mario Osorio Magalhães, [organizadores]. 3.
ed. – Pelotas: Editora da UFPel [ FAU - Fundação de Apoio
Universitário] 2017, Disponível em:
http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/3735/1/Dicion%C3%A1rio%20de%20Hist%C3%B3ria%20de%20Pelotas.pdf
.
16POR
UMA MEMÓRIA DO CINEMA DOCUMENTÁRIO NO RIO GRANDE DO SUL: desafios
para uma nova historiografia do cinema brasileiro. TOMAIN, Cássio
dos Santos. Doutor. UFSM. tomaim78@gmail.com
. Intexto, Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 23, p. 103- 119
julho/dezembro 2010 . Este artigo é resultado de estudos
desenvolvidos para o projeto de pesquisa "O Documentário
Gaúcho Contemporâneo: Memória e Identidade (1995 a 2010)",
financiado pelo edital Universal MCT/CNPq N. 14/2009 e pelo Programa
de Bolsas de Iniciação Científica da UFSM - FIPE Júnior em 2009
e 2010. Colaboram nesta pesquisa Camila Dias Araujo e Isabella Mayer
de Moura, bolsistas e alunas do Curso de Jornalismo da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), campus de Frederico Westphalen/RS.
https://seer.ufrgs.br/intexto/article/viewFile/16426/10513
.
18
Inventário Cultural de Bagé – Elizabeth Macedo de Fagundes.
domingo, 25 de novembro de 2012. Fonte JM (Jornal Minuano: 22h:44min
26/11/2012 - Cinema em Bagé. A era de ouro do cinema em Bagé.
Melissa Louçan. Jornal Minuano.
http://www.alternet.com.br/portal/2012/11/26/a-era-de-ouro-do-cinema-em-bage/
. http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=81521
.
http://jornalminuanoantigo.com.br/noticia.php?id=81521&busca=1&palavra=A+era+do+ouro+do+cinema
. ). “A era de ouro do cinema em Bagé”.
http://cidadebage.blogspot.com/2012/11/a-era-de-ouro-do-cinema-em-bage.html
. https://issuu.com/jornalminuanobage/docs/20150706
. “O antigo “Cinema Apolo” foi inaugurado em 13 de outubro de
1934, a mando do empresário Francisco Santos. O projeto e a
construção ficou a cargo do engenheiro Lourenço Lahorgue. Em 15
de janeiro de 1959, o jornal Correio do Sul anunciava que o Cine
Presidente, após um incêndio em suas instalações, mudava-se para
o prédio do Cinema Apolo. Nos anos 60, também funcionou no local
um boliche chamado “Bolishow”. Atualmente, está funcionando no
referido prédio, o bazar “Mundo Real”. Fonte de consulta:
Arquivo Público Municipal e o livro Inventário Cultural de Bagé,
de Elizabeth Macedo de Fagundes. Geral 16/11/2015 | Colunista: Cid
M. Marinho . “Antigos cinemas de Bagé”.
http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2015/11/16/antigos-cinemas-de-bage
. http://www.carlosadib.com.br/ciners_fatos.html
.
19YLS-PHC/FS
SANTOS, Yolanda Lhullier
dos e CALDAS, Pedro Henrique. Francisco Santos: pioneiro no cinema
do Brasil. Prefácio Miroel Silveira. Gramado : Festival de Gramado,
1996. 111p. il. [Levantamento efetuado em fontes de época].
20YLS-PHC/FS.
SANTOS, Yolanda Lhullier dos e CALDAS, Pedro Henrique. Francisco
Santos: pioneiro no cinema do Brasil. Prefácio Miroel Silveira.
Gramado : Festival de Gramado, 1996. 111p. il. [Levantamento
efetuado em fontes de época].
21Antonio
Jesus Pfeil?
22AJP/FCG
PFEIL, Antonio Jesus.
Filmografia do cinema gaúcho: 1911-1935. [Pesquisa inédita,
baseada em jornais da época. Texto depositado na Cinemateca
Brasileira. O autor não indica suas fontes de informação].
23YLS-PHC/FS.
SANTOS, Yolanda Lhullier dos e CALDAS, Pedro Henrique. Francisco
Santos: pioneiro no cinema do Brasil. Prefácio Miroel Silveira.
Gramado : Festival de Gramado, 1996. 111p. il. [Levantamento
efetuado em fontes de época].
24AJP/FCG
PFEIL, Antonio Jesus.
Filmografia do cinema gaúcho: 1911-1935. [Pesquisa inédita,
baseada em jornais da época. Texto depositado na Cinemateca
Brasileira. O autor não indica suas fontes de informação].
25TB/CRGS
BECKER, Tuio (org).
Cinema no Rio Grande do Sul. Porto Alegre : Unidade Editorial, 1995.
135 p. il. (Cadernos Porto & Vírgula, 8).
26AJP/P.
PFEIL, Antonio Jesus. Vários textos depositados na Cinemateca
Brasileira, incluindo: "Resultado das pesquisas realizadas
sobre o cinema no Rio Grande do Sul; em Boletim dos Pesquisadores do
Cinema Brasileiro, ano 3, n§4, 1974, e artigos publicados no
Correio do Povo de Porto Alegre, mar. 1974.
27CS/FCB
SCHEIBY, Caio. Fichário filmográfico
da Cinemateca Brasileira, por este autor elaborado, contendo
anotações de Pery Ribas. [Não são mencionadas as fontes de
informação utilizadas].
28GNP/PCG
PÓVOAS, Glênio Nicola.
Pesquisas sobre cinema gaúcho. [Informações remetidas através de
correspondência, indicando fontes primárias de época, que
atualizam o banco de dados do Censo].
29ALSN/DFB-LM
SILVA NETO, Antonio
Leão da. Dicionário de filmes brasileiros : longa-metragem.
Apresentação Frederico Botelho; prefácio Rubens Ewald Filho. São
Paulo : A. L. da Silva Neto, 2002. 943 p. Incl. bibliografia e
índice por ano de lançamento ou produção. “MULHER DO
CHIQUEIRO, A, 1913, Pelotas, RS. ficha técnica: prd, dir e fot:
Francisco Santos e Francisco Vieira Xavier; cpr: Guarani Filmes;
p&b, 35mm, gen: drama. sinopse: “No município de Bagé, RS,
um estancieiro, desconfiado da esposa, prendeu-a num chiqueiro,
onde, em companhia dos porcos, viveu durante dezesseis anos.
A polícia, tomando conhecimento do fato através de um viajante,
organizou uma patrulha, dirigindo-se para o local. Na estância, foi
confirmada a denúncia. Realmente a mulher vivia com os porcos (...)
O ato revoltou a população e o estancieiro só não foi linchado
em razão da intervenção da polícia. O filme acompanhou todos os
lances da reconstituição, da prisão, da agitação popular.
Extraída da tragédia que teve como protagonista José Alves da
Silva, que encarcerara sua esposa durante anos”. comentários:
História verdadeira de um homem que, traído pela mulher,
mantinha-a presa e amarrada num chiqueiro junto aos porcos. Outro
titulo: O marido fera. (fop: d-19)”. Silva Neto, Antônio Leão
da. Dicionário de Filmes Brasileiros / Antônio Leão da
Silva Neto, - - São Paulo: A. L. Silva Neto.
http://www.hamalweb.com.ar/textos/Dicion_rio_de_Filmes_Brasileiros_-_Ant_nio_Le_o_da_Silva_Neto.pdf
. “A sigla “fop” mencionada no final de cada filme significa
“fonte principal” e indica, como o próprio nome diz, a fonte
principal de consulta, mas não a única. Muitas outras fontes foram
utilizadas para compor os dados.
31Cinema
Gaúcho I – 1900 – 1913. por Antônio Jesus Pfeil.
http://www.cpcb.org.br/artigos/cinema-gaucho-i-1900-1913/
. “Antônio Jesus Pfeil é cineasta, pesquisador e historiador,
com vários livros publicados, entre os quais Canoas, Anatomia de
uma Cidade“, 1992 e 2º vol. em 1995, e Coisas Nossas – Vozes do
1º Musical Brasileiro, livro e CD (1996)”.
32Parece
erro.
33
Cinema gaúcho: construção de história e de identidades. Profa.
Dra. Miriam de Souza Rossini - miriamsr@icaro.unisinos.br
. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS (UNISINOS).
http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/1o-encontro-2003-1/cinema%20gaucho%20construcao%20de%20historia%20e%20de%20identidades.doc
. “[12/01/2007]”.
https://journals.openedition.org/nuevomundo/3164
.
CAPÍTULO II
Introdução
Seria
interessante ver quantos crimes no RS, que tiveram o mesmo impacto na
Opinião Pública. Em 1910, por exemplo, em Bagé, ocorreu o
assassinato, de uma recém-nascida.
“Mais
um dos tais crimes… Fala um colega de Bagé: 'Em Bagé foi
encontrada morta, dentro de uma cacimba, ns proximidades da caieira
Ghisolfi, uma criança recém-nascida, tendo sobre a barriga uma
pedra, que pesava 15 quilos! A criança era de cor branca e do sexo
feminino. A autoridade tomou conhecimento do fato e procedia as
diligências reclamadas pelo caso, não tendo, entretanto, ainda
descoberto os autores do monstruoso crime'”. [ O Republicano (RS).
Ano 1910. Edição 0247. Ano V. São Sebastião do Cahy, 9 de janeiro
de 1910]. 1
Em
Lageado, outra recém-nascida foi atirada para ser comida pelos
porcos.
“Porto
alegre, 23. Em Lageado, no logar denominado Bertovira, Anna Neivas,
solteira, de 17 anos [de idade], filha de Alberto Neivas, deu à luz,
a uma criança do sexo feminino. Querendo encobrir seu erro, Anna
atirou a filha em um chiqueiro de porcos, existente na propriedade de
seu pai. No chiqueiro foi encontrada a pequena vítima, que ainda
estava com vida, faltando-lhe, porém, o braço esquerdo, que tinha
sido comido pelos porcos. A criança apresentava também extensas
escoriações pelo corpo, vindo a falecer momentos depois. A
criminosa não foi presa, por se achar gravemente enferma. (Agência
Americana)”. [O Paiz (RJ), — sábado, 24 de agosto de 1912.
Edição 10 184. 2
Em todos
esses crimes, o impacto não foi tão grande quanto o que aconteceu
com a mulher que foi encerrada pelo marido numa prisão, que se
transformou num verdadeiro “chiqueiro”.
“Porto
Alegre, 9. Comunicam de Bagé que o espírito público continua, ali,
muito impressionado com o fato de ter a polícia descoberto que o
marchante José Alves da Silva mantinha em cárcere privado sua
mulher Raphaela Alves. Este caso foi assim desvendado: no domingo, à
tarde, o intendente do município foi procurado por uma mulher pálida
de horror e tremendo, narrou que, numa chácara dos subúrbios
daquela cidade, se achava encarcerada e sofrendo os maiores
martírios uma pobre mulher, casada com José Alves, por alcunha
'José Lança', muito conhecido ali, e da qual se achava separado, há
quatro anos. Aquela autoridade encarregou o delegado de polícia
de fazer as diligências necessárias. Este, acompanhado do escrivão
e de vários policiais e representantes da imprensa, deu uma busca na
chácara indicada, encontrando num rancho, seminua, uma mulher toda
curvada, por ter os membros encolhidos e sem movimento, conservando
os olhos semicerrados e toda trêmula. Ao ver a autoridade e as
demais pessoas, se aproximarem, exclamou: 'Foi a justiça de Deus!
Salvem-me! Não me deixem aqui!'. O quarto em que ela se achava cujo
aspecto provocou instintivo recuo de todos os presentes, era um
verdadeiro chiqueiro, pestilento, com uma única abertura e esta
provida de fortes grades de ferro, forrada de uma tela de arame. No
chão, de barro negro, cheio de imundícies em decomposição, havia
apenas um pouco de palha, que servia de leito à vítima. Via-se
ainda uma banheira, dentre da qual fora colocada a infeliz e
amarrada, sendo depois, então, atirada dentre de um açude existente
nos fundos, e depois, atada a um poste e surrada. A pobre mulher, que
conta apenas 40 anos, aparenta ter oitenta, e foi recolhida à
assistência, acompanhada de enorme massa de povo. Próximo do
rancho, habitava o algoz, na companhia da amante, sua própria
cunhada. A mártir tem dois filhos, um, maior de 21 anos, que
dizem ser conivente no crime. Consta que o criminoso foi preso no 6º
distrito”. [O Paiz (RJ) – sexta-feira, 10 de outubro de 1913.
Edição 10 595]3
Dessa
maneira, mais um pouco da história da mulher do “chiqueiro”
revela-se. O nome de Orphila Lopes Branco aparecia como coautora.
Inquérito.
Bagé, 9- A polícia continua em rigoroso inquérito sobre o
hediondo crime que comuniquei. Foi detida a preta Orphila Lopes
Branco, executante dos martírios. O espírito público continua
impressionado, estacionando à frente da redação do Dever, até
tardias horas da noute, enorme multidão que contempla os retratos
da vítima e seus algozes. A polícia não pode descobrir ainda o
paradeiro do criminoso José Alves, marido da vítima. [Serviço
Telegráfico d'A Federação. Estadual. Edição 00235. A Federação:
Orgam do Partido Republicano (RS). 9 de outubro de 1913. 4
Notas
3 http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=178691_04&pagfis=17011&url=http://memoria.bn.br/docreader#
. A mesma notícia foi publicada no jornal A Época (RJ), na edição
00438, sexta-feira, 10 de outubro de 1913, cuja chamada era “ A
Crueldade de um Monstro. Porto Alegre, 9. (A. A.).
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=720100&pasta=ano%20191&pesq=bag%C3%A9
. A mesma notícia foi publicada no jornal Gazeta de Notícias. 11
de outubro de 1913, com a seguinte chamada: 'Horríbel! Um indivíduo
encarcera a própria esposa – seminua na imundície – tendo 40
anos, a infeliz parece uma velha de 80. Porto Alegre,10, (A. A.).
4 http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=388653&pasta=ano%20191&pesq=chiqueiro%20bag%C3%A9
.
CAPITULO III
Introdução
Aprofunda-se
mais o assunto, mas não a contento. O próprio autor da reportagem
observa a insuficiência de dados. A influência da literatura de
ficção francesa é também observada, de forma secundária, no
texto, sugerindo um conteúdo de folhetim para o fato, como um crime
hediondo, bárbaro, contra a humanidade. Certa crítica a Igreja
Católica, ao Santo Ofício, relembrando a tortura presente nos
interrogatórios. A lembrança da escravidão no Brasil, com as
sevícias dos escravos, também parece estar presente no crime.
Considerando as anotações do produtor do artigo, sobre a geografia
do crime, a localização espacial, seria possível localizar o
lugar, na atualidade?
“Carcere
Privado. Quatro Anos de Martírio. Do nosso colega 'O Dever'1
transcrevemos a seguinte notícia de sua edição do 7 do corrente.
'Talvez nos registros da
polícia de Bagé, nesta última década, não se tenha notificado
um crime tão revoltante, tão hediondo como aquele que foi ontem
descoberto.
Talvez nos anais do foro
não tenha registro uma monstruosidade tão grande, tão horripilante
como a que provocou, ontem, a mais funda emoção no seio da
sociedade bageense.
Transcrevêssemos um
macabro episódio do Santo Ofício e teríamos um pálido quadro de
perversidade.
Pudéssemos dotar a
fera da inteligência do homem e requintar-lhe os instintos do mal e
teríamos um cordeirinho a tremer de horror em face do monstruoso
autor dos martírios de Raphaela Dias da Silva.
Não nos
podemos alongar muito na narrativa do fato.
A ação moralizadora
da polícia está se fazendo sentir em diligências ativas.
Entrarmos em longos
detalhes seria prejudicar a sua atuação, que para desafronta duma
sociedade deve se fazer sentir completa e perfeita.
Domingo à tarde foi
procurar o Sr. Intendente Provisório uma pobre mulher que, pálida
de horror, tremendo de emoção, narrou-lhe que numa chácara
situada nos subúrbios da cidade estava em carcere privado, sobre os
maiores martírios, vitima das mais cruentas atrocidades, uma pobre
mulher, casada com José Alves da Silva, muito conhecido nesta cidade
e de quem está separada há quatro anos, aproximadamente.
Aquela autoridade
encarregou o Sr. Subdelegado de providenciar como de direito.
Ciente do que se
tratava, sabendo que as pessoas em casa de quem estava encarcerada a
pobre mulher se obstinavam a deixar qualquer pessoa visitá-la, o Sr.
Subdelegado de Polícia usou de um magnífico subterfúgio a fim de
convencer-se da veracidade da denúncia.
E o plano dessa
autoridade logrou o efeito desejado, justificando as diligências
levadas a efeito ontem à tarde e nas quais tomou parte um nosso
companheiro de redação.
A autoridade
policial, acompanhada de seu escrivão, do nosso companheiro de
trabalho e de dois policiais, em um carro de praça, encaminharam-se
para a referida chácara e lá, preenchidas todas as formalidades da
lei, deu uma busca, encontrando em um rancho, sobre uma cama,
seminua, uma pobre mulher de faces macilentas, curvada para frente,
com os membros inferiores encolhidos, sem movimento algum, cabelos
cortados e em desalinho, olhos semicerrados, tremula e que ao ver a
autoridade e as demais pessoas que acompanhavam aproximarem-se, com
voz rouquenha, apenas perceptível a quem dela estava próximo, num
desvairamento de alegria procurava lançar-se para a frente,
exclamando:
'Foi a justiça de
Deus! Salvem-me! Não me deixem aqui!'
e outras tantas
frases de aflição.
Apontando para um
quarto ao lado a pobre mulher dizia, cheia de horror e de espanto,
que era ali a sua prisão, que era ali que a haviam encarcerado e que
lhe infingiam toda a sorte de martírios.
O tal quarto provoca
a todo visitante um movimento instintivo de recuo, tal o seu aspecto
tétrico: baixo, pestilento, tendo uma única pequena abertura para a
rua, abertura esta provida de forte grade de ferro e sobre esta uma
resistente tela de arame.
No seu interior,
sobre um solo de barro negro, tendo em decomposições matérias
imundas, um pouco de palha para leito e uma grande banheira dentro
da qual uma vez cheia de água, era a infeliz colocada, e a sim
ficava durante largo tempo.
Além desse martírio,
segundo narra a vítima, outros piores lhe eram ministrados.
Atavam-na dentro
de um açude existente nos fundos da casa e dele retiravam-na para
tornarem a atirá-la diversas vezes.
Outras vezes,
amarravam-na a um poste e infligiam-lhe bordoadas tremendas,
chegando numa das vezes a quebrar-lhe os dentes.
A mísera vítima
desses martírios tem apenas quarenta anos e apresenta ter oitenta ou
mais, tal o seu estado.
Pessoas que a
conheceram e que a viram ontem custaram a acreditar que se tratava da
mesma pessoa.
A fim de afastar a
curiosidade pública, José Alves e os seus carrascos fizeram crear a
lenda de que na dita casa estava uma mulher furiosa, perigosíssima.
Com esse (lm…)
visaram eles afastarem dali a presença de qualquer pessoa o que em
parte conseguiram.
O que nos
admira, porém, e para o que não achamos explicação plausível é
que somente agora os irmãos de Raphaela, a infeliz e martir mulher
de José Alves, tenham-se lembrado de procurar a irmã e providenciar
no sentido de melhorar a condição.
Não
entramos, porém, por ora, nessas minúcias.
Aguardamos o
desdobramento da ação da autoridade, a fim de pormos os leitores
correntes de tudo.
Muito e muito temos a
contar, o que prometemos fazer em ocasião própria.
A chácara em que
estava a infeliz mulher fica sobre a estrada que vai à 'xarqueada
São Martim', à esquerda, um pouco antes de chegar-se ao
reservatório da Hidráulica.
A mártir de José
Alves foi transportada ontem mesmo para a Intendência, sendo
recolhida à sala da Assistência Pública, onde a foi ver uma
enormíssima romaria de curiosos, pois a notícia propalou-se logo.
Não se descreve a
impressão que os visitantes recebiam.
A grande maioria saía
com lágrimas nos olhos.
À noite toda a
cidade sabia do fato.
Todos comentavam-no e
todos externavam a máxima indignação.
Hoje estamparemos à
porta de nossa redação o retrato da infeliz Raphaela””. 3
Notas
1“O
jornal O Dever. O jornal O Dever foi fundado em 15 de novembro
de 1901, por partidários do Partido Republicano Bageense e
considerava-se o órgão de divulgação e representante dos
interesses do comércio e indústria do Estado do Rio Grande do Sul.
Sua periodicidade era de terça-feira a domingo, tinha direção de
Thomaz Salgado, mas seu principal diretor e redator foi Adolfo Luiz
Dupont [Adolfo Luiz Dupont nasceu em Bagé em 21 de junho de 1886,
filho de Charles Adolphe Dupont - reconhecido educacionista nas
cidades de Pelotas, Rio Grande e Bagé – e Maria Honorina Ramos.
Bacharelou-se em Direito, foi Promotor Público nomeado em 1910,
Deputado Estadual no período de 1921 – 1924 pelo PRR e
Vice-Intendente eleito no período de 1925 – 1929, durante o
Governo de Carlos Cavalcanti Mangabeira]. O pesquisador Cláudio
Lemieszek (2010: 30)[LEMIESZEK, Cláudio de Leão. A Imprensa
partidária e a Guerra Civil de 1923. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas. Passo Fundo: UPF, 2010. Orientação: Prof. Dr.
Luiz Carlos Tau Golin] traz a seguinte consideração sobre a
fundação do jornal: O principal deles foi o deputado republicano
Adolfo Luiz Dupont, que acompanhou o jornal até sua extinção em
1937. Entre seus principais articulistas estavam Leonardo Truda,
Lindolfo Collor e Theófilo de Andrade”. O JORNAL COMO FONTE DE
PESQUISA PARA A HISTÓRIA POLÍTICA: OS DISCURSOS REPUBLICANOS DO O
DEVER E AS CONCEPÇÕES FEDERALISTAS DO CORREIO DO SUL. Alessandro
Carvalho Bica [ Drº em Educação, Coordenador do GEEHN (Grupo de
Estudos em Educação, História e Narrativas) da Unipampa/Bagé.
Endereço: Rua Travessa, 45, nº 1650, Bairro Malafaia, Bagé, RS,
Brasil. E-mail: alessandro.bica@unipampa.edu.br
] & Berenice Corsetti [Drª em Educação. Endereço: Av.
UNISINOS, 950, Centro de Ciências Humanas Campus Unisinos, São
Leopoldo, RS, Brasil, bcorsetti@unisinos.br
]. Tempos Históricos ● Volume 18 ● 1º Semestre de 2014 ● p.
320 – 353. ISSN 1517-4689 (versão impressa) ● 1983-1463 (versão
eletrônica).
http://e-revista.unioeste.br/index.php/temposhistoricos/article/download/11110/7929
. “Foi em 10 de setembro de 1861 que apareceu o primeiro jornal em
Bagé, iniciativa de Isidoro Paulo de Oliveira, que chegara de
Pelotas, em agosto, trazendo sua tipografia, já que fora obrigado
pelo delegado de Polícia encerrar a publicação do jornal que ali
editava.
Ele denominou a folha
bageense de “Aurora de Bagé”. Em seus “Apontamentos
Históricos e Estatísticos de Bagé”, o historiador Jorge Reis
diz que “Isidoro Paulo de Oliveira era um polemista de pulso
vigoroso, inteligente” e que “seu jornal era uma folha de
pequeno formato e aparecia às terças, quintas e domingos”.
O jornal “Correio
Mercantil de Pelotas” publica, em 1887, comentário de cronista
anônimo sobre o lançamento do “Aurora de Bagé”, dizendo que a
folha “era uma espécie de bomba dinamítica que fez horrível
explosão entre os habitantes da vila. Originaram-se dissensões
entre eles. A política, que só era conhecida por ocasião do
votante depositar seu voto na urna, tornou-se odiosa entre os
partidários. A vida privada dos cidadãos aparecia na coluna do
jornal, resultando de tudo isso, em 1862, o redator proprietário
ser processado e recolhido à cadeia”. Cumprida a pena a que fora
condenado, Isidoro tratou de recuperar sua tipografia e, em 1863,
lançava um novo jornal, o segundo de Bagé, com o título de ”O
Bageense“ e que circulou até sua morte, em 1866.
Antes de vir para Bagé,
Isidoro Paulo de Oliveira havia lançado em Rio Grande, em 1856, o
“Correio da Tarde”, transferindo-se, dois anos depois, para
Pelotas, onde foi redator da folha “O Noticiador”, fundando após
o seu jornal, intitulado “Diário de Pelotas”.
As coleções dos dois
primeiros jornais bageenses encontram-se acondicionados no Museu Dom
Diogo de Souza e foram doadas pela Sra. Ivete Wiedmann (Aurora de
Bagé). Graças ao empenho do historiador Tarcísio Taborda. Já a
segunda, pelo Rotary Club de Bagé, que, por intermédio do Sr.
Dante Peduzzi, adquiriu do colecionador Otton Figueiró.
Segundo Ary Martins, em
“Escritores do Rio Grande do Sul”, diz que “Isidoro Paulo de
Oliveira foi professor de línguas, desenho, caligrafia,
escrituração mercantil e que, além de jornalista, foi
dramaturgo”.
Isidoro Paulo Oliveira
era considerado “um jornalista ardoroso em seu combate.
Articulista, narra episódios da vida diuturna da vila, sendo
veemente na crítica sagaz e mordaz, lançando farpas e verrinas,
parecendo não lhe ter sido a cadeia pesada e nem exemplar”.
Guerra do Paraguai –
Isidoro Paulo alistou-se em um Batalhão de Voluntários da Pátria
e, como tenente-secretário, participou da Guerra do Paraguai, tendo
destacada atuação no ataque ao Forte de Curupaiti, quando foi
ferido. Levado para Corrientes, ali morreu, em 29 de setembro de
1866. Do teatro da guerra, enviava notícias para “O Bageense”.
Família – Nascido em
Viena, Áustria, filho do comendador Isidoro Costa de Oliveira,
Isidoro Paulo casou em Pelotas, com Belmira Carolina de Oliveira,
tendo o casal seis filhos, os dois últimos (Isolina e Maria),
nascidos em Bagé. Após a morte do marido, a viúva transferiu-se,
com os filhos, para Pelotas.
Outros jornais do
século
Depois do
desaparecimento dos dois primeiros jornais lançados por Isidoro
Paulo de Oliveira, muitos outros surgiram em Bagé, mas todos de
curta existência.
Ainda no século XVIII,
foram editados aqui, entre outros, os seguintes jornais:
Astréa – Folha não
política, surgida em 1866, dirigida por Francisco José Ferreira
Camboin e Luiz Gonzaga Pereira.
Opinião Liberal - Para
defender as ideias do partido, tendo com diretor Francisco Ferreira
Sampaio de Carvalho.
Arauto – Surgiu logo
depois, “um campeão das ideias conservadoras”, dirigido por
José Carlos Teixeira.
A Razão –
Substituiu, em 1869, a “Opinião Liberal”, tendo na chefia
Antônio José Siqueira Júnior.
O Comércio – Surgido
na mesma época, teve curta duração.
Diário de Bagé –
Apareceu em 1873 (órgão dos interesses locais), dirigido por Luiz
Gonzaga Pereira. Era de sua propriedade e de Antônio José Siqueira
Júnior.
Cruzeiro do Sul –
Substituiu “Diário de Bagé” logo depois, assumindo a direção
Aurélio Ibipuitan de Freitas
[Heliadora; preta; Crioula; Sra. Luciana Francisca Vaz; dt. conc. 24-03-71; dt. reg. 30-05-71; de Jaguarão Chico (Livro 6, p. 62v). Desc.: A carta foi concedida mediante a condição da escrava servir até a morte da senhora. Por não saber ler nem escrever, a senhora pediu a Aureliano Ibipuitan de Freitas que a fizesse e assinasse a rogo - DOCUMENTOS DA ESCRAVIDÃO. CATÁLOGO SELETIVO DE CARTAS DE LIBERDADE. Acervo dos Tabelionatos de municípios do interior do Rio Grande do Sul. VOLUME 1. Porto Alegre, Novembro de 2006. Governo do Estado do Rio Grande do Sul http://doczz.com.br/doc/725208/cat%C3%A1logo-seletivo-de-cartas-de-liberdade---apers].
Em 1878, assumiu a (direção)
Bernardino Silveira da Rosa Bambá. No ano seguinte, a direção do
jornal passou ao historiador Jorge Reis e José Capistrano Torres.
Independente –
Lançado em 1883, era de propriedade e redação de Bernardino
Bamba.
Diário de Bagé –
Voltou a circular em 1885, agora sob a direção de Antenor Soares.
Era órgão imparcial e noticioso.
União Liberal –
Apareceu, também, em 1885, “diário político”, órgão do
partido e obediente à chefia do conselheiro Gaspar Silveira
Martins.
Cruzeiro do Sul – Em
1888, reapareceu, em sua segundo fase, tendo como
diretor-proprietário Jorge Reis. Dizia ser ”um diário
imparcial”.
Quinze de Novembro –
Órgão republicano inicia sua circulação em 1890, sob a direção
de Antenor Soares.
O Comércio – “Folha
imparcial”, dirigida pelo jornalista Júlio Brissac, começa a
circular em setembro de 1894.
Gazeta da Manhã –
sob a direção de Pedro Antônio da Cunha, entra em circulação em
1895.
Florionópolis –
Órgão republicano, surgido em 1896, teve vida efêmera.
Escrínio – Apareceu,
em 1898, sob a direção da jornalista Andradina de Oliveira.
O primeiro, dos muitos
jornais surgidos no século XX, foi “O Dever”, que teve longa
duração”. Cultura 10/07/2013
“A imprensa surgiu em
Bagé em 1861”. Mário Lopes.
http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2013/07/10/a-imprensa-surgiu-em-bage-em-1861
.
2“Ponson
du Terrail”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponson_du_Terrail
. https://fr.wikipedia.org/wiki/Pierre_Alexis_de_Ponson_du_Terrail
. https://es.wikipedia.org/wiki/Pierre_Alexis_Ponson_du_Terrail
. “Ponson du Terrail's early works squarely
belonged to the Gothic novel genre: his La Baronne Trépassée
(1852) was a murky Ann Radcliffe-like tale of revenge in the macabre
surroundings of 18th-century Germany Black Forest. The novel was
translated by Brian Stableford as The Vampire and the Devil's Son in
2007. ISBN 978-1-932983-55-5. La Femme Immortelle (1869) was another
of Ponson's classic flirtations with the supernatural and the theme
of vampires. The novel was also translated by Brian Stableford as
The Immortal Woman in 2013. ISBN 978-1-61227-175-0. When Ponson du
Terrail embarked in 1857 on writing the first novel of the Rocambole
series, L'Héritage Mystérieux (also known as Les Drames de Paris),
for the daily newspaper La Patrie, he merely meant to copy the
success of Eugène Sue's best-selling Les Mystères de Paris.
Rocambole's importance to mystery fiction and adventure novels
cannot be underestimated, as it represents the transition from the
old-fashioned Gothic novel to modern heroic fiction. The word
rocambolesque has become common in French to label any kind of
fantastic adventures, especially those with multiple new turns in
the story. Rocambole became a huge success, providing a constant and
considerable source of revenue to Ponson du Terrail, who continued
churning out his adventures. In total, he produced nine Rocambole
novels. His other notable novels include Les Coulisses du monde
(1853) and Le Forgeron de la Cour-Dieu (1869)”.
https://en.wikipedia.org/wiki/Pierre_Alexis_Ponson_du_Terrail
. https://it.wikipedia.org/wiki/Pierre_Alexis_Ponson_du_Terrail
.
3“A
Federação”. 9 de outubro de 1913.
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=388653&PagFis=27855&Pesq=bag%C3%A9
.
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