EMÍLIO GUILAYN

 


EMÍLIO GUILAYN


Claudio Antunes Boucinha 

[Licenciado em História (UFSM). 

Mestre em História do Brasil (PUC). Historiador].




Introdução

Ninguém faz nada sozinho, e talvez seja essa a grande característica, a qualidade de Emilio Guilayn [e não, Guylain]. O que se nota, ao estudar a vida deste espanhol, da Catalunha, de Girona, um exilado republicano, é uma habilidade negocial rara, singular, com uma grande visão da economia regional e mundial. Pode-se observar, entre suas amizades comercias, uma figura como Visconde de Ribeiro Magalhães, outra personalidade exemplar na economia regional e nacional. 

Chegou em Bagé, em um momento de grandes transformações tecnológicas, seja nas charqueadas, seja na estrada de ferro. Observou as mudanças propostas pela chegada da luz elétrica, e do automóvel, e outras modernidades.

Onde viveu mais, em Bagé, em Pelotas, em Porto Alegre, no Rio de Janeiro, em Buenos Aires e onde mais?

Não é toda a história, pois sempre é um livro aberto, mas é um pequeno roteiro sobre a vida de um banqueiro, de um suposto e imaginário Coronel, de um político republicano. 


Emílio Guilayn

O nome de Emílio Guilayn provoca curiosidade. Por isso, vamos recuperar um pouco do passado de Bagé, com algumas informações iniciais. No caso, os relatos transcritos sugerem um produtor que se inseriu no mercado da América Latina e não só no Rio Grande do Sul ou em Bagé. As vinculações do PRR, estariam evidenciadas nas correspondências trocadas com próceres do governo de Borges de Medeiros, de uma forma inicial, incipiente, visto que precisaria de mais pesquisa sobre o tema. Por outro lado, a constituição de uma firma conhecida como Buxton & Guilayn, ao que tudo indica, projetava ainda mais o nome de Guilayn para fora do país e no Estado.

Uma Pequena Biografia

Graças à iniciativa de um grupo de mais de cinquenta comerciantes, nasceu a respeitável e centenária Associação Comercial e Industrial de Bagé, fundada em 13 de novembro de 1898 por Emílio Guilayn e seus colegas empresários. No dia 24 de novembro de 1898, Guilayn enviou um ofício ao inspetor da Delegacia Fiscal, solicitando a revogação de um imposto de dez mil réis cobrado por cabeça de gado importado do Uruguai, que afetava os interesses do comércio local.

Emílio Guilayn, um espanhol que se estabeleceu em Bagé, destacou-se como uma figura influente na comunidade, contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico do município. Ele atuou em diversas áreas, como comércio, indústria, pecuária e política, sendo eleito deputado estadual. Guilayn fundou a primeira instituição bancária de Bagé, implementou a energia elétrica na cidade, adquiriu e modernizou o Moinho Bageense, organizou a Charqueada Santo Antônio e foi o primeiro presidente da Associação e Sindicato Rural de Bagé. Ele também trouxe o primeiro automóvel a circular na cidade, presidiu a Sociedade Espanhola e participou ativamente da direção da Santa Casa, da Loja Maçônica Amizade e do Guarani Futebol Clube. Além de suas contribuições em Bagé, teve uma notável atuação empresarial em Buenos Aires, Argentina, onde fundou a organização Buxton Guilayn e Cia. Em Pelotas, instalou uma usina elétrica, a rede de bondes elétricos e uma filial de sua empresa argentina, que também tinha sede em Bagé.

“(...) E, assim, graças à iniciativa de poucos, mais de meia centena de comerciantes, surgiu a hoje prestigiosa e acatada centenária Associação Comercial e Industrial de Bagé, fundada em 13 de novembro de 1898 pelo empresário Emílio Guilayn, juntamente com um grupo de empresários. Guilayn encaminhou, em 24 de novembro de 1898, um ofício ao inspetor da Delegacia Fiscal nos seguintes termos: “O comércio local afetado em seus interesses, devido ao imposto cobrado de dez mil réis por cabeça de gado importado do Uruguai, solicita vossos bons ofícios, junto ao Ministério da Fazenda, para revogar dito imposto”. 

(...) Guilayn, espanhol radicado em Bagé, (...). 

Figura marcante na comunidade bageense, tendo contribuído para o desenvolvimento econômico do município, Emílio Guilayn atuou no comércio, na indústria, na pecuária e na política, onde foi eleito deputado estadual. Fundou a primeira casa bancária de Bagé, instalou a energia elétrica na cidade, adquiriu e modernizou o Moinho Bageense, organizou a Charqueada Santo Antônio e foi o primeiro presidente da Associação e Sindicato Rural de Bagé. Trouxe o primeiro automóvel que circulou na cidade, presidiu a Sociedade Espanhola, fez parte da direção da Santa Casa, da Loja Maçônica Amizade e do Guarani Futebol Clube. Teve ainda destacada atuação nos meios empresariais de Buenos Aires, na Argentina, onde fundou a organização Buxton Guilayn e Cia. Em Pelotas, instalou a usina elétrica, a rede de bondes elétricos e uma filial de sua empresa argentina, que também teve sede em Bagé”.

Um bairro, em Pelotas

Luis Lorea, um descendente de italianos, estabeleceu o bairro Jardim Europa em Pelotas, em 1930, através da Companhia Comercial Buxton Guilayn de Porto Alegre e da promotora Comercial e Construtora América S.A., da qual era proprietário juntamente com seu irmão. [https://historiaehistoriografiadors.blogspot.com/2017/07/o-cavaleiro-luiz-lorea.html  . https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_%C3%82ngelo_Lor%C3%A9a  . https://web.archive.org/web/20140111055106/http://edicoesanteriores.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=46&noticia=51357  . https://www.jusbrasil.com.br/diarios/2251908/pg-20-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-25-03-1944 ].

Além disso, Lorea possuía negócios de exportação de charque, sebo e arroz na cidade, assim como um engenho de arroz, e atuava como representante de empresas de navegação na região. Originário da Itália, Lorea chegou ao Brasil em 1887 e se estabeleceu inicialmente em Rio Grande, onde em 1914 fundou sua primeira empresa, que se dedicava a atividades comerciais variadas, como importação, exportação, produção de cordas, estopas, óleos vegetais, salga de pesca e operações em um estaleiro naval na cidade. [https://historiaehistoriografiadors.blogspot.com/2024/04/luiz-lorea.html]


Em Pelotas, “(...) O bairro Jardim Europa foi projetado em 1930 pela Companhia Comercial Buxton Guilayn, de Porto Alegre, para a promotora Comercial e Construtora América S.A. propriedade de Luis Lorea (o proprietário de las tierras), um descendente de italianos com negócios comerciais e industriais em Pelotas e na cidade vizinha de Rio Grande. Na cidade de Pelotas, Lorea era proprietária, com seu irmão, de negócios de exportação de charque, sebo e arroz; de um engenho de arroz, além de ser o representante de empresas de navegação”.

(...).

“Luis Lorea veio da Itália para o Brasil em 1887, fixando residência na cidade de Rio Grande. Em 1914 constituiu sua primeira empresa individual. Manutenção de negócios comerciais de importação e exportação; fábricas de cordas, estopas, óleos vegetais, salga de pesca e um estaleiro naval em Rio Grande. [Paulo Roberto Rodrigues Soares. “burgueses imigrantes” e desenvolvimento urbano no extremo sul do Brasil”. In: Escrita Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales.Universidad de Barcelona [ISSN 1138-9788] Nº 94 (78), 1 de agosto de 2001].


Cartas

Emílio Guilayn foi um político ativo no início do século XX, com correspondências que refletem seu envolvimento em questões políticas regionais e internacionais. Abaixo estão algumas de suas cartas, que fazem parte do acervo do Fundo Borges de Medeiros, na série de correspondência passiva:

Carta de Porto Alegre, 29/11/1915: Esta carta, com 5 folhas, acompanha uma correspondência dirigida a João Teixeira Soares, datada de 23/11/1915. Os temas abordados incluem municípios e política regional.

Carta de Porto Alegre, 2/12/1915: Consistindo em 2 folhas, esta carta discute questões relacionadas a municípios e ao funcionalismo público.

Carta de Buenos Aires, Argentina, 26/04/1914: Com 2 folhas, esta correspondência aborda a política regional e menciona o Partido Republicano Rio-Grandense.

Carta de Paris, França, 08/12/1912: Esta carta, com 4 folhas, trata de política internacional, do Partido Republicano Rio-Grandense e de questões econômicas.

Além disso, Luiz Pereira escreveu uma carta a Emílio Guilayn de Paris, França, em 16/08/1916, com 2 folhas, que também discute política internacional e o Partido Republicano Rio-Grandense. 

Essas cartas são importantes para entender o contexto político da época e as interações entre figuras proeminentes do Brasil e do exterior.

GUILAYN, Emílio.06179. Carta. Porto Alegre–RS, 29/11/1915. 5 folhas. Acompanha carta de Emílio Guilayn a João Teixeira Soares, Porto Alegre, 23/11/1915. Descritores: Municípios, Política Regional. (Fonte: FUNDO BORGES DE MEDEIROS SÉRIE CORRESPONDÊNCIA SUBSÉRIE PASSIVA).

GUILAYN, Emílio . 06184. Carta. Porto Alegre–RS, 2/12/1915. 2 folhas. Descritores: Municípios, Funcionalismo. (Fonte: FUNDO BORGES DE MEDEIROS SÉRIE CORRESPONDÊNCIA SUBSÉRIE PASSIVA).

GUILAYN, Emílio.12068. Carta. Buenos Aires, Argentina, 26/4/1914. 2 folhas. Descritores: Política Regional, Partido Republicano Rio-Grandense. (Fonte: FUNDO BORGES DE MEDEIROS SÉRIE CORRESPONDÊNCIA SUBSÉRIE PASSIVA).

GUILAYN, Emílio.12113. Carta. Paris, França, 8/12/1912. 4 folhas . Descritores: Política Internacional, Partido Republicano Rio-Grandense, economia. (Fonte: FUNDO BORGES DE MEDEIROS SÉRIE CORRESPONDÊNCIA SUBSÉRIE PASSIVA).

PEREIRA, Luiz.12122. Carta a Emílio Guilayn. Paris, França, 16/8/1916. 2 folhas. Descritores: Política Internacional, Partido Republicano Rio-Grandense. (Fonte: FUNDO BORGES DE MEDEIROS SÉRIE CORRESPONDÊNCIA SUBSÉRIE PASSIVA).

Possidônio Mâncio da Cunha

A Companhia Força e Luz Porto-Alegrense (CFL) foi uma das principais empresas a operar em Porto Alegre, incorporando-se em 1906 a partir da fusão de duas companhias que já atuavam no transporte por tração animal na cidade: a Companhia Carris de Ferro Porto-Alegrense, fundada em 1872, e a Companhia Carris Urbanos de Porto Alegre, estabelecida em 1891. A CFL se destacou como o maior empreendimento do capital sul-rio-grandense no setor elétrico.

Desde 1896, havia discussões sobre a adoção do sistema de bondes elétricos em Porto Alegre, inspiradas pelo primeiro bonde elétrico do mundo, que circulou em Nova Iorque em 1890. O principal idealizador da CFL foi Possidônio Mâncio da Cunha, um influente acionista da Carris Porto-Alegrense e político ligado ao Partido Republicano Rio-Grandense (PRR). [https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/2512/1/461413.pdf ].

Possidônio também era um capitalista ativo, participando da diretoria de várias empresas, como a Companhia Telefônica Rio-grandense, a Companhia Predial e Agrícola, e a Companhia de Seguros de Vida Previdência do Sul, além de ser um dos fundadores do Banco Comercial Franco-Brasileiro.

A CFL foi um marco no emergente capitalismo sul-rio-grandense, caracterizando-se como uma corporação moderna com capital aberto, em contraste com a tendência de empresas familiares predominantes na época. A companhia reuniu uma significativa parcela de políticos e investidores, incluindo figuras proeminentes do PRR e representantes de bancos e companhias de seguros, consolidando-se como um evento crucial na história econômica da região.

A CFL, ao reunir importantes sócios e investidores de empresas locais, muitos dos quais também tiveram papéis políticos no âmbito do PRR, além de bancos e companhias de seguros e imóveis, tornou-se um evento significativo no emergente capitalismo do Sul do Brasil. Este movimento caracterizou-se por sua modernidade, apresentando uma corporação com capital aberto que desafiava a predominância das empresas familiares da época.

Emílio Guilayn, que atuou como diretor do Banco da Província entre 1911 e 1914, foi um dos sócios fundadores da instituição bancária "Emílio Guilayn" em Bagé, além de cofundar a firma comercial "Buxton & Guilayn", responsável pela administração de usinas elétricas em Pelotas, Bagé e Santa Maria. Guilayn também exerceu a função de deputado durante a 5ª a 8ª legislaturas, contribuindo para o desenvolvimento econômico e político da região.

“Outra importante empresa a operar na capital gaúcha foi a Companhia Força e Luz Porto-Alegrense (CFL). Incorporada em 1906 a partir da fusão de duas companhias que exploravam o transporte por tração animal por meio de trilhos em Porto Alegre - a Cia. Carris de Ferro Porto-Alegrense, uma sociedade anônima constituída em 1872, e a Cia. Carris Urbanos de Porto Alegre, fundada em 1891 -, tornou-se o maior empreendimento do capital sul-rio-grandense no setor elétrico. 

(...) 

Desde 1896 (seis anos após ter circulado o primeiro bonde elétrico do mundo, em Nova Iorque), já se discutia a adoção deste sistema em Porto Alegre, quando então o interesse de alguns particulares inspirava a realização de estudos pela Intendência. (...) O principal idealizador (...)” (da CFL) 

“(...) foi Possidônio Mâncio da Cunha, grande acionista da Carris Porto-Alegrense. Influente político ligado às hostes do PRR, Possidônio também era um ágil capitalista, que na época integrava a diretoria de importantes empresas, como a Cia. Telefônica Rio-grandense (fundada em 1908), a Cia. Predial e Agrícola, a Cia. De Seguros de Vida Previdência do Sul, a Cia. Fiação e Tecidos de Porto Alegre (fundada em abril de 1901) e o Banco Comercial Franco-Brasileiro (este último fundado posteriormente, em 1913). Acompanharam-no na (...)” (CFL) 

“(...) seus maiores sócios nestas empresas, juntamente com investidores ligados a outras importantes empresas locais (muitos dos quais tendo igualmente ocupado cargos políticos pelo PRR), além de bancos, companhias de seguros e de imóveis. Tendo reunido uma expressiva parcela dentre políticos governistas e investidores do momento, a CFL foi um evento marcante no incipiente capitalismo sul-rio-grandense, constituindo-se numa corporação moderna, com capital aberto, contrariando a tendência de 'empresas familiares' do período. (...) Emílio Guilayn, diretor do Banco da Província, entre 1911 e 1914, sócio-fundador da casa bancária "Emílio Guilayn", de Bagé, e da firma de representação comercial "Buxton & Guilayn", também administradora das usinas elétricas de Pelotas, Bagé e Santa Maria; foi ainda deputado da 5ª à 8ª legislaturas; (...). [Ver: Federação - 18.04.1901; 27.03.1908; 05.07/12.08.1910; LAGEMANN, 1985a, pp. 47 e 94; TRINDADE, 1980, p. 287-300; O ESTADO, 1915, pp. 120/1, 459/60 e 466; AXT & AITA, 1996”].


Terrenos em Porto Alegre

O prolongamento da Rua Dr. Sebastião Leão, que ocorreu em 1911, quando a Intendência Municipal tomou a iniciativa de abrir a rua em terrenos pertencentes ao Coronel Emílio Guilayn e outros loteadores. Além disso, menciona as ruas Olavo Bilac e Lobo da Costa, que também foram loteadas por essas mesmas pessoas. Esse tipo de informação é importante para entender o desenvolvimento urbano da região e a história das ruas em questão. 

“O prolongamento até a esquina da Rua Dr. Sebastião Leão só aconteceu de 1911, quando a Intendência Municipal abriu a rua sobre terrenos do Cel. Emílio Guilayn e outros, loteadores das ruas Olavo Bilac, Lobo da Costa e Dr. Sebastião Leão”.

Fim da Buxton & Guilayn y Compañia Limitada, Sociedad Anónima Comercial Importadora

O Decreto n.º 69.551, datado de 18 de novembro de 1971, revoga o Decreto n.º 17.227, que foi promulgado em 18 de fevereiro de 1926. Este decreto anterior havia concedido à empresa Buxton Guilayn y Compañia Limitada, Sociedad Anónima Comercial Importadora, autorização para operar na República Federativa do Brasil. A revogação do decreto de 1926 indica uma mudança nas políticas regulatórias ou nas condições de operação para empresas estrangeiras no Brasil durante aquele período.

“Decreto n.º 69.551 de 18 de novembro de 1971. Revoga o Decreto n.º 17.227, de 18 de fevereiro de 1926, que concedeu a empresa Buxton Guilayn y Compañia Limitada, Sociedad Anónima Comercial Importadora, autorização para funcionar na República Federativa do Brasil”. [“Há 50 anos, o Brasil deixava de usar o nome oficial "República dos Estados Unidos do Brasil", que perdurava oficialmente desde 1891, época da primeira Constituição republicana do país. A mudança foi estabelecida com a entrada em vigor da Constituição brasileira de 1967, que entrou em vigor em 15 de março daquele ano, o dia da posse do general Arthur da Costa e Silva na Presidência. O documento foi denominado simplesmente como "Constituição do Brasil", ao contrário das versões republicanas anteriores, que apresentavam o nome "Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil" ou "Constituição dos Estados Unidos do Brasil". Em 1969, uma emenda reconfigurou o texto de 1967, que passou a se chamar Constituição da República Federativa do Brasil, nome que permaneceu na elaboração da Constituição de 1988, que está em vigor hoje. Em 1968, uma lei estabeleceu a substituição do nome "Estados Unidos" por "República Federativa" em símbolos nacionais, em brasões e selos oficiais. Perdurando por quase 75 anos, os "Estados Unidos do Brasil" eram o sucessor do monárquico "Império do Brasil", estabelecido pela Constituição de 1824 e que vigorou até 1889. Ao usar "Estados Unidos", a Constituição de 1891 procurava explicitar a postura do novo regime republicano, que deu fim ao Estado unitário que vigorava no Império. O documento promoveu a descentralização política e uma nova relação entre o poder central e as antigas províncias do país, que passaram a se chamar Estados e conquistaram mais autonomia. O modelo foi inspirado na Constituição dos Estados Unidos da América. À época, a grafia de Brasil ainda era "Brazil" – isso só mudou com um decreto em 1931. Os "Estados Unidos" permaneceram nas constituições de 1934, 1937 e 1946. Apenas a Carta autoritária de 1937, apelidada de "polaca" pela semelhança com a Constituição Polonesa de 1935, alterou levemente o nome, denominando o país como "Estados Unidos do Brasil", retirando a palavra "república" – que voltaria em 1946. Jornais da década de 1960 revelam que não houve muita discussão sobre os motivos do abandono do nome "República dos Estados Unidos do Brasil". O país vivia então sob o regime militar. Segundo o jurista José de Almeida Melo, autor do livro Direito Constitucional do Brasil, os militares queriam evitar que o nome oficial fosse confundido com o dos EUA. Outras fontes apontam que o governo militar queria assinalar uma mudança radical com o passado e salientar as mudanças pela qual o país passava. Antes da independência, o Brasil foi chamado Terra de Santa Cruz, Vice-Reino do Brasil e Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, e até mesmo Pindorama (pelos índios), entre outros nomes. Apesar de ter saído de cena há 50 anos, o nome, Estados Unidos do Brasil foi objeto de uma gafe do senador e ex-ministro das Relações Exteriores José Serra. Em 2012, durante uma entrevista, Serra se referiu ao país como "Estados Unidos do Brasil". Ao ser corrigido pelo entrevistador, perguntou: "Mudou?". https://www.dw.com/pt-br/h%C3%A1-50-anos-brasil-deixava-de-ser-estados-unidos-do-brasil/a-37946427 ]. 

Uma Usina com a participação da Buxton & Guilayn

A cidade de Rafaela, localizada na província de Santa Fé, Argentina, tem uma história significativa relacionada à modernização de sua infraestrutura elétrica. Em uma reunião extraordinária realizada em 18 de novembro de 1928, a firma comercial S. A. Buxton Guilayn e Cia. Ltda., foi mencionada pela primeira vez, destacando-se entre os maiores acionistas, junto a Faustino Paviolo. Essa empresa desempenhou um papel crucial na instalação de maquinarias na usina elétrica local, facilitando a transição de Rafaela de um sistema de corrente contínua para corrente alternada, o que foi um passo importante para a modernização da cidade. 

Rafaela, fundada em 1881, cresceu rapidamente e é reconhecida como a "Pérola do Oeste", sendo a terceira cidade mais populosa da província, com uma população que se aproxima de 100 mil habitantes. A cidade é um exemplo de desenvolvimento urbano e industrial na Argentina, refletindo as mudanças tecnológicas e econômicas da época.

“Na cidade de Rafaela (Santa Fé) República Argentina, também teve influência da S. A . Buxton Guilayn e Cia. Ltda. : “É no ato de reunião extraordinária celebrado em 18 de novembro de 1928 que se encontra pela primeira vez nomeada a firma comercial com o número de ações escritas, que ascende a 100, contando entre os maiores acionistas junto a Faustino Paviolo, SA Buxton Guilayn e Cia. Ltda. Esta última empresa de renome foi quem instalou as maquinarias na usina, convertendo Rafaela em uma das primeiras cidades que mudaram seu sistema de corrente contínua para a corrente alternada”. [COLOMBO, Marta I. “Pela verdade histórica da Usina”. Sábado, 17 de fevereiro de 2007”].



A Catalunha do século XIX

O século XIX em Catalunha foi marcado por guerras e epidemias que impactaram a demografia e a saúde pública.

A mortalidade infantil era elevada, com fatores como pobreza, falta de higiene e doenças infecciosas contribuindo significativamente.

O movimento migratório na Catalunha durante o século XIX foi caracterizado por diferentes fases e tendências:

Emigração Inicial (1861-1877): Durante este período, a Catalunha foi mais um emissor de população do que um receptor, com um saldo negativo de cerca de 56.000 pessoas. Muitos habitantes deixaram a região em busca de melhores condições de vida em outras partes da Espanha ou em países estrangeiros.

Mudança de Sinal (1878-1887): A partir de 1878, a tendência começou a mudar. O número de imigrantes que chegavam à Catalunha ultrapassou o número de emigrantes, resultando em um saldo migratório positivo de cerca de 23.000 pessoas.

Crescimento da Imigração (1888-1900): Essa tendência de imigração continuou a se fortalecer, com um saldo migratório favorável de 41.723 pessoas entre 1888 e 1897. Entre 1898 e 1900, a imigração aumentou ainda mais, refletindo a industrialização e a busca por trabalho nas cidades catalãs.

Movimentos Internos: Além da emigração para fora da Catalunha, houve também movimentos internos significativos, com a população migrando das áreas rurais para as urbanas, especialmente para cidades como Barcelona, que experimentaram um crescimento populacional acentuado.

Desigualdade Demográfica: O crescimento urbano foi desigual, com a região costeira, como Barcelona, se tornando mais densamente povoada, enquanto as áreas montanhosas enfrentaram uma diminuição populacional.

Esse movimento migratório foi influenciado pela industrialização, que atraiu trabalhadores em busca de emprego, mas também por fatores econômicos e sociais, como as más condições de vida e a falta de oportunidades nas áreas rurais. Se precisar de mais informações ou detalhes sobre um aspecto específico, é só avisar!

CONTEXTO HISTÓRICO

Na Catalunha, o século XIX começou com a invasão napoleônica e a luta contra a França durante a Guerra Francesa (1808 – 1814), que teve graves consequências econômicas e demográficas para o território.

A devastação da guerra abrandou a vitalidade do comércio da Catalunha e o crescimento demográfico que vinha ocorrendo na Catalunha desde o século XVIII devido às adversidades econômicas.

Além disso, a população sofria com as inúmeras doenças infecciosas e epidêmicas que surgiram devido à fome, à pobreza e à miséria que acompanhavam todas as guerras.

A falta de recursos para cuidar dos doentes fez com que a mortalidade causada por estas doenças fosse superior à que causariam em tempos de paz.

O crescimento demográfico ocorrido na Catalunha durante o século XVIII foi produzido, principalmente, pelo aumento da taxa de natalidade que acelerou o crescimento demográfico catalão.

Além disso, o início da industrialização na Catalunha durante a primeira metade do século XIX levou à chegada à Catalunha de emigrantes de outras áreas do Estado espanhol e este, com o aumento da taxa de natalidade, tornou o crescimento populacional mais pronunciado.

Deve-se ter também em conta, no entanto, que esta industrialização desequilibrou a população urbana e rural devido aos movimentos migratórios internos na Catalunha e fez com que o crescimento demográfico fosse desigual, uma vez que a população urbana cresceu em detrimento da população rural devido ao êxodo rural ocorrido durante o último terço do século XVIII e ao longo do século XIX.

Em qualquer caso, apesar de entre os anos 1700 e 1850 a tendência demográfica na Catalunha ter sido de crescimento, a partir da segunda metade do século XIX a tendência demográfica foi de abrandamento da população catalã.

Durante estes anos, a população estagnou e o modelo populacional foi o modelo que caracteriza o Antigo Regime: o jovem modelo piramidal.

Este modelo tem uma base ampla que mostra a grande presença de crianças e à medida que a idade das gerações avança, a pirâmide se estreita.

Esta grande presença de crianças fez com que a mortalidade infantil fosse muito elevada na Catalunha.

A mortalidade entre crianças de 0 a 5 anos, em 1861, era de, 568 mortes para cada 1.000 crianças.

As doenças mais frequentes na Catalunha durante estes anos que causaram a morte de crianças foram as doenças infecciosas, respiratórias ou epidêmicas, como o sarampo, a coqueluche, a difteria, a pneumonia ou a tuberculose. 

Osona, como os demais municípios centrais que possuíam indústria, não se beneficiou do êxodo rural, pois a indústria foi mecanizada e os empregos foram perdidos.

A cidade de Vic, especificamente, no início do século XIX ultrapassava os 10.000 habitantes, mas em meados do mesmo século a população diminuiu para 9.000 habitantes.

Outra causa da elevada mortalidade sofrida pela sociedade catalã durante os séculos anteriores ao século XIX foram as más condições de vida a que foi submetida.

Estas más condições eram o resultado da exploração da classe trabalhadora, pois a jornada de trabalho era muito longa (14 horas), o salário era de subsistência e o trabalho infantil era aceite.

Estas condições melhoraram gradualmente graças à emergência do socialismo e também aos protestos e mobilizações laborais que os trabalhadores lideraram ao longo do século XIX.

As más condições de vida a que estava sujeita a população catalã decorriam também da falta de higiene tanto nas casas como nas ruas, fato que provocou tanto a morte de muitas crianças como a morte dos mais velhos, pois favoreceu o aparecimento de doenças infecciosas e epidemias.

Havia lixo ou excrementos nas ruas e isso provocava mau cheiro e aparecimento de animais que contribuíam para sujar as ruas e causavam problemas de saúde aos habitantes.

As casas encontravam-se em estado tão precário quanto as ruas, pois havia deficiências na construção, faltava luz e ar, eram muito úmidas e as pessoas viviam com animais, o que fez com que estrume e resíduos fossem encontrados nas casas.

As ruas e as casas estavam neste estado porque as pessoas não tinham tradição de higiene, nem do corpo, nem da casa em geral.

Os cidadãos estavam sujos e mal tratados, embora os catalães fossem considerados mais limpos do que os do resto da Espanha.

Além disso, não havia tradição de lavar roupa porque não havia instalações para isso: era preciso ir aos rios ou às lavanderias públicas.

Esta falta de higiene pessoal e colectiva deu origem ao higienismo, movimento que ligava as condições ambientais e sociais às causas da morbilidade e mortalidade.

Propôs uma reforma da medicina preventiva e das políticas públicas de prevenção.

Esta tendência desenvolveu-se no século XVIII paralelamente à revolução industrial.

A higiene era uma corrente muito seguida pelos trabalhadores porque viam que as suas condições de vida iriam melhorar muito e os abastados também aceitavam, pois sabiam que as epidemias se espalhavam sem fronteiras sociais e viam a oportunidade de diminuir estas doenças.

Uma das ações que os higienistas queriam realizar era melhorar o estado das ruas e queriam fazê-lo melhorando o pavimento porque havia muitos buracos e era considerado mau.

Eles também queriam melhorar as calçadas porque estavam cheias de entulho e não era possível andar sobre elas.

Além disso, procuraram um bom sistema de esgoto para isso.

É por esta razão que os higienistas quiseram atuar a este nível e recomendaram não guardar excrementos nas casas.

O lixo tinha um valor econômico para a agricultura e isso fazia com que muitas pessoas o guardassem em casa e isso contribuía para que as casas ficassem em péssimas condições.

É por esta razão que os higienistas quiseram atuar a este nível e recomendaram não guardar excrementos nas casas.

Esta corrente defendia também a instalação de iluminação pública nas ruas para reduzir acidentes, quedas, roubos ou atropelamentos e assim reduzir a possibilidade de lesões aos cidadãos.

Outra preocupação dos higienistas era a falta de proteínas que as classes populares tinham, já que a alimentação era muito diferente entre as classes abastadas e as classes populares.

A alimentação das classes populares era vegetariana e monótona e ingeria-se pouca quantidade de proteínas, pois comiam carne de gente pobre (porco e peixe salgado), enquanto a alimentação das classes abastadas era mais variada e a quantidade necessária de proteínas

Os higienistas usaram a má higiene, a má nutrição, a resistência aos cuidados médicos, a má ventilação das casas, a falta de luz, a miséria das classes mais baixas ou a má amamentação dos bebês para explicar a elevada taxa de mortalidade infantil na Catalunha, o que fez com que 25% das mortes na Catalunha eram de crianças com menos de 5 anos.

A população da Catalunha na segunda metade do século XIX era, em 1857, de 1.652.291 habitantes, segundo o primeiro censo espanhol moderno.

A população catalã continuou a aumentar e em 1877 atingiu 1.752.033 habitantes, o que representa uma densidade populacional de 49,9 habitantes por quilômetro quadrado.

Dez anos depois, em 1887, a população havia aumentado para 1.843.549 habitantes e a densidade populacional era de 51,9 habitantes por metro quadrado.

Em 1897 a população era de 1.942.245 habitantes e em 1900 já era de 1.966.382 habitantes representando 54,8 habitantes por metro quadrado.

Em 1860, a Catalunha podia ser dividida em duas grandes áreas: a costa e a zona continental ou montanhosa.

A Catalunha costeira e pré-costeira (incluindo a região de Osona) tinha uma densidade europeia desde 1860, com densidades médias de 80 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto a Catalunha montanhosa era a menos povoada e tinha densidades inferiores a 20 habitantes por quilômetro quadrado.

A evolução da população catalã foi aumentar na Catalunha costeira e diminuir na Catalunha montanhosa: Barcelona cresceu 33% enquanto os Pirenéus e Pré-Pirenéus perderam entre 10 e 20% da população.

Em 1860, a segunda cidade mais populosa depois de Barcelona (190.000 habitantes) era Reus (mais de 27.000 habitantes), seguida por Tortosa (24.700) e Lleida (20.000).

A cidade de Vic tinha uma população de menos de 15.000 habitantes, mas em 1877 tinha menos de 10.000.

No que diz respeito ao movimento migratório, durante o período entre 1861 e 1877, a Catalunha foi mais um emissor de população do que um receptor com um saldo negativo de 56.000 pessoas.

De qualquer forma, os movimentos internos da população catalã estiveram presentes e iam das montanhas às planícies e do campo às cidades.

A mudança no sinal do movimento migratório ocorreu entre 1878 e 1887, quando as pessoas que imigraram ultrapassaram as que emigraram em cerca de 23 mil.

Esta tendência foi confirmada durante o período entre 1888 e 1897, quando houve um saldo migratório favorável de 41.723 pessoas, e intensificou-se de 1898 a 1900, com um ganho migratório de 18.288 pessoas.

Esta imigração foi emitida, fundamentalmente, pelos territórios valenciano, aragonês e murciano. [Os dados de contexto histórico foram retirados dos seguintes livros:

COBOS, Josep M. Olesa no século XIX. Olesa de Montserrat: Abadia de Montserrat, 1994. Páginas 14 – 35.

CABRÉ, Anna e PUJADAS, Isabel. História económica da Catalunha contemporânea: População, agricultura e energia. Barcelona: Fundació Enciclopèdia Catalana, 1989. Volume 5.

PRATS, Lorenzo. Catalunha estagnada: as condições materiais de vida das classes populares na Catalunha da Restauração segundo topografias médicas. Barcelona: Alta Fulla, 1996.

DE ROCAFIGUERA MONTANYÀ, Núria. O cadastro populacional de Vic de 1831 e 1889: uma amostra de estatísticas.

VILAR, PIERRE. História da Catalunha. Barcelona: Edições 62, 1987-2003. Volume VI. https://premisrecerca.uvic.cat/sites/default/files/webform/f06046f8479dfe17a125df03515bd8643a73970c_La%20mortalitat%20infantil%20a%20Vic%20%281841-1871%29.pdf  ].


A imigração espanhola no Brasil, apesar de significativa, não era a primeira opção para muitos espanhóis que deixavam sua terra natal no final do século XIX e início do XX. Segundo o historiador Hebert Klein (1994), "na migração transatlântica maciça dos espanhóis após 1880, o Brasil não era o primeiro país de preferência. Mais imigrantes espanhóis foram para a Argentina e para Cuba [...] do que para o Brasil".

Elda Martínez (1999) aponta dois fatores que contribuíram para os espanhóis optarem por outros países da América Latina em vez do Brasil: as aproximações culturais e a existência de uma importante tradição emigratória nesses países. Gattaz (1996) complementa essa análise, afirmando que "para a população do campo, fosse de regiões latifundiárias, como a Andaluzia [...] uma das soluções que se encontrava para seguir vivendo era emigrar. A América Latina era o alvo específico, escolhido por uma espécie de transmissão atávica, pois muitos decidiram vir hacer la America sem saber realmente o que era la America".

Apesar disso, os espanhóis começaram a engrossar as listas de imigrantes que chegavam ao Brasil a partir do final do século XIX, sendo os andaluzes e galegos os que tiveram maior participação nesse contingente. Muitos acreditavam em uma vida melhor no Brasil, preferindo enfrentar as dificuldades da viagem e da adaptação a uma nova realidade.

O contingente de espanhóis que optavam por deixar sua terra natal constituía uma parte significativa da migração de europeus principalmente para países do continente americano, porém o Brasil não era a primeira alternativa para muitos espanhóis. Como bem explica o historiador Hebert Klein (1994, p. 37), “na migração transatlântica maciça dos espanhóis após 1880, o Brasil não era o primeiro país de preferência. Mais imigrantes espanhóis foram para a Argentina e para Cuba [...] do que para o Brasil”. Elda Martínez (1999) compartilha dessa análise ao dizer que dois dos fatores que contribuíram para os espanhóis optarem por outros países da América-latina e não escolherem o Brasil como primeiro destino foram as aproximações culturais e a existência de uma importante tradição emigratória. Nessa perspectiva, Gattaz (1996, p. 28) contribui dizendo que: 

“Para a população do campo, fosse de regiões latifundiárias, como a Andaluzia [...] uma das soluções que se encontrava para seguir vivendo era emigrar. A América Latina era o alvo específico, escolhido por uma espécie de transmissão atávica, pois muitos decidiram vir hacer la America sem saber realmente o que era la America. A Espanha é um país que sempre se encontrou fora da Espanha” [GELLER, Lúcio. Imigração espanhola (1880-1930): das guerras coloniais à integração social em Sorocaba. 2020. 18 p. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em História) - Universidade de Sorocaba, Sorocaba, 2020. https://seer.ufrgs.br/index.php/aedos/article/download/108412/61264/466979]   .



Bagé, 1883

Como era Bagé, em 1833, quando chegou Emilio Guilayn na cidade, com 19 anos?

Estamos em um contexto, que perdura até hoje, de pessoas que possuem propriedades tanto no Brasil como no Uruguai. A linha divisória, muito mais que separar, é uma ponte de vários interesses econômicos e sociais, sem esquecer os interesses políticos, pois segmentos de brasileiros e uruguaios tiveram os mesmos objetivos. 

Os imigrantes estavam chegando a região, premidos por causas localizadas na Europa, em busca de novas terras e empregos. 

Em 1833, um ano antes da inauguração da estrada de ferro, certamente que os trabalhos estavam intensos. 

Um ano antes, também, da abolição da escravidão em Bagé, em que a maçonaria teve papel decisivo.

Portanto, Emilio Guilayn chega num momento de um novo ciclo na economia da região, em que o modo de produção escravista está prestes a ruir, embora ainda continuassem inúmeras relações de trabalho escravo, que só atenuaram ou seriam minimizadas, em 1930.

Violência e Criminosidade: O relato menciona vários assassinatos e crimes, como o de Claro Ritta, que foi assassinado em sua casa, e o caso do soldado Candido Latz, encontrado morto com sinais evidentes de violência. Esses eventos refletem um ambiente de insegurança e desordem social.

Inquéritos e Justiça: Apesar das diligências realizadas, muitos dos crimes permanecem sem solução, evidenciando a dificuldade das autoridades em manter a ordem e a justiça. O inquérito sobre o assassinato de Latz, por exemplo, não trouxe resultados conclusivos.

Movimento Migratório: A presença de indivíduos de diversas nacionalidades, como o francês João Pedro e o italiano José Carbonal, sugere que Bagé era um ponto de atração para migrantes, possivelmente em busca de oportunidades econômicas. No entanto, a violência pode ter impactado negativamente essa dinâmica.

Condições Sociais: Os crimes relatados, incluindo assaltos e homicídios, podem ser indicativos de tensões sociais, como a pobreza e a luta por recursos, que frequentemente acompanham períodos de migração e urbanização.

Reação das Autoridades: A resposta das autoridades, com a realização de inquéritos e a captura de criminosos, mostra um esforço para controlar a situação, embora a eficácia desse controle seja questionável, dada a quantidade de crimes não resolvidos.

Esses elementos ajudam a entender o contexto social e histórico de Bagé no século XIX, marcado por desafios relacionados à segurança, à justiça e às condições de vida da população.

Em janeiro de 1883, na noite de 4, no termo de Bagé, junto à linha divisória da República  vizinha, foi ferido com arma de fogo o capitão Felisberto Pinto Bandeira, estancieiro na mesma República. Procedeu-se a inquérito, tendo sido improfícuas as diligências para a descoberta do autor ou autores do crime.[ https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&Pesq=bag%c3%a9&pagfis=5114]

Em janeiro de 1883, no 2º distrito do termo de Bagé, foi assassinado no dia 14, em sua própria casa, Claro Ritta, por Manoel Rodrigues Nunes, preso em flagrante. Procedeu-se contra o criminoso da forma da lei.  [ https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&pagfis=5105]

Na cidade de Bagé, na madrugada de 2 de março último, o individuo João Pedro, de nacionalidade francesa, empregado no cortume de F. Perié Belford, arrombou a janela do quarto de dormir de João Greiner, sócio de Belford, que se achava ausente, e roubou dinheiro, joias e outros objetos de valor de Greiner, conseguindo evadir-se após a perpetração do delito. O delegado de polícia do termo tomou conhecimento do fato. [https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&Pesq=bag%c3%a9&pagfis=5174]

O delegado do termo de Bagé comunicou que na madrugada de 12 de março último foi capturado no 2º distrito o criminoso  Ramão Campão, pronunciado no art. 193 do código criminal, sendo a prisão efetuada pelo capitão Manoel Bento da Fontoura Casado. O réu acha-se recolhido a cadeia daquela cidade. Tanto o delegado como o citado oficial foram elogiados pelo serviço que prestaram. [https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&Pesq=bag%c3%a9&pagfis=5174].

A 27 do dito mês [março], foi capturado no termo de Bagé, o individuo João Hemetério, pronunciado no de N. S. da Luz das Cacimbinhas por crime de morte.  [https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&Pesq=bag%c3%a9&pagfis=5176].

A 22 do mês findo [maio], foi encontrado, a légua e meia mais ou menos de distância da cidade de Bagé, o cadáver de um indivíduo, que mais tarde reconheceu-se ser o soldado do 5º regimento de cavalaria ligeira, Candido Latz, que havia quinze dias desertara de seu corpo. O cadáver apresentava um profundo golpe no pescoço e vários ferimentos no peito, ventre e costas. Procedeu-se a corpo de delito e mais diligencias ordenadas por lei, as quais nenhuma  luz derramam sobre esse misterioso crime. O Dr. Chefe de Polícia ordenou ao seu delegado naquele termo abrisse novo  e rigoroso inquérito a fim de descobrir-se o autor ou autores do crime.[https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&Pesq=bag%c3%a9&pagfis=5198].

Em junho de 1883, na margem esquerda do Pirahy, termo de Bagé, no dia 6, foi encontrado um cadáver já quase em estado de esqueleto, supondo-se ser o de um italiano de nome José Carbonal. Não se pode verificar a causa da morte. [ https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&Pesq=bag%c3%a9&pagfis=5126].

Na manhã de 3 de julho de 1883, em uma sanga do arroio Bagé, foi encontrado o cadáver  do oriental Bino Costa. Verificou-se que a causa da morte fora uma apoplexia cerebral.  https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&Pesq=bag%c3%a9&pagfis=5126].

Em julho de 1883, na divisa do 3º e 5º distritos do termo de Bagé, foi assassinado, no dia 10, o pardo de nome Jordão. Procedeu-se às diligências necessárias, na forma da lei. [ https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&pagfis=5108 ].

Em setembro de 1883, em uma restinga na costa do Arroio Santa Maria [“Dom Pedrito se tornou um município em 1872, quando foi desmembrado de Bagé. Inicialmente, era conhecido como N. Sra. do Patrocínio de Dom Pedrito, mas passou posteriormente a ser chamado apenas de Dom Pedrito. A cidade foi elevada à categoria de município e, em 1888, à categoria de cidade”. https://atenaeditora.com.br/catalogo/dowload-post/85771], termo de Bagé, foi encontrado, no dia 12, o cadáver do indivíduo de nome Venancio, de profissão, jornaleiro, crivado de punhaladas e com profundos golpes na garganta. Procedeu-se ao inquérito, do qual nada se colheu sobre a autoria do crime.  [https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&pagfis=5111] .

Em novembro, nas imediações da cidade de Bagé, a 6 (seis), o trabalhador da estrada de ferro, Luiz Fagundes de Oliveira, feriu com dois golpes de machadinha ao oriental João Manoel Shbern, evadindo-se  em seguida. Procedeu-se ao inquérito e providenciou-se sobre a captura do criminoso.  [https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=252263&Pesq=bag%c3%a9&pagfis=5120  . Relatórios dos Presidentes das Províncias Brasileiras : Imperio (RS) - 1830 a 1889].



https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAIH5gnijwXPRLxeHqNvsGCs12FaTjwwYyfMcdoGYgkA_E6GdrImaciGWKNfRJUM6KxWErzidJlr4Yf_FR9bDC8G1tqrEsiPUu0Cd_mnls5dM3_hVZhlH-TFgmGdsRHa6EPyDV-2a-weBy/s640/Mapa+Tratado+de+Madri+001.jpg . https://nosprimordiosdebage.blogspot.com/2015/09/as-fronteiras-de-bage-os-reinos-de.html 



Emilio Cipriano Pedro GUILAYN CORREDOR: 

Veio para o Brasil, com 19 anos, [https://issuu.com/folhadosul/docs/final_15-05-17] [Eis outra versão, sobre a chegada em Bagé: “Conta um pouco da vida desse espanhol de Gerona que chegou em Bagé em 1884 , com 19 anos, e foi um dos principais responsáveis pelo progresso e desenvolvimento de nosso Município. Entre os diversos e grandes empreendimentos de Emilio Guilayn em Bagé, destaca-se a instalação da Usina Elétrica, que além dos benefícios que proporcionou, deu grande projeção à cidade, sendo a primeira no interior do Estado a oferecer esse serviço. Emilio Guilayn criou a primeira Casa Bancária de Bagé e foi também o primeiro Presidente da ACIBA e da Associação Rural. Seu nome era amplamente reconhecido não apenas no Rio Grande do Sul e no Brasil, como também no exterior , especialmente na Argentina, onde era sócio da Buxton, Guilayn & Cia. Emilio Guilayn faleceu em Paris em 1924, com 59 anos e deixou seu nome profundamente ligado na história de Bagé”. https://nucleodepesquisashistoricas.blogspot.com/2012/11/palestra-emilio-guilayn-um-homem-de.html?zx=81a55aa1f3ef40b2] , ou seja, em 1883.

A presença de Emílio Guillayn, com 27 anos,  na cidade de Bagé do ponto de vista da economia está mais ou menos fixada em torno de 1891 [https://issuu.com/jornalminuanobage/docs/20150807]  com a fundação da primeira charqueada industrial da região da campanha no Rio Grande do Sul.

Do ponto de vista social, Emílio Guilayn casa em 1890, em Bagé; estava, então, com 26 anos.

Emilio Guilayn, aparentemente, participou da construção do Solar, em 1902. O Solar da Sociedade Espanhola teve sua ideia de construção manifestada no Livro de Atas da Sociedade Espanhola, em 1902, durante uma reunião na casa de Emilio Guilayn. A Comissão de Obras expressou a necessidade de construir um edifício sólido e elegante, uma obra não apenas para o presente, mas também para o futuro. As obras tiveram início em 1905 e foram concluídas em 1929.

E este majestoso prédio chamado Solar da Sociedade Espanhola, no Livro de Atas da Sociedade Espanhola, em 1902, em reunião na casa de Emilio Guilayn, a Comissão de Obras se manifesta dizendo que desde que surgiu a ideia da sua construção, foi de que o Solar deveria ser um edifício sólido e elegante, uma obra não somente para o presente e sim para o futuro. A obra iniciou em 1905 e sua conclusão foi em 1929. [ https://www.sociedadeespanhola.com.br/fotos/63/o-solar-da-sociedade-espanhola-e-os-102-anos-do-imba-



O fato de Emilio Guilayn estar na presidência da associação rural de Bagé em 1904, expressa a sua importância política econômica social na sociedade local. 

A Associação Rural de Bagé foi fundada em 20 de setembro de 1904, às 10 horas da manhã, no Salão do Congresso Familiar em Bagé, conforme consta em ata registrada na época. A primeira diretoria da associação ficou assim constituída:


Diretoria

- Presidente: Emilio Guilayn  

- 1º Vice Presidente: José Francisco de Freitas

- 2º Vice Presidente: Francisco de Paula Sá

- Secretário: Dr. Júlio da Costa Cabral

- Tesoureiro: Antônio Magalhães

- Suplente: Antônio Luiz Ratto


Comissão Fiscal

- Orlando Brasil

- Vicente Lucas de Lima  

- Doutor Saturnino de Arruda

Suplentes

- Anaurelino Corrêa de Barros

- Antônio Maria Martins

- Pedro Cândido Barreto de Borba


Essas informações foram retiradas do livro "Inventário Cultural de Bagé" de Elizabeth Macedo de Fagundes, que cita o livro "Apontamentos históricos e estatísticos de Bagé" de Jorge Reis como fonte primária.

1904 - Fundação da Associação Rural de Bagé.

A escritora Elizabeth Macedo de Fagundes, no livro "Inventário Cultural de Bagé", escreve que, conforme consta no livro "Apontamentos históricos e estatísticos de Bagé", de Jorge Reis, a Associação Rural de Bagé foi fundada, conforme ata registrada aos vinte dias do mês de setembro de 1904, às dez horas da manhã, no Salão do Congresso Familiar (onde fincou o extinto banco HSBC, na Avenida Sete de Setembro), tendo como primeira diretoria:

DIRETORIA

Presidente: Emilio Guilayn

1º Vice Presidente: José Francisco de Freitas

2º Vice Presidente: Francisco de Paula Sá

Secretário: Dr. Júlio da Costa Cabral

Tesoureiro: Antônio Magalhães

Suplente: Antônio Luiz Ratto

COMISSÃO DISCAL

Orlando Brasil

Vicente Lucas de Lima

Doutor Saturnino de Arruda

SUPLENTES

Anaurelino Corrêa de Barros 

Antônio Maria Martins

Pedro Cândido Barreto de Borba.  [ https://odiaembage.blogspot.com/2017/09/] .




Ata de Fundação da Associação Rural de Bagé


Aos vinte dias do mês de setembro de 1904, às dez horas da manhã, no Salão do Congresso Familiar, reuniu-se a comissão encarregada de modificar as bases apresentadas pelos senhores Dr. Leonardo Brasil Colares e Vicente Lucas de Lima, para elaborar o projeto de estatutos da associação, conforme nomeação feita em sessão preparatória no dia 4 de setembro passado. A comissão era composta pelos senhores Drs. Joaquim Francisco de Assis Brasil, Pedro Luiz Osorio, Verissimo Dias de Castro, Francisco de Paula Sá, Emilio Guilayn e Dr. Leonardo B. Collares, representado pelo Sr. Guilayn, além de outros membros presentes.

O Sr. Dr. Assis Brasil, presidente da comissão de estatutos, declarou aberta a sessão e convidou o Coronel Intendente para presidi-la, o que foi aceito por unanimidade. O Sr. Vicente Lucas de Lima foi escolhido como secretário.

Em seguida, o presidente iniciou a leitura do projeto de estatutos, acompanhada de considerações sobre a necessidade de corrigir algumas lacunas, mantendo a essência do texto. O secretário começou a leitura artigo por artigo para discussão.

No primeiro artigo, o Dr. Verissimo propôs a inclusão de uma disposição que permitisse à associação defender os proprietários rurais prejudicados por queimadas e danos causados por locomotivas. Essa emenda, apoiada pelo Dr. J. Antonio Martins, foi aceita por unanimidade. O artigo 1º foi aprovado com a emenda.

O artigo 2º também foi aprovado com uma emenda do Dr. Saturnino E. de Arruda, que garantiu a perpetuidade dos nomes dos sócios beneméritos falecidos, acompanhados de suas respectivas qualidades. O artigo 3º foi unanimemente aprovado.

Durante a discussão do artigo 4º, o Dr. Saturnino se opôs à reeleição dos membros da diretoria, mas o artigo foi aceito por unanimidade. Os artigos 5º, 6º e 7º também foram aprovados. No artigo 8º, o Dr. Saturnino questionou a intervenção do Conselho Fiscal no relatório do presidente, mas o artigo foi aceito.

Os artigos, 9º, 10 e 11 foram aprovados unanimemente. O Dr. Saturnino apresentou uma emenda sobre a realização das eleições da diretoria, que foi aceita. O presidente, em sua fala, destacou a importância da escolha da primeira diretoria como base para a nova associação, recomendando que a decisão fosse tomada com seriedade.

Sr. Guilayn propôs que o Dr. Pedro Osorio finalizasse a redação dos estatutos, conforme as resoluções da assembleia. Dr. Assis Brasil sugeriu que a eleição da primeira diretoria ocorresse em uma segunda sessão no domingo seguinte, agradecendo a todos pela contribuição às indústrias rurais, formalizando assim a fundação da Associação Rural de Bagé. A sessão foi encerrada.


Ata da Assembleia Geral

Aos vinte e cinco dias do mês de setembro de 1904, às 10 horas da manhã, no Salão do Congresso Familiar, estavam presentes quarenta e oito sócios. O Sr. Dr. J. F. de Assis Brasil assumiu a presidência e declarou aberta a sessão. Após a leitura da ata anterior, o Dr. S. de Arruda solicitou que se substituísse a palavra "unicamente" ao referir-se à aprovação dos artigos 4º e 8º, o que foi aceito.

O presidente leu os estatutos revisados pelo Dr. Pedro Osorio, que foram aprovados por unanimidade. O Sr. Guilayn lembrou os serviços prestados pelas indústrias rurais pelos Drs. J. F. de Assis Brasil e Candido Dias de Borba, propondo que fossem nomeados presidentes honorários da associação, proposta aprovada por unanimidade.

O presidente anunciou a eleição da diretoria, que regeria a associação até 13 de maio de 1906. Foram recolhidas quarenta e seis cédulas, com os seguintes resultados:

- **Presidente:** Emilio Guilayn – 43 votos

- **1º Vice-presidente:** Dr. José Francisco de Freitas – 42 votos

- **2º Vice-presidente:** Francisco de Paula Sá – 45 votos

- **Secretário:** Dr. Julio da Costa Cabral – 45 votos

- **Tesoureiro:** Antonio P. Magalhães – 41 votos

- **Suplente:** Antonio Luiz Ratto – 46 votos


**Comissão Fiscal:**

- Dr. Orlando Brasil – 42 votos

- Vicente L. de Lima – 46 votos

- Dr. Saturnino E. de Arruda – 42 votos


**Suplentes:**

- Anaurelino C. de Barros – 43 votos

- Dr. J. Antonio Martins – 46 votos

- Pedro Candido Barreto de Borba – 43 votos


Após a apuração, o presidente anunciou os resultados da eleição. O Dr. Verissimo Dias de Castro propôs que se registrasse um voto de louvor aos iniciadores da associação, a proposta foi aprovada por unanimidade.

O presidente agradeceu a colaboração dos sócios e convidou o novo presidente, Emilio Guilayn, a assumir suas funções. Guilayn, em seu discurso, expressou sua humildade diante da responsabilidade e a esperança de contar com a ajuda de todos para o sucesso da associação.

Encerrada a sessão, a Associação Rural de Bagé se comprometeu a cumprir os objetivos para os quais foi criada, prestando relevantes serviços ao município, merecendo o título de beneméritos seus fundadores, Tenente-Coronel Vicente Lucas de Lima e Dr. Leonardo Brasil Collares.

Fundou-se nesta cidade, e Associação Rural, sendo assim redigida a sua primeira ata dos trabalhos inaugurais:

«Aos vinte dias do mês de setembro do ano de 1904, as dez horas da manhã no salão do Congresso Familiar, presente a comissão incumbida de modificar as bases apresentadas pelos Srs. Dr.  Leonardo Brasil Colares e Vicente Lucas de Lima e confeccionar o projeto de estatutos da associação, nomeada em sessão preparatória, a 4 de setembro p. passado, composta dos srs. drs. Joaquim Francisco de Assis Brasil, Pedro Luiz Osorio, Verissimo Dias de Castro, e Francisco de Paula Sá, Emilio Guilayn e Dr.  Leonardo B. Collares, este representado pelo Sr. Guilayn e mais os seguintes senhores: 

  1. – Dr. J. F. de Assis Brasil, 

  2. Francisco de Paula Sá, 

  3. Dr.  Verissimo Dias de Castro, 

  4. Emilio Guilayn, 

  5. Dr.  Pedro Osorio, 

  6. Pedro Maria Marques, 

  7. Adaucto Loureiro de Souza, 

  8. Thomaz Jeronymo Salgado, 

  9. Dr.  João Lucas de Lima, 

  10. Anaurelino Vaz, 

  11. Juvenal Dias da Costa, 

  12. Carlos Lucas de Lima, 

  13. Boaventura Marques, 

  14. Dr.  Orlando Brasil, 

  15. Manoel Lucas de Lima, 

  16. Candido Carrion, 

  17. Pedro Candiota, 

  18. Pedro Fontoura, 

  19. Tenente-Coronel Casildo Carrion, 

  20. Dr.  Costa Cabral, 

  21. Lourenço Paulo Bazerque, 

  22. José Octavio Gonçalves, 

  23. Salustiano Maciel, 

  24. Pedro Tavares, 

  25. Antonio Vals, 

  26. Boaventura Ferreira da Silva, 

  27. João Carlos Jacintho da Silveira, 

  28. Alberto Vasques, 

  29. Placido Silveira, 

  30. Terencio Jose de Limo, 

  31. Rodolpho Moglia,

  32.  João Greiner, 

  33. Dr.  Saturnino E. de Arruda, 

  34. Antonio Maria Martins, 

  35. Dr.  José Antonio Martins, 

  36. Manoel Gadea, 

  37. Galvão Machado, 

  38. Belmiro de Bittencourt Medeiros, 

  39. Manoel Fagundes, 

  40. Christovam Maia, 

  41. Antonio Mourguez, 

  42. Gregorio Rodrigues, 

  43. Agostinho Fernandez, 

  44. João Benito Illarreguy, 

  45. João Cirne Collares, 

  46. Vicente Lucas de Lima, 

fazendo-se representar também, por delegação, os srs.: 

  1. Dr.  José Francisco de Freitas, 

  2. João Maria Peixoto, 

  3. Dr.  Leonardo B. Collares, 

  4. Antonio Gafrée, 

  5. Dr.  Gervasio Alves Pereira, 

  6. Dr.  Alfredo Tavares, Augusto Tavares, 

  7. Coronel Anthero Cunha, Brenno Soares, 

  8. Rodolpho Machado de Souza, 

  9. Julião Brossard, 

  10. Theodoro Saibro Jardim, 

  11. Estacio Azambuja, 

  12. Candido Azambuja, 

  13. Leopoldino Paiva, 

  14. Antonio Ratto, 

  15. Cassildo Carrion Filho, 

  16. Abilio Ribas, 

  17. Antonio Pimentel Magalhães, 

  18. Bernardino Arthur Lignon, 

  19. Anaurelino Corrêa de Barros; 

foi pelo Sr. Dr.  Assis Brasil, presidente da comissão de estatutos, declarada aberta a sessão, convidando em seguida o Coronel Intendente para presidi-la.

Este, agradecendo o convite, indicou, por sua vez, ao mesmo Dr.  Assis Brasil, o que foi unanimemente aceito.

Pelo Sr. presidente foi convidado o Sr. Vicente Lucas de Lima, para servir de secretário.

Em ato contínuo, o Sr. presidente passou a leitura do projeto de estatutos, acompanhando-a de diversas considerações tendentes a demonstrar a necessidade que havia de, sem alterar a sua essência, corrigir as lacunas da sua redação, imprimindo-lhe uma feição mais uniforme.

Ordenou o Sr. presidente, ao secretário, que começasse a leitura dos estatutos artigo por artigo para serem discutidos separadamente.

Posto o 1º artigo em discussão, tomou a palavra o Dr.  Verissimo, que propôs, fosse incluído neste artigo, uma disposição que permitisse a Associação patrocinar a causa dos proprietários rurais prejudicados pela queima de campos, casas e mortes de animais, ocasionados pelas locomotivas das estradas de ferro.

Essa emenda, apoiada pelo Dr.  J. Antonio Martins, foi aceita unanimemente pela assembleia, resolvendo esta que fosse redigida de modo genérico, de forma que abrangesse todos os casos.

O art. 1º foi aprovado unanimemente, aproveitando-se a emenda.

O art. 2° foi aprovado com uma emenda do Dr.  Saturnino E. de Arruda, consignando que a perpetuidade, no registro da Associação, dos nomes dos sócios beneméritos e remidos, falecidos fosse acompanhado da respectiva qualidade de cada um».

«O artigo 3º foi unanimemente aprovado.

Artigo 4° – Na discussão desse artigo o Dr.  Saturnino mostrou-se contrário a reeleição dos membros da Diretoria, ao que contestou o Sr. Candido Carrion. 

O artigo foi unanimemente aceito. 

Os artigos 5º, 6º e 7° foram aprovados também unanimemente.

No artigo 8° o Dr.  Saturnino discutiu a intervenção do Conselho Fiscal quanto ao relatório do presidente; porém este artigo como os demais foi unanimemente aceito.

Os artigos, 9º, 10 e 11 foram aprovados unanimemente. E finalmente, logo após a discussão dos estatutos, o Dr.  Saturnino apresentou uma emenda sobre o modo de efetuar-se as eleições da diretoria, assim como fosse indicado a dia em que elas deviam realizar-se.

Esta emenda foi incluída no projeto de estatutos, por ser aceita unanimemente. O Sr. Presidente, usando da palavra, dissertou clara e brilhantemente, esclarecendo a ilustre auditório, sobre a escolha da primeira diretoria que deveria ser como que a pedra fundamental do edifício que vinha de fundar-se, aconselhando a todos que resolvessem problema de tanta magnitude com Isenção de ânimo.

O Sr. Guilayn, em última análise, propôs que se nomeasse o Dr.  Pedro Osorio para retocar em definitivo as bases dos estatutos, conforme as resoluções tomadas pela assembleia fundadora. E o Dr.  Assis Brasil justificando a utilidade dessa medida propôs que se efetuasse a eleição dos membros da primeira diretoria que devia presidir aos destinos da associação, numa segunda sessão a realizar-se no domingo seguinte, agradecendo a todos os presentes o concurso que trouxeram as indústrias rurais, atendendo solicito ao convite da comissão, ficando desse modo definitivamente fundada a Associação Rural de Bagé.

E não havendo mais nada a tratar, o Sr. presidente encerrou a sessão. – Bagé, 20 de setembro de 1904.

J. F. de Assis Brasil. – Vicente Lucas de Lima.

Ata da assembleia-geral.

– Aos vinte e cinco dias do mês de setembro de mil novecentos e quatro as 10 horas da manhã, no Salão do Congresso Familiar, presentes quarenta e oito senhores sócios, assumiu a presidência o Sr. Dr.  J. F. de Assis Brasil, que declarou aberta a sessão.

Lida a ata da sessão anterior, o Sr. Dr.  S. de Arruda observou que ao referir-se as emendas por ele apresentadas aos artigos 4º e 8°, que não foram aceitos pela assembleia devia substituir-se a palavra – Unicamente – ao mencionar a aprovação dos aludidos artigos, sendo a ata aprovada com esta observação. Em seguida o Sr. presidente procedeu à leitura dos estatutos apresentados pelo Dr.  Pedro Ozorio, encarregado da redação final, merecendo aprovação unânime da assembleia. Pedindo a palavra o Sr. Guilayn, em rápida alocução, rememorou os relevantes serviços que de longa data vêm prestando as indústrias rurais os eminentes patrícios Srs. Drs. J. F. de Assis Brasil e Candido Dias de Borba e propôs que como uma reconhecida homenagem aos aludidos patrícios, fossem os mesmos escolhidos para presidentes honorários da Associação em caráter de perpetuidade.

Esta proposta, que recebeu palavras encomiásticas de diversos Srs. sócios, posta em discussão e aprovação, foi aprovada por unanimidade.

Logo após o Sr. Presidente declarou que se ia proceder à eleição da diretoria, que devia reger os destinos da associação até a data de treze de maio de mil novecentos e seis, época da primeira sessão de assembleia-geral ordinária.

Fazendo em seguida a chamada dos sócios presentes foram recolhidas quarenta e seis cédulas, cuja apuração deu o seguinte resultado:

Para presidente – Emilio Guilayn, com 43 votos.

1° vice-presidente – Dr. José Francisco de Freitas, com

42 votos.

2° vice-presidente – Francisco de Paula Sá, com 45 votos.

Secretário – Dr. Julio da Costa Cabral, com 45 Votos.

Tesoureiro – Antonio P. Magalhães, com 41 votos.

Suplente – Antonio Luiz Ratto, com 46 Votos.

COMISSÃO FISCAL

Dr. Orlando Brasil, com 42 Votos.

Vicente L. de Lima, com 46 Votos.

Dr. Saturnino E. de Arruda, com 42 Votos.

SUPLENTES

Anaurelino C. de Barros, com 43 votos.

Dr. J. Antonio Martins, com 46 Votos.

Pedro Candido Barreto de Borba, com 43 Votos.

Conhecido o resultado da eleição, o Sr. presidente deu dela parte a assembleia.

Pedindo a palavra, o Dr.  Verissimo Dias de Castro propôs que fosse consignado na ata um voto de louvor aos Infatigáveis iniciadores desta utilíssima e patriótica associação, os Srs. Vicente Lucas de Lima e Dr.  Leonardo Brasil Collares, proposta esta acolhida com as  demonstrações da mais viva simpatia e unanimemente aprovada ao ser posta em votação pelo Sr. presidente.

Este, dando por terminada a sua tarefa, agradeceu com expressavas frases o concurso que lhe tinha sido prestado no desempenho de seu cargo pelos Srs. sócios e convidou o Sr. presidente eleito para assumir as suas funções.

De posse da presidência, o Sr. Emilio Guilayn convidou os demais membros da diretoria presentes a ocuparem os seus respectivos lugares.

Dirigiu-se então, aos seus consócios e em bem meditadas frases disse, que se sentia fraco e sem competência para o elevado encargo de que fora investido, mas, que tinha a esperança de ser auxiliado por todos em bem de executar os elevados desígnios comuns, no que empregaria todo o esforço, concluindo por fazer votos pela prosperidade da nova associação.

E não havendo mais nada a tratar, deu por encerrada a sessão.

Joaquim F. de Assis Brasil – Emilio Guilayn – Vicente Lucas de Lima.

– A Associação Rural de Bagé, tem cumprido os elevados fins de sua criação e prestado ao nosso importante município, os mais assinalados serviços.

Bem merecem o título de beneméritos, os seus esforçados e inteligentes iniciadores, Srs. Tenente-Coronel Vicente Lucas de Lima e Dr.  Leonardo Brasil Collares.



O Dr. J. F. de Assis Brasil é mencionado na obra "Apontamentos Históricos e Estatísticos de Bagé" como uma figura proeminente e respeitada na sociedade de Bagé. Ele é destacado por sua atuação como orador e político, sendo reconhecido por seus serviços à República Brasileira. Assis Brasil é descrito como um orador festejado, que participou ativamente de discussões políticas e conferências na cidade, contribuindo para a disseminação das ideias republicanas.

Além de sua habilidade como orador, o Dr. Assis Brasil é lembrado por sua participação na Assembleia Provincial do Rio Grande do Sul, onde se destacou em debates políticos, especialmente em discussões com outros tribunos notáveis da época, como o Dr. Silveira Martins. Sua eloquência e capacidade de argumentação o tornaram uma figura influente no cenário político local e estadual.

O SR. FLORES DA CUNHA, Presidente — O Grande Expediente da sessão de hoje é destinado à comemoração do centenário de nascimento de Joaquim Francisco de Assis Brasil. Tem a palavra o Sr. Luís Viana

0 SR. LUIZ VIANA — Sr. Presidente, honrado pela designação de V. Ex.a , incumbe-me hoje, no transcurso do primeiro centenário do nascimento de Assis Brasil, o elogio que lhe deve esta Casa, que tanto honrou com sua presença. Nascido há cem anos justos, no Município de São Gabriel, Joaquim Francisco de Assis Brasil realizou, certamente, unia das mais dignas e ilustres trajetórias na vida pública brasileira, que, para ele, se iniciou nos albores da mocidade, quando, era São Paulo, se filiou àquela ideia que seria a paixão, a própria razão da sua vida — a ideia republicana. Devo, aliás, Sr. Presidente, ao mencionar o fato, ter uma palavra que assinale, não apenas a figura de Assis Brasil, mas também aquela plêiade de gaúchos, de sul-riograndenses a esse tempo cursando a Faculdade de Direito de São Paulo e que se tornaram dos mais bravos, dos mais denodados paladinos da ideia republicana. 

Congregados no Clube 20 de Setembro, que, pelo nome, lembrava a grande data farroupilha, representavam eles unia corrente nova de pensamento, que iriam levar para o extremo sul do País, onde a lançariam com êxito. 

Basta, Sr. Presidente, que eu mencione algumas das figuras que a esse tempo integravam o Clube 20 de Setembro, para que logo se veja que somente de raro em raro é possível reunir, numa mesma ocasião, pugilo tão brilhante de jovens patriotas. 

Começarei por uma figura certamente muito cara a V. Ex.a . Refiro-me a Júlio de Castilhos, talvez, se não, certamente, o maior de todos, e de quem o próprio Assis Brasil, seu desafeto em lutas politicas posteriores, traçou, quando já separado de seu ilustre conterrâneo, este perfil que honra tanto Castilhos quanto Assis Brasil. 

Dizia ele, Sr. Presidente, aludindo a Júlio de Castilhos, 

"que este — e comparava-o ao grande Silveira Martins — não tinha no mesmo grau as qualidades brilhantes do tribuno do Império, mas supria-as completamente com o equilíbrio da inteligência, com a tenacidade no estudo e na ação e —o que é mais importante para o êxito — abrigava no peito, constantemente, por vicissitudes e triunfos, essa ponderável e refletida ambição de governar e de mandar, sem a qual homem algum chega ao poder, a não ser em circunstâncias excepcionais, como as que levaram ao Consulado Romano o virtuoso e desinteressado Cincinato". 

Mas não era apenas Júlio de Castilhos. 

Aí também estava, ao seu lado, Pinheiro Machado, Adolfo Osório, Homero Batista, Vitorino Monteiro, Enéas Galvão, Germano Hasslocher e essa veneranda figura, ainda viva em Porto Alegre, onde vê transcorrer, na quietude de um lar honrado e feliz, a sua extrema velhice. 

Refiro-me ao grande republicano Sr. Borges de Medeiros. 

Pois bem, Sr. Presidente. 

Foi ombro a ombro com esses jovens gaúchos que Assis Brasil se iniciou na vida pública em São Paulo, colaborando em dois jornais republicanos — A Evolução e A República

Mas com os seus pendores de publicista e de pensador não se limitaria Assis Brasil às atividades da imprensa. 

Elas iriam mais longe, transbordariam para o livro, porque no livro, Sr. Presidente, encontrava ele o campo propício para semear as suas ideias republicanas. 

E, ainda estudante, publica pequeno trabalho, mas pelo qual já se pode avaliar a figura do pensador e do combatente, que intitulou A República Federal, e no qual deixa cair uma frase que eu, se tivesse de buscar uma legenda para sua vida, escolheria. É quando ele, a propósito das duas faces com que todas as questões se apresentam ao espírito humano — a face real e face ideai — afirmava: 

"Em linguagem mais vulgar e clara, pode-se dizer: o real é o que é; o ideal é o que deve ser". 

Sr. Presidente, desde aquele tempo até a morte, Assis Brasil foi realmente um homem voltado para o ideal, isto é, apegado, não ao que é, mas em luta para o que deve ser. 

Graças a essa força interior, ao chegar à sua terra natal, em oposição a Gaspar Silveira Martins — e V. Ex.a , gaúcho dos mais ilustres, bem sabe o que significava àquele tempo opor-se àquela nobre e grande figura que Nabuco chamou Sansão dos Pampas, Gaspar da Silveira Martins — Assis Brasil, mal saído dos bancos acadêmicos em pleito memorável, logrou ser o primeiro republicano a ter assento na Assembleia Provincial do Rio Grande e aí enfrentar, na tribuna, o grande e nobre adversário que era Silveira Martins. 

No Congresso Republicano de Porto Alegre, profere a sua famosa conferência de 83, a que chamou "A unidade nacional", tanto ligava a ideia federativa à manutenção da unidade de pátria. Típico, entretanto, do seu temperamento, é a generosidade, é o cuidado com que, a cada passo, apesar dos impulsos da mocidade, se refere aos seus antagonistas. Nele, nada é mesquinho. E, como primeiro representante da ideia republicana na Assembleia Provincial, aconselha os seus correligionários, não às retaliações, mas a aprenderem que nunca é tarde para o cumprimento do dever. (Apoiados). 

Proclamada a República, vitoriosa a ideia pela qual se havia batido desde os anos acadêmicos, Assis Brasil como que fez, meia volta na sua carreira pública; deixou os pagos rio-grandenses para tornar-se o primeiro representante do Brasil na Legação Republicana de Buenos Aires. Pouco, porém, demorou aí. 

Ao verificar que, deflagrado o golpe de Estado de Deodoro, não se manifestava Júlio de Castilhos, então Governador do Estado, contra essa atitude da qual ele, Assis Brasil, não partilhava, retornou então a Porto Alegre e, no movimento conhecido como de 12 de novembro, depôs Júlio de Castilhos. 

Era Júlio de Castilhos, no depoimento unânime dos contemporâneos, a figura a que Assis Brasil se encontrava mais fundamente ligado, inclusive por vínculos de parentesco, uma vez que se casara com uma irmã dele

Entretanto, ao ter de decidir-se entre essa amizade e o que lhe parecia seu dever político, não teve dúvida em voltar-se contra Castilhos. 

Assume, então, juntamente com Barros Cassai e Rocha Osório, o breve governo do Rio Grande, governo realmente efêmero, — "governicho", disseram os adversários, tão efêmero quanto o golpe de Deodoro, pois, empossado no poder, Floriano Peixoto houve por bem dispor os acontecimentos, de modo que Júlio de Castilhos reimplantasse no Rio Grande a sua legalidade. 

Assim, vitorioso o movimento de retorno de Júlio de Castilhos, observamos que o fenômeno vai ter profunda repercussão na vida rio-grandense, sendo na vida brasileira, fenômeno que só ocorre no Rio Grande, representado justamente pela divisão das forças políticas, em torno de Ires correntes ideológicas. 

No resto do País, a política se divide apenas em governo e oposição; os que estão no governo a quererem mantê-lo, pelo seu apoio ao Governo central ou Governo da União; os que militam na oposição, a pleitearem do Governo da União as oportunidades e o prestígio com o qual esperam alcançar o poder local. 

No Rio Grande, não. 

Isto honra extraordinariamente o pensamento gaúcho. 

No Rio Grande, nas nossas tradições, formado pela gente mais belicosa, pela gente mais afeita ao manejo e ao torneio das armas, vamos assistir a grande torneio das ideias republicanas. 

E mais: se excluirmos do nosso cenário a figura incomparável de Ruy Barbosa, evidentemente um caso à parte, somente no Rio Grande vamos encontrar as lutas políticas esteadas e alicerçadas em teses doutrinárias. 

Com efeito, enquanto Castilhos se aferra à ideia contista, à ideia positivista, que seria a base da Constituição rio-grandense, os seus opositores — Assis Brasil, de um lado; Silveira Martins, do outro — dividem-se entre o parlamentarismo, à maneira inglesa de Silveira Martins, e o governo republicano, à moda dos Estados Unidos da América, pregada por Assis Brasil. 

São essas três correntes de pensamento, esses três grupos de ideias que dividem a gente gaúcha até os idos de 1928. 

Vê V. Ex.a , Sr. Presidente, a força, o vigor daquelas três figuras que durante 40 anos conseguem, por todas as vicissitudes e alguns mesmos depois da morte — como Castilhos e de Gaspar Silveira Martins — projetar suas linhas durante décadas, nas quais sua gente e seu povo se apresentaram fundamente marcados pela pregação de cada qual

Não desejo, porém, Sr. Presidente, desviar-me do assunto principal de meu discurso e peço mesmo desculpas pelo breve parêntesis com que interrompo a modesta biografia de Assis Brasil. 

Dizia eu: restabelecido o Governo de Júlio de Castilhos, é na diplomacia, no serviço da política externa que vai abrigar-se, refugiar-se, Assis Brasil. 

Inicialmente, na Legação de Buenos Aires, à qual retorna. Posteriormente, quando restabelecemos as relações com Portugal, é Assis Brasil o ministro que assume a nossa legação em Lisboa. 

Mas, Sr. Presidente — e este é um traço que eu queria notar — apesar de todas as distrações, apesar de todo o encanto que pode ter a vida no exterior, Assis Brasil se manteve sempre fiel, não somente às suas ideias, mas também, à prorrogação das suas ideias. 

E, então, em Lisboa, ele não é um diletante da diplomacia — é um estudioso, um escritor, é um lutador; e aí publica dois dos seus trabalhos ainda hoje mais citados, mais consultados na biografia política brasileira. 

O primeiro, Sr. Presidente, em 1933, sob o título: "Democracia Representativa", que ele mesmo disse gerado da pura intenção do aperfeiçoamento da nossa República. 

Este, realmente, foi o grande escopo na vida de Assis Brasil — aperfeiçoar a República — já que ela não foi, ou não tinha sido a República do sonho dos republicanos. 

Assis Brasil jamais arriou armas, mantendo-se sempre nas trincheiras em luta pelo seu progressivo aperfeiçoamento. 

Então, Sr. Presidente, nesse trabalho ele escreve estas palavras, que bem mostram quanto o seu pensamento, quanto a sua alma estava voltada para os pagos sul-riograndenses: 

"Quanto a mim — diz Assis Brasil — a maior, a mais íntima e intensa preocupação de minha vida pública é continuar sempre, embora distanciado do centro de atividade, a servir, com dedicação, à sagrada causa, tendo, cada vez mais, a esperança de volver um dia, não mui remoto, armado da mesma fé e da soma de moderação e experiência que o conhecimento do mundo infunde, e retomar o posto em que outra hora servi e que não quero que se considere abandonado". 

Bem se vê aí, Sr. Presidente, que, malgrado todas as distrações, malgrado todas as seduções que podiam envolver aquela grande poderosa inteligência, uma vez que se encontrava no estrangeiro, ele teve a força de ânimo — e bem cabe aqui a expressão — teve a força de ânimo de não permitir que as suas raízes deixassem de vicejar na abençoada terra gaúcha do seu berço. Ainda em Portugal escreve ele outro trabalho: "O Governo Presidencial na República Brasileira", a que denominou um livro de combate. 

E' realmente curiosa e interessante, Sr. Presidente, justamente pelas várias facetas através das quais podemos venerar essa personalidade extraordinária. 

Assim, após publicar dois livros de tanta repercussão no mundo das ideias políticas, que são, na verdade, pedras marcantes na evolução do pensamento político brasileiro, tão pobre no particular, Assis Brasil havia de nos surpreender com uma obra que se diria inteiramente fora de suas cogitações. 

Refiro-me ao livro "A Cultura dos Campos", editada em Paris, em 1898, pela Sociedade Brasileira para Animação da Agricultura, também fundada naquela cidade. Vê V. Ex.a , Sr. Presidente, o sabor, o encanto dessa figura capaz de interromper as mais altas preocupações do homem de Estado, do diplomata, do historiador, do estudioso, para se voltar — poderia dizer que modestamente — para o amanho da terra, que ele tanto amou e tanto amara. 

Então vemos Assis Brasil trazer para o seu País a valiosa contribuição de um livro de pequenos ensinamentos agrícolas, livro despretensioso, como podemos ver no próprio prefácio da publicação, mas que revela em toda a plenitude a alma patriótica, do homem interessado pela coisa da sua Pátria, pelo progresso da sua terra, e que vinha trazer, modestamente, aos seus concidadãos, aos seus companheiros da campanha sul-riograndense, aquela esplêndida contribuição de pequenos, mas sadios ensinamentos. 

O Sr. Otacílio Negrão — V.Exa.  está desenhando cora relevo extraordinário... 

O SR. LUIZ VIANA — Bondade de V.Exa. 

O Sr. Otacílio Negrão — ... Duas facetas interessantes da vida do grande Assis Brasil. No aspecto político, Sr. Deputado, confesso que todas as revelações de V. Exa., são para mim uma surpresa até certo ponto. Quando, porém, V. Exa., cuida do homem do campo, quando fala do Assis Brasil agricultor, V. Exa., desperta em mim a vontade de aparteá-lo, porque, confesso, foi precisamente este livro de Assis Brasil que V. Exa., está descrevendo que fez de mim um modesto, porém crente agricultor brasileiro. 

0 SR. LUIZ VIANA — Bem vê V. Ex.a , Sr. Presidente, quanta razão tinha eu ao assinalar o mérito deste pequeno trabalho que, pelo menos, daria a Assis Brasil a satisfação de integrar, na vida dos campos brasileiros, uma figura tão simpática quanto a do Deputado Otacílio Negrão. O Sr. Otacílio Negrão — Obrigado a V. Ex.a O SR. PRESIDENTE — Informo ao nobre orador que seu tempo está quase esgotado. 

O SR. LUIZ VIANA — V. Ex.a permitirá, Sr. Presidente, que, nos minutos que ainda me restam, para os quais peço a benevolência de V. Ex.a e da Casa, procure ainda, num bosquejo tão rápido quanto o que venho fazendo, assinalar alguns traços desta grande figura que é Assis Brasil. 

Já que entrei numa estrada que não é a da vida pública de Assis Brasil, ainda me referia àquele outro aspecto que tanto se associa ao homem do campo, o do atleta, o do homem esportivo, que gostava de certas façanhas, de energia, o do atirador exímio que se dava ao luxo de repetir, com a sua própria senhora, a façanha de Guilherme Tell, colocando na cabeça da sua digna esposa uma maçã que furava com um tiro de revólver. Não sei aí o que mais admirar: a coragem, a confiança daquela virtuosa senhora, ou o atirador eximia que era, incontestavelmente, Assis Brasil. 

Mas, não era apenas como atirador que se fazia notado no campo dos esportes, Assis Brasil. Era ele também grande ciclista. O Sr. Flores da Cunha — V. Ex.a permite que o interrompa? 

O SR. LUIZ VIANA — Com muito prazer e honra. O Sr. Flores da Cunha — Assis Brasil era tão grande atirador que na "república" em que morava, com outros riograndenses, na Rua 7 de Abril, em São Paulo, marcara o seu nome no texto do seu quarto a tiros de revólver. Mas há um episódio que convém referir aqui e que é pouco conhecido na História do Brasil. Quando da Constituição de 91, Assis Brasil teve um desaguisado, um desentendimento com o grande José Higino Duarte Pereira, jurisconsulto pernambucano, que morreu como embaixador do Brasil no México. O desentendimento tomou certo caráter de gravidade e Assis Brasil mandou desafiar José Higino Duarte Pereira para bater-se. Como José Higino soubesse que Assis Brasil era um exímio atirador e sendo bravo também o pernambucano, como de resto existem outros pernambucanos bravos, José Higino mandou responder-lhe, pelas suas testemunhas, que aceitava o duelo à pistola, atirando ambos a um metro de distância simultaneamente. 

O SR. LUIZ VIANA — Agradeço a V. Ex ª  a contribuição com que honra o meu discurso. Dizia, Sr. Presidente, das atividades do ciclista, do apaixonado ciclista que era Assis Brasil. Citarei aqui dois episódios apenas, para não cansar a Casa. O primeiro encontrei-o, poderia dizer, por acaso, num dos pequenos cadernos existentes no Arquivo do Itamarati e nos quais o Barão do Rio Branco costumava tomar apontamentos da sua vida particular. Num desses cadernos deparei com esta nota de Rio Branco que ao tempo morava em Paris, 1895, se não estou em equívoco. "Hoje fomos a Versalhes. Paulo (era o filho de Rio Branco) e o Assis Brasil foram de bicicleta." 

O SR. TEIXEIRA GUEIROS (Para uma questão de ordem. Sem revisão do orador) — Sr. Presidente, não sou muito versado nas filigranas e regras regimentais. Vendo que o eminente orador está traçando o perfil de uma época e de uma personalidade tão notável como a de Assis Brasil, requeiro a V. Ex.a , se o Regimento permitir, prorrogação do prazo de que dispõe, para que nos delicie por mais tempo com o importante discurso que está proferindo.

0 SR. PRESIDENTE — Informo a V. Ex.a que, pelo Regimento, o nobre orador dispõe de 40 minutos. O orador seguinte será o Sr. Deputado Joaquim Duval, que poderá ceder parte do tempo, se for do seu agrado, ao que a Mesa nada terá a opor. O Sr. Joaquim Duval — Se o nobre Deputado Luiz Viana reservar 15 minutos para mim, poderá utilizar o resto do meu tempo. 

0 SR. LUIZ VIANA — Agradecido a V. Ex.a . Mas, Sr. Presidente, dizia eu que iria revelar dois pequenos episódios, dos quais um já enunciei. O segundo está ponteado pela malícia de Oliveira Lima, no seu livro de Memórias. Oliveira Lima não gostava de Assis Brasil. Assis Brasil fora seu chefe na Legação de Washington algum tempo e não se deram bem... 

O Sr. Flores da Cunha — Ilustre Deputado, pediria a V. Ex.a , na qualidade de membro da nossa Academia de Letras, passasse por cima dessa referência histórica e póstuma. 

O SR. LUIZ VIANA - apenas referir o episódio. 

O Sr. Flores da Cunha — Sabe por que me abalanço a aconselhar V. Ex,a ?  

O SR. LUIZ VIANA — V. Ex.a está atendido de antemão. 

Não ia fazer qualquer referência... 

O Sr. Flores da Cunha — Mas sei por que o faço. 

E por isto. 

Essas Memórias, que só foram publicadas depois da morte de Oliveira Lima, atacam Rio Branco, atacam Assis Brasil, não poupam a ninguém e não deram o direito de defesa, por isso que só foram conhecidos depois da morte do autor. 

Uma covardia! 

O SR. LUIZ VIANA — Referindo-me às memórias de Oliveira Lima, já tive ocasião de chamá-las ácidas — ácidas memórias de Oliveira Lima. Só ia referir o fato relatado por Oliveira Lima e que não tem nenhum desaire... O Sr. Flores da Cunha — Preferia que dissesse memórias azedas... (Risos) . 

O SR. LUIZ VIANA — E' justamente o que pretendia dizer. Sr. Presidente, Oliveira Lima refere que, quando Ministro em Washington, Assis Brasil tinha o hábito de pagar visitas em bicicleta. 

Não há nada de mais nisto; é um traço até de simpática modéstia daquele grande patrício. Se referi este episódio foi para, logo em seguida, ressaltar a impressão que Assis Brasil causou nos Estados Unidos da América. 

Quero ler um trecho inédito. 

O grande internacionalista Bassett Moore, numa carta a Rio Branco — carta particular, que não se destinava ao conhecimento de Assis Brasil nem a qualquer publicidade — refere-se em termos elogiosos a Assis Brasil. 

Diz, textualmente, Bassett Moore, ao tempo a maior figura do Direito Internacional americano: 

"E' Assis Brasil" — a carta data de 1898 — "um profundo erudito, um cavalheiro da melhor sociedade, tanto americana quanto Europeia, e um homem cotado com muitas e substanciais qualidades." 

Este pequeno, esse rápido perfil — não sei se chega a ser perfil — esse traço da personalidade de Assis Brasil, feito por um homem de estatura de Bassett Moore, é realmente uma coisa que honra, não somente Assis Brasil, mas a diplomacia brasileira que, mercê de Deus, tem contado com tantas, grandes e nobres figuras a representá-la no estrangeiro. Sr. Presidente, devo abreviar as minhas considerações e, fazendo-o, dou um salto sobre a vida diplomática de Assis Brasil, a vida do diplomata que se assinala por vários acontecimentos memoráveis, inclusive em relação ao Acre, quando negociou a desistência do Sindicato Internacional que havia adquirido os direitos da Bolívia. 

Dou um salto, porém, para chegar a 1908 quando, deflagrada áspera luta política no Rio Grande, Assis Brasil deixa a Legação de Buenos Aires que ocupava àquele tempo para ir bater-se pela candidatura Fernando Abbot. 

E o faz mandando, inicialmente, de Buenos Aires, esta carta de 23 de agosto de 1907, que encontrei publicada no jornal "O Século", transcrita do Correio do Povo" de Porto Alegre. Nela — e eu quero bem acentuar alguns trechos que vou ler — dizia Assis Brasil: 

"Os meus adversários bem sabiam que, declarando-se uma luta de princípios no Estado, seria logicamente levado a tomar o meu posto nas fileiras". 

Em seguida, historia — mas com que altura, com que nobreza, Sr. Presidente! — a sua luta, a sua áspera divergência com Júlio de Castilhos. Tem então ocasião de escrever estas palavras, que desejo incorporar ao meu discurso : "Castilhos era materialista e tinha a paixão do mundo. Eu era, sou e espero morrer idealista. Castilhos desprezou e esqueceu tudo — afetos pessoais, afinidades partidárias, obrigações de coerência — para ir direto ao seu alvo, e o atingiu brilhante e tragicamente." Vê-se aí a força de Castilhos, que, tantos anos depois, ainda de tal maneira vincava a alma, o espírito do antigo companheiro de São Paulo. Assim termina a carta Assis Brasil: 

"Enfim, a consciência de que me na o vou recostar sobre um leito de rosas não é, como nunca foi, bastante para me fazer estacar ou fugir. Devo, pois, voltar ao Rio Grande, abandonando a carreira a que o Destino me fez consagrar o melhor período da virilidade."

Vemos, então, Assis Brasil, idealista, transportar-se da vida diplomática, para se integrar na vida política do Rio Grande do Sul, na qual havia de ficar sobretudo notado quando, em 1923, se tornou candidato da Aliança Libertadora, contra o Sr. Borges de Medeiros, luta essa que teve as maiores consequências na vida pública brasileira e concluída com o Pacto de Pedras Altas, assinado por pagos gaúchos um espetáculo feudal. E ali, na sua casa de campo, no seu castelo, podemos dizer que Assis Brasil aceita a paz, a pacificação que lhe ofereciam os adversários vitoriosos. E — ironia do destino, Sr. Presidente — nesse pacto, enquanto se punha um marco no poder do Sr. Borges de Medeiros, que já pela quinta vez se elegia Governador do Rio Grande do Sul, preparava-se a ascensão de Getúlio Vargas. Digo ironia, Sr. Presidente, porque Assis Brasil, como todos nós, pobre instrumento do Destino ou da Providência, não sabia que, ao pôr termo, naquele pacto memorável de Pedras Altas, a uma quase ou virtual ditadura do Rio Grande, abriu caminho à ditadura de Getúlio Vargas. Em Pedras Altas, na realidade, dentro da perspectiva histórica, é que começava a carreira política de Getúlio Vargas. Sem Pedras Altas não teríamos tido, na Presidência, Getúlio Vargas, segundo a minha modesta e desautorizada opinião. (Não apoiados). Mas, Sr. Presidente, de tal maneira se avigora, se fortalece a figura de Assis Brasil, que ele se torna no País o líder virtual das ideias democráticas. 

De tal maneira que, arrefecidas as divergências com os gasparistas, funda-se, sob a presidência de Assis Brasil, em 1928, o Partido Libertador, que congregaria no Rio Grande as forças políticas antes filiadas às ideias de Silveira Martins e à pregação do eminente cidadão cujo centenário hoje celebramos

Mas é tal a projeção no País da sua figura, que não tarda em ser eleito presidente do Partido Democrático Nacional, ao qual se filiavam os partidos democráticos do Distrito Federal e de São Paulo. E qual a bandeira que Assis Brasil estende ao País? Esta com a qual se fez a Revolução de 30: Representação e Justiça. Tendo por lema essas duas palavras que correram mundo e cobriram o Brasil, no atendimento das aspirações, dos desejos e dos ideais da minha geração, sob essa bandeira é que se congregaram todas as forças libertárias do país, todas as forças democráticas, que haviam de transbordar no grande movimento de 1930. 

Vitoriosa a revolução, Assis Brasil por um momento acredita também triunfantes algumas das ideias pelas quais se batera desde a mocidade, inclusive a verdade eleitoral. Realmente, é ele um dos propugnadores do Código Eleitoral sob o qual, vencida a revolução paulista de 1932, se chamou a Nação para escolher os seus representantes na Constituinte de 1934. 

Foi ele um dos eleitos, Sr. Presidente. E ainda têm assento nesta Casa colegas que dele se lembram — a branca e revolta cabeleira a marcar a bela figura do ancião — quando, por algumas vezes, vigoroso, ágil, lúcido, cheio de patriotismo, ocupou esta tribuna, que muito enobreceu. (Apoiados) . 

Contudo, Sr. Presidente, o crepúsculo não demoraria. Próximo da idade provecta dos romanos, já não podia suportar os encargos a que tinha direito pela notável posição que tivera na construção da vitória. Vemo-lo, então, Ministro da Agricultura e representante do Brasil na Conferência de Londres. 

Mas, virtualmente, Assis Brasil acabara com a vitória da sua bandeira, de sua legenda: Justiça e Representação. Ei-lo, então, com a dignidade de ura daqueles senadores romanos que, após ocuparem os mais altos postos da República, se retiravam para o campo, a fim de amanharem a terra. Assis Brasil retira-se para a solidão da vida agrícola, onde tem a assisti-lo o carinho da esposa, D. Lydia de Assis Brasil, de nobre estirpe lusa, e que ainda hoje tem a ventura de presenciar as homenagens que no Rio Grande estão sendo prestadas ao pensador, ao idealista, e ao escritor. Assis Brasil como que sobrevive no sonho com que encheu a bela e nobre existência. (Muito bem). 

Podemos, pois, afirmar, após este rápido bosquejo tão grande figura republicana, que a Assis Brasil oferece a nós e à mocidade do Brasil o raro e grande exemplo de iam homem que, tendo vivido tanto, através da ingrata vida pública nacional, soube manter-se fiel aquele lema que o estudante inscrevera no escudo com que saíra para a luta, isto é, continuava voltado, não para o que era, continuava — para usar expressão corrente — não realista, não apegado ao que existia, mas voltado para o ideal, para aquilo que achava que devia ser, nesse eterno afã de aperfeiçoamento, marca dos verdadeiros idealistas. 

Que vida mais bela, para um homem da estatura de Assis Brasil, do que trabalhar a terra, após tanto servir à pátria, e ver findarem seus dias entre as bênçãos de seus contemporâneos, hoje desdobrados nos louvores da posteridade! Essa, Sr. Presidente, a glória de quem tanto e tão bem serviu aos ideais de republicanos, durante longa trajetória de trabalho, de sacrifícios e de lutas pela grandeza do Brasil! (Muito bem; muito bem. Palmas. O orador é vivamente cumprimentado). 

0 SR. PRESIDENTE — Tem a palavra o Sr. Joaquim Duval. [ CÂMARA DO S DEPUTADOS. Joaquim Francisco de Assis Brasil (CENTENÁRIO DE NASCIMENTO) — Homenagem da Câmara dos Deputados. — Sessão em 29 de julho de 1957. Presidência do Sr. Flores da Cunha. — Discursos dos srs. Luiz Viana e Joaquim Duval. RIO DE JANEIRO — 1958. https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/91488/Joaquim%20Francisco%20de%20Assis%20Brasil.pdf?sequence=2&isAllowed=y



A obra de Jorge Reis ressalta a importância de Assis Brasil não apenas como um político, mas também como um defensor das ideias republicanas, refletindo o espírito de mudança e progresso que caracterizava o período em que viveu.

O Dr. Viríssimo (?) Dias de Castro é mencionado na obra "Apontamentos Históricos e Estatísticos de Bagé" como um médico popular e filantrópico, que se destacou na comunidade de Bagé. Sua reputação é marcada por sua dedicação ao serviço da saúde e ao bem-estar da população local. Infelizmente, sua vida foi interrompida precocemente, quando ainda estava em plena mocidade e cheio de esperanças para o futuro, sendo "arrebatado pelo sopro gelado da morte".

A obra destaca que, ao ser consultado sobre a escolha para um cargo importante, o eminente e impoluto chefe Dr. Júlio de Castilhos reconheceu o merecimento de Viríssimo(?) Dias de Castro, assim como de outros cidadãos que disputavam a posição. Essa escolha, feita em 14 do mês mencionado, foi aceita e acatada pelo partido local, o que demonstra a consideração e o respeito que ele conquistou entre seus pares e na comunidade.

2. A Contribuição de Trabalhadores da Medicina.

Pela precedência histórica e vulto das obras, em todo esse movimento, a contribuição de trabalhadores da medicina ocupa o primeiro lugar. É, de fato, sob a forma de teses de doutoramento, oferecidas à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e à Faculdade da Bahia, que os estudos pioneiros aparecem. Já em 1836, à primeira dessas escolas, Manuel Inácio de Figueiredo Jaime apresentava a memória Paixões e afetos da alma; escrita em confuso estilo, associa vagas noções de biologia a preocupações de ordem metafísica. Sete anos depois, de modo quase similar, José Augusto César de Menezes defendia Proposições a respeito da inteligência. Quase 50 anos, porém, seriam necessários para que o tratamento mudasse; outra é a linguagem, com efeito, em Psicofisiologia da percepção e das representações, tese de José Estelita Tapajós, e em Das emoções [ Dias de Castro, V. (1890). Das Emoções... Verissimo Dias de Castro… Brasil: (n.p.). http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=mi_bibliografico&pagfis=19201] , de Veríssimo Dias de Castro, ambas defendidas, no Rio de Janeiro, em 1890. No ano seguinte, Manuel Pereira de Melo Morais, e, em 1892, Adolfo Porchat de Assis, aí insistem no tema Das emoções, com maior base de observação. Dois anos depois, Alberto Seabra apresenta A memória e a personalidade, em que já se torna manifesta a preocupação de integrar noções da biologia às do comportamento social. [Arq. bras. Psic. apl., Rio de Janeiro, 23 (3):113-142, jul. / set. 1971. Visão Histórica De Lourenço Filho Sobre A Psicologia No Brasil. A psicologia no Brasil. In: Ciências sociais no Brasil. Edições Melhoramentos. Obra publicada sob os auspícios da Instituição Larragoite, por iniciativa do Dr. Leonídio Ribeiro e sob a orientação do Prof. Fernando de Azevedo, p. 117. https://periodicos.fgv.br/abpa/article/download/16750/15556/32423



Thomaz Jeronymo Salgado é uma figura notável na história de Bagé, conforme documentado na obra "Apontamentos Históricos e Estatísticos de Bagé". Ele é mencionado como o proprietário do jornal "O Dever", que começou a ser publicado em 15 de novembro de 1884. Este periódico era um órgão do partido republicano e desempenhou um papel importante na disseminação de informações e na promoção de ideais republicanos na região.


Genealogias

Belmira Castanheira Maranhão nasceu em 19 junho 1868 em Bagé–RS. Ela faleceu em 29 outubro 1951 em Rio de Janeiro–RJ. 

Belmira casou-se com Emilio Cipriano Pedro Guilayn, filho de Martin Antonio José Guilahín Corrons     e Josefa Corredor Bahi    , em 9 maio 1890 em Bagé–RS. Emilio nasceu em 9 maio 1864 em Gerona (Espanha). Ele faleceu em 1 maio 1924 em Paris (França).  [ https://mitoblogos.blogspot.com/2010/08/genealogia-516-familia-resende-de-bage.html  . Arquivo Pessoal de Emílio Guilayn, Diocese de Pelotas, 5 ago 2010].


Belmira de Castanheira Maranhão

F. Belmira de Castanheira Maranhão nasceu em 19 de outubro de 1868, em Bagé, Rio Grande do Sul, Brasil, e faleceu em 23 de outubro de 1951, no Rio de Janeiro, aos 83 anos.

 Casamento e Filhos.

Em 9 de maio de 1890, casou-se em Bagé com Emilio Cipriano Pedro Guilayn Corredor, nascido em 9 de maio de 1864, em Girona, Espanha. Emilio foi batizado em 14 de maio de 1864 e faleceu em 1º de maio de 1924, em Paris, aos 59 anos, sepultado em Girona. Ele era banqueiro e filho de Martin Antonio José Guilahin Corrons e Josefa Corredor Bahi.

Deste casamento, tiveram três filhos:

- Lucía Guilayn Maranhão (nascida em 1891)

- Martin Guilayn Maranhão (nascido em 1893)

- Paulo Emilio Guilayn Maranhão (1899-1939), que se casou em 9 de maio de 1924, em Pelotas, com Iracema Lopes Barcellos (1899-1991). Deste casamento, tiveram:

  - Lucia Guilayn Barcellos, casada com Manuel Alfredo Santos da Silva.

  - Emilio Guilayn Barcellos, casado com Noémia da Paz Corrêa de Azevedo, com filhos:

    - Heloísa Guilayn de Azevedo

    - Pricila Guilayn de Azevedo

    - Helena Guilayn de Azevedo

Adicionalmente, F. Belmira teve uma filha chamada Carlota Guilayn Maranhão (1901-1961) e outra filha chamada Josefa Guilayn Maranhão, que faleceu jovem.

Essa genealogia destaca a importância da família Guilayn Maranhão na história local, com raízes que se estendem da Espanha ao Brasil, refletindo um legado significativo na sociedade brasileira do início do século XX.

F  Belmira DE CASTANHEIRA MARANHÃO.

Nascido em 19 de outubro de 1868 - Bagé, Rio Grande do Sul (BR)

Faleceu em 23 de outubro de 1951 – Rio de Janeiro (BR), aos 83 anos

Casamento(s), filho(s), netos e/ou bisnetos

Casada em 9 de maio de 1890, Bagé, Rio Grande do Sul (BR), com Emilio Cipriano Pedro GUILAYN CORREDOR , nascido em 9 de maio de 1864 - Girona (ES), batizado em 14 de maio de 1864 - Girona (Catedral), falecido em maio 1º de maio de 1924 - Paris (F) aos 59 anos, sepultado em 8 de maio de 1924 - Girona (ES), Banqueiro

 (Pais: M Martin Antonio José GUILAHIN CORRONS 1829-1877  &  F Josefa CORREDOR BAHI 1830-1894) com

F Lucía GUILAYN MARANHÃO, 1891-

M Martin GUILAYN MARANHÃO, 1893-

M Paulo Emilio GUILAYN MARANHÃO, 1899-1939  Casado em 9 de maio de 1924, Pelotas, Rio Grande do Sul (BR), com Iracema LOPES BARCELLOS 1899-1991  com

F Lucia GUILAYN BARCELLOS  Casada com Manuel Alfredo SANTOS DA SILVA

M Emilio GUILAYN BARCELLOS  Casado com Noémia Da Paz CORRÉA DE AZEVEDO  tiveram:

F Heloísa GUILAYN DE AZEVEDO

F Pricila GUILAYN DE AZEVEDO

F Helena GUILAYN DE AZEVEDO

F Carlota GUILAYN MARANHÃO, 1901-1961

F Josefa GUILAYN MARANHÃO †.  [ https://gw.geneanet.org/mhuypens?lang=es&pz=wouter+jos+gerard&nz=huypens&p=belmira&n=de+castanheira+maranhao . Autor desta árvore: Michel HUYPENS ( mhuypens ). Contato. Caro visitante, os erros não podem ser excluídos e a completude é utópica. Ajustes, melhorias e acréscimos são muito bem-vindos. Os membros da família e outras pessoas que não queiram ser incluídas nesta genealogia por razões de privacidade podem comunicá-lo mediante simples pedido por e-mail. Muito prazer de leitura. Michel Huypens. Direitos autorais: A reprodução dos dados é permitida desde que citada a fonte. https://es.geneanet.org/profil/mhuypens


Martin Antonio José Guilahín Corrons nasceu em 1829 em Gerona, na Espanha. Ele era filho de Francisco Guilahín Ramió e Antonia Corrons Figaró. Em 7 de novembro de 1848, casou-se com Josefa Corredor Bahi Guilahín, que nasceu em 1830 e faleceu em 1894. Juntos, tiveram um filho chamado Emilio Guilayn. 

As informações sobre sua vida e família podem ser encontradas em registros genealógicos, que detalham sua ascendência e descendência, assim como os casamentos na família.


Martin Antonio José Guilahín Corrons

Data de nascimento: 1829

Local de nascimento: Gerona, Gerona, Espanha (Espanha)

Falecimento:

Família imediata:

Filho de Francisco Guilahín Ramió e Antonia Corrons Figaró

Marido de Josefa Corredor Bahi Guilahín

Pai de Emilio Guilayn.  [Gerenciado por: João Simões Lopes, Filho

Última vez atualizado 14 de novembro de 2014. https://www.geni.com/people/Mart%C3%ADn-Guilah%C3%ADn/6000000001391666519


https://i.etsystatic.com/36454049/r/il/6a5ee0/5389753197/il_1140xN.5389753197_fcqp.jpg 


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/COLLECTIE_TROPENMUSEUM_Een_sigarenverkoper_TMnr_3728-731.jpg 



M. Martin Antonio José Guilahin Corrons nasceu em 30 de março de 1829, em Girona, Espanha, e foi batizado no mesmo dia na Catedral de Girona. Ele faleceu em 22 de novembro de 1877, também em Girona, aos 48 anos. Durante sua vida, trabalhou como vendedor de charutos (sigarenverkoper). 

[“A HISTÓRIA DO TABACO. A América é o berço do tabaco. A população indígena que vivia nas Américas antes da chegada dos europeus mascava ou fumava tabaco em rituais religiosos. A folha era plantada em todo o continente e, com o comércio com os colonizadores, em pouco tempo espalhou-se pela Europa. Cinquenta anos depois de sua chegada ao velho mundo, fumava-se cachimbo em todo o continente, o que era um símbolo de civilização.

Pintores célebres de toda Europa dos séculos XVII e XVIII reproduziram personagens como reis, ministros e generais fumando ou aspirando rapé.

Ao chegar na Europa, o tabaco alterou imediata e dramaticamente o contexto da política econômica dos governos, tornando-se a maior fonte de renda dos cofres públicos. A Espanha, no começo do século XVII, mantinha grande parcela do comércio do tabaco na Europa e tentou estabelecer monopólio no continente, sendo contida pela Inglaterra e Holanda, que por anos dominaram as importações e exportações. Esses países, com colônias americanas, asseguraram o transporte de tabaco pelos seus navios, cobrando pesadas taxas aos demais países. Empresas tornaram-se verdadeiras potências como a Companhia das Índias e a Virgínia Company, da Inglaterra.

O nome nicotina, por sua vez, deriva de Nicot. Jean Nicot, diplomata e estudioso francês, em 1560 introduziu o tabaco para ser colocado no nariz para a corte francesa. A planta do tabaco, nicotiana, também tem seu nome derivado de Nicot.

O tabaco chegou à Itália em 1561 por meio do Cardeal Prospero Santa Croce, que levou sementes fornecidas por Nicot. Foi cultivado no Vaticano, chamado de erva-santa ou divina. O cachimbo e o rapé se popularizaram nas igrejas, que passaram a ficar enfumaçadas com tantos fumantes, incluindo os padres e sacerdotes. A situação chegou a um ponto tão grave que o Papa Urbano VIII condenou os fumantes à excomunhão.

Portugal criou monopólio do tabaco em 1674, com legislação punindo o contrabando, a qual vigorou inclusive no Brasil até depois da independência. No Brasil colônia, o tabaco serviu de moeda forte no escambo de escravos do Congo, de Guiné e de Angola.

A partir do século XVIII, espalhou-se a mania de aspirar rapé, que reinou por uns 200 anos. Com a universalização do tabagismo, outras indústrias prosperaram. Muitos cachimbos eram feitos de materiais caros. Os nobres usavam tabaqueiras até de ouro cravejadas de diamantes. A indústria da ourivesaria miniaturizada, executada por artistas notórios, desenvolveu-se rapidamente. Alguns, os mais abastados, usavam uma tabaqueira por dia, possuindo centenas de tipos diferentes. No orçamento do casamento de Maria Antonieta com Louis XVI, constou verba de 38.205 libras para a aquisição de tabaqueiras. Napoleão, que restabeleceu a liberdade do plantio, fabricação e comércio do tabaco, presenteava todos os novos embaixadores com uma tabaqueira custando de 5 mil a 15 mil francos, conforme a importância do país. Quem não era nobre e não tinha dinheiro, usava o rapé deposto no dorso do polegar da mão, que flexionado forma uma fosseta triangular. Nos livros de anatomia é chamada de tabaqueira anatômica.

O charuto e o cigarro passaram a reinar a partir do século XIX. Sua popularidade entre os abastados simbolizava elevado status econômico-social.

O cigarro, no entanto, teve sua expansão por ser mais econômico, mais cômodo de carregar e usar do que o charuto ou o cachimbo. Paris foi invadida pelo cigarro em 1860. Nos Estados Unidos, houve verdadeira explosão na década de 1880, quando se inventou uma máquina que produzia duzentas unidades por minuto. Logo, surgiram máquinas produzindo centenas de milhões por dia. A primeira grande expansão mundial foi após a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Entretanto, sua difusão foi praticamente no sexo masculino. Entre as mulheres, o consumo cresceu após a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1950, com o desenvolvimento das técnicas de publicidade.

A INDUSTRIALIZAÇÃO DO TABACO.

A indústria de cigarros se consolidou a partir do final do século XIX, com a invenção da máquina de confeccionar cigarros em 1881. https://actbr.org.br/historico-saude-dh


Família

Pais:

Francisco Guilayn Ramiò** (1797-1866): Negociante, carromatero, transportista, arriero e tratante de ganado.

-Antonia Corrons Figaró (1799-1847).

Casamento e Filhos:

Martin casou-se em 7 de novembro de 1848, em Girona, com Josefa Corredor Bahi, nascida em 1830 em Canelles, Girona, e falecida em 27 de junho de 1894, com 64 anos. Josefa era estanquera, figueira e fiandeira. Seus pais eram M. Daniel Francisco Corredor Llausà (1799-1848) e F. Lucia Bahi.

Filhos de Martin e Josefa:

1. **Antônia Maria Lúcia Corredor Guilahin** (1849-1920)

2. **Carmen Adelaida Josefa Guilain Corredor** (1850-)

3. **Martin Guilayn Corredor** (1854-1856)

4. **Marie Carmen Josefa Lúcia Guilayn Corredor** (1858-1859)

5. **José Juan Manuel Guilain Corredor** (1860-1890)

6. **Emilio Cipriano Pedro Guilayn Corredor** (1864-1924) - Casou-se em 9 de maio de 1890, em Bagé, Rio Grande do Sul, com **Belmira de Castanheira Maranhão** (1868-1951), e tiveram:

   - **Lucía Guilayn Maranhão** (1891-)

   - **Martin Guilayn Maranhão** (1893-)

   - **Paulo Emilio Guilayn Maranhão** (1899-1939) - Casou-se em 9 de maio de 1924, em Pelotas, com **Iracema Lopes Barcellos** (1899-1991), e tiveram:

     - **Lúcia Guilayn Barcellos**

     - **Emilio Guilayn Barcellos**

     - **Carlota Guilayn Maranhão** (1901-1961)

     - **Josefa Guilayn Maranhão** (†)

7. **Julia Dolores Josefa Guilayn Corredor** (1865-1958)

8. **Lucía Carlota Maria del Rosario Guilayn Corredor** (1868-1958) - Casou-se em 12 de dezembro de 1890, em Girona, com **Cándido Bonet Navarro** (1862-1940), e tiveram:

   - **José Bonet Guilayn** (1891-1963)

   - **Encarnação Bonet Guilayn** (1893-1972)

   - **Lúcia Bonet Guilayn** (1896-1918)

   - **Ascension Bonet Guilayn** (1898-1969) - Casou-se com **Jose Arias Ramos** (1894-1968), e tiveram:

     - **Juan Antonio Arias Bonet**

     - **Gonzalo Arias Bonet**

     - **Anjo Bonet Guilayn** (1899-1970)

     - **Juan Bonet Guilayn** (1902-1906)

     - **María del Carmen Bonet Guilayn** (1904-1992)

     - **Dolores Bonet Guilayn** (1907-1980)

     - **Pilar Bonet Guilayn** (1907-1965)

     - **Javier Bonet Guilayn** (1909-1979) - Casou-se por volta de 1939, em Genova, com **Asunción Gonzalez Araullo** (1906-1993), e tiveram:

       - **Francisco Javier Bonet Gonzalez**

       - **Jorge Bonet Guilayn** (1912-1938)

9. **Maria de la Concepción Sofia Martina Guilayn Corredor** (1871-1945) - Casou-se com **Manuel Ribera Sanchez** (1854-), e tiveram:

   - **Concepción Ribera Guilayn** (1908-1990) - Casou-se com **Jean Ulrich** (1906-1991).


M  Martin Antonio José GUILAHIN CORRONS

Nascido em 30 de março de 1829 - Girona (ES)

Batizado em 30 de março de 1829 - Girona (Catedral) (ES)

Faleceu em 22 de novembro de 1877 - Girona (ES), aos 48 anos

Sigarenverkoper

Pais

Francisco GUILAYN RAMIÓ 1797-1866 (Negociante, carromatero, transportista, arriero, tratante de ganado)

Antonia CORRONS FIGARÓ 1799-1847

Casamento(s), filho(s) , netos e/ou bisnetos

Casado em 7 de novembro de 1848, Girona (ES), com Josefa CORREDOR BAHI, nascida em 1830 - Canelles, Girona (ES), falecida em 27 de junho de 1894 - Girona (ES) com 64 anos, Estanquera, figueira, fiandeira (Pais: M Daniel Francisco CORREDOR LLAUSÀ 1799-1848  &  F Lucia BAHI † ) (ver nota ) com

F Antônia Maria Lúcia CORREDOR GUILAHIN 1849-1920

F Carmen Adelaida Josefa GUILAIN CORREDOR 1850-

M CORREDOR Martin GUILAYN 1854-1856

F Marie Carmen Josefa Lúcia GUILAYN CORREDOR 1858-1859

M José Juan Manuel GUILAIN CORREDOR 1860-1890

M Emilio Cipriano Pedro GUILAYN CORREDOR 1864-1924  Casado em 9 de maio de 1890, Bagé, Rio Grande Do Sul (BR), com Belmira DE CASTANHEIRA MARANHÃO 1868-1951  tiveram

F Lucía GUILAYN MARANHÃO 1891-

M Martin GUILAYN MARANHÃO 1893-

M Paulo Emilio GUILAYN MARANHÃO 1899-1939  Casado em 9 de maio de 1924, Pelotas, Rio Grande Do Sul (BR), com Iracema LOPES BARCELLOS 1899-1991  tiveram:

F Lúcia GUILAYN BARCELLOS

M Emilio GUILAYN BARCELLOS

F Carlota GUILAYN MARANHÃO 1901-1961

F Josefa GUILAYN MARANHÃO †

F Julia Dolores Josefa GUILAYN CORREDOR 1865-1958

F Lucía Carlota Maria Del Rosario GUILAYN CORREDOR 1868-1958  Casada em 12 de dezembro de 1890, Girona (ES), com Cándido BONET NAVARRO 1862-1940  com

M José BONET GUILAYN 1891-1963

F Encarnação BONET GUILAYN 1893-1972

F Lúcia BONET GUILAYN 1896-1918

F Ascension BONET GUILAYN 1898-1969  Casada com Jose ARIAS RAMOS 1894-1968  tiveram:

M Juan Antonio ARIAS BONET

M Gonzalo ARIAS BONET

M Anjo BONET GUILAYN 1899-1970

M Juan BONET GUILAYN 1902-1906

F María Del Carmen BONET GUILAYN 1904-1992

F Dolores BONET GUILAYN 1907-1980

F Pilar BONET GUILAYN 1907-1965

M Javier BONET GUILAYN 1909-1979  Casado por volta de 1939, Genova (I), com Asunción GONZALEZ ARAULLO 1906-1993  tiveram:

M Francisco Javier BONET GONZALEZ

M Jorge BONET GUILAYN 1912-1938

F Maria de la Concepción Sofia Martina GUILAYN CORREDOR 1871-1945  Casada com Manuel RIBERA SANCHEZ 1854-  com

F Concepción RIBERA GUILAYN 1908-1990  Casada com Jean ULRICH 1906-1991. [ https://gw.geneanet.org/mhuypens?n=guilahin+corrons&oc=&p=martin+antonio+jose



Francisco Guilahín Ramió, estimado como nascido entre 1764 e 1824, é uma figura histórica que se destaca por seu papel familiar. Ele foi casado com Antonia Corrons Figaró e foi pai de Martín Guilahín. 

Não há registros disponíveis sobre seu falecimento ou detalhes mais amplos sobre sua vida pessoal e profissional.

Francisco Guilahín Ramió

Data de nascimento: estimado entre 1764 e 1824 

Falecimento:

Família imediata:

Marido de Antonia Corrons Figaró

Pai de Martín Guilahín [ Gerenciado por: João Simões Lopes, Filho

Última vez atualizado 2 de dezembro de 2014. https://www.geni.com/people/Francisco-Guilah%C3%ADn-Rami%C3%B3/6000000004325353919



Francisco Guilayn Ramiò.


Dados Pessoais:**

- **Nascimento:** 1797, Barcelona (ES)

- **Falecimento:** 11 de março de 1866, Girona (ES), aos 69 anos

- **Profissões:** Negociante, carromatero, transportista, arriero, tratante de ganado.

**Pais:**

- **Martinus Gielen** (1763-1805): Servo do Governador Militar e oficial de justiça da Câmara Municipal de Figueres.

- **Theresa Clara Seronima Ramiò Estiu** (1773-1843).

### Casamento e Filhos

- **Casamento:** Em 1817, casou-se com **Antonia Corrons Figaró** (1799-1847).

- **Filhos:**

  - **Loreto Guilayn Corrons** (1819-)

  - **Josepa Antônia Theresia Guilahin Corrons** (1821-1843)

  - **Francisca de Paula Antônia Guilahin Corrons** (1824-)

  - **Maria Del Carmen Mariagela Joaquima Guilahin Corrons** (1826-1860), casou-se em 7 de setembro de 1845, Girona (ES), com **Rafael Soler Pérez** (1826-), tendo:

    - **Francisco José Juan Soler Guilahin** (1847-)

    - **Teresa Francisca Antônia Soler Guilahin** (1849-1923)

    - **Fernando Joaquim Maurício Soler Guilahin** (1851-)

  - **Martin Antonio José Guilahin Corrons** (1829-1877), casou-se em 7 de novembro de 1848, Girona (ES), com **Josefa Corredor Bahi** (1830-1894), tendo:

    - **Antônia Maria Lúcia Corredor Guilahin** (1849-1920)

    - **Carmen Adelaida Josefa Guilain Corredor** (1850-)

    - **José Juan Manuel Guilain Corredor** (1860-1890)

    - **Emilio Cipriano Pedro Guilayn Corredor** (1864-1924), casou-se em 9 de maio de 1890, Bagé, Rio Grande do Sul (BR), com **Belmira de Castanheira Maranhão** (1868-1951), tendo:

      - **Lucía Guilayn Maranhão** (1891-)

      - **Martin Guilayn Maranhão** (1893-)

      - **Paulo Emílio Guilayn Maranhão** (1899-1939)

      - **Carlota Guilayn Maranhão** (1901-1961)


Descendência

- **Julia Dolores Josefa Guilayn Corredor** (1865-1958)

- **Lucía Carlota Maria Del Rosario Guilayn Corredor** (1868-1958), casou-se em 12 de dezembro de 1890, Girona (ES), com **Cándido Bonet Navarro** (1862-1940), tendo:

  - **José Bonet Guilayn** (1891-1963)

  - **Encarnação Bonet Guilayn** (1893-1972)

  - **Lúcia Bonet Guilayn** (1896-1918)

  - **Ascensão Bonet Guilayn** (1898-1969)

  - **Anjo Bonet Guilayn** (1899-1970)

  - **Juan Bonet Guilayn** (1902-1906)

  - **María Del Carmen Bonet Guilayn** (1904-1992)

  - **Dolores Bonet Guilayn** (1907-1980)

  - **Pilar Bonet Guilayn** (1907-1965)

  - **Javier Bonet Guilayn** (1909-1979)

  - **Jorge Bonet Guilayn** (1912-1938)


- **Maria de la Concepción Sofia Martina Guilayn Corredor** (1871-1945), casou-se com **Manuel Ribera Sanchez** (1854-), tendo:

  - **Concepción Ribera Guilayn** (1908-1990)


### Outros Filhos de Francisco

- **Narciso José Gerardo Guilahin Corrons** (1832-)

- **Francisco José Baltasar Guilahin Corrons** (1835-)

- **Juan Guilayn Corrons** (1838-), casou-se com **Carmen Casas Serra** (†), tendo:

  - **Martin Juan José Guilain Casas** (1863-)

  - **Maria Del Piler Sofia Marcelina Guilain Casas** (1865-1937), casou-se em 9 de maio de 1885, Caldas de Malavella, Girona (ES), com **Emilio Mora y Pomiers** (1858-)

  - **Juan Nepomuceno Dionísio Guilayn Casas** (1867-)

  - **Leonor Maria Del Carmen Maria de la Concepion Guilain Casas** (1872-)


Francisco GUILAYN RAMIÓ

Nascido em 1797 - Barcelona (ES)

Faleceu em 11 de março de 1866 - Girona (ES), aos 69 anos

Negociante, carromatero, transportista, arriero, tratante de ganado.

Pais

Martinus GIELEN 1763-1805 (Servo do Governador Militar, oficial de justiça da Câmara Municipal de Figueres, knecht van de militaire gouveneur, politiehoofd van de gemeenteraad van Figueres.)

Theresa Clara Seronima RAMIÓ ESTIU 1773-1843.

Casamento(s), filho(s) , netos e/ou bisnetos

Casado em 1817 com Antonia CORRONS FIGARÓ , nascida em 1799 - Figueres, Girona (ES), falecida em 7 de dezembro de 1847 - Girona (ES) aos 48 anos tiveram

F Loreto GUILAYN CORRONS 1819-

F Josepa Antônia Theresia GUILAHIN CORRONS 1821-1843

F Francisca de Paula Antônia GUILAHIN CORRONS 1824-

F Maria Del Carmen Mariagela Joaquima GUILAHIN CORRONS 1826-1860  Casada em 7 de setembro de 1845, Girona (ES), com Rafael SOLER PEREZ 1826-  com

M Francisco José Juan SOLER GUILAHIN 1847-

F Teresa Francisca Antônia SOLER GUILAHIN 1849-1923

M Fernando Joaquin Maurício SOLER GUILAHIN 1851-

M Martin Antonio Jose GUILAHIN CORRONS 1829-1877  Casado em 7 de novembro de 1848, Girona (ES), com Josefa CORREDOR BAHI 1830-1894  com

F Antônia Maria Lúcia CORREDOR GUILAHIN 1849-1920

F Carmen Adelaida Josefa GUILAIN CORREDOR 1850-

M CORREDOR Martin GUILAYN 1854-1856

F Marie Carmen Josefa Lúcia GUILAYN CORREDOR 1858-1859

M José Juan Manuel GUILAIN CORREDOR 1860-1890

M Emilio Cipriano Pedro GUILAYN CORREDOR 1864-1924  Casado em 9 de maio de 1890, Bagé, Rio Grande Do Sul (BR), com Belmira DE CASTANHEIRA MARANHÃO 1868-1951  tiveram:

F Lucía GUILAYN MARANHÃO 1891-

M Martin GUILAYN MARANHÃO 1893-

M Paulo Emílio GUILAYN MARANHÃO 1899-1939

F Carlota GUILAYN MARANHÃO 1901-1961

F Josefa GUILAYN MARANHÃO †

F Julia Dolores Josefa GUILAYN CORREDOR 1865-1958

F Lucía Carlota Maria Del Rosario GUILAYN CORREDOR 1868-1958  Casada em 12 de dezembro de 1890, Girona (ES), com Cándido BONET NAVARRO 1862-1940  tiveram:

M José BONET GUILAYN 1891-1963

F Encarnação BONET GUILAYN 1893-1972

F Lúcia BONET GUILAYN 1896-1918

F Ascensão BONET GUILAYN 1898-1969

M Anjo BONET GUILAYN 1899-1970

M Juan BONET GUILAYN 1902-1906

F María Del Carmen BONET GUILAYN 1904-1992

F Dolores BONET GUILAYN 1907-1980

F Pilar BONET GUILAYN 1907-1965

M Javier BONET GUILAYN 1909-1979

M Jorge BONET GUILAYN 1912-1938

F Maria de la Concepción Sofia Martina GUILAYN CORREDOR 1871-1945  Casada com Manuel RIBERA SANCHEZ 1854-  tiveram:

F Concepción RIBERA GUILAYN 1908-1990

M Narciso José Gerardo GUILAHIN CORRONS 1832-

M Francisco José Baltasar GUILAHIN CORRONS 1835-

M Juan GUILAYN CORRONS 1838-  Casado com Carmen CASAS SERRA †  com

M Martin Juan José GUILAIN CASAS 1863-

F Maria Del Piler Sofia Marcelina GUILAIN CASAS 1865-1937  Casada em 9 de maio de 1885, Caldas de Malavella, Girona (ES), com Emilio MORA Y POMIERS 1858-

M Juan Nepomuceno Dionísio GUILAYN CASAS 1867-

F Leonor Maria Del Carmen Maria de la Concepion GUILAIN CASAS 1872- . [ https://gw.geneanet.org/mhuypens?lang=es&n=guilayn+ramio&p=francisco



Antonia Corrons Figaró, estimada entre 1764 e 1824, foi uma figura familiar ligada a Francisco Guilahín Ramió, com quem se casou. Ela foi mãe de Martín Guilahín. Não há informações disponíveis sobre sua data de falecimento ou detalhes adicionais sobre sua família imediata nos resultados da pesquisa gerenciada por João Simões Lopes, Filho.

Antonia Corrons Figaró

Data de nascimento: estimado entre 1764 e 1824 

Falecimento:

Família imediata:

Esposa de Francisco Guilahín Ramió

Mãe de Martín Guilahín  [ Gerenciado por: João Simões Lopes, Filho

Última vez atualizado 2 de Dezembro de 2014. https://www.geni.com/people/Antonia-Corrons-Figar%C3%B3/6000000004325636602


**Antonia Corrons Figaró**

- **Nascimento:** 1799, Figueres, Girona (ES)

- **Falecimento:** 7 de dezembro de 1847, Girona (ES), aos 48 anos.

**Casamento:**

- Casou-se em 1817 com **Francisco Guilayn Ramió** (1797, Barcelona - 11 de março de 1866, Girona), que era "negociante, carromatero, transportista, arriero e tratante de ganado". Filhos de Francisco:

  - **Loreto Guilayn Corrons** (1819-)

  - **Josepa Antônia Theresia Guilahin Corrons** (1821-1843)

  - **Francisca de Paula Antônia Guilahin Corrons** (1824-)

  - **Maria Del Carmen Mariagela Joaquima Guilahin Corrons** (1826-1860), casada em 7 de setembro de 1845, em Girona, com **Rafael Soler Pérez** (1826-), com os filhos:

    - **Francisco José Juan Soler Guilahin** (1847-)

    - **Teresa Francisca Antônia Soler Guilahin** (1849-1923)

    - **Fernando Joaquim Maurício Soler Guilahin** (1851-)

  - **Martin Antonio José Guilahin Corrons** (1829-1877), casado em 7 de novembro de 1848, em Girona, com **Josefa Corredor Bahi** (1830-1894), com os filhos:

    - **Antônia Maria Lúcia Corredor Guilahin** (1849-1920)

    - **Carmen Adelaida Josefa Guilain Corredor** (1850-)

    - **Martin Guilayn Corredor** (1854-1856)

    - **Marie Carmen Josefa Lúcia Guilayn Corredor** (1858-1859)

    - **José Juan Manuel Guilain Corredor** (1860-1890)

    - **Emilio Cipriano Pedro Guilayn Corredor** (1864-1924), casado em 9 de maio de 1890, em Bagé, Rio Grande do Sul (BR), com **Belmira de Castanheira Maranhão** (1868-1951), com os filhos:

      - **Lucía Guilayn Maranhão** (1891-)

      - **Martin Guilayn Maranhão** (1893-)

      - **Paulo Emílio Guilayn Maranhão** (1899-1939)

      - **Carlota Guilayn Maranhão** (1901-1961)

      - **Josefa Guilayn Maranhão** (†)

  - **Julia Dolores Josefa Guilayn Corredor** (1865-1958)

  - **Lucía Carlota Maria Del Rosario Guilayn Corredor** (1868-1958), casada em 12 de dezembro de 1890, em Girona, com **Cándido Bonet Navarro** (1862-1940), com os filhos:

    - **José Bonet Guilayn** (1891-1963)

    - **Encarnação Bonet Guilayn** (1893-1972)

    - **Lúcia Bonet Guilayn** (1896-1918)

    - **Ascensão Bonet Guilayn** (1898-1969)

    - **Anjo Bonet Guilayn** (1899-1970)

    - **Juan Bonet Guilayn** (1902-1906)

    - **María Del Carmen Bonet Guilayn** (1904-1992)

    - **Dolores Bonet Guilayn** (1907-1980)

    - **Pilar Bonet Guilayn** (1907-1965)

    - **Javier Bonet Guilayn** (1909-1979)

    - **Jorge Bonet Guilayn** (1912-1938)

  - **Maria de la Concepción Sofia Martina Guilayn Corredor** (1871-1945), casada com **Manuel Ribera Sanchez** (1854-), com os filhos:

    - **Concepción Ribera Guilayn** (1908-1990)

**Outros Filhos:**

- **Narciso José Gerardo Guilahin Corrons** (1832-)

- **Francisco José Baltasar Guilahin Corrons** (1835-)

- **Juan Guilayn Corrons** (1838-), casado com **Carmen Casas Serra** (†), com os filhos:

  - **Martin Juan José Guilain Casas** (1863-)

  - **Maria Del Piler Sofia Marcelina Guilain Casas** (1865-1937), casada em 9 de maio de 1885, em Caldas de Malavella, Girona, com **Emilio Mora y Pomiers** (1858-)

  - **Juan Nepomuceno Dionísio Guilayn Casas** (1867-)

  - **Leonor Maria Del Carmen Maria de la Concepion Guilain Casas** (1872-)

Antonia CORRONS FIGARÓ

Nasceu em 1799 - Figueres, Girona (ES)

Faleceu em 7 de dezembro de 1847 - Girona (ES), aos 48 anos.

Casamento(s), filho(s), netos e/ou bisnetos

Casada em 1817 com Francisco GUILAYN RAMIÓ , nascido em 1797 - Barcelona (ES), falecido em 11 de março de 1866 - Girona (ES) com 69 anos, “Negociante, carromatero, transportista, arriero, tratante de ganado” (Pais: M Martinus GIELEN 1763-1805  e  F Theresa Clara Seronima RAMIÓ ESTIU 1773-1843 ) com

F Loreto GUILAYN CORRONS 1819-

F Josepa Antônia Theresia GUILAHIN CORRONS 1821-1843

F Francisca de Paula Antônia GUILAHIN CORRONS 1824-

F Maria Del Carmen Mariagela Joaquima GUILAHIN CORRONS 1826-1860  Casada em 7 de setembro de 1845, Girona (ES), com Rafael SOLER PEREZ 1826-  com

M Francisco José Juan SOLER GUILAHIN 1847-

F Teresa Francisca Antônia SOLER GUILAHIN 1849-1923

M Fernando Joaquin Maurício SOLER GUILAHIN 1851-

M Martin Antonio Jose GUILAHIN CORRONS 1829-1877  Casado em 7 de novembro de 1848, Girona (ES), com Josefa CORREDOR BAHI 1830-1894  com

F Antônia Maria Lúcia CORREDOR GUILAHIN 1849-1920

F Carmen Adelaida Josefa GUILAIN CORREDOR 1850-

M CORREDOR Martin GUILAYN 1854-1856

F Marie Carmen Josefa Lúcia GUILAYN CORREDOR 1858-1859

M José Juan Manuel GUILAIN CORREDOR 1860-1890

M Emilio Cipriano Pedro GUILAYN CORREDOR 1864-1924  Casado em 9 de maio de 1890, Bagé, Rio Grande Do Sul (BR), com Belmira DE CASTANHEIRA MARANHÃO 1868-1951  tiveram:

F Lucía GUILAYN MARANHÃO 1891-

M Martin GUILAYN MARANHÃO 1893-

M Paulo Emílio GUILAYN MARANHÃO 1899-1939

F Carlota GUILAYN MARANHÃO 1901-1961

F Josefa GUILAYN MARANHÃO †

F Julia Dolores Josefa GUILAYN CORREDOR 1865-1958

F Lucía Carlota Maria Del Rosario GUILAYN CORREDOR 1868-1958  Casada em 12 de dezembro de 1890, Girona (ES), com Cándido BONET NAVARRO 1862-1940  tiveram:

M José BONET GUILAYN 1891-1963

F Encarnação BONET GUILAYN 1893-1972

F Lúcia BONET GUILAYN 1896-1918

F Ascensão BONET GUILAYN 1898-1969

M Anjo BONET GUILAYN 1899-1970

M Juan BONET GUILAYN 1902-1906

F María Del Carmen BONET GUILAYN 1904-1992

F Dolores BONET GUILAYN 1907-1980

F Pilar BONET GUILAYN 1907-1965

M Javier BONET GUILAYN 1909-1979

M Jorge BONET GUILAYN 1912-1938

F Maria de la Concepción Sofia Martina GUILAYN CORREDOR 1871-1945  Casada com Manuel RIBERA SANCHEZ 1854-  tiveram:

F Concepción RIBERA GUILAYN 1908-1990

M Narciso José Gerardo GUILAHIN CORRONS 1832-

M Francisco José Baltasar GUILAHIN CORRONS 1835-

M Juan GUILAYN CORRONS 1838-  Casado com Carmen CASAS SERRA †  com

M Martin Juan José GUILAIN CASAS 1863-

F Maria Del Piler Sofia Marcelina GUILAIN CASAS 1865-1937  Casada em 9 de maio de 1885, Caldas de Malavella, Girona (ES), com Emilio MORA Y POMIERS 1858-

M Juan Nepomuceno Dionísio GUILAYN CASAS 1867-

F Leonor Maria Del Carmen Maria de la Concepion GUILAIN CASAS 1872- .  [ https://gw.geneanet.org/mhuypens?lang=es&n=corrons+figaro&p=antonia



“carromatero”



Na Espanha, especialmente em áreas onde a tradição da fabricação de carroças e carruagens era forte, o termo "carromatero" era usado para descrever um artesão especializado na fabricação e manutenção de carroças, carroças e outros veículos de tração animal. Em Girona, conhecida por sua rica herança cultural e tradição artesanal, é provável que os carromateros desempenhassem um papel significativo na indústria local, atendendo às necessidades de transporte da região. Suas habilidades eram essenciais para a produção e manutenção de veículos usados tanto para transporte de carga quanto para locomoção pessoal. Esses artesãos desempenhavam um papel crucial na economia local, atendendo às demandas da sociedade agrária da época. A profissão de carromatero era uma parte importante da indústria e do comércio em Girona, contribuindo para a infraestrutura e recursos de transporte da região. “Mestre de carroça: homem que dirige uma carroça, uma grande carroça de duas rodas, com duas varas para amarrar uma cavalaria ou mais numa corda, e que geralmente possui sacos de corda para receber a carga, e um toldo feito de lona e junco”.  [ https://premisrecerca.uvic.cat/sites/default/files/webform/f06046f8479dfe17a125df03515bd8643a73970c_La%20mortalitat%20infantil%20a%20Vic%20%281841-1871%29.pdf


O papel do tratante em gado na literatura espanhola do século XIX é frequentemente associado a temas de comércio, moralidade e as interações sociais entre classes. Aqui estão algumas considerações sobre como esse papel é retratado em outras obras da época:

1. “A Regra do Jogo” (La Regenta) - Leopoldo Alas, "Clarín"

   - Nesta obra, o comércio de gado e a vida rural são fundamentais para entender as dinâmicas sociais. Os tratantes são vistos como figuras pragmáticas, que operam entre as tradições e as mudanças sociais, refletindo a tensão entre o velho e o novo.

2. "Caminho de Santiago" - Ramón María del Valle-Inclán

   - Embora não se concentre exclusivamente no gado, a obra retrata a vida rural e os comerciantes de maneira crítica. Os tratantes aparecem como personagens que simbolizam a ganância e a exploração, em contraste com os valores tradicionais da comunidade.

3. "Los de Abajo" - Mariano Azuela**

   - Embora Azuela seja mais conhecido por suas obras sobre a Revolução Mexicana, a figura do tratante também é relevante. Aqui, o comércio de gado é visto como um reflexo das injustiças sociais, com tratantes muitas vezes representando a corrupção e a exploração dos camponeses.

4. "A Casa de Bernarda Alba" - Federico García Lorca

   - Embora seja uma obra do início do século XX, Lorca explora a opressão e o controle nas relações familiares, onde o comércio e a propriedade (incluindo o gado) são metáforas para a luta pelo poder e a repressão. O papel do tratante pode ser visto como uma extensão das dinâmicas de controle social.

Temas Comuns

- Comércio e Moralidade: Os tratantes simbolizam frequentemente a moralidade ambígua do comércio, onde o lucro pode vir à custa das relações pessoais.

- Mudança Social: As obras refletem a transição de uma sociedade agrária para uma mais urbana, e os tratantes de gado representam tanto a tradição quanto a modernidade.

- Classes Sociais: A figura do tratante é muitas vezes utilizada para explorar as tensões entre diferentes classes sociais, destacando a exploração e a desigualdade.

Essas representações ajudam a entender como o papel do tratante em gado não é apenas uma questão de comércio, mas também um reflexo das complexas interações sociais e das transformações que ocorriam na Espanha do século XIX.

A representação do tratante em gado na literatura espanhola do século XIX reflete de várias maneiras as transformações econômicas e o conflito entre classes sociais. Aqui estão alguns pontos principais:

1. Transição Agrária para Industrial

   - O século XIX foi um período de transição na Espanha, com a passagem de uma economia predominantemente agrária para uma mais industrializada. Os tratantes em gado, que tradicionalmente operavam em uma economia rural, começaram a enfrentar a concorrência de novas formas de comércio e produção. Essa mudança gerou tensões entre os que defendiam as práticas tradicionais e os que buscavam modernização.

 2. Conflito de Classes

   - Os tratantes muitas vezes representam a classe média emergente que se beneficiava das novas oportunidades econômicas. Por outro lado, os camponeses e trabalhadores rurais, que dependiam do gado para sua subsistência, eram frequentemente explorados. Essa dinâmica ilustra a luta entre as classes, onde os tratantes, em busca de lucro, podiam agir de maneira a prejudicar os mais vulneráveis.

3. Moralidade e Ética Comercial

   - A figura do tratante é frequentemente retratada como ambígua moralmente. Enquanto os tratantes buscam maximizar seus lucros, suas ações podem ser vistas como exploratórias. Essa dualidade reflete as preocupações da época sobre a ética do comércio e o impacto das práticas capitalistas nas relações sociais.

4. Mudanças nas Estruturas Sociais

   - Com o crescimento das cidades e a migração rural, os tratantes se tornaram intermediários importantes entre o campo e as áreas urbanas. Essa nova função destacou a importância do comércio de gado na economia, mas também revelou as desigualdades entre os que controlavam o comércio e aqueles que eram dependentes dele.

5. **Representação Cultural**

   - Na literatura, os tratantes são frequentemente usados como símbolos de uma sociedade em transformação. Eles podem ser vistos como agentes de mudança, mas também como representantes de uma nova forma de exploração. Essa ambivalência permite uma crítica social mais profunda, abordando questões de identidade, classe e moralidade.

Conclusão

A representação do tratante em gado não é apenas uma questão de comércio, mas uma reflexão das complexas transformações econômicas e sociais que moldaram a Espanha do século XIX. Através dessa figura, a literatura captura as tensões entre tradição e modernidade, riqueza e pobreza, e as lutas de classes que definiram a época. “Revendedor: Pessoa que se dedica a comprar mercadorias para revendê-las”. [https://premisrecerca.uvic.cat/sites/default/files/webform/f06046f8479dfe17a125df03515bd8643a73970c_La%20mortalitat%20infantil%20a%20Vic%20%281841-1871%29.pdf

c) Arriero

O termo "arriero" refere-se a um condutor de animais de carga, especialmente burros ou mulas, que transportam mercadorias. Na literatura, este personagem muitas vezes simboliza a luta pela sobrevivência e a conexão com a terra, representando a vida simples e os desafios do trabalho rural.

Na obra de Pérez Galdós, os arrieros podem ser vistos como figuras que refletem a cultura e as tradições populares, além de serem portadores de histórias e saberes locais. Eles representam a resistência e a resiliência diante das dificuldades, enfrentando frequentemente a exploração e a marginalização na sociedade.

As principais características do trabalho do arriero incluem:

1. Transporte de Cargas: O arriero é responsável por transportar mercadorias, muitas vezes utilizando animais como burros ou mulas.

2. Conhecimento do Terreno: Eles possuem um profundo conhecimento das rotas, trilhas e condições do terreno, o que é crucial para a segurança e eficiência do transporte.

3. Habilidade com Animais: Arrieros têm habilidades especiais para lidar com os animais, garantindo que estejam bem tratados e preparados para o trabalho.

4. Resiliência: O trabalho é fisicamente exigente e muitas vezes realizado em condições adversas, exigindo resistência e determinação.

5. Conexão com a Comunidade: Eles frequentemente atuam como intermediários entre comunidades, transportando produtos locais e contribuindo para a economia regional.

6. **Cultura e Tradição**: O arriero é uma figura tradicional em muitas culturas, representando modos de vida ancestrais e conhecimentos passados.

7. **Adaptabilidade**: Devido às mudanças nas rotas comerciais e nas tecnologias de transporte, os arrieros precisam se adaptar constantemente.

Essas características fazem do arriero uma figura emblemática em contextos rurais e históricos, simbolizando a força do trabalho manual e a relação com a natureza. “Arrieiro: Pessoa que trabalha com animais de carga”.  [ https://premisrecerca.uvic.cat/sites/default/files/webform/f06046f8479dfe17a125df03515bd8643a73970c_La%20mortalitat%20infantil%20a%20Vic%20%281841-1871%29.pdf]



d) “Negociador: Pessoa que negocia bens comerciais”.[https://premisrecerca.uvic.cat/sites/default/files/webform/f06046f8479dfe17a125df03515bd8643a73970c_La%20mortalitat%20infantil%20a%20Vic%20%281841-1871%29.pdf . https://www.memoriademadrid.es/doc_anexos/Workflow/0/35440/bhm_a-3605.pdf]


.


e) “Encontramos também o setor dos transportes representado, com carregadores. O documento utiliza dois nomes diferentes para definir os trajineros e os arrieros. Este escritório era necessário para desenvolvimento econômico da cidade já que era necessário transportar os produtos do campo para a cidade”.  [ https://premisrecerca.uvic.cat/sites/default/files/webform/f06046f8479dfe17a125df03515bd8643a73970c_La%20mortalitat%20infantil%20a%20Vic%20%281841-1871%29.pdf


“O comércio de arriero ou trajinero tem uma tradição de mais de 10 séculos desde que a sua origem é atribuída aos árabes assentados na Península. O almocreve conduzia animais de carga que transportavam mercadorias entre vilas, cidades e fazendas; eles vendiam ou comercializavam produtos essenciais como óleo, tecidos, sal, etc. seguindo percursos mais ou menos fixos e cíclicos, e de diferentes durações, pelo que era comum que passassem muito tempo fora da sua cidade de residência. Um dos pilares fundamentais deste comércio eram os chamados animais de carga , único meio de chegar a muitas zonas do interior, ainda durante o século XX, devido à falta de infraestruturas de comunicação rodoviária e à orografia acidentada das nossas montanhas. Mulas (comumente chamadas de machos) e burros, ambos animais mais seguros em terrenos íngremes que os cavalos , eram os bens mais valiosos do trajinero, de quem cuidavam como membro da família. No pós-guerra, alguns tropeiros, grandes conhecedores de todas as estradas e caminhos, foram também obrigados a dedicar-se à raspagem para poderem comer em anos de fome. Acima de tudo, transportava-se óleo, farinha ou tabaco, à noite e por estradas ruins para evitar os controles da Guarda Civil , embora os chivatazos fossem muito comuns e arriscassem confiscar a carga e pagar pesadas multas. Em muitas localidades do interior e até há poucos anos, era comum ver recuas transportando para os lagares a colheita da azeitona, a cortiça ou a madeira extraída da serra, a pedra das pedreiras, etc. Embora já perdido, o antigo comércio do trajinero ainda é lembrado nas festividades de muitas localidades, como em Benassal com o Ajo ou Festival do Chá celebrado como o evento central dos carnavais. A comemoração foi perdida devido à Guerra Civil e à subsequente proibição decretada pelo governo, foi recuperada em 1989 pela associação cultural "Les Tres Forques" com base em testemunhos orais e no livro de Carles Salvador Les Festes de Benassal (1952) embora atualmente os Quintos se encarregam de prepará-lo. Segundo Carles Salvador, os mercadores de Benassal organizavam anualmente na primavera os desfiles de cavaleiros para comercializar os fabricos locais de lã (meadas, mantas, faixas, etc.) e vendê-los em terras valencianas, nas duas Castelas, na Andaluzia, na Estremadura e até em Portugal. Os recuas, liderados pelo trajinero, eram compostos por 3 a 6 mulas (mulas) armadas para transportar a carga e unidas entre si em fila por meio de uma corda de cânhamo. O primeiro, o ponteiro , era montado pela mula e era o animal mais experiente e melhor aproveitado, munido de um cordão de guizos e chocalhos que servem de guia para a retaguarda. A última mula, o sagu , carregava como elemento característico um enorme sino de vaca (o túmulo) com badalo de osso que soava periódica e ritmicamente à medida que os animais passavam e servia de alarme contra a perda ou acidente de algum animal do rebanho. Os condutores de mulas voltavam da viagem de inverno, rumo ao Natal, carregados de dinheiro das vendas , de produtos estrangeiros para vender na própria cidade ou nos vizinhos, e com novas encomendas para a próxima viagem. E seu retorno foi comemorado às vésperas do Carnaval com uma grande festa, organizada pelos solteiros, que teve duas partes. Primeiro preparou-se o "El Ajo", um guisado à base de alho e bacalhau frito, ao qual se juntaram ovos batidos (actualmente é complementado com longanizas, chouriços, morcela e toucinho) e após a refeição, a entrada para o chá , madera de pinheiro os pinhais de Benassal , para iluminar o Pátio onde se realizariam os bailes. O almocreve, vestido com zaragüelles, sombrero preto de abas largas e capa preta, carrega a lona nas costas da mula e é recebido à entrada da vila por dois majoralets (dois jovens desenhados em quintas) que o acompanham pelas ruas ao ritmo da dulzaina e do tabalet . Em sua jornada fazem três paradas recitando ou quase cantando os louvores, ou alobes , histórias burlescas das aventuras da viagem do viajante, até certo ponto exageradas ou inventadas para se vangloriar de seu trabalho e bravura, e provocar o riso dos vizinhos. A procissão termina na Plaza del Pati d'En Palanques onde as luzes são acesas e o Dance Pla é dançado apenas com a luz que elas produzem. Durante muitos anos os trajineros possibilitaram não só a troca de mercadorias e produtos básicos, mas também de notícias e informações entre fazendas, vilas e cidades, como menestréis nômades.”[ .https://castellon-en-ruta-cultural.es/arrieros-o-trajineros-los-primeros-transportistas-de-la-historia/  . https://revistas.ufrj.br/index.php/RevistaHistoriaComparada/article/view/35621/pdf  . https://www.elbierzodigital.com/wp-content/uploads/2015/01/Y-porque-...XXXV_.pdf]




**Josefa Corredor Bahi Guilahín**  

**Data de nascimento:** estimada entre 1799 e 1859  

**Falecimento:**  

**Família imediata:**  

Esposa de Martín Guilahín e mãe de Emilio Guilayn.

Josefa Corredor Bahi Guilahín

Data de nascimento: estimado entre 1799 e 1859 

Falecimento:

Família imediata:

Esposa de Martín Guilahín

Mãe de Emilio Guilayn [Gerenciado por: João Simões Lopes, Filho

Última vez atualizado 14 de novembro de 2014. https://www.geni.com/people/Josefa-Corredor-Bahi-Guilah%C3%ADn/6000000001391645568



**Josefa Corredor Bahi**  

**Nascimento:** 1830 - Canelles, Girona (ES)  

**Falecimento:** 27 de junho de 1894 - Girona (ES), aos 64 anos  

**Profissões:** Estanquera, figueira, fiandeira  

**Pais:**  

- Daniel Francisco Corredor Llausà (1799-1848)  

- Lucia Bahi (†)  

**Casamento e Filhos:**  

Casou-se em 7 de novembro de 1848, em Girona (ES), com Martin Antonio Jose Guilahín Corrons, nascido em 30 de março de 1829 em Girona (ES), batizado na Catedral de Girona, falecido em 22 de novembro de 1877 em Girona (ES), aos 48 anos. Ele era sigarenverkoper, filho de M. Francisco Guilayn Ramiò (1797-1866) e F. Antonia Corrons Figaró (1799-1847).


**Filhos:**  

- F. Antônia Maria Lúcia Corredor Guilahín (1849-1920)  

- F. Carmen Adelaida Josefa Guilain Corredor (1850-)  

- M. Corredor Martin Guilayn (1854-1856)  

- F. Marie Carmen Josefa Lúcia Guilayn Corredor (1858-1859)  

- M. José Juan Manuel Guilain Corredor (1860-1890)  

- M. Emilio Cipriano Pedro Guilayn Corredor (1864-1924)  

  - Casado em 9 de maio de 1890, em Bagé, Rio Grande do Sul (BR), com Belmira de Castanheira Maranhão (1868-1951), tiveram:  

    - F. Lucía Guilayn Maranhão (1891-)  

    - M. Martin Guilayn Maranhão (1893-)  

    - M. Paulo Emilio Guilayn Maranhão (1899-1939)  

      - Casado em 9 de maio de 1924, em Pelotas, Rio Grande do Sul (BR), com Iracema Lopes Barcellos (1899-1991), tiveram:  

        - F. Lúcia Guilayn Barcellos  

        - M. Emilio Guilayn Barcellos  

        - F. Carlota Guilayn Maranhão (1901-1961)  

- F. Julia Dolores Josefa Guilayn Corredor (1865-1958)  

- F. Lucía Carlota Maria Del Rosario Guilayn Corredor (1868-1958)  

  - Casada em 12 de dezembro de 1890, em Girona (ES), com Cándido Bonet Navarro (1862-1940), tiveram:  

    - M. José Bonet Guilayn (1891-1963)  

    - F. Encarnação Bonet Guilayn (1893-1972)  

    - F. Lúcia Bonet Guilayn (1896-1918)  

    - F. Ascension Bonet Guilayn (1898-1969)  

      - Casada com Jose Arias Ramos (1894-1968), tiveram:  

        - M. Juan Antonio Arias Bonet  

        - M. Gonzalo Arias Bonet  

        - M. Anjo Bonet Guilayn (1899-1970)  

        - M. Juan Bonet Guilayn (1902-1906)  

        - F. María Del Carmen Bonet Guilayn (1904-1992)  

        - F. Dolores Bonet Guilayn (1907-1980)  

        - F. Pilar Bonet Guilayn (1907-1965)  

        - M. Javier Bonet Guilayn (1909-1979)  

          - Casado por volta de 1939, em Genova (I), com Asunción Gonzalez Araullo (1906-1993), tiveram:  

            - M. Francisco Javier Bonet Gonzalez  

            - M. Jorge Bonet Guilayn (1912-1938)  

- F. Maria de la Concepción Sofia Martina Guilayn Corredor (1871-1945)  

  - Casada com Manuel Ribera Sanchez (1854-), tiveram:  

    - F. Concepción Ribera Guilayn (1908-1990)  

      - Casada com Jean Ulrich (1906-1991).


Josefa CORREDOR BAHI

Nascido em 1830 - Canelles, Girona (ES)

Faleceu em 27 de junho de 1894 - Girona (ES), aos 64 anos

Estanquera, figueira, fiandeira.

Pais

Daniel Francisco CORREDOR LLAUSÀ 1799-1848

Lucia BAHI †

Casamento(s), filho(s), netos e/ou bisnetos

Casada em 7 de novembro de 1848, Girona (ES), com Martin Antonio Jose GUILAHIN CORRONS , nascido em 30 de março de 1829 - Girona (ES), batizado em 30 de março de 1829 - Girona (Catedral) (ES), falecido em 22 de novembro de 1877 - Girona (ES) aos 48 anos,Sigarenverkoper (Pais: M Francisco GUILAYN RAMIÓ 1797-1866  &  F Antonia CORRONS FIGARÓ 1799-1847 ) (ver nota ) com

F Antônia Maria Lúcia CORREDOR GUILAHIN 1849-1920

F Carmen Adelaida Josefa GUILAIN CORREDOR 1850-

M CORREDOR Martin GUILAYN 1854-1856

F Marie Carmen Josefa Lúcia GUILAYN CORREDOR 1858-1859

M José Juan Manuel GUILAIN CORREDOR 1860-1890

M Emilio Cipriano Pedro GUILAYN CORREDOR 1864-1924  Casado em 9 de maio de 1890, Bagé, Rio Grande Do Sul (BR), com Belmira DE CASTANHEIRA MARANHÃO 1868-1951  tiveram

F Lucía GUILAYN MARANHÃO 1891-

M Martin GUILAYN MARANHÃO 1893-

M Paulo Emilio GUILAYN MARANHÃO 1899-1939  Casado em 9 de maio de 1924, Pelotas, Rio Grande Do Sul (BR), com Iracema LOPES BARCELLOS 1899-1991  tiveram:

F Lúcia GUILAYN BARCELLOS

M Emilio GUILAYN BARCELLOS

F Carlota GUILAYN MARANHÃO 1901-1961

F Josefa GUILAYN MARANHÃO †

F Julia Dolores Josefa GUILAYN CORREDOR 1865-1958

F Lucía Carlota Maria Del Rosario GUILAYN CORREDOR 1868-1958  Casada em 12 de dezembro de 1890, Girona (ES), com Cándido BONET NAVARRO 1862-1940  com

M José BONET GUILAYN 1891-1963

F Encarnação BONET GUILAYN 1893-1972

F Lúcia BONET GUILAYN 1896-1918

F Ascension BONET GUILAYN 1898-1969  Casada com Jose ARIAS RAMOS 1894-1968  tiveram:

M Juan Antonio ARIAS BONET

M Gonzalo ARIAS BONET

M Anjo BONET GUILAYN 1899-1970

M Juan BONET GUILAYN 1902-1906

F María Del Carmen BONET GUILAYN 1904-1992

F Dolores BONET GUILAYN 1907-1980

F Pilar BONET GUILAYN 1907-1965

M Javier BONET GUILAYN 1909-1979  Casado por volta de 1939, Genova (I), com Asunción GONZALEZ ARAULLO 1906-1993  tiveram:

M Francisco Javier BONET GONZALEZ

M Jorge BONET GUILAYN 1912-1938

F Maria de la Concepción Sofia Martina GUILAYN CORREDOR 1871-1945  Casada com Manuel RIBERA SANCHEZ 1854-  com

F Concepción RIBERA GUILAYN 1908-1990  Casada com Jean ULRICH 1906-1991. [ https://gw.geneanet.org/mhuypens?lang=es&n=corredor+bahi&p=josefa]



“Hay momentos de tan abrumadora evidencia que una desesperación negra te corta el resuello. 

Es verdad que el mundo cambia, y que la buena educación se rinde ante la uniforme marea de malos modos internacionales. 

Eso aporta, al simplificar las cosas, ventajas indudables en ciertos aspectos de la vida; pero entre quienes nacimos hace algún tiempo, leímos libros donde la gente todavía era capaz de matarse tratándose de usted, y fuimos criados por quienes aún conservaban maneras del siglo anterior, ciertas cosas son difíciles de encajar. 

Aquella tarde parisina de la que hablo, tras el café, entré en un estanco; y por el simple hecho de comprar una cajetilla de tabaco y un mechero tuve derecho a intercambiar dos «buenos días», un «por favor», un «señor», un «señora» y dos «gracias» con la estanquera, que me despidió con un rutinario «que tenga usted buen día». 

Y a ver cuándo, me dije al salir, iba yo a mantener ese diálogo en un estanco, o en una tienda, o en un banco, o en una oficina de la administración nacional –disculpen la anacrónica gilipollez– o autonómica de esta zafia España compadre de «oye, tú» que nos hemos fabricado, entre todos, a nuestra imagen y semejanza. 

Donde, a diferencia de otros lugares, si cedes el paso a una señora en una puerta, en una escalera o bajo el andamio de una calle, la presunta, en vez de dedicarte una sonrisa encantadora y decir «gracias», pasará mirándote con desconfianza, y hasta te empujará si hace falta, asegurándose de que a última hora no le estorbas el paso”. [PÉREZ-REVERTE, Arturo. Quando éramos mercenários honestos. : Madrid, Alfaguara, 2009. https://www.e-reading-lib.com/bookreader.php/1013924/arturo-perez-reverte-cuando-233-ramos-honrados-mercenarios.html]



[“Há momentos de evidências tão contundentes que um desespero negro nos tira o fôlego. 

É verdade que o mundo muda e a boa educação rende-se à maré uniforme dos maus costumes internacionais. 

Isto traz, ao simplificar as coisas, vantagens indubitáveis ​​em certos aspectos da vida; mas entre nós que nascemos há algum tempo, lemos livros onde as pessoas ainda eram capazes de se matar quando se tratava de você, e fomos criados por aqueles que ainda preservavam os costumes do século anterior, certas coisas são difíceis de aceitar. 

Naquela tarde parisiense de que falo, depois do café, entrei numa tabacaria; e pelo simples fato de comprar um maço de fumo e um isqueiro eu tinha o direito de trocar dois “bom dia”, um “por favor”, um “senhor”, um “senhora” e dois “obrigado” com a tabaqueira, que me deu. 

Ele se despediu com a rotina “Tenha um bom dia”. 

E vamos ver quando, disse a mim mesmo ao sair, teria esse diálogo numa tabacaria, ou numa loja, ou num banco,

ou num gabinete da administração nacional – desculpem o absurdo anacrônico – ou da administração regional desta imunda Espanha, compadre do “ei, você” que fizemos, juntos, à nossa imagem e semelhança.

Onde, ao contrário de outros locais, se você der passagem a uma senhora à porta, numa escada ou debaixo do andaime de uma rua, a suposta pessoa, em vez de lhe dar um sorriso encantador e dizer “obrigado”, passará olhando para você com desconfiança, e até mesmo empurrará você se necessário, certificando-se de que no último minuto você não atrapalhe].  



Em Girona, na Espanha, a presença de uma "estanquera" ou administradora de uma loja de artigos gerais pode ser encontrada, especialmente em áreas rurais ou bairros menores. Essas lojas desempenham um papel essencial ao fornecer uma variedade de mercadorias e produtos essenciais para a comunidade local. Além disso, a "estanquera" muitas vezes se torna uma figura importante na vida cotidiana das pessoas, oferecendo um ponto de encontro e interação social para os habitantes da região. A presença dessas lojas ressalta a importância do comércio local e da conveniência de acessar produtos essenciais em comunidades menores, incluindo aquelas em Girona.   Sim, em alguns contextos, especialmente na Espanha, a palavra "estanquera" pode referir-se à pessoa responsável por uma "estanco", que é um estabelecimento autorizado a vender tabaco, selos fiscais, bilhetes de loteria e outros produtos regulamentados pelo governo. Portanto, em certos casos, uma "estanquera" pode de fato gerenciar uma tabacaria. No entanto, é importante observar que as definições e regulamentações específicas podem variar conforme as leis locais e regionais. Sem dúvida, recomenda-se consultar as leis e regulamentos locais para obter informações precisas sobre o assunto.  O termo "estanco" tem origem no latim "stancus", que significa "parado, firme, fixo" ou "tanque, reservatório". No contexto específico de comércio, o termo refere-se ao monopólio concedido pelo Estado sobre a venda de determinados produtos, como tabaco, bebidas alcoólicas, sal, entre outros. A prática de estanco era comum durante a colonização das Américas, limitando a exploração de certos produtos ou regiões a determinadas pessoas, ou grupos econômicos. Além disso, o termo também pode referir-se a uma loja em que se vendem produtos estancados, incluindo tabaco e outros itens regulamentados. A origem etimológica do termo "estanco" remonta ao latim, representando a concessão de monopólio pelo Estado sobre certos produtos”.    



“La campiña, húmeda y tibia, acariciada por la termodinámica del astro, sacudía el espasmo voluptuoso del rocío de la noche y aparecía lozana y verdosa, con una juventud primaveral, arrastrando por el prado la undosa cabellera de la madreselva. Apoyada en la ventana, mirando con ojos negros, como los carbones de un arco voltaico, encendidos por la tifoidea, vagaba su espíritu, sujeto por los alicates del recuerdo. En sus labios calenturientos, pálidos por la anemia, que amorfinaba aquel cuerpo en corriente de linfa, se modulaba un nombre: ¡Enrique! Su codiciado Enrique, que huía de su lado, perdiéndose en el rastrojo del recuerdo; después, sus manos acariciaban las hebras de su pelo, de sus enmarañados cabellos, como mal devanada madeja de hilandera flamenca, destrenzados por un largo convalecer abradacabrante”.[ [GENERO COLORISTA

XIV. Luis GABALDÓN. https://dn790003.ca.archive.org/0/items/blancoynegro6096unse/blancoynegro6096unse.pdf  ] 

[A paisagem, úmida e quente, acariciada pela termodinâmica da estrela, sacudia o espasmo voluptuoso do orvalho da noite e apresentava-se viçosa e esverdeada, com uma juventude primaveril, arrastando pela campina os viçosos pelos da madressilva. Encostada na janela, olhando com olhos negros, como as brasas de um arco elétrico, acesas pela febre tifoide, seu espírito vagava, preso pelo alicate da memória. Nos lábios febris, pálidos de anemia, que amorfizaram aquele corpo num fluxo de linfa, um nome modulado: Enrique! Seu cobiçado Enrique, que fugiu dela, perdendo-se nos restolhos da memória; depois, suas mãos acariciaram os fios de seu cabelo, seus cabelos emaranhados, como uma meada mal enrolada de uma fiandeira flamenga, desenrolada por uma longa convalescença abradacabrante].  



Na Espanha, uma "hilandera" se refere a uma pessoa que pratica a arte de fiar lã ou outras fibras em fios. Historicamente, o ofício de fiar desempenhou um papel significativo na produção de têxteis e tecidos na Espanha, e embora a prática tenha evoluído ao longo do tempo, ainda é reconhecida como uma tradição cultural em algumas regiões. A hilandera desempenha um papel importante na preservação dessas habilidades tradicionais e na produção de fios utilizados em várias formas de artesanato e produção têxtil.   Em Girona, na Espanha, a figura da "hilandera" ou "fiandeira" também pode ser encontrada, considerando especialmente a rica tradição de artesanato e têxteis na região. Historicamente, as fiandeiras desempenharam um papel crucial na produção de fios utilizados na tecelagem e na confecção de tecidos. Embora a prática da fiação manual tenha diminuído com o tempo devido à industrialização, ainda existem artesãos e entusiastas em Girona que mantêm viva essa tradição por meio de workshops, feiras de artesanato e iniciativas culturais. A presença de fiandeiras em Girona contribui para a preservação da herança têxtil local e para a valorização das habilidades tradicionais de produção de fios. 


O termo "Filguera" é um termo coloquial em alguns países de língua espanhola, significando um quilter ou alguém que costura tecido. É frequentemente usado para se referir a indivíduos habilidosos na arte de quilting ou costura de tecido. Este termo pode ser de interesse para aqueles que pesquisam práticas culturais e costumes históricos em áreas não urbanas de países de língua espanhola. Um quilter é alguém que cria colchas costurando camadas de tecido, normalmente usando agulha e linha. O quilting geralmente envolve designs e padrões intrincados, e é considerado um ofício e uma forma de arte. Os quilters podem usar várias técnicas, como quilting à mão ou quilting à máquina, para criar suas peças. A prática do quilting tem um rico significado histórico e cultural em muitas sociedades e continua sendo uma busca criativa popular.  Na Espanha, o quilting tradicionalmente não tem sido tão amplamente difundido quanto em algumas outras culturas. No entanto, a arte da costura e do bordado tem desempenhado um papel significativo na história e na cultura espanhola. A tradição de "bordado espanhol" é especialmente proeminente, com seus próprios estilos e técnicas únicas que incorporam desenhos ornamentados em tecidos, muitas vezes utilizando pontos intrincados e detalhados. Embora o quilting clássico não seja tão predominante, a prática de bordado e costura desempenha um papel importante na expressão artística e na preservação cultural na Espanha.  Em Girona, na Espanha, a tradição de quilting não é proeminente como em algumas culturas, mas a região tem uma rica herança de artesanato e têxteis. Embora o quilting tradicional não seja uma prática amplamente difundida em Girona, a cidade é conhecida por suas tradições de bordado e tapeçaria. O trabalho em tapeçaria é altamente valorizado em Girona e o artesanato têxtil desempenha um papel importante na preservação da cultura regional, especialmente em relação à criação de belas peças decorativas e funcionais. Embora o quilting em si possa não ser uma tradição proeminente em Girona, a arte têxtil e o trabalho manual são apreciados e valorizados na região.  


Emilio Cipriano Pedro Guilayn

Emilio Cipriano Pedro Guilayn nasceu em 9 de maio de 1864 em Gerona, Espanha[1]. Ele era filho de Martín Guilahín e Josefa Corredor Bahi Guilahín.

Guilayn se casou com [Privado] e juntos tiveram 6 filhos: Paulo Emílio Guilayn, [Privado], [Privado], [Privado], [Privado] e 1 outro; conforme pesquisa gerenciada por João Simões Lopes, Filho.

Emílio Guilayn era uma figura marcante na comunidade de Bagé, no Rio Grande do Sul, tendo contribuído para o desenvolvimento econômico do município. Ele atuou no comércio, indústria, pecuária e política, sendo eleito deputado estadual.

Guilayn faleceu em 1 de maio de 1924, aos 59 anos, em Paris, França.

Emilio Cipriano Pedro Guilayn

Data de nascimento: 09 de maio de 1864

Local de nascimento: Gerona, Gerona, Espanha (Espanha)

Falecimento: 01 de maio de 1924 (59)

Paris, France (França)

Família imediata:

Filho de Martín Guilahín e Josefa Corredor Bahi Guilahín

Marido de [Privado]

Pai de Paulo Emílio Guilayn; [Privado]; [Privado];[Privado]; [Privado] e 1 outro. [Gerenciado por: João Simões Lopes, Filho

Última vez atualizado 11 de novembro de 2014. https://www.geni.com/people/Emilio-Guilayn/6000000000728601015]




Emílio Cipriano Pedro Guilayn Corredor


**Nascimento:** 9 de maio de 1864, Girona (Espanha)  

**Batizado:** 14 de maio de 1864, Catedral de Girona  

**Falecimento:** 1º de maio de 1924, Paris (França), aos 59 anos  

**Sepultamento:** 8 de maio de 1924, Girona (Espanha)  

**Profissão:** Banqueiro  


#### Pais

- **Martin Antonio José Guilahin Corrons** (1829-1877) - Vendedor de charutos  

- **Josefa Corredor Bahi** (1830-1894) - Estanquera, filgueira, hilandera  


#### Casamento e Filhos

Casado em 9 de maio de 1890, em Bagé, Rio Grande do Sul (Brasil), com **Belmira de Castanheira Maranhão**, nascida em 19 de outubro de 1868, em Bagé, falecida em 23 de outubro de 1951, no Rio de Janeiro, aos 83 anos.


**Filhos:**

- **Lúcia Guilayn Maranhão** (1891-)

- **Martin Guilayn Maranhão** (1893-)

- **Paulo Emílio Guilayn Maranhão** (1899-1939)  

  Casado em 9 de maio de 1924, em Pelotas, Rio Grande do Sul (Brasil), com **Iracema Lopes Barcellos** (1899-1991).  

  **Filhos:**

  - **Lúcia Guilayn Barcellos** - Casada com Manuel Alfredo Santos da Silva  

  - **Emílio Guilayn Barcellos** - Casado com Noémia da Paz Corrêa de Azevedo  

    **Filhas:**

    - **Heloísa Guilayn de Azevedo**

    - **Pricila Guilayn de Azevedo**

    - **Helena Guilayn de Azevedo**

  - **Carlota Guilayn Maranhão** (1901-1961)

  - **Josefa Guilayn Maranhão** (†)


Emílio Cipriano Pedro GUILAYN CORREDOR

Nascido em 9 de maio de 1864 - Girona (ES)

Batizado em 14 de maio de 1864 - Girona (Catedral)

Faleceu em 1º de maio de 1924 - Paris (F), aos 59 anos

Sepultado em 8 de maio de 1924 - Girona (ES)

Banqueiro.

Pais

Martin Antonio José GUILAHIN CORRONS 1829-1877 (Sigarenverkoper)

Josefa CORREDOR BAHI 1830-1894 (Estanquera, filguera, hilandera)

Casamento(s), filho(s), netos e/ou bisnetos

Casado em 9 de maio de 1890, Bagé, Rio Grande Do Sul (BR), com Belmira DE CASTANHEIRA MARANHÃO, nascida em 19 de outubro de 1868 - Bagé, Rio Grande Do Sul (BR), falecida em 23 de outubro de 1951 - Rio de Janeiro (BR) aos 83 anos com

F Lúcia GUILAYN MARANHÃO 1891-

M Martin GUILAYN MARANHÃO 1893-

M Paulo Emilio GUILAYN MARANHÃO 1899-1939 Casado em 9 de maio de 1924, Pelotas, Rio Grande do Sul (BR), com Iracema LOPES BARCELLOS 1899-1991 com

F Lúcia GUILAYN BARCELLOS Casada com Manuel Alfredo SANTOS DA SILVA

M Emilio GUILAYN BARCELLOS Casado com Noémia Da Paz CORRÉA DE AZEVEDO tiveram:

F Heloísa GUILAYN DE AZEVEDO

F Pricila GUILAYN DE AZEVEDO

F. Helena GUILAYN DE AZEVEDO

F. Carlota GUILAYN MARANHÃO 1901-1961

F Josefa GUILAYN MARANHÃO † . https://gw.geneanet.org/mhuypens?lang=es&pz=wouter+jos+gerard&nz=huypens&p=emilio+cipriano+pedro&n=guilayn+corredor

Emilio Cipriano Pedro GUILAYN CORREDOR

Nacido el 9 de mayo de 1864 - Girona (ES)

Bautizado el 14 de mayo de 1864 - Girona (Catedral)

Fallecido el 1 de mayo 1924 - París (F), a la edad de 59 años

Enterrado el 8 de mayo de 1924 - Girona (ES)

Banquero.

Padres

Martin Antonio Jose GUILAHIN CORRONS 1829-1877 (Sigarenverkoper)

Josefa CORREDOR BAHI 1830-1894 (Estanquera, filguera, hilandera)

Casamiento(s), hijo(s), nietos y/e  bisnietos

Casado el 9 de mayo de 1890, Bagé, Rio Grande Do Sul (BR), con Belmira DE CASTANHEIRA MARANHÃO, nacida el 19 de octubre de 1868 - Bagé, Rio Grande Do Sul (BR), fallecida el 23 de octubre de 1951 - Rio de Janeiro (BR) a la edad de 83 años con

F Lucía GUILAYN MARANHÃO 1891-

M Martin GUILAYN MARANHÃO 1893-

M Paulo Emilio GUILAYN MARANHÃO 1899-1939  Casado el 9 de mayo de 1924, Pelotas, Rio Grande Do Sul (BR), con Iracema LOPES BARCELLOS 1899-1991 con

F Lucia GUILAYN BARCELLOS Casada con Manuel Alfredo SANTOS DA SILVA

M Emilio GUILAYN BARCELLOS Casado con Noémia Da Paz CORRÉA DE AZEVEDO con :

F Heloisa GUILAYN DE AZEVEDO

F Pricila GUILAYN DE AZEVEDO

F Helena GUILAYN DE AZEVEDO

F Carlota GUILAYN MARANHÃO 1901-1961

F Josefa GUILAYN MARANHÃO † . [https://gw.geneanet.org/mhuypens?lang=es&pz=wouter+jos+gerard&nz=huypens&p=emilio+cipriano+pedro&n=guilayn+corredor]  . 
















A Barra do Rio Grande

Imagem do litoral do Rio Grande do Sul. Na porção superior direta da imagem, a lagoa dos Patos; na porção inferior esquerda, a lagoa Mirim. Exatamente, no centro, o Canal do Norte e a Barra do Rio Grande, onde desembocam as águas das duas lagoas.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Naufr%C3%A1gio_do_Rio_Apa#/media/Ficheiro:Lagoa_dos_Patos.jpg .



Molhes da Barra Rio Grande–RS

Farol Atalaia:

O 1º farol do Rio Grande do Sul foi construído em 1820 e está localizado na Povoação da Barra em São José do Norte. Constituído de sambaquis (conchas), no seu topo queimava-se lenha para orientar os navegadores. Informações indicam que piratas acendiam fogueiras na praia a fim de provocar o encalhe de navios para posterior saque.

O atual farol de São José do Norte foi inaugurado em 1896. Possui 31 metros de altura e seu facho luminoso tem o alcance de 16 milhas (25,75 quilômetros)  náuticas, está localizado na Povoação da Barra.

Foto: Tiago Pipi

𝘚𝘪𝘨𝘢 𝘯𝘰𝘴𝘴𝘰 𝘐𝘯𝘴𝘵𝘢𝘨𝘳𝘢𝘮:

https://instagram.com/molhes_barra . [https://www.facebook.com/MolhesdaBarra/posts/farol-atalaiao-1%C2%BA-farol-do-rio-grande-do-sul-foi-constru%C3%ADdo-em-1820-e-est%C3%A1-local/2674542206150497/




http://wikimapia.org/23863546/pt/Farol-Atalaia .






https://acervo.popa.com.br/_2008/imagens/paisagens/paisagens_1029.htm .



https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart514931/cart514931.jpg .

https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/267345 



https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart514931/cart514931.jpg . https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/50083 .



https://www.portosrs.com.br/site//public/images/sobre_os_portos/historico_rg_01.jpg .


No contexto histórico em que viveu Emílio Guillayn, é preciso reviver toda uma realidade que estava ligado ao porto de Rio Grande, pois esse era um dos limitadores do avanço econômico da região e do Estado. 

Nesse sentido, não se pode ver Bagé como uma cidade isolada, mas como parte de um complexo em que se reuniam várias cidades e suas produções locais. 

Partindo de Rio Grande estabelecia-se uma rota Econômica que ia de leste para oeste em direção à região da campanha do Estado.

É claro que havia outra rota, do sul para o norte,  não menos importante, que envolvia o Uruguai e Argentina, de onde chegavam inúmeros imigrantes para a Cidade de Bagé.

A denominação "Rio Grande" vem do fato de, dois séculos atrás, os navegantes que se dirigiam à Colônia do Sacramento entenderem que a embocadura da Lagoa dos Patos fosse a foz de um grande rio. O primeiro registro de transposição da Barra do Rio Grande é de 1737, quando o Brigadeiro José da Silva Paes chegou para iniciar o povoamento desta região que passou a ser conhecida como Rio Grande de São Pedro ou São Pedro do Rio Grande, e construiu a fortificação de madeira denominada de Forte Jesus Maria José. Segundo historiadores, muitos que visitavam a região, não acreditavam no seu desenvolvimento, ou mesmo que viesse a se constituir uma cidade aqui, devido às condições naturais pouco favoráveis. A primeira providência oficial para melhorar a segurança da navegação ocorreu em 1846, quando o Governo Imperial criou a Inspetoria da Praticagem da Barra. Após esta providência, reduziram-se consideravelmente os acidentes na Barra. Passou a desenvolver-se uma crescente navegação através da Barra, contadas, em 1847, 668 embarcações que a transpuseram. Surgiu um pequeno porto, localizado onde hoje é o Porto Velho, no centro da cidade, frequentado principalmente por embarcações a vela. A contínua agitação das águas na embocadura, as frequentes mutações dos canais e as profundidades insuficientes que raramente ultrapassavam 3,6 metros, tornavam a transposição da Barra extremamente perigosa, cobrando um pesado tributo à navegação em acidentes marinhos, inviabilizando o comércio e o desenvolvimento da região. Em 1855, o Ministério da Marinha enviou o Ten. Cel. Eng. Ricardo Gomes Jardim, especializado em engenharia hidráulica, para estudar a Barra e o Porto e concluiu "que devem reputar-se inexequíveis, senão mais nocivos do que úteis, quaisquer construções de pedra ou de madeira, no intuito de prolongar o leito do rio ou dar maior força à corrente". A seguir, outros consideraram a Barra "não suscetível de melhoramentos por meio de trabalhos hidráulicos". Em 1860, a profundidade da Barra não ia além de 2,20 metros. Somente em 1875, Sir John Hawkshaw, comissionado pelo Governo Imperial, visitou o Porto do Rio Grande e propôs a construção de quebra-mares partindo do litoral para o oceano, de um e outro lado da embocadura, com uma extensão de cerca de 2 milhas (3,22 km) cada. Em 1906, o engenheiro Elmer Lawrence Cortheill foi contratado pelo Governo brasileiro para executar as obras de fixação da Barra de Rio Grande, com aprofundamento para 10m, e a construção de dois molhes convergentes e um novo porto na cidade do Rio Grande (hoje conhecido como Porto Novo). Cortheill organizou a companhia "Port of Rio Grande do Sul", com sede em Portland, Estados Unidos, que construiria e exploraria o porto por 70 anos. O projeto da Barra, a ser executado, originou-se da comissão presidida pelo engenheiro Honório Bicalho em 1883, posteriormente pouco alterado, analisado e aprovado pelo engenheiro holandês Pieter Caland, em 1885, que propôs a adoção de molhes convergentes. Em 1908, devido às dificuldades do engenheiro Cortheill conseguir nos EUA o capital necessário à execução das obras, constituiu-se em Paris a "Compagnie Française du Port du Rio Grande do Sul", com capitais europeus, à qual foi transferido o contrato através do decreto n.º 7.021, de 09 de julho de 1908. Dois anos depois, iniciaram-se efetivamente os trabalhos de construção dos molhes e do novo porto. Em 1º de março de 1915, aproximadamente às 17h30min, o navio-escola Benjamin Constant, da Armada nacional, calando 6,35 metros, transpôs a Barra. Por volta das 18h30min, atracou no cais do Porto Novo do Rio Grande, em meio a solenidades festivas. Em 15 de novembro de 1915, foi inaugurado o primeiro trecho de cais do Porto Novo, numa extensão de 500 metros, logo entregues à operação. O trabalho teve continuidade em 1919, quando, em vista das dificuldades enfrentadas pela companhia francesa, após a 1ª Grande Guerra, foram encampadas pela União e transferidas ao Estado do Rio Grande do Sul as obras da Barra e do Porto do Rio Grande. [https://www.portosrs.com.br/site/comunidade_portuaria/rio_grande/historico



Barra. 32 07 07S / 52 04,61W  (São José do Norte, RS); Oc (6) B.21seg . 32m.30M

Racon K (- . -) bandas S e X / Estação DGPS. Ligação entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, importantíssima rota que permite às embarcações alcançarem Porto Alegre, a então chamada "Barra Diabólica" (devido aos parcéis em volta) era sinalizada com duas grandes balizas de madeira. Em 1 de dezembro de 1820, foi instalado um farol no topo da antiga torre do patrão-mor do porto, uma medida improvisada para que se pudesse arrecadar o Imposto sobre Faróis instituído por D.João VI em 1818. Esse farol ficou inutilizado depois  da primeira chuva de granizo. Após o incidente, uma fogueira era acesa nas proximidades dessa torre para orientar os navios. Em 1827 o presidente da província Salvador José Maciel solicita ao Imperador D.Pedro I a reconstrução do farol, que destina a verba necessária. O farol só foi reaceso em 2 de agosto de 1842. Em 1847 foi encomendada em Londres a atual torre de ferro de 31 metros, inaugurada em 18 de janeiro de 1852 graças à iniciativa do Capitão dos Portos Antonio Caetano Ferraz, que conseguiu adaptar a estrutura ao solo arenoso da região. O farol foi equipado com um aparelho de luz catóptrico de eclipses, com alcance de 15 milhas (24,14 km), substituído pelo mecânico Victor Alinquant em 1886 pelo atual dióptrico de 2ª ordem com respectiva lanterna da marca francesa Barbier & Fenèstre. Originalmente pintado de vermelho, após roxo-terra, atualmente o farol apresenta faixas pretas e brancas.  Ao seu lado, encontra-se restaurada a torre do patrão-mor, a mais antiga torre de farol ainda de pé no Brasil.  [https://web.archive.org/web/20170527202858/http://faroisbrasileiros.com.br/far%C3%B3is/farol%20barra%20rio%20grande.html


O relato a seguir, de Eugênio Augusto Wandeck, dá um panorama do que era Bagé em torno do ano de 1912. Demonstra como era a dificuldade em chegar a Bagé a partir do porto de Rio Grande. A figura de Emílio Guillayn é sobranceira no relato sobre o Bagé, e surpreende que a maioria dos relatos sobre a história do município bem pouca ou nenhuma atenção a Emílio Guilayn, que aparece com um personagem secundário, como um simples banqueiro, sem grande destaque. 


A's Fronteiras do Sul Pelo Dr. Eugênio Augusto Wandeck

A's Fronteiras do Sul Pelo Dr. Eugênio Augusto Wandeck.

A CIDADE DO RIO GRANDE. Pelas seis horas da manhã, dominados pela curiosidade de vermos a famosa barra do Rio Grande do Sul, subimos ao tombadilho. Já se divisavam, á proporção que nos aproximávamos, ao longe, diversas embarcações, formando enorme semi-circulo que dominava o horizonte

O «Saturno» avançou majestosamente, indo ocupar o terceiro lugar na longa fila, bem em frente à barra e à Atalaya [Torre de vigia; campanário]. 

Pudemos nesse momento verificar um a um todos os navios que formavam a longa linha desde a barra até muito ao longe. 

Era uma verdadeira esquadra! 

Onze embarcações, quase todas a vapor, aguardavam que a Atalaya se dignasse dizer se havia na barra, em pés, a quantidade de água precisa para o calado de cada uma. 

Assim, pacientemente, algumas já havia semanas, aguardavam a licença para, transpondo a barra, chegarem ao porto de destino. 

Nessa ocasião nos veio à memória o trágico naufrágio do «Rio Apa» e também do «Solimões» [https://pt.wikipedia.org/wiki/Solim%C3%B5es_(monitor)] .


Foi aí que o «Rio Apa» para sempre desapareceu, levando, no seu enorme bojo, as vidas preciosas de centenas de pessoas. 

Villela Tavares, distinto oficial do nosso Exército e nosso amigo, aí finou-se, nessa trágica noite em que o pampeiro colaborou com a morte na sua faina destruidora: Villela Tavares, as pessoas da sua família e muitas outras aí acharam inglório tumulo. 

[“As vítimas. O vapor conduzia, além de passageiros civis, vários militares que se deslocavam para Mato Grosso, alguns acompanhados de suas mulheres e filhos. Nunca se soube quantas pessoas estavam no navio, no momento do sinistro, uma vez que, nos portos de escalas, muita gente embarcava e desembarcava sem o devido registro. Além disso, como costume de então, crianças pequenas não pagavam passagem em certas rotas. É possível, ainda, que houvesse escravos a bordo – a escravidão somente acabaria dois anos mais tarde.[Diário do Rio Grande. Ano XLI. Números 11.410 a 11.424, edições de 11/07/1887 a 28/07/1887. Bibliotheca Riograndense. Rio Grande. Rio Grande do Sul]. A capacidade total era de 200 pessoas, das quais, 40 eram da tripulação. Quando saiu do Rio de Janeiro foram registradas 160 pessoas entre tripulantes e passageiros, porém é certo que, nas escalas intermediárias, houve desembarque de passageiros. Alguns jornais (por exemplo, O Paiz, do Rio de Janeiro) indicavam que o navio viajava com a capacidade máxima quando naufragou.[Diário do Rio Grande. Ano XLI. Números 11.410 a 11.424, edições de 11/07/1887 a 28/07/1887. Bibliotheca Riograndense. Rio Grande. Rio Grande do Sul]. Outras fontes, informavam que havia entre 107 [Günter Axt (23 de julho de 2009). «Desastres de Outrora» http://www.revistavoto.com.br/site/colunistas_detalhe.php?id=59&t=Desastres_de_outrora  . Revista Voto. Consultado em 28 de fevereiro de 2011] a 126 [José Carlos Sardá (25 de março de 2010). «Naufrágio do Rio Apa» http://maredunas.blogspot.com/2010/03/naufragio-do-rio-apa_25.html  . Mar & Dunas. Consultado em 21 de fevereiro de 2011] pessoas a bordo. Na edição de 19 de julho, o jornal Eccho do Sul publicou a seguinte lista de passageiros: Tenente-coronel Francisco Villela de Castro Tavares, oito filhos e um criado; primeiro-tenente Antônio Pedroso Pompeu de Barros e um criado; primeiro-tenente José Maria P. de Barros, Tenente Carlos Delfim de Carvalho, Francisco Gomes dos Passos Perdigão; Zeferino Cunha, José Antônio de Mello, Pedro Z. Cocy, Francelino Olímpio Corrêa, Manuel Gervásio Andrade, Jorge Meyer, Miguel José Pinheiro, Átila Fernandes, Samuel Drohins, Manoel da Rosa Garcia, Antônio Thomé de Paiva, Francisco Antônio, João Braga, João Gomes Batalha, João Antônio Rodrigues; quatro cadetes, dezoito praças, duas mulheres e três filhos, oito passageiros de terceira classe e dois imigrantes. Nos portos intermediários, outros passageiros seriam embarcados. O jornal acrescentou apenas os que embarcaram em Desterro: O capitão Carneviva, a esposa, três filhos e uma cunhada.[Eccho do Sul. Ano XXXIV. Números 160 a 170, edições de 19/07/1887 a 30/07/1887. Bibliotheca Riograndense. Rio Grande. Rio Grande do Sul].

Assim, conforme a lista, eram 73 passageiros que, somados à tripulação, totalizava 113 pessoas a bordo, o que se tornou o número "oficial" de mortos. Dos tripulantes, sabe-se que, pelo menos, dois eram uruguaios.[Diário do Rio Grande. Ano XLI. Números 11.410 a 11.424, edições de 11/07/1887 a 28/07/1887. Bibliotheca Riograndense. Rio Grande. Rio Grande do Sul]. Sabia-se, ainda, ter embarcado em Santa Catarina, o cônsul do Império Austro-Húngaro no Rio de Janeiro, o qual visitava as colônias do sul do Brasil. De fato, em [21 de julho, a imprensa dava notícia ter dado a praia um homem alto, louro, calvo, com feições europeias e elegantemente trajado, o que se presumiu ser o corpo do referido cônsul.[Diário do Rio Grande. Ano XLI. Números 11.410 a 11.424, edições de 11/07/1887 a 28/07/1887. Bibliotheca Riograndense. Rio Grande. Rio Grande do Sul]. Outra circunstância que ajudou a alimentar o mistério acerca da quantidade de pessoas a bordo, foi que não houve contagem daqueles que foram enterrados apressadamente nas praias, o que dificultou a realização de uma estatística confiável. https://pt.wikipedia.org/wiki/Naufr%C3%A1gio_do_Rio_Apa

Que momentos trágicos não deveriam ter sido esses que precederam a horrorosa hecatombe! 

Nem um passageiro, nem um tripulante escapou para nos descrever a grande e terrificante catástrofe! 

Talvez que o remorso remorda ainda hoje a consciência daqueles que contribuíram para tão medonho desastre. 

Em poucas palavras explicaremos o motivo pelo qual assim nos expressamos: O que se passou com o «Saturno» demonstrará o nosso' modo de ver, consoante com a verdade. 

Ao enfrentarmos a barra, pediu ó «Saturno» que a Atalaya lhe indicasse os pés de água existentes. 

A resposta não foi favorável.

O «Saturno», pela sua possante “sereia”, elevou rugido enorme que, atravessando os ares, ecoou sonoramente pelos cerros próximos e foi chegar à cidade. 

[SEREIA — SIRENE — TROMPA — Aparelho que produz um som forte e estridente utilizado como sinal de alarme ou aviso. A sereia pode funcionar por meio de vapor, ar comprimido ou eletricidade. Normalmente é usada em emergências ou como alerta de nevoeiro. Os apitos de sereia são usados para aviso em operações de reboque e como sinal de socorro de embarcações e navios em perigo. Para além dos navios, os faróis empregam sereias em circunstâncias de nevoeiro, para aviso à navegação da proximidade da costa. As sirenes dos faróis são também conhecidas como trompa e ronca. Nos veleiros a sereia costuma ser colocada no mastro do traquete, acima dos curvatões, livre do aparelho do navio. As palavras sereia, sirene e sirena estão relacionadas com os seres mitológicos – sereias – que supostamente atraem os navegantes com o seu canto. O vocábulo tem origem no grego seirén, pelo latim sirene, «sereia, divindade marítima».

Referências:

ESPARTEIRO, António Marques – Dicionário Ilustrado de Marinha. 2.ª ed. Lisboa: Clássica Editora, 2001. ISBN: 972-561-325-2.

Revista da Armada, N.º 216 / Dezembro 1989. Publicação oficial da Marinha. Administração Central de Marinha. Lisboa.

Revista da Armada, N.º 233 / Junho 1991. Publicação oficial da Marinha. Administração Central de Marinha. Lisboa.

Revista da Armada, N.º 241 / Março 1992. Publicação oficial da Marinha. Administração Central de Marinha. Lisboa.

FIGUEIREDO, Cândido de – Novo dicionário da língua portuguesa. Lisboa: Arthur Brandão & C.ª, 1913.

Fontes: 

http://www.infopedia.pt/ 

https://www.priberam.pt/ 

http://michaelis.uol.com.br/ 

http://www.aulete.com.br/ 

http://www.estraviz.org/ 

Imagens:

NRP Bartolomeu Dias, NRP Auriga, NRP Oríon; ©2009-2012 Francisco Santos.

Publicado 3rd July 2018 por Francisco Santos. https://salvador-nautico.blogspot.com/2018/07/sereia-sirene-trompa.html].

Pouco depois ouvíamos outro rouco som; era uma resposta!

Uma hora depois, quando muito, surgiu na barra uma lancha, rebocando um esguio “iate”. 

Passaram perto de nós com os cumprimentos do estilo e foram mais além onde o rebocador deixou a embarcação e voltou, vindo colocar-se ao lado do «Saturno».

Prases em alemão foram trocadas entre o comandante do nosso paquete e o pessoal do rebocador. 

Este dirigiu-se para a barra, sondou os canais e nos fez sinais de passagem franca. 

O «Saturno» moveu-se, acompanhando a esteira da lancha; roçou umas três vezes a areia do fundo do mar, mas transpôs a barra em poucos minutos. 

A perigosa e terrível barra foi transposta sem dificuldade!

O que se passava, porém, não podia deixar de ser percebido por nós. 

Passageiros comentávamos o caso. 

Alguns julgavam-n'o desrespeito à autoridade brasileira.

A Atalaya, no cumprimento do seu dever, negara que houvesse água para o navio transpor a barra, entretanto, o comandante, marinheiro estrangeiro, desobedecendo às ordens existentes, fizera o navio seguir avante, não obstante a proibição! 

A barra, entretanto, foi facilmente transposta. 

Um passageiro, general do nosso Exército, não se pôde conter ante o que se passava e, ao ver o comandante, junto a nós, perguntou: 

  • Então, comandante, vamos transpor a barra? 

  • Sim, respondeu o velho lobo-do-mar, não vê que o nosso rebocador sonda e nos indica passagem? 

  • Mas, obtemperou o general, vai pagar multa por assim proceder! 

  • E' verdade, mas isso nos convém mais. Gastaremos mais de dois contos de réis por dia que permanecermos aqui fora. E quantos dias assim levaremos? Ao passo que, entrando, desobedecendo à Atalaya, pagamos uma multa de 200$000. Vale muito mais a multa. Preferimos pagá-la. Amanhã já poderemos prosseguir a nossa viagem. 


E, calmo, serenamente, seguiu o seu caminho, o comandante! 

Risonho! 

Talvez irônico! 

Mas cônscio do bom desempenho das suas funções! 

Nós brasileiros, porém, ficamos a raciocinar sobre o que viramos.

Sim!

A Atalaya negava água, quando, entretanto, ela não faltava! 

Se permanecêssemos fora da barra, passando aí a noite, o pampeiro que domina a miúdo estes mares do sul podia conosco repetir as cenas torturantes e trágicas do «Rio Apa» e de tantas outras embarcações que foram sacrificadas. 

[ALVES (2013) menciona que os ventos na região do Rio Grande são repentinos e violentos, especialmente em uma área da costa que se estende do porto da Laguna até o do Rio Grande. Essa condição climática é descrita como ameaçadora, prometendo um naufrágio provável a qualquer embarcação que se aproximasse da costa. Os ventos são caracterizados como caprichosos, e a intensidade deles pode causar mudanças rápidas nas condições do mar, tornando a navegação extremamente arriscada. Além disso, os ventos e as ondas têm um papel significativo na dinâmica da navegação, afetando a segurança e a acessibilidade do porto].

[ “O vento. Na costa do Rio Grande do Sul, um dos ventos predominantes é o chamado "carpinteiro da praia", ou simplesmente "carpinteiro", o qual sopra do oceano para o continente perpendicular à costa, vindo do sudeste. À época do naufrágio, os "Carpinteiros" eram difíceis de serem previstos devido à ausência de ilhas em que se pudessem organizar estações de observação meteorológica. Naquela madrugada fatídica, o litoral sul do Brasil enfrentou uma das mais violentas tempestades do final do século XIX, registrada pelos meteorologistas e observadores do tempo da ocasião. Segundo pescadores e moradores próximos a Bojurú e São José do Norte, os ventos na madrugada daquele dia eram quase "ciclônicos" e ondas que ultrapassavam os seis metros”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Naufr%C3%A1gio_do_Rio_Apa  . “Porém, no Rio Grande do Sul, a intensidade das frentes frias - com ventos que ampliam a energia das ondas, em função de ciclones extratropicais - potencializam o efeito. (...) Moradores apontam vento pampeiro como responsável. Porciúncula já sabe quando o fenômeno ocorrerá. Basta que o vento saia da direção sul e entre em sudoeste para o fenômeno se iniciar. Apelidado de vento pampeiro pelos moradores, ele nem precisa ser forte para provocar a alta da maré. Em 2011, porém, o pampeiro soprou mais forte e chegou derrubando muros, carregando eletrodomésticos, engolindo portas e janelas. Estudo aponta que erosão encolhe a Praia de Hermenegildo, no extremo sul do Estado.

No balneário, em Santa Vitória do Palmar, cerca de 30 casas já sucumbiram à força da água;17/07/2011 - 00h00min; atualizada em 17/07/2011 - 00h00min. https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2011/07/estudo-aponta-que-erosao-encolhe-a-praia-de-hermenegildo-no-extremo-sul-do-estado-3395709.html  . “Bem nos primórdios do século XIX, o navegador William Grant observava sobre a costa rio-grandense que, aí se achando um navio, estaria num local onde nenhum outro vento seria mais perigoso para o mar do que aqueles que ali reinavam, de modo que, para com segurança alcançar a terra, se deveria velejar fazendo sondagens, embora tal intento não fosse conseguido com facilidade, podendo-se também reconhecer terra por diversos grupos de árvores que ali apareciam, além de casas que seriam avistadas [Instruções náuticas para o porto do Rio Grande do Sul por diversos navegantes (1802- 1855). In: MINISTÉRIO da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Melhoramento da barra do Rio Grande do Sul – Relatório apresentado ao Governo Imperial – Comissão de Melhoramento da Barra do Rio Grande do Sul – Apêndices. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1883. p. 3-4; BARRETO, 1973, v. 1, p. 602-603] . Era uma continuidade das descrições e narrativas que já se desenvolviam desde a centúria anterior, com o início da ocupação portuguesa em terras gaúchas. (...) Um dos poucos registros iconográficos sobre o Rio Grande nas primeiras décadas do século XIX foi realizado pelo pintor francês Jean-Baptiste Debret, renomado artista que teve destacada atuação no Brasil dessa época. Debret esteve no Rio Grande do Sul e realizou alguns registros sobre a cidade do Rio Grande, com destaque para as visões acerca do seu litoral. Dentre as gravuras elaboradas sobre a vila do Rio Grande, uma delas mostrava em primeiro plano a ponta da Macega e, logo em seguida, os armazéns e sobrados recentemente construídos na Rua Nova das Flores, e atrás, a Rua da Praia, ficando bem visível a Matriz de São Pedro [BARRETO, 1973, v. 1. p. 395-401; DEBRET, Jean-Baptistte. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. São Paulo: Martins, 1940. O francês Jean-Baptiste Debret (1768- 1848), reconhecido artista europeu, acompanhou a ação cultural da “missão francesa” que veio para o Brasil no período joanino. Debret permaneceria quinze anos no Brasil, acompanhando o processo de formação do Estado Nacional. Prestou auxílio na criação da Escola de Belas Artes, na qual atuou como docente e pintou uma vasta obra sobre a vida na Corte, bem como sobre aspectos variados de algumas das províncias brasileiras. Tudo indica que o artista francês esteve por duas vezes no Rio Grande do Sul, a primeira em 1816, logo após a sua chegada ao Rio de Janeiro, acompanhando a divisão de voluntários destacada para o combate a Artigas no Uruguai, e a segunda, muito provavelmente em 1825, ano em que assinaria várias aquarelas sobre São Paulo e Rio Grande do Sul. Na obra de Debret sobre as terras sulinas, várias facetas da sociedade sul-rio-grandense seriam por ele captadas e posteriormente registradas em publicação que lançaria a respeito do Brasil]. A paisagem pintada por Debret constituiria um dos registros pictóricos mais antigos da interface rio-grandina para com as águas, apresentando já significativo movimento de navios. A imagem reproduzida pelo pintor francês mostrava o core rio-grandino visto do norte, no qual as velas de numerosas embarcações davam no primeiro plano a medida da principal atividade urbana e escondiam os inúmeros trapiches que povoavam a recém-aberta Rua da Boa Vista [COPSTEIN, Raphael. Evolução urbana de Rio Grande. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, n. 122, p. 62, 1982] . Outra pintura apresentava um barco adentrando pelo litoral rio-grandino, com a presença das areias tomando conta da paisagem. Ainda levando em conta os motivos náuticos, o artista mostrava duas embarcações passando por dificuldades ao enfrentar um vento “pampeiro”. (...) Nessa época, a vila do Rio Grande seria descrita por um dos viajantes europeus que mais tempo permaneceu na província, o militar e depois comerciante Nicolau Dreys [DREYS, Nicolau. Notícia descritiva da Província do Rio Grande de S. Pedro do Sul. Rio Grande: Biblioteca Rio-Grandense, 1927. p. 10-13, 18-21 e 104-107. O francês Nicolau Dreys (1781-1843) atuou como militar e funcionário público em seu país natal, de onde teve de retirar-se por questões políticas, deslocando-se para o Brasil em 1817. Permaneceu pouco tempo no Rio de Janeiro, vindo para o Rio Grande do Sul, onde moraria por uma década, entre 1818 e 1828, depois empreendeu novas viagens, até se fixar no Rio de Janeiro, onde faleceria. Nas terras meridionais do Brasil, usaria sua experiência militar para ingressar nas forças de combate a Artigas, mas foi às lides comerciais que efetivamente dedicou-se (BARRETO, 1973, v. 1, p. 452-455). Seus escritos acabariam originando a obra Notícia descritiva que apresenta uma visão bastante simpática para com os sul-rio-grandenses] , que morou por uma década no Rio Grande do Sul. Suas descrições sobre a localidade são aproximadamente da metade da década de vinte, demonstrando bastante expectativa para com a comuna portuária. Ainda assim, não deixava de salientar que os mares do Rio Grande foram sempre objeto de pavor, pelo menos de inquietação para os navegantes, mormente para os estrangeiros, de modo que a navegação nestas paragens não era sem dificuldades, nem mesmo sem perigos. Explicava que, nesta vasta extensão de costa, não havia lugar algum em que o mar não rebentasse com violência, e do porto da Laguna até o do Rio Grande, nenhum abrigo se oferecia ao navegante, num quadro em que a costa, tristemente nua, seca, ameaçadora, prometia um naufrágio provável a qualquer embarcação que quisesse chegar a ela e qualificava de infeliz aquele que fosse surpreendido à vista de terra pelos ventos, tão repentinos como violentos nesses climas caprichosos, mormente na espécie de enseada que formava a costa pelos 30° 40' de latitude, posição na qual o sinistro seria quase inevitável. Segundo o escritor francês, os mares do Rio Grande eram geralmente pouco profundos – condição ordinária de todos os mares contíguos a costas baixas e arenosas – daí resultando que, na ocasião das tempestades, o mar parecia abalado até suas profundezas; nessas circunstâncias, ele perdia sua tinta azulada e tomava uma cor pálida, como de mistura de barro e areia, suas ondas revolviam-se em vagalhões imensos, que limitavam o horizonte às cintas do navio, e se precipitavam uns sobre os outros na direção das correntes, as quais aceleravam também sua rapidez, na razão da intensidade dos ventos que as regulavam, e do pouco volume das águas que obedeciam ao seu impulso. A respeito das condições portuárias rio-grandinas, explicava que havia poucos anos o porto do Rio Grande era simplesmente assinalado ao navegante por um mastro grosseiro, que ainda podia ser visto curvado pelos ventos, na extremidade das areias da ponta setentrional; porém, o progresso dos melhoramentos em todos os ramos da administração pública e a índole industriosa dos habitantes do país não poderiam deixar de remover tão precária e incompleta forma do mais útil estabelecimento. Assim, naquele tempo, a barra do Rio Grande manifestava-se ao navegante pela torre da Atalaia, a qual, à distância em que a terra ainda não se avistava, levantava-se no horizonte como se surgisse do seio das águas; a entrada era circunscrita por bancos de areia dura, sobre os quais o mar rebentava com fúria, e entre eles estava o canal de navegação, considerado estreito em demasia. A baixa profundidade dessas águas se tornaria tema recorrente nos escritos de Dreys. (...) Para Nicolau Dreys, o porto de São Pedro era mais seguro que o da vila de São José do Norte, onde costumavam fundear as embarcações de lote grande, sendo o mesmo uma criação também recente, inteiramente devida ao ânimo e aos sábios cálculos dos riograndenses, uma vez que ninguém, nessa parte da América, se tivera ainda lembrado de aplicar aos portos os processos hidráulicos pelos quais se aprofundavam e se mantinham alguns portos do velho hemisfério, quando os negociantes da praça mandaram vir e puseram em atividade nos baixios do Rio Grande uma máquina especial, conseguindo, por meio dela, desentulhar os canais que circulavam entre os bancos de areia e abrir às embarcações carregadas um caminho fácil, até então desconhecido e considerado, na opinião de todos, como impraticável. Em época bem próxima a essa narrativa, o militar suíço-alemão Carl Seidler [SEIDLER, Carl. Dez anos no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980. p. 102. O suíço-alemão Carl Friedrich Gustav Seidler veio para o Brasil para lutar ao lado do exército imperial na Guerra da Cisplatina. Nos dez anos que permaneceu no Brasil, a partir da segunda metade dos anos vinte, acompanhou fragmentos do cotidiano e da vida social brasileira, desenvolvendo uma narrativa que bem captou detalhes intrínsecos à sociedade gaúcha. No Rio Grande do Sul, onde esteve desde a virada de 1826 para 1827, deixou significativo depoimento acerca das realidades vivenciadas, o qual consiste numa crônica social da época no Rio Grande do Sul, desenvolvida à medida que sua tropa se aquartelava ou acantonava em diferentes pontos da província. Em sua obra, Seidler deixou uma excelente reportagem dos hábitos rio-grandenses no início do século XIX (BARRETO, 1976, v. 2, p. 1251-1252)] também faria referências ao Rio Grande, considerando-o como o único porto marítimo da província em que se encontrava melhor produto de vida, conhecendo-se regularmente as comidas europeias e sua preparação. Apontava para os muitos navios norte-americanos sempre ali ancorados, além de holandeses, ingleses e franceses, que vinham ao Rio Grande e abasteciam a comuna, e através dela a província, em produtos europeus, num contexto em que hamburgueses, e, de modo geral, alemães, eram raros, pois que tão longa viagem só costumava ser feita em grandes navios de três mastros e estes não podiam entrar no porto, devido às areias tocadas pelo vento, que iam cada vez mais reduzindo a profundidade. (...) Na virada da década de sessenta, um dos estudos mais completos sobre a costa rio-grandense seria produzido pelo cônsul britânico Henry Prendergast Vereker, figura que mais tarde teria papel decisivo no desenrolar dos acontecimentos que levariam à ruptura diplomática entre Brasil e Inglaterra, no episódio conhecido por Questão Christie. Tendo vivido algum tempo na cidade portuária, o representante britânico organizaria um manual para os navegantes, buscando descrever detalhadamente seu objeto de estudo a partir da leitura do material existente e das observações in loco. Um de seus mais significativos avisos era de que, na costa do Rio Grande, a máxima atenção deveria ser dada para o acerto da posição do navio em latitude e longitude, pois havia poucas partes do mundo que exigiam tanta certeza dos cálculos de posição. Constituindo um livro essencialmente técnico, a obra de Vereker abordaria questões como as modificações de posição na barra, bem como a sua profundidade e a dos canais, os deslocamentos dos bancos de areia, as possibilidades de socorro e as melhores condições para adentrar a barra e chegar até o porto. O cônsul manifestava a pretensão de que suas observações se mostrassem úteis para os navegantes britânicos e outros interessados no comércio marítimo do Rio Grande do Sul, e que elas pudessem colaborar, mesmo que em pequena medida, na promoção desse comércio [VEREKER, Henry Prendergast. The British shipmaster’s hand book to Rio Grande do Sul. London: Effingham Wilson, Royal Exchange, 1860. p. 16; VEREKER, Henry Prendergast. Vereker, 1860: roteiro da costa do Rio Grande do Sul. Tradução: João Reguffe. Rio Grande: Ed. da FURG, 2001. p. 30-58. O britânico Henry Prendergast Vereker (1824-1904) era de ascendência nobre e bacharelou-se pelo Trinity College, em Dublin. Atuou na cidade do Rio Grande como cônsul e agente postal a serviço de seu governo. Ficou mais conhecido a partir da Questão Christie, que levou à ruptura diplomática entre Brasil e Inglaterra, tendo ele, participação decisiva numa das facetas que marcou o episódio, quer seja, o naufrágio do navio Prince of Wales, sendo este, inclusive, um dos motivos de seu afastamento do Rio Grande, em 1864. Antes, porém, de seu envolvimento naquele incidente, o representante britânico realizou diversos estudos sobre a costa a rio-grandense (como também o fez em relação ao litoral paranaense). Obteve o grau LL.D. (doutor em leis), sendo eleito Fellow da Royal Geographical Society de Londres. Na década de cinquenta realizou os estudos e elaborou os escritos que resultariam, em 1860, na publicação de um roteiro sobre a costa. Na sua obra, Vereker fez um estudo sobre o litoral gaúcho, a partir das próprias observações e das fontes então existentes, preocupando-se em destacar, entre outros assuntos, rotas de navegação, ventos, faróis, sondagens, bancos de areia, ancoradouros, portos, sinalizações, comunicações e providências em caso de acidente, bem como as praxes comerciais (BARRETO, 1976, v. 2, p. 1388-1389)]. (...) Hawkshaw informava que na cidade construíra-se um cais de granito em frente à alfândega, prosseguindo a construção de outro no litoral, tendo sido praticadas algumas dragagens no Canal da Barca e em frente à cidade, uma vez que este era ainda estreito, tortuoso e de pouco fundo. Segundo o engenheiro, a principal necessidade do porto seria melhorar a barra, obtendo-se maior profundidade de água e mais segurança para os navios que a demandassem. Apontava a existência de vários relatórios sobre os melhoramentos do porto, como os projetos de Gomes Jardim e Raja Gabaglia, os quais não apresentavam plano satisfatório para melhorar a barra, limitando-se principalmente ao melhoramento dos canais interiores. Havia também o estudo de Carlos Neate, o qual não chegara a apresentar um projeto, e o de Antonio Moreira César, que projetara um porto no Canal da Mangueira, ao sul de São Pedro, o qual teria por vantagem evitar-se o Canal da Barca e proporcionar abrigo aos ventos nordeste e noroeste. A respeito desse último plano, discordava, duvidando muito que fosse prudente remover cais e porto para tão longe das casas comerciais estabelecidas em São Pedro. Citava a solução apontada pelos Viscondes de Inhaúma e Tamandaré e por Henry Law, da edificação de um porto em Torres, como alternativa às dificuldades de acesso à barra rio-grandina, bem como a ideia de Sebastião Antonio Rodrigues Braga e José Dias da Cruz Lima, que teriam proposto a construção de um caminho de ferro de Porto Alegre a um ponto do canal entre a ilha de Santa Catarina e o continente, no intuito de atrair para aquela direção o comércio da província gaúcha. Em relação a este último o consideraria de alguma sorte adequado à solução do estabelecimento de um porto da costa rio-grandense. (...) Outro testemunho de autoria de um estrangeiro, já nos anos oitenta, registraria algumas perspectivas acerca do litoral riograndino. Era o italiano Enrico Ambauer (assinava Henrique Schutel), que atuou como professor e residiu por vários anos no Rio Grande, tendo escrito A Província do Rio Grande do Sul: descrição e viagens [AMBAUER, Henrique Schutel. A Província do Rio Grande do Sul: descrição e viagens. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, t. 51, 2ª parte, 1888. p. 25-33. O italiano Enrico Ambauer (1840-1899) atuou como professor de música e residiu por vários anos no Rio Grande do Sul. Sua obra constituía uma exposição sumária, abrangendo quase tão somente a zona litorânea do Rio Grande do Sul, num quadro em que a parte sul dessa zona era conhecida do autor, que teve por longos anos uma casa de música na cidade do Rio Grande; no que tange à parte norte, valeu-se de escritos anteriores, dos quais inclusive transcreveu longos trechos. Quando de sua presença na cidade do Rio Grande, chegou a organizar um projeto de colonização do município, o qual foi publicado em 1883 (BARRETO, 1973, v. 1, p. 37-38)]. Afirmava que a costa gaúcha era baixa, árida, monótona e triste, a qual o cauteloso navegante evitava se não se dirigisse ao único ponto acessível, uma vez que as correntezas, os ventos, os descuidos e as espertezas vinham dando a essa costa e ao seu porto uma reputação pouco lisonjeira, de modo que todas essas circunstâncias vinham retardando o desenvolvimento da navegação de alto bordo para a província, impedindo assim que ela tomasse rapidamente o grau de adiantamento que poderia atingir. Explicava que dificultavam a entrada da barra dois bancos que lhe obstruíam a entrada, formando-se entre eles um canal mutável segundo a direção mais longa dos ventos e correntezas. Considerava que a massa das águas que escoava pela barra do Rio Grande seria mais que suficiente para haver um canal de franca navegação, se ela não tivesse perdido o declive nos dois lagos internos e na bacia que os recebe. Apontava também que o nivelamento, que formava esse espraiamento das águas fluviais, paralisava algum tanto o seu curso e apenas o escoamento com diminuta força permitia a conservação desse pequeno canal da barra. (...) Ambauer prognosticava que seria de se desejar que, para o futuro, se encontrasse meio de aumentar a profundidade do canal, de modo que a província do Rio Grande pudesse ter a afluência de uma navegação mais desenvolvida, enriquecendo-se na grande permuta internacional. O autor elogiava o serviço de praticagem da barra, descrevendo o equipamento que se encontrava à sua disposição. Destacava que o lado oposto da bacia era o ancoradouro dos navios que entravam ou saíam à barra sem que necessitassem esperar bom vento ou profundidade das águas, havendo ali um extenso trapiche que conduzia à terra, estando logo na entrada, à direita, a repartição marítima, em cuja frente estavam os mastros de sinais, convencionados com a Atalaia. Comentava que, comercialmente, a cidade do Rio Grande deveria ser considerada como o entreposto geral, sendo o ponto para o qual convergiam tanto o comércio exterior como o interior. Descrevia ainda que a parte mais importante da cidade era o seu litoral, em linha quase reta, de leste a oeste, onde apareciam duas linhas de embarcações que corriam na mesma direção, deixando entre si um canal de poucas braças de largura, por onde transitavam as embarcações que demandavam o ancoradouro. Informava ainda que possuía a cidade uma alfândega e um excelente cais para o serviço da mesma. E conjecturava que seria fora de dúvida que a cidade do Rio Grande seria uma das mais importantes das do Sul da América, quando um caminho de ferro a ligasse com a fronteira da província. Em época próxima, o Rio Grande seria descrito pelo naturalista norte-americano Herbert Smith [SMITH, Herbert H. Do Rio de Janeiro a Cuaibá: notas de um naturalista. São Paulo: Melhoramentos, 1922. p. 23-27. O norte-americano Herbert H. Smith (1851-1919) era naturalista e realizou expedições a várias regiões brasileiras nas décadas de setenta e oitenta do século XIX. De suas viagens resultaria a elaboração de vários papers, muitos deles editados na publicação The American Naturalist. Em alguns desses escritos, Smith fez registros sobre o Rio Grande do Sul, onde esteve em 1882 e 1883, desenvolvendo um critério mais jornalístico do que geográfico, ainda que abordasse diversos temas com enfoque “científico” para os padrões da época. Também em sua obra sobre a viagem do Rio de Janeiro ao Mato Grosso, houve um espaço destinado ao Rio Grande do Sul, mantendo seu estilo ameno e elucidativo (BARRETO, 1976, v. 2, p. 1287-1288)], que dava uma visão panorâmica a respeito do litoral sul-rio-grandense, enfatizando o regime das águas, os ventos, as ondas, as correntes oceânicas, a ação das areias e os tipos de embarcação que poderiam frequentar a região. Segundo ele, o trabalho de melhorar a barra do Rio Grande limitava-se a dragagens e ao estreitamento artificial do canal, argumentando que lhe faltava competência para julgar do valor dessas obras e decidir se os obstáculos e inconvenientes eram ou não superáveis, uma vez que nem mesmo os mais distintos engenheiros estariam de acordo a esse respeito. Argumentava que não havia como duvidar que tal questão era muito séria para o comércio, pois de Santa Catarina quase até Montevidéu a costa não possuía outro ponto que, mesmo por figura de retórica, se pudesse chamar porto, e os perigos da navegação eram bem visíveis nos numerosos destroços encontrados a cada canto, restos medonhos dos temidos pampeiros do sul e do ainda mais terrível “carpinteiro”, vento de leste, assim chamado porque juncava as areias de vigias e tábuas. O estudioso estadunidense descrevia que, por trás das dunas, quase sem comunicação por terra, ficava uma das mais prósperas e progressistas províncias do Brasil, cujo comércio estava completamente à mercê desses trabalhadores irrequietos – os ventos e as ondas –, num quadro em que uma mudança temporária de correntes, um vento continuado, poderiam segregar o Rio Grande do comércio do mundo. Afirmava que, mesmo em circunstâncias normais, os meios de transporte andavam mutilados, já que grandes navios não podiam nunca passar a barra, e os que calavam mais de três metros eram muitas vezes expostos a demoras longas e vexatórias. Citava o exemplo de uma barca inglesa que estivera presa no Rio Grande quase um ano inteiro, de 1880 a 1881, pois durante longo tempo a barra lhe fora inabordável, até que um dia, enfim, houve água suficiente, levantando-se âncora a toda pressa, e a embarcação moveu-se, mas apenas chegou à barra, desceu a água e foi obrigada a voltar, tendo surgido o boato de que o capitão ficara doido em consequência da decepção. (...) Outro estudo técnico da lavra de um especialista estrangeiro foi empreendido pelo engenheiro holandês Pieter Caland que, contratado pelo Governo Imperial, em 1885, organizou relatório sobre a questão do acesso no litoral sul-rio-grandense [o holandês Pieter Caland (1826-1902) tinha larga experiência em obras hidráulicas, sendo considerado um renomado especialista. Tendo aceitado a incumbência, o Inspetor Chefe do Waterstaat da Holanda chegou a 15 de agosto ao Rio de Janeiro e em setembro do mesmo ano ao Rio Grande do Sul. Durante sua estada em terras sulinas, estudou o litoral rio-grandino, afirmando ter se servido de todos os meios que estavam à sua disposição, apresentando um relato de suas considerações, manifestando a esperança de que seu trabalho pudesse contribuir de algum modo para a solução da importante questão de que tratara e, consequentemente, para o bem-estar do país. CALAND, Pieter. Amélioration de la Barre de Rio Grande do Sul – Brésil: rapport presenté au Gouvernement Brésilien. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1886. p. 5-48; e BARRETO, 1973, v. 1, p. 252-253]. Ao introduzir o assunto em pauta, Caland destacava que para empreender sua análise fora necessário um conhecimento profundo das especificidades do local onde deveria ser empreendido o melhoramento, o que exigira observações continuadas durante um período mais ou menos longo e abrangendo uma grande série de pontos, havendo também a necessidade de um grande cabedal de experiência e de muita prudência ao mesmo ponto, a fim de se deduzir desses estudos os resultados justos, sem se deixar desviar do caminho a seguir para atingir o fim desejado. Dessa maneira, de posse dos estudos até então entabulados e depois de um exame indispensável do local, elaboraria seu projeto. Diante da proposta de trabalho, o especialista passava a arrolar suas observações advindas do estudo da barra, envolvendo temas como a ação dos ventos e das correntes, as mudanças contínuas de posição, a constante agravação da situação e o caráter da barra naquele preciso momento, chegando a prever que o difícil estado de coisas, em vez de melhorar, tendia a agravar-se no futuro. Estabelecidas as premissas iniciais, o engenheiro holandês passava a apontar os quesitos técnicos de suas conclusões. No que tange à questão da direção dos molhes, considerava que ela teria como consequência subtrair o novo canal à ação dos ventos reinantes, o que exerceria influência salutar sobre o livre exercício das correntes no canal e facilitaria a navegação, de modo que as obras de arte tendo por fim concentrar as correntes nessa direção teriam de ser dois molhes ligados à praia e avançando para o mar, por cima das cristas dos bancos, até uma certa profundidade fora da barra. Quanto à extensão dos molhes, conforme as profundidades do momento, deveriam ter por comprimento 4.960 metros para o de oeste e 3.350 metros o de leste. No que se refere à construção dos molhes, chamava atenção para o terreno formado por areia excessivamente fina, de modo que seria indispensável o emprego de materiais de peso considerável, como blocos de pedra de maior ou menor dimensão, que também pudessem resistir ao embate das ondas. Para a fixação desses blocos, indicava a colocação de uma ou várias camadas de obras de faxina, além de estacadas. O perfil transversal dos molhes e a formação do novo canal também foram temas abordados no relatório do especialista”. Fonte: ALVES, Francisco das Neves. O olhar estrangeiro sobre o Porto do Rio Grande. Historiæ, Rio Grande, v. 4, n. 1, p. 9-35, 2013. Disponível em: https://periodicos.furg.br/hist/article/download/4121/2499/11587 .

Acesso em: 5 agosto 2024].

O ato do marinheiro estrangeiro, desobedecendo à autoridade brasileira, trazia grande economia à Companhia e (quem sabe?) talvez também nos tivesse salvo de uma morte horrorosa, si durante a espera o “pampeiro” dominasse nas negras horas da noite.  

É o caso de dizermos: ... à quelque chose malleur est bon! [https://fr.wiktionary.org/wiki/%C3%A0_quelque_chose_malheur_est_bon  . “Às vezes o infortúnio nos dá vantagens que não teríamos sem ele”].

O que se passava era a demonstração clara da falta de cumprimento do dever por parte do pessoal da Atalaya. 

Mentia-se, pois mentirosa era a negação dada, em caso tão serio, em caso de alta responsabilidade. 

Mentia-se à custa da vida de centenas de pessoas que podiam ser vitimadas como tantas outras o haviam sido em outras ocasiões. 

Outrora o serviço era mais serio e criteriosamente desempenhado. 

Duas ou três dragas, do nascer ao pôr do sol, sondavam, sem parar, sem intermitências, os canais, indicando ao navegante o melhor deles a seguir. 

Não vimos, nós, os passageiros do «Saturno», nenhuma dessas embarcações, secundando a Atalaya em sua função de sondar a barra. 

Em que se baseava ela então para persistir em nos negar a entrada? 

Felizmente a capacidade administrativa da Companhia estrangeira sabia evitar maiores males. 

E dizer que essa negativa por parte da Atalaya vinha sendo repetida por muitos dias! Para atestá-lo, bastava olhar aqueles navios que em linha de batalha aguardavam, pacientemente, a hora almejada de ter a barra água suficiente para poderem transpô-la. 

Felizmente passamos os canais, roçando só e mui ligeiramente dois ou três bancos de areia. Sempre, aliás, assim acontece. 

E' sempre e naturalmente assim. 

As embarcações resvalam rapidamente sobre uns dois ou três bancos, pois eles se acumulam e desfazem de minuto em minuto, deslocando-se de um para outro ponto. Não fora o procedimento da Atalaya e muitos dos navios estrangeiros que passam ao largo dariam entrada no porto, fazendo dele ponto de escala obrigatório em forte intercâmbio comercial. 

Em geral, chegam à barra, não obtendo licença, seguem imediatamente para o Rio da Prata. 

Muito sofria o Estado do Rio Grande com tão péssimo serviço.

Em pouco tempo, uma hora mais ou menos, o «Saturno» percorreu a distância através o extenso canal balizado e chegou em frente à cidade. 

A passagem do canal não deixa de impressionar. 

De distância em distância estão colocadas boias munidas de pequenos sinos os quais, agitados pela brisa, soam plangente e dolorosamente aos ouvidos do viajante. 

O tempo prometia mudança. 

Nuvens escuras pairavam na abóboda celeste; havia um certo quê de sombrio que muito contribuía para nos entristecer, presos ainda a pensamentos sobre o «Rio Apa», o «Solimões» e tantos outros, desaparecidos no pélago profundo destes mares do sul. 

O trecho que' da barra vai à cidade apresenta golpe de vista magnífico. 

Impropriamente chamado Rio Grande, ele, entretanto, não passa de um canal que leva ao oceano as águas da lagoa dos Patos. 

E' bela a perspectiva que se desfruta nesse trajeto de cerca de 40 quilômetros, desde a barra à cidade. 

Percorrido o canal, enfrentamos o porto, esperando as visitas obrigatórias da Saúde, Polícia e Alfândega, que não deixaram, como de praxe, de se fazer esperar por muito tempo. 

Não atracando ao cais o «Saturno», foi pouco agradável o desembarque dos passageiros. 

Nesta parte da bela cidade já o movimento é intenso, não tanto quanto o de Santos, mas já merecedor de lhe ser considerado bem aproximado. 

Na margem oposta à cidade do Rio Grande acha-se a vila de S. José do Norte, a qual tem 1300 habitantes e está colocada sobre a restinga ou faixa de terra que separa a lagoa do mar. 

Desde a barra do Rio Grande até à foz do Guahyba, perto de Porto Alegre, ha uma extensão de 396 quilômetros. 

O grande baixio que forma a parte oriental da lagoa possue terras exclusivamente de campos que formam o município de São José do Norte, com uma área de 4026 quilômetros quadrados e uma população de 9000 habitantes. 

A cidade do Rio Grande possue 25 mil habitantes.

Está edificada à margem ocidental do rio-canal, na extremidade de uma península, sobre a qual assenta todo o município. 

Cidade plana, tem ruas largas e bem calçadas. 

Possue belos edifícios, estabelecimentos comerciais de grande importância e bons hotéis. 

Da cidade do Rio Grande parte a estrada de ferro circular que, tocando nas cidades de Pelotas, Bagé, S. Gabriel, Santa Maria, Rio Pardo e Cachoeira, com percurso de mil quilômetros, vai a Porto Alegre. 

De Santa Maria parte o tronco que, atravessando os Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, chega ao Rio de Janeiro. 

De Cacequi, pequena povoação, perto de Santa Maria, um ramal vai a Uruguaiana, passando por Alegrete. 

De Uruguaiana, atravessando-se o rio Uruguai em pequenas embarcações, alcança-se a cidade argentina de Paso de los Libres, de onde, por ótima estrada de ferro, se vai a Buenos Aires ou a Monte vídeo e mesmo a Comentes, em direção à República do Paraguai e ao nosso Estado de Mato Grosso. 

No município do Rio Grande ha perto de cinquenta fábricas, entre as quais distinguimos algumas para tecidos, conservas alimentícias, biscoitos, charutos, fósforos, cerveja, sabão, tijolos de cimento, louças de barro, etc

Na cidade, além das grandes casas importadoras e algumas, bancarias, ha filiais do Banco da Província [https://www.facebook.com/beraldo.lopes/posts/um-pouco-de-s%C3%A3o-gabriel-o-nascimento-do-banco-da-provincia-em-s%C3%A3o-gabrielo-banqu/605026806819281/]  e do London & Brazilian Bank

Possue a cidade importante biblioteca e gabinete de leitura. 

O clima é temperado e sadio. 

No trecho da estrada de ferro entre Rio Grande e Pelotas encontramos quatro estações ou paradas denominadas Junção, Quinta, Povo Novo e Capão Secco. 

De Quinta parte uma linha de diligências que vai até Santa Victoria do Palmar, cidade a mais meridional do Brasil, situada na parte sul da lagoa Mirim, no extremo da costa do Albardão e próximo ao arroio Chui, o limite natural do território brasileiro com a República do Uruguai.

Da cidade do Rio Grande a Pelotas dois modos de condução possuímos. 

De trem e por vapor, subindo a lagoa dos Patos. 

A viagem pela lagoa é de agradável efeito pela vista e quadros diferentes que apresenta. 

PELOTAS.

Pelotas é conhecida como «a Princesa do Sul», e cabe-lhe bem tal denominação

A bela cidade assenta à margem Ocidental do rio S. Gonçalo, mais propriamente um sangradouro ou canal, entre os arroios Pelotas, que é navegável até 26 quilômetros de sua foz e Santa Barbara, navegável até 3 quilômetros. 

O São Gonçalo, que recebe o Piratininga, tem 99 quilômetros de extensão e grande profundidade. 

A sua barra, na lagoa dos Patos, no ponto denominado “Seitia”, fica muitas vezes obstruída pelas areias, impedindo a navegação. 

[“No canal da Seitia”.

https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=313394&pagfis=87272  . Almanak Laemmert : Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891 a 1940. Ano 1924\Edição C00080. “(...) e do baixio da Seita, cujo canal a escavar-se tem, 975 metros de comprimento, 60 metros de largura, e 3, 20 de profundidade em águas mínimas. https://planejamento.rs.gov.br/upload/arquivos/201512/29093153-1902-antonio-augusto-borges-de-medeiros.pdf  . “Em 1882, são dados por terminados os trabalhos de desobstrução da barra do São Gonçalo (embora em largura menor do que a estipulada pelo contrato) restando apenas as escavações do canal da Seitia”. https://repositorio.ufpel.edu.br/bitstream/handle/prefix/3735/Dicion%E1rio%20de%20Hist%F3ria%20de%20Pelotas.pdf;jsessionid=05A4B729EB7AC2E4CA43BB5BBBEB193C?sequence=1  . “LXIV. Ao contratante caberá o direito exclusivo da exploração dos serviços de portos e a execução de trabalhos e obras a isso destinadas dentro dos limites aqui designados, que são: toda a zona banhada pelo Canal do Norte desde o baixio da Seitia, este inclusive , até a entrada do mesmo Canal no Oceano , compreendendo todas as suas enseadas e o atual porto da cidade do Rio Grande , bem como 20 quilômetros de costa marítima ao sul e ao norte da embocadura do referido Canal do Norte . § Único . Durante o mesmo prazo o contratante , igualmente , terá direito de preferência, em igualdade de condições , para a construção, uso e gozo de obras congeneres em qualquer ponto da bacia hidrográfica da lagoa dos Patos, cuja concessão de- pende do Governo da União” (p. 635). RELATÓRIO APRESENTADO AO Exmo . Sr. General Salvador Aures Pinheiro Machado, Vice - Presidente , em exercício , do Estado do Rio Grande do Sul PELO DR . PROTÁSIO ALVES, Secretario de Estado , interino , dos Negócios das Obras Públicas EM 9 de setembro de 1916. PORTO ALEGRE, Officinas graphicas d ' «A Federação» 1916.

[https://play.google.com/store/books/details?id=MSFbAAAAYAAJ].

Não é fácil transpô-la, mesmo porque, muitas vezes, os vapores encalham, demorando de alguns dias as suas viagens e alterando-lhes os horários. 

Aliás, esses encalhes são comuns e naturais, repetindo-se por muitas vezes sem maior reparo, pois já estão todos a eles acostumados. 

Pelotas é bela, graciosa e alegre. 

A sua população sobe a 25 mil habitantes. 

Ruas largas, em xadrez, circundadas de edifícios importantes e de construções agradáveis, umas simples, outras ricas, todas apresentando, porém, um conjunto de belo e agradável efeito. 

E', de facto, a«Princesa» por todos elogiada. 

Edificada à margem do São Gonçalo, desse canal se utiliza para suas comunicações, que se estendem através as lagoas dos Patos e Mirim. 

E' uma cidade de muito comércio e de movimento progressista acentuado.

A estrada de ferro que vem da cidade do Rio Grande e se dirige a Bagé e Porto Alegre tem junto a esta cidade uma ponte levadiça, sobre a qual passam os trens e levantada para que pelo canal passem por sua vez os Mates e vapores que trafegam entre as lagoas.

É um melhoramento importante que merece ser citado e o primeiro que observamos desse gênero. 

A área do município de Pelotas é de 2.687 quilômetros quadrados, com uma população de 44 mil habitantes. 

Vastos campos de criação sulcados por diversos rios e arroios e muitos núcleos coloniais tornam o município de grande riqueza. 

Muitas charqueadas e fábricas de produtos bovinos encontram-se nos arredores de Pelotas e por todo o município. 

Quando da lagoa dos Patos se penetra no São Gonçalo, vemos armados às suas margens os extensos tendais sobre os quais milhares de mantas de charque secam ao calor do sol, desprendendo exalações pouco agradáveis

Nada falta a Pelotas para ser considerada cidade importante, adiantada e rica. 

Vastos e importantes estabelecimentos, comerciais e hotéis confortáveis. 

Muitas fábricas constituem a indústria dominante de todo o município. 

O município de Pelotas possue mais de quarenta núcleos coloniais que abastecem largamente o seu comércio de exportação. 

E' fácil e pouco dispendiosa a vida de seus habitantes. 

Originou-se o nome desta cidade das pelotas ou pequenas canoas de couro, usadas pelos primitivos habitantes, para atravessarem o São Gonçalo. 

Antes de 1780, ano em que foi fundada, existia nesse lugar uma grande fazenda de gado e charqueada. 

Na Argentina ouvi estranharem a denominação de Pelotas à nossa cidade. 

De facto, em espanhol, «pelotas» são pequenas bolas elásticas e “péla” o jogo que se faz com essas bolas. [“Jogo da Péla, pêla, pella. Descrição: modalidade desportiva, antiga precursora do tênis; nos finais do século XVI, o jogo da péla era um dos exercícios mais habituais da fidalguia da corte, como demonstra o fato de haver um juiz especial encarregado de manter a sua boa ordenança; era jogado por seis parceiros, estando três em cada lado, com péla de couro que se enchia de ar com uma seringa.

Fontes: Bluteau, 1712-1728, vol. VI, pp. 375-376; Machado, 1996, vol. IV, p. 626; Moraes, 1994, vol. IV, p. 229; Lexicoteca, 1985, vol. II, p. 530. CO. https://www.museuvirtualdalusofonia.com/glossario/jogo-da-pela-pela-pella/ ].

Dejar en pelota é deixar alguém nu. 

Quedar en pelota é ficar nu. 

Mais ainda: uma «pelota» é o mesmo que dizer uma «rameira»! 

Mas, como já disse, as pelotas eram as canoas de couro cru de que se serviam os habitantes daquelas paragens, á margem do São Gonçalo, onde era mais fácil obter um couro que madeira. 

Aliás, no interior do nosso país essas embarcações são comumente usadas nas passagens dos rios quando outro gênero de embarcações lhes falta. 

Deixando Pelotas, tomamos o trem da Viação Férrea Rio Grandense em direção a Bagé, onde devíamos pernoitar. 

Esta estrada está arrendada a uma companhia belga e convém citar o que ocorreu após o seu arrendamento. 

Antes, quando em mãos do governo, o déficit era annual e superior a milhares de contos. 

Arrendada, no primeiro semestre já deixou um saldo superior a 500 contos e logo no ano seguinte mais de 2.000 contos! 

E' o resultado da administração particular. 

Deixando, às 9 horas da manhã, Pelotas, que fica a 55 quilômetros da cidade do Rio Grande, tínhamos de percorrer mais 228 para chegarmos a Bagé, às 5 e 40' da tarde

Poucas estações e todas elas de nenhuma importância como núcleos de população se encontram neste trecho da estrada de ferro; são elas: 

  1. Capão do Leão, 

  2. Passo das Pedras, 

  3. Piratini, 

  4. Basilio, 

  5. Cerro Chato, 

  6. Nascentes, 

  7. Pedras Altas, 

  8. Candiota, 

  9. Santa Rosa e 

  10. Rio Negro. 

Da estação de Cerro Chato parte uma linha de diligências para Nico Perez, na República Oriental, passando por Melo. 

Diversas outras linhas ligam algumas dessas estações às localidades do interior e a outras próximas da fronteira e mesmo a cidades e logares importantes da República do Uruguai. 

De Pedras Altas parte uma linha para as vilas de Cacimbinhas e de Piratini, esta ultima histórica, pois que serviu de capital à República Rio-grandense.

Da estação de Piratini parte uma linha para Arroio Grande, Federação e Jaguarão. 

[“ESTAÇÃO  DE TREM  DE  PEDRO  OSÓRIO: na época da abertura da linha entre Rio Grande e Bagé foi inaugurada uma estação do outro lado do rio Piratini com o nome do rio (Piratini). O povo de Rio Grande começou logo em seguida a organizar excursões para as praias daquele rio utilizando-se de trens especiais entre a cidade e a estação de Piratini. O comércio em ambas as margens começou a prosperar e houve necessidade da construção de uma estação maior, na localidade de Maria Gomes. Com a abertura desta, ela tomou o nome da estação antiga, que passou a se chamar Cerrito, enquanto a nova era chamada de Piratini ou Maria Gomes. Em 1893, a estação já tinha telégrafo Junto à estação, em 1930, também se construiu o prédio da Cooperativa dos Empregados da VFRGS, e mais tarde o da farmácia e o da hospedaria dos técnicos da rede. O nome de Pedro Osório existe já pelo menos desde 1932. Em 1959, foi criado o município, formado pelas vilas de Cerrito e de Olimpo. Em 1982, a ponte sobre o rio Piratini caiu com uma enchente. Quando foi reconstruída, mudou-se o leito da ferrovia, que passou a correr pelo bairro Orqueta e não mais pela estação antiga, desativada. Uma nova estação foi construída na linha nova. Na mesma época, o trem de passageiros foi desativado. Em 2018 a estação desativada servia como centro administrativo da Prefeitura local. (NOTA: NA PESQUISA DO IPHAE HÁ MUITA CONFUSÃO ENTRE AS ESTAÇÕES PEDRO OSÓRIO, CERRITO E OLIMPO. VER TAMBÉM ESTAS OUTRAS ESTAÇÕES CITADAS). https://www.facebook.com/p/Pedro-Os%C3%B3rioRSNoticiasFotos-100066742329756/?locale=pt_BR] .

[“A Estação Piratini, inaugurada no ano de 1884, foi erguida em um terreno doado pelo Cel. José Bernabé de Souza, às margens do Rio Piratini. Com a inauguração dessa estação, as pessoas que viajavam de Rio Grande e Pelotas com destino a Bagé começaram a se interessar pela praia do Rio Piratini, e logo começaram a organizar pequenas excursões em trens especiais que saíam dessas cidades com destino a estação Piratini.  O comércio em ambas as margens começou a prosperar e houve necessidade da construção de uma estação maior, na localidade de Maria Gomes. Quando essa nova estação foi inaugurada (1887), deram a ela o nome de Piratini, fazendo com que a antiga estação, na margem esquerda, passasse a se chamar Estação Cerrito.  

"A respeito da Estação de Piratini, a história conta que quando acabou a Revolução Farroupilha, a cidade de Piratini, que foi Capital da República Farroupilha, foi praticamente abandonada pelo Império e pelo Presidente da Província, como represália. Mas os piratinienses sempre reivindicaram um tratamento melhor, devido ao estado de calamidade, abandono e perseguições por que passava o município.  O Imperador D. Pedro II determinou pessoalmente, então, que a linha férrea - supremo sinal de progresso, no final do século XIX - que ligaria o porto do Rio Grande à fronteira, em Bagé, passasse por Piratini, a fim de reativar o progresso do município.  Os governantes do Estado, em represália, não cumpriram a determinação, e passaram a ferrovia a 70 km de Piratini, à margem direita do arroio Santa Maria, na estação de "Ivo Ribeiro" (hoje Pedro Osório), e a chamaram de Estação Piratini. Assim, conseguiram enganar o Imperador e fizeram um desserviço à Capital da República Riograndense, que ficou uma cidade isolada do resto do Estado" (Do livro Retrato de Mãe, de João José Forni, 1993)”. Inaugurada a Estação Piratiní. Quando:31/Dezembro/1883, 20:53. Por Rodrigo Netto:11/01/2011 21:27. Atualizado em 19/09/2017; 14:41. https://www.pedroosorio.net/inaugurada-a-estacao-piratini

Jaguarão e a vila do Herval são ligadas por uma linha que parte da estação de Basilio. 

Outra linha vai até Melo, na República do Uruguai. 

A estação de Pedras Altas é notável pelo grande estabelecimento agrícola criado pelo Dr. Assis Brasil, denominado Granja. 

"A estação do Rio Negro, celebre na revolta federalista, foi assim denominada por ficar junto às nascentes do rio de igual nome, o qual, passando a fronteira, banha em vasta extensão a República do Uruguai, dividindo o seu território em duas partes iguais e indo lançar-se no rio Uruguai. 

O trecho que percorremos de Pelotas a Bagé estava completamente queimado pela longa seca que assolou o Estado nesse ano

Os campos só apresentavam pedras e cinzas

Tivemos ainda o desprazer de ver uma grande nuvem, de gafanhotos, que, vinda da República Argentina, tudo destruirá desde o Uruguai até Pelotas. 

Os carros do nosso trem eram invadidos pelos daninhos insectos, que faziam grande barulho com o movimento das suas azas e escureciam em muitos pontos a própria luz do sol, deixando-nos mergulhados em meia escuridão. 

Chegados à Bagé, nos aboletamos em hotel localizado na rua principal, mas deixando muito a desejar no que diz respeito à alimentação e acomodações.

BAGÉ.

A denominação de Bagé vem de um índio que aí habitava no século XVIII [Note-se que a ideia de uma “rainha da fronteira” ainda não estava colocada ou anunciada, o que sugere que tal conceito surgiu, de fato, mais tarde].

Bagé é uma das mais lindas e progressistas cidades do adiantado Estado rio-grandense. 

Fica a oeste de Pelotas, da qual dista 228 quilômetros, e à margem direita do arroio Bagé. 

Tem 18.000 habitantes e é iluminada à luz eléctrica.

Dista 645 quilômetros de Porto Alegre.

Ruas largas, cortadas perpendicularmente umas às outras e vastas praças ladeadas de casas confortáveis, elegantes e de Bello aspecto, dão à cidade um tom de superioridade sobre a maioria cias outras que possue o Rio Grande.

A cidade de Bagé, não obstante só possuir 18.000 habitantes, é de grande movimento comercial, e, por isso mesmo, considerada a principal dessa zona da fronteira com a república do Uruguai. 

Ha 14 léguas de Bagé à linha da fronteira, e a povoação Uruguai a que mais perto lhe fica é a cidade de Melo.

A vasta igreja Matriz que se ergue na larga praça é um monumento digno de observação. 

No tempo da revolta federalista, Bagé, núcleo principal dos rebeldes, esteve cercada por forças do governo, e eram constantes os combates e animados os tiroteios entre sitiantes e sitiados. 

A Matriz, dominando de ponto elevado, tornou-se por isso alvo mais fácil às balas dos sitiantes. 

Pois bem: as paredes da igreja foram crivadas de balas. 

São por milhares as perfurações e vestígios que contemplamos ainda agora, já passados tantos anos.

São um verdadeiro crivo as paredes da velha e majestosa igreja. 

Não ha talvez um palmo que não tenha sofrido o efeito das balas, no entanto, a imagem do crucificado ali permaneceu durante toda a guerra, incólume, e, ainda

hoje ali está, sem que nenhuma bala sacrílega a tivesse atingido ou mesmo ao próprio nicho que a encerra

[“O texto descreve o impacto duradouro da violência em uma igreja, simbolizado pelas paredes crivadas de balas que testemunham um passado tumultuado. Ele enfatiza o grande número de buracos de bala, sugerindo que quase cada centímetro da igreja foi afetado. Apesar disso, a imagem da figura crucificada permaneceu ilesa durante a guerra, permanecendo resiliente em meio à destruição.

Essa justaposição de destruição e preservação destaca temas de fé, resiliência e as forças contrastantes de violência e santidade. A igreja, com suas paredes servindo como um "crivo" (peneira), reflete as cicatrizes da história, enquanto o crucifixo intocado simboliza esperança e resistência. As imagens evocam um poderoso senso de sobrevivência contra a adversidade, tornando a igreja não apenas uma estrutura física, mas um testamento do espírito humano diante do conflito”].

Sendo o município de Bagé uma extensa zona criadora possue diversas e importantes charqueadas.

Edifícios importantes notamos na cidade, sendo principais a Intendência Municipal, o grande Quartel da Guarnição Federal, e a estação da Estrada de Ferro. 

Além de um magnífico Teatro, possue outros centros de diversões, clubes e sociedades

O telefone liga Bagé a D. Pedrito e às inúmeras estações que formam o município.

O Moinho Bageense é um vasto e notável estabelecimento pertencente à firma Emílio Guilayn & Comp., e tem anexa uma fábrica de massas alimentícias e padaria. E' um estabelecimento de primeira ordem.

Uma bem montada fabrica de cerveja da firma Kappaun & Filhos, se encontra próximo à ponte metálica da estrada de ferro.

[https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=313394&pagfis=47814  . Almanak Laemmert : Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891 a 1940. Ano 1911\Edição B00068. “Kappaun & Filhos; em Santa Tecla. Cerveja e gasosa. Sucessores de… 1909, 1910, 1911, 1913].

Emílio Guilayn não é filho do Rio Grande; creio que é uruguaio ou argentino, mas é dos maiores propugnadores do progresso de Bagé, que já por isso mesmo, em gratidão, o tem mandado como representante à câmara dos deputados

do Estado. Além do Moinho Bageense, da empresa de Luz Eléctrica, por ele levada a efeito, ainda o Sr. Guilayn dirige uma casa bancaria que muito auxilia o comércio e a indústria do Estado e de Bagé, particularmente. Guilayn é ainda proprietário de uma charqueada e de uma serraria a vapor.

Emílio Guilayn é um cavalheiro de alta distinção, a quem tivemos a honra de ser apresentado pelo ilustre médico Dr. Veríssimo de Castro, hoje falecido, seu amigo e

dos mais ilustres bageenses, em cuja sociedade era vulto de '''destaque. [https://memoria.bn.gov.br/pdf/181897/per181897_1912_00001.pdf  . A's Fronteiras do Sul. Pelo Dr. Eugênio Augusto Wandeck. Índice geral das Matérias publicadas nos Boletins da Sociedade de Geografia do Rio de janeiro, até o ano de 1893, organizado por J, Arthur Montenegro; 1885 — 1893. 

Publicamos neste tomo o índice Geral, organizado pelo sócio J. Arthur Montenegro, abrangendo os volumes de 1886 a 1893. As matérias são publicadas pelas subdivisões geográficas de assumptos a que se referem. Por iniciativa do nosso consócio e colega de redação Sr. Noronha Santos será oportunamente inserido num dos tomos o índice alfabético e remissivo de todos os assumptos — e bem assim o dos autores e conferencistas — cujos trabalhos figuram na Revista. Esse índice, que está a confeccionar o nosso confrade, será o guia completo da nossa publicação., desde os seus primórdios”. Revista da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Tomos XXV-XXVI-XXVII. Anos de 1912 - 1922. RIO DE JANEIRO. Off. Typ. do Instituto Muniz Barreto; 1922. COMISSÃO de REDAÇÃO: Manoel Cícero Peregrino da Silva, Presidente; Lindolpho Octavio Xavier, Secretario; Dr. Eugênio A. Wandeck, Dr. Álvaro Bittencourt Berford e Francelino Camen.

Administração da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro eleita para 1922. DIRETORIA: Presidente - Almirante A. C. Gomes Pereira (reeleito). 1º Vice-Presidente-Senador General Dr Lauro Muller (reeleito). 2º Vice-presidente -General Dr. José Maria Moreira Guimarães (reeleito). 3.º-Vice-Presidente— Dr. Antônio Olyntho dos Santos Pires (reeleito). Secretario Geral, —Dr. Eugênio Augusto Wandeck. 1º Secretario — Prof. Lindolpho Octavio Xavier (reeleito). 2.º -Secretario —Dr. Raymundo Thomé Bezerra. Tesoureiro — Dr. Alberto Couto Fernandes (reeleito). Orador— Prof. La-Fayette Cortes (reeleito).  Redação e Revista -Drs. Manoel Cicero Peregrino da Silva, Eugênio Augusto Wandeck, Álvaro Bittencourt Berford, Lindolpho Octavio-Xavier e Francolino Camêu. 133-139].


A chegada de Emílio Guilayn parece estar relacionada ao fim da guerra do Paraguai quando, aparentemente, a paz voltou a reinar no Rio Grande do Sul e em Bagé, possibilitando a chegada de Nova Onda de imigração como a espanhola. 

Harold Buxton, Walter Cassini e Emilio Guilayn fundaram a sociedade comercial Buxton, Cassini e Cia., em 1900, com foco na importação de máquinas e materiais elétricos, além de instalações de usinas e elevadores Otis. Em 1907, a empresa começou a vender automóveis europeus, mas essa atividade foi interrompida pela Primeira Guerra Mundial. Após a guerra, em 1919, a denominação da empresa foi alterada para Buxton, Guilayn e Cía. SC, e a importação de caminhões e ônibus foi iniciada.

Em 1936, com a aposentadoria da família Guilayn, a empresa passou a se chamar Buxton Limitada SACI, e Norman Dunby assumiu o lugar de Harold Buxton nas operações da empresa. A trajetória da Buxton reflete um período significativo de desenvolvimento industrial e comercial na região, especialmente no setor elétrico e automotivo.

Buxton.

Em 1900, Harold Buxton, Walter Cassini e Emilio Guilayn fundaram a sociedade comercial Buxton, Cassini e Cia., dedicada à importação de máquinas e materiais de eletricidade, instalações de usinas, elevadores Otis, entre outros. Em 1907, iniciou-se a venda de automóveis europeus, interrompida pela Primeira Guerra. Em 1919 a denominação mudou por Buxton, Guilayn e Cía. SC e iniciou a importação de caminhões e ônibus. Em 1936, a família Guilayn se aposentou, com a qual foi reorganizada com o nome Buxton Limitada SACI. Harold Buxton se retirou de suas atividades e seu lugar passou a ocupar Norman Dunby. [  http://bibliotecadigital.econ.uba.ar/download/hindustria/hindustria_v11_n20_03.pdf . BIL, Damián Andrés. A trajetória de três companhias autopartistas na Argentina no período de formação do setor automotivo (1951-1967). H-industñ@, ano 11, n. 20, p. 1-30, primeiro semestre 2017. ISSN 1851-703X. Disponível em: http://ojs.econ.uba.ar/ojs/index.php/H-ind/  . Acesso em: 17 ago. 2024].



Notava-se, em 1903, a  ação do banco de Emílio Guilayn com relação à posse do moinho bageense. 


PAZ E PROGRESSO. Finda a guerra da tríplice-aliança se estabeleceu no continente americano salutar clima de concórdia entre as diversas nações, resultando uma nova era em que os sentimentos de fraternidade e de boa amizade se desarrolharam, dando como fruto a exemplar orientação política do pan-americanismo. Bagé, usufruindo as vantagens desse advento, se entregou ao trabalho profícuo e prosperou em todos os setores da atividade humana, apesar da enorme crise econômica por que atravessava o país. Nessa época, segundo relato de meu amigo Dr. Norberto Greco

“Os Irmãos Chicchi; Miguel, Francisco e Vicente embarcaram na Itália, sua pátria, para o Brasil, onde chegaram após longa e penosa viagem. Dirigindo-se para a Província do Rio Grande do Sul, escolheram o município de Bagé para nele fundarem um moinho movido a força hidráulica, onde seria beneficiado o generoso trigo gaúcho. Escolhido e adquirido o local, requereram ao governo o privilégio de usar as águas do arroio Bagé. Deferido favoravelmente seu requerimento, trabalharam com afinco, começando por construir o forte paredão que ainda hoje [1950] existe no referido arroio, logo depois, desviaram parte das águas do arroio e graças à represa, por meio de um canal, conduziram as águas até enorme roda de madeira. Essa linda e pitoresca roda foi construída por vários artífices, também italianos, entre outros, Pedro Bianchetti. Ela movimentava a maquinaria da então “Indústria Bagéense”, como se denominava, primitivamente, o atual Moinho Bageense. 

Em 25 de junho de 1873, alguns indivíduos, julgando que os “gringos” viessem a se apossar de outras terras de Bagé e com o beneplácito das autoridades da época, organizaram e executaram um assalto armado à propriedade, assassinando barbaramente Vicente Chicchi que dormia tranquilamente, segundo dizem alguns, sob uma carroça. Os outros resistiram, defendendo o que de justiça lhes pertencia, não obstante, foram encarcerados durante 

“tres mesi e tre giorcomo” sempre dizia meu avô Francisco Chicchi. 

Logo após tão dolorosos fatos, dirigiu-se ele à Corte, onde foi amavelmente recebido pelo Imperador Pedro II. 

Permaneceu no Rio vários meses, conseguindo do governo a importância de quarenta contos, como indenização pela morte do irmão e demais danos causados. 

[Reclamação dos súditos italianos Francisco e Miguel Chicchi por prejuízos sofridos na província do Rio Grande do Sul.

Em dezembro de 1871 deu-se, na cidade de Bagé, um conflito entre pessoas do povo e vários súditos italianos ali residentes. Nesse conflito, do qual resultou a morte de Vicente Chicchi e a destruição de parte de uma propriedade de seus irmãos Francisco e Miguel Chicchi, infelizmente intervieram alguns empregados subalternos da polícia local, que foram logo demitidos e processados, sendo apenas um deles pronunciado como incurso no art. 154 do Código criminal. Os demais indivíduos que promoveram o conflito foram afinal absolvidos.

Feita a avaliação judicial dos prejuízos sofridos pelos irmãos Chicchi, reclamaram eles uma indemnização pecuniária superior a 100:000$000.

O governo imperial reconheceu em princípio a justiça dessa reclamação, mas não se conformou com a soma pedida; e após maduro exame, tanto dos antecedentes da questão, como dos documentos apresentados pelos reclamantes, resolveu, conforme o ministro de Itália nesta corte, conceder-lhes, a título de completo ressarcimento dos prejuízos sofridos, a soma de 40:000$000, para cujo pagamento peço-vos que voteis os fundos necessários. (BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Relatório da repartição dos negócios estrangeiros apresentado à Assembleia Geral Legislativa. 1873. Digitalizado em: 8 jan. 2008. Disponível em: https://www.google.com.br/books/edition/Relatorio_da_reparti%C3%A7%C3%A3o_dos_negocios_e/m78TAAAAYAAJ?hl=pt-PT&gbpv=0 . Acesso em: 17 janeiro 2025, p. 57)]

Conta-se que foi várias vezes recebido pelos Imperadores e como dominasse muito bem a língua italiana, como toscano que era, gozava da simpatia de suas majestades e todos notaram o carinho com que o Imperador correspondia às suas saudações, por ocasião dos espetáculos na ópera. 

Regressando a Bagé, Francisco Chicchi fundou fábrica de massas, padaria, etc. 

[DECLARAÇÕES. COMPANHIA MOINHO SUL BRASIL. Secretaria de Estado dos negócios das obras públicas. — Decreto n.º 3, de 27 de março de 1893, concedendo autorização ao cidadão Delfino Gonçalves Borges para organizar uma companhia ou sociedade anônima com a denominação de Moinho Sul Brasil.

O presidente do Estado do Rio Grande: do Sul, atendendo ao que lhe requereu o cidadão Delfino Gonçalves Borges e vista do disposto no art. 46 n. 4 do decreto nº 434 de 4 de julho de 1891, resolve conceder-lhe autorização para organizar uma companhia ou sociedade anônima com a denominação de Moinho Sul Brasil, e aprovar os estatutos que a este acompanham, contendo 7 capítulos e 23 artigos; não podendo, porém, a mesma companhia constituir-se definitivamente sem preencher as formalidades exigidas pela legislação em vigor. 

O secretário de Estado dos negócios das obras públicas assim o faça executar. — Palácio do governo em Porto Alegre, 27 de março de 1893.—Júlio Prates de Castilhos.—João José Pereira Parobé.

Estatutos da companhia Moinho Sul Brasil

CAPITULO I

Sede, duração e fins

Sede

Aii I".—A companhia Moinho Sul Brasil

sede cidade do Rio Grande d

Sul

Du-açâo

Ari 2". —Será de trinta annos, podem! i>r prorogada por mais tempo, si as.sim o ,lc is partilhas pela mais clamo- |,|>crar a nssemblda geral dos accionistas

inl.net.te paru resolver so.'-.igualdade, irão os herdeiros havei .le canipt) e gados que estão sendi

i'oiivoí'!.'1:i e*|ie<

bri* 'i assumpto.

Fins

Art. II".—A companhia tem por fins:

Mi,nlar uni cst.ib deein.ento destinado ;'

mearem do trigo e outros cereaos, podendo

com deliberação da assembléa geral e pré\io parecer iln conselho fiscal, firidicionnr

outros ramos ,lo industria no intuito de

aproveitar os proibidos e eleilie-ios d- "

bric.n itrnnlm"

cultura ilos o.ereaes que julgar conveniente,

sujeito á prévia auctorisaçáo ila assemliléa

geral. CAPITULO 11

Capital, entradas, multas e commisso

Capital

Art. '1"—Será ile duzentos contos ile réis

(200:008,^000) representado por mil acções

nominativas do duzentos mil réis, podendo o

mesmo ser augmentado quando assim fôr julgado pela assemblóa geral.

Entradas

Art. 5U—Serão renlisadas pela seguinte

fórina -.

la_,iu 20"/,. no auto da inscripçáo.

2»—de 20 "/„ 30 dias depois.

3«_,|e ü0 "/.. em seis entradas de 10 "/o com

intervallo nunca inferior a 30 dias e á proporção que a directoria julgar conveniente,

devendo ser annunoiadas com antecedência

de oito dias pela menos om dois jornaes e

dirigir-se aos aocionistas avisos por escripto.

Aos accionistas residentes (ora d'esta cidade dirigir-se-ão cartas registradas

Multas

Ari ti*—Serão impostas mediante aviso da directoria aos accionistas retnrdatarios nue no dia marcado náo elTectuarem as entradas devidas.

f—de2 •/. no primeiro mez sobre a importancia náo realisadn.

2_-de 37.no segundo mez, na mesma conformidade.

Findos os dois mezes a directoria intimara

judicialmente ao accionista para eflectuar 11 s

entradas ou ver cair suas 


Commisso

Arl 7-—As acções assim caldas em commisso' serão inimèdiatamen.e reemitlidas pela

directoria.

CAPITULO III

Balanço geral, fundo de reseroa c dicisaode

lucros

Balanpo geral

^rt S"—O anno socialserá considerado de

1° de janeiro a 31 de dezembro. No lim de

cada semestre ou anno, segundo deliberação

da d. recto ria, será fechado o respectivo balanço, que será expedido dentro de quinze

dias ao conselho liscal, acompanhado do relatorio dadirectoria, para os lins determinados em lei.

Fundo de reserva

Art. 9"—Será constituído ;

1"—Pela multa de que trata o art. b\

2'—Por 10 "l« dos lucros líquidos verificaDesde que o fundo do reserva attinja a 50 •/.

do capital social, cessará de reverter em seu

favor aquella porcentagem. ¦

Sempre que haja prejuízo em cerceamento

d'este fundo, aquella porcentagem continuará a vigorar.

O fundo de reserva, desde que nao soja

preciso para o movimento financeiro da companhia, será depositado em um banco ou bancos de reconhecido credito, ouvido o conselho fiscal.

Divisão de lucros

Art. 10—Os lucros líquidos verificados polos balanços semestraes ou animaes serão divididos pela seguinte fôrma :

!«—10 "1„ para o fundo de reserva.

o.—10 •/, para dividendo aos accionistas,

contados sobre o c.ipilal elTeclivo.

O saldo será rateado, metade ao encorporador ou a quem tiver trespassado os seus direitos, e a outra metade será distribuída como

bônus pelos accionistas em proporção ao capitai de cada um.

CAPITULO IV

Assembléas geraes, ordinária*, extraordinarias e. cotarão

Ordinárias

Art. 11.—A assémbléa geral ordinária reunir-se-á durante o mez de fevereiro década

anno e uma vez constituída legalmente acclamará um presidente que « seu turno nomeará um secretario.

Nenhum dosdirectores ou membros doconsolho liscal poderá ser acclamadoou nomeado

para aquelle cargo. Antes da abertura da sessáo, a directoria apresentará sobre a meza um

livro denominado de presença no qual assignarãoseus nomes todos os accionistas presentes, por si ou por terceiros que representem, mencionando o numero de noções.

Para constituir esta assémbléa, é. necessario que se ache representado pelo menos um

quarto' do capital social.

Aberta a sessão, se procedera 11 chamada

dos accionistas pelo livro de presença e verilicada sua identidade pela lista dos accionistns o presidente mandara dar leitura da

ultima acta e em seguida do parecer do conselho liscal, que, com o relatório, será submettido á disc

Approvados o balanço, contas, inventários

e relatório dos Iiscaes, se procedera a eleição

dos supplentes da directoria, conselho liscaj.

seus supplentes e dos membros da directoria

nuando lindo o mandato

Extraordinárias

Arl 12.—As assembléas geraes extraordinarias terão lugar :

1", Quando forem convocadas pela directoria ou conselho liscal.

2" Quando requeridas por accionistas em

numero nunca Inferior a sete, salvo o caso

do decreto n. 104. de li do janeiro de 18.10,

alN'esla 'assémbléa não poderá ser tratado

assumpto extranho á sua convocação e nao

se considerará legalmenteconstituida si nao

estiver representado pelo menos um quarto

do capitai social.

Quando se tratar do alteração de estalatos sede, fins, capital, duração, venda ou liquidação da companhia, será preciso que se

ache-í rep. escutados 110 mínimo dois terços

do capital social.

Votação

... 13—Cada acção representa um voto.

Gua.i.ue." proposta ou requerimento om discülsãoserá resolvido pela maioria de acções

apresentadas. CAp,TUL0 v

Administração e conselho fiscal

...t,.t _a direcionada companhia com„nrsé-á de 3 membros, os quaes escolherão

Eníresio presidente, o secretario e o superfntend-nte, marcando em commum as attnbf?fS0B mandato'da directoria durará 3

annos,'lindando o da primeira em 31 de deZef^°Osed're9oíores podem ser reeleitos .

s. Vir. _o director superintendente terá

A .,nunericâo de seus trabalhos 3:0008000

fcada um" o 'outros l.SOOfiOUO réis por anno.

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... hin nernilte os pudores públicos,

5 Cna: ! 1- 1 e se'- deinandad/i e no geral em

demandai eso.




https://hemeroteca-pdf.bn.gov.br/388653/per388653_1893_00084.pdf . https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/174709/001063560.pdf?sequence=1 

https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/loc_pdf/1212/43/conselho_de_estado_e_a_politica_externa_do_imperio:_consultas_da_secao_de_negocios_estrangeiros:_1875-1889_o_-_volume_9 ]


Somente muitíssimos anos depois, em 1903, com a sua morte, em 1900, foi que o Moinho foi propriedade de Emilio Guilayn, porque meu pai José Greco, temendo não poder saldar o compromisso de 27 contos, que era quanto devia o Moinho ao Banco, embora instado pelo próprio Guilayn, resolveu renunciar à sua posse, o mesmo fazendo meu tio Miguel Chicchi

Vemos, pois, que Emilio Guilayn não foi o fundador e sim o reformador do atual Moinho Bageense, e se Bagé muito lhe deve, mais deve aos Irmãos Chicchi e especialmente a Francisco que aqui tendo constituído família, foi o primeiro grande industrial da longa série que possuiu Bagé. 

Graças a seu constante e profícuo labor, muito trigo foi beneficiado no Moinho; fabricou-se muita massa e muito pão com a colaboração de Antonio Ferrando, pai de Dna. Catarina Infantini; fundou-se um curtume, com a de Angelo Gallerini; fabricaram-se licores, cultivaram-se hortaliças e bom vinho com Miguel Rovira; e até se conseguiu azeite das oliveiras ali plantadas. No Moinho tivemos banhos públicos, pagava-se 200 réis, com direito à toalha e sabonete que, por engano às vezes, desaparecia depois do banho! 

E era no aprazível parque do Moinho, que as famílias bageenses faziam suas reuniões sociais e recebiam os ilustres visitantes que aqui vinham conhecer a “Rainha da Fronteira”.   [ https://ia904605.us.archive.org/13/items/HistoriaDeBage_EuricoJSalis/HistoriaDeBage_EuricoJSalis.pdf] .



Aparentemente Guilayn ainda não tinha propriedades rurais, pois era locatário, em 1907, de uma estância, em Ponche Verde, Dom Pedrito. [Seria interessante, para o trabalho, investigar, em detalhe, a evolução do patrimônio de Guilayn, especialmente para observar as propriedades rurais em Bagé e Dom Pedrito: “Além de empresário, era pecuarista em Bagé e Dom Pedrito, por isso foi o primeiro Presidente da Associação Rural de Bagé”. Fontes: FAGUNDES, 2012; LOPES, 2012. https://www.jornalminuano.com.br/colunas/2024/07/30/emilio-guilayn].


Nesse sentido, vale lembrar, como um exemplo, que o proprietário da Charqueada Santa Thereza, localizada no município de Bagé, foi acusado de praticar contrabando de gado em 1907. O mesmo possuía estâncias nos limites de fronteira Brasil – Uruguai. Porém, o chefe encarregado de inspecionar o contrabando afirma, em correspondência a Borges de Medeiros, que tal fato não era verídico, ao menos nessa época:

“Aqui chegando no dia 1 do corrente, a noite, encontrei o telegrama que V. Ex. me dirigiu em 29 do mês passado, com relação a contrabando de aqui e em Livramento. Dizia-me V.Ex. estar informado de que ainda naqueles dias, Magalhães e Guilayn haviam contrabandeado tropas introduzidas por suas estâncias na fronteira. Respondendo a esse telegrama, disse eu, entre outras cousas, que Guilayn não possuía nem arrendava estância na fronteira. Efetivamente assim é. Guilayn arrenda uma estância em Ponche Verde, município de Dom Pedrito, situada, porém, a muitas léguas da linha. E para que pudesse ele contrabandear gados pela forma a V.Ex. referida, seria necessário estivesse o seu estabelecimento sobre a linha, o aqui sucede unicamente com Magalhães, na Capitania. Quando estive ultimamente em Pelotas, fui ali apresentado a um senhor Pedreira, nosso vice-cônsul em Mello, no Estado Oriental, informando-se ele nessa ocasião, que em Cerro Largo, fora afastado muito gado, que dizia destinado às charqueadas de Magalhães aqui. Assegurou-me, entretanto, Pedreira saber, positivamente, que Magalhães mandara oferecer a estancieiros dali com quem fizera contratos, cinco pesos ouro, digo pagar-lhes cinco pesos ouro por novilho, ou seja, cinco mil reis, mais ou menos, para desistirem dos negócios combinados, tendo sido assim reicindidos com muitos daqueles criadores “contratados” com eles feitos por Magalhães. A quantia por este oferecida para esse fim foi um peso e meio ouro e não cinco peso, como escrevi por equívoco. Aceitando-se como verdadeira essa informação vê-se que a fiscalização na linha desta zona melhorou consideravelmente, pois não é admissível que Magalhães propusesse pagar cinco mil reis por novilho, para desistência de compromissos se subsistissem as mesmas facilidades que, por ventura, possa ter ele encontrado antes para contrabandear gados do Uruguai. Creio hajam entrada tropas de contrabando para o “saladero” de Livramento, em cuja linha, aliás, são ainda maiores do que na de Bagé, as facilidades de trânsito. [DOC 247. Arquivo Histórico do estado do Rio Grande do Sul: GÓES, Francisco Gomes de Araújo. Correspondência Francisco G. A.Góes destinada a Borges de Medeiros. Informando sobre a fiscalização do contrabando na fronteira de Bagé e Livramento. Bagé, 8 abril, 1907]. 

O inspetor deixa transparecer que essa prática existiu em Bagé, porém, afirma que o charqueador Magalhães desistiu do negócio ilícito tendo em vista a melhoria da fiscalização do contrabando e as maiores dificuldades de realizá-lo. Informa que Magalhães preferiu desfazer o negócio, pagando elevadas quantias aos estancieiros uruguaios para reincidir os contratos firmados.[SOARES, Fernanda Codevilla. Santa Thereza: um estudo sobre as charqueadas da fronteira Brasil – Uruguai. 2006. Dissertação (Mestrado em Integração Latino Americana) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006, pp. 52-53].



Seria necessário avaliar a estância em Ponche Verde, em Dom Pedrito, para que se possa fazer um julgamento sobre a atividade rural de Guilayn.

Primeiro Presidente  foi Emilio Guilayn. Se não estou em erro, não era dedicado à atividade rural, mas figura de relevo na comunidade, empreendedor e apreciado.  [BROSSARD, Paulo. Prefácio. In GONÇALVES, José O. N. Associação e Sindicato Rural de Bagé: 100 Anos. GONÇALVES, José O. N; GARCIA, Élida H. Bagé: Associação e Sindicato Rural de Bagé, 2004, p. 11].



Em 1903, Antonio Nunes Ribeiro Magalhães, Visconde de Ribeiro Magalhães e Emilio Guilayn eram sócios representantes da “Empresa do Melhoramento de Produtos Pecuários, de Bagé.[ A Federação : Orgam do Partido Republicano (RS) - 1884 a 1937. Ano 1903\Edição 00193 (1). https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=388653&pesq=emilio%20guilayn&pasta=ano%20192&hf=memoria.bn.gov.br&pagfis=14453].

Temos aqui a confirmação que a casa bancária de Emílio Guilayn foi fundada em 1891. 

Em 1912, Guilayn e agente do Banco da Província do Rio Grande do Sul. 

Temos ainda, em 1912, uma diversificação dos investimentos de Emilio Guilayn na cidade, especialmente a luz elétrica. 


Emilio Guilayn & Cia. - A casa bancária que gira, em Bagé, sob esta razão social, foi fundada em 1891. A firma se compõe dos Srs. Emilio Guilayn, sócio solidário, e Martim Bidart Filho, comanditário. 

É agente do Banco da Província do Rio Grande do Sul e faz toda a espécie de transações bancárias, tendo agentes nas principais cidades e vilas do estado. 

Saca, dentro do país, assim como no estrangeiro, sobre as principais praças, e sobre quase todas as localidades de Itália, Espanha, Portugal e suas possessões. 

A gerência está confiada ao Sr. João Maria Peixoto.

Além das suas operações bancárias, ocupa-se a firma de outros negócios, tais como a Empresa de Luz Elétrica Emilio Guilayn. 

Tendo adquirido, por compra do respectivo concessionário, o fornecimento, durante o período de 30 anos, de luz elétrica pública e particular à cidade de Bagé, em data de 9 de julho de 1898, deu a firma começo à construção da usina e mais trabalhos. 

As obras foram inauguradas festivamente no dia 4 de junho de 1899. [“Com brilhantes festas e com a assistência de grande número de pessoas gradas d’esta e de outras localidades, foi em 4 de junho (de 1899), inaugurada a iluminação elétrica nesta cidade, pelos srs. Guilayn & Comp., operosos industrialistas, que tomaram a si, tão importante empresa”. REIS, Jorge. Apontamentos Históricos e Estatísticos de Bagé. Bagé: Tipografia do Jornal do Povo, 1911].

Contava a usina, em edifício próprio, as seguintes instalações: 2 máquinas compound, dos fabricantes MacIntosh Seymour Co., Auburn, EUA, ligadas diretamente a 2 geradores multipolares de 45 kw cada um, da General Electric Company, dos Estados Unidos; 2 caldeiras Babcock & Wilcox, apropriadas para as máquinas acima. A tensão da corrente era de 220 volts.


Pelo contrato que a empresa mantinha com a Intendência Municipal, era obrigada a fornecer luz para 28 lâmpadas de arco voltaico e 150 lâmpadas incandescentes, de 16 velas cada uma. 

As instalações particulares, que a princípio eram em pequeno número, foram de ano para ano crescendo consideravelmente, de maneira que, já em 1901, houve necessidade de se aumentarem as instalações seguintes: 1 motor Williams and Robinson, compound, vertical, de alta velocidade, conjugado a um dínamo da Westinghouse Electric Company (este novo dínamo tinha capacidade para 100 kw); 1 caldeira tubular da The Taylor Machinery Company, USA; 1 esquentador Cochrane, e 1 bomba para alimentação, marca Deane.

Estas instalações preencheram suficientemente as necessidades da população até 1908, ano em que, devido ao extraordinário impulso que tomou a iluminação particular e pública, se tornou indispensável aumentar a capacidade produtora da usina. 

Foi então o estabelecimento passando por uma radical reforma, e instalaram-se mais as seguintes máquinas: 1 motor horizontal tandem-compound, Ruxton Proctor, ligado diretamente a 1 dínamo multipolar, de 150 kw e 500 volts, da British Thomson Houston Co.; 1 caldeira Babcock, em cujas fornalhas foi adaptado um foguista automático, da Jones Under Feet Mechanical Stoker Co.; 1 bomba de alimentação, marca Deane.

Antes de levar a efeito essa reforma radical, e como consequência dela, a empresa se viu obrigada a fazer mudança das linhas condutoras aéreas, primeiro, pelo aumento de 218 para 60 lâmpadas de arco voltaico e de 150 para 170 lâmpadas incandescentes da iluminação pública; segundo, pelo rápido e constante desenvolvimento da iluminação particular; terceiro, finalmente, pela mudança da voltagem de 220 para 440, devido à necessidade que havia de vencer grandes distâncias.

Hoje [1912], a iluminação particular é distribuída por 4.800 lâmpadas incandescentes, em mais de 700 casas, e a pública por 60 lâmpadas de arco voltaico e 170 lâmpadas incandescentes. As instalações particulares possuem, na maior parte, contadores O.K. A produção regula de 800 a 1.000 kw/hora por noite, sendo o serviço feito de sol a sol.

A empresa, após se ocupar unicamente com a seção industrial da eletricidade, resolveu estabelecer mais as seguintes seções; uma ferraria mecânica, com força motriz, possuindo as mais modernas e aperfeiçoadas máquinas e ferramentas, que lhe permitem executar qualquer serviço do seu ramo; instalações mecânicas, hidráulicas, sanitárias; fabricação de fogões, grades, sacadas, etc.; uma serraria a vapor, cujo fim principal é fornecer lenha serrada para uso doméstico, e trabalhar com qualquer sorte de madeiras (acha-se anexa a esta seção uma carpintaria, em cujas oficinas são feitas todas as obras de que a empresa necessita); um armazém de ferros, com vastos depósitos de canos, chapas, arame, aço, carvões de Cardiff, de forja, coque, aero-motores, cimento, etc. As três seções acima descritas ocupam grande área do estabelecimento.

Os aumentos constantes obrigaram a empresa a construir também um sobrado, a fim de, no seu pavimento superior, instalar os escritórios, aproveitando a parte térrea para depósito de artigos elétricos, sanitários e outros, destinados não só ao consumo da usina, como também à venda ao público. 

Para esse efeito, possui a empresa veículos apropriados para condução de mercadorias, contando entre eles uma zorra com capacidade para dez toneladas. O estabelecimento acha-se aparelhado com todas as condições higiênicas, para o que tem água encanada, banheiros e latrinas patents para os empregados. Atualmente, a empresa ocupa cerca de 60 pessoas. 

O gerente técnico é o Sr. Eugenio Oberst.

Adquiriram também os Srs. Emilio Guilayn & Cia. , o Moinho Bageense, da sucessão Francisco Chicchi, o qual funcionava com força hidráulica e os aparelhos mais rudimentares. Além do moinho, propriamente dito, tinha o estabelecimento padaria e fábrica de massas alimentícias. Logo em seguida a essa aquisição, iniciaram-se ali diversas construções e foram instalados maquinismos modernos para a padaria, como para a fábrica de massas.

O moinho, embora já muito aperfeiçoado, não recebeu ainda todos os melhoramentos de que carece e vão ser empregados. Funciona com uma roda hidráulica, de maneira muito primitiva; acha-se, porém, já depositada em seus armazéns uma roda hidráulica de alcatruzes de aço-1-X-l, dos fabricantes Fitz Water Wheel Co., de Hanover, Pennsylvania, EUA, que é uma especialidade no gênero, pois, mesmo na quadra de seca, acionará todas as máquinas do estabelecimento. Essa roda, cujas dimensões são 13 pés (aprox. 4 m) de diâmetro por 8 de largura, tem engrenagens de segmento. Atualmente, só funciona no estabelecimento a fábrica de massas, estando parados o moinho e a padaria. [https://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g41i.htm] . 





Emilio Guilayn & Cia.: 1) Padaria e fábrica de massas; 2) Usina elétrica

Imagem publicada com o texto, página 861. https://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g41i.htm#foto1 


Existe uma avaliação política de Guilayn, que classifica, do ponto de vista da economia, como o charqueador. Parece ser uma avaliação um tanto restrita, mitigada, insuficiente, da capacidade gerencial, administrativa, deste líder da comunidade de Bagé. 

Pesavento complementa e precisa esta lista: “Na Assembleia dos Representantes, empresários de diferentes ramos ocuparam o cargo de deputados pelo PRR: Alberto Roberto Rosa, charqueador e um dos fundadores da Companhia Fiação e Tecidos Pelotense, foi deputado da 7ª à 9 ª legislatura; o já referido Possidônio Mâncio da Cunha Jr. foi constituinte em 1891 e deputado na 1ª, 7ª, 8ª e 9ª legislaturas; Alberto Bins, da Metalúrgica Berta, foi deputado estadual da 7ª à 10ª legislaturas; Antônio Soares de Barcellos, proprietário da fábrica de acolchoados e um dos diretores da Fiat Lux, foi constituinte em 1891 e ocupou uma cadeira na assembleia na 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 6ª e 7ª legislaturas; Antônio Chaves Barcellos Filho, do Lanifício São Pedro e da casa comercial Chaves & Almeida, cumpriu mandato na 8ª legislatura; Frederico Linck, charqueador, foi representante do PRR na Assembleia da 7ª à 10ª legislatura; José Gonçalves Chaves, também charqueador, foi deputado na 5ª legislatura; Manoel Py, da Companhia Fiação e Tecidos Porto-Alegrense, deputado da 2ª à 5ª legislatura; Emílio Guilayn, charqueador de Bagé, ocupou mandato legislativo da 5ª à 8ª legislatura; Baltazar de Bem, charqueador de Cachoeira, da 5ª à 16ª legislatura; Júlio Mendonça Moreira, da firma charqueadora Moreira & Filhos, de Pelotas, foi constituinte de 1891 e deputado na 1ª legislatura; Eurípedes Mostardeiro, cuja família era incorporadora da Fiateci e possuía engenho de arroz, foi deputado na 7ª legislatura; Luís Englert, constituinte de 1891 e deputado estadual da 1ª à 6ª legislatura; Domingos Martins Pereira de Souza, representante na Assembleia na 5ª e 6ª legislaturas e Euclides de Souza Aranha, na 5ª legislatura”. PESAVENTO, Op. Cit., 1988. p. 239-240. [ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA. Estratégias e identidades: relações entre governo estadual, patrões e trabalhadores nas grandes greves da Primeira República em Porto Alegre (1917/1919). César Augusto Bubolz Queirós. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial e último para a obtenção do grau de Doutor em História. Orientador: Prof. Dr. Benito Bisso Schmidt. PORTO ALEGRE, 2012. https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/61184/000863460.pdf?sequence=1].



Em 1911, Emílio Guilayn era conhecido como Tenente Coronel, o que sugere uma tentativa de estabelecer um poder local, militar, clientelista,  na cidade de Bagé e no Rio Grande do Sul, o que parece um exagero, pois a figura do coronel, com as devidas características já estudadas, não estão adequadas a este espanhol que tentava modernizar o Rio Grande do Sul e a região Platina.[O Brazil (RS) - 1909 a 1924. Ano 1911\Edição 00112 (1) . https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=882534&Pesq=emilio%20guilayn&pagfis=88 ]. 

No começo do século XX, o progresso de Cachoeira se fazia notar, especialmente pelo fabuloso impulso que as lavouras de arroz tiveram com o emprego da irrigação artificial. Tal impulso se estendeu para outros setores e, naturalmente, atraindo para a cidade empreendimentos da área financeira.  

O primeiro banco a se instalar na cidade foi o Banco da Província, instituição financeira fundada em Porto Alegre no dia 1.º de julho de 1858. A inauguração da caixa filial em Cachoeira, na Rua Sete de Setembro, esquina General Portinho, se deu na manhã de 18 de maio de 1911. 

O ato inaugural da filial, iniciado às 10 horas, foi conduzido por Emilio Guilayn, diretor do Banco da Província, que chegou a cidade na companhia de Antônio Vasconcelos, Mário Santos e João Gomes Filho, em trem especial, na manhã do dia anterior. Como de praxe, os visitantes foram recebidos na estação ferroviária com espocar de dinamites e banda musical, conforme noticiou a imprensa da época. À noite, foram recepcionados festivamente na Intendência Municipal.

Na inauguração, o diretor anunciou ao grande número de pessoas que compareceram ao ato que o capital inicial da agência era de 300 contos de réis, apresentando os funcionários que estariam à frente dos negócios: Mário Lima Santos, gerente, Pedro A. Araújo Viana, contador, Paulino S. Breton, tesoureiro, e Oscar R. Vasconcelos, escriturário.

Com o desenvolvimento dos negócios, o banco planejou a construção de um prédio próprio e que atendesse à crescente clientela que conquistara. Dois anos depois, na vitrine da casa J. Lima & Cia., estava exposta, a planta do edifício de dois andares que seria erguido na Rua Sete de Setembro, esquina com Andrade Neves. O local era ocupado por sapataria de Carlos Wolff, que depois servira de sede da tipografia do jornal Rio Grande. A planta arquitetônica da agência do Banco da Província tinha sido confeccionada por Domingo F. Rocco, de Montevidéu, conforme noticiou o jornal O Comércio, de 15 de outubro de 1913. 

Mas a obra demorou a ser iniciada. Em 1919, a Praça do Comércio (atual CACISC) e a Intendência fizeram um apelo à direção do Banco da Província para dar início à construção, pois o terreno que havia sido comprado há anos estava ocupado por um casebre em ruínas, pouco recomendando lugar tão central da cidade. 

Finalmente, em 1927, a firma Azevedo Moura & Gertum, de Porto Alegre, levou a obra a efeito. O palacete é hoje ocupado pela Câmara de Vereadores e recebeu o nome de Palácio Legislativo João Neves da Fontoura. Tombado como patrimônio histórico, o prédio do extinto Banco da Província é uma das edificações referenciais da cidade. [Série: Cachoeira Bicentenária - Primeiro banco; segunda-feira, 18 de maio de 2020. https://historiadecachoeiradosul.blogspot.com/2020/05/serie-cachoeira-bicentenaria-primeiro.html].



Na análise de Paulo Brossard de Souza Pinto, os bancos dos quais Guilayn participou não eram muito grandes, embora tivesse sua importância. Seria interessante fazer uma análise mais profunda de todos os bancos pelos quais Emílio Guillayn passou. De fato, em pleno século XX, a questão do crédito era essencial para os criadores da região sul do estado. 

Outra vez, mas já com outro banco, presumo que fosse o Guilayn. Guilayn tinha uma casa bancária em Bagé, depois fez uma associação com o então Banco da Província, que já era um banco mais importante, mas ainda era pequeno, e foi diretor do Banco. Então, o vovô tinha lá um empréstimo. E uma pessoa pediu a ele: "Seu Julian, eu queria pedir que o senhor me recomendasse lá no banco". [Valls, L. (2004). Brossard: 80 anos na história política do Brasil. Brasil: Artes e Ofícios; p. 19].



Julian  Brossard, avô materno de Paulo  Brossard de Souza Pinto, foi testemunha ocular do processo de imigração para Bagé no século XIX. Portanto, é uma fonte que deve ser bem considerada. 

Paulo Brossard de Souza Pinto nasceu em 23 de outubro de 1924 (na foto acima, aparece no colo da mãe). Perdeu a mãe aos nove anos. Cresceu sobre a influência do pai, comerciante e do avô materno, Julian Brossard, uruguaio apaixonado por política migrado para o Brasil no século XIX. Joaquim Francisco de Assis Brasil, primeiro líder do Partido Libertador, era vizinho de Brossard em Bagé. [https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2015/04/confira-sete-momentos-da-trajetoria-do-jurista-paulo-brossard-4738297.html] .



Em 1913, a oposição descrevia  o coronel  Emilio Guilayn como uma pessoa digna, talentosa, competente, acreditada. Mas permanecia a questão dos motivos pelos quais a imprensa tratava Guilayn como Coronel, ou melhor, adequado ao contexto regional de fronteira, um “caudilho”. 

A ideia de Coronel pode estar relacionado ao fato de ser charqueador, ao seu poder econômico, mas nem de longe próximo aos coronéis do Império, os homens bons, que administravam os rincões brasileiros. 

O fato de ser espanhol proporcionou a Emilio Guilayn uma condição a mais para condução de seus negócios, visto que facilitaria o intercâmbio com outras nações. 

1ª EDIÇÃO. Fracasso financeiro: Borges de Medeiros em calças pardas. Cezar. Fracassou o empréstimo que tentaste contrair na Europa cm beneficio do teu governo. 

Foi um golpe tremendo que tu recebeste no alto da tua vaidosa cabeça de primeiro estadista da República. 

Foi uma pancada de clava no frontispício da tua majestade de supremo ditador do Estado modelo: desce águas abaixo aquela auréola de oiro que diademava a tua reputação de financeiro exímio, de administrador severo, de estadista sem mácula, rival de S. Paulo e de Gambetta, no dizer sublimado de dois dos teus panegiristas. 

E não podia deixar de fracassar uma operação dessa natureza... 

O negociador do empréstimo não podia ser mais digno, mais talentoso, mais competente, nem mais acreditado: era ele o ilustre coronel Emilio Guylain, deputado à Orçamentária do Estado, diretor do Banco da Província, o mais solido e mais acreditado estabelecimento de crédito do Rio Grande do Sul, cujo nome vale por uma tradição de meio seculo de honrosa existência e de fecundíssima atividade

O teu emissário, pois, tinha todas as condições essenciais para garantir pessoalmente o exito dessa operação cm que tu concentravas todas as tuas esperanças mais risonhas

Feito esse empréstimo, os clarins dos teus incensadores apregoariam “urbi et orbi” [https://pt.wikipedia.org/wiki/Urbi_et_Orbi]  os incomparáveis merecimentos do teu espirito de economista, à grandeza do crédito do Rio Grande do Sul, alcandorado pela tua sábia direção política e administrativa ao pináculo da glória. 

Fracassado o empréstimo, que dirão os turiferários? 

Não poderão negar ao teu emissário: talento, aptidão, competência profissional, dedicação partidária; tudo isso o ilustre Sr. Coronel Guillayn possue em alto grau, como o tem demonstrado sobejamente, na direção do Banco da Província. 

Consequentemente o fracasso é, sem dúvida alguma, produto de algum vício da tua sábia direção, de algum erro da tua política vesga, de alguma “gaffe” da tua reconhecida “gaucherie” [https://fr.wikipedia.org/wiki/Gaucherie]  ou então, e não há para onde fugir, a situação financeira e econômica do Estado não inspira confiança aos capitalistas europeus, ou, ainda é o teu governo que não merece tanto crédito quanto supunhas; tu, nesse engano d’alma, ledo e cego que a fortuna não deixa durar muito. 

De tudo isso, um poucochinho contribuiu para tamanho e tão vergonhoso fiasco. 

Deves estar lembrado que durante o teu último período de governo, pretendeste realizar um empréstimo na Europa; encarregaste dessa missão delicada, a importante firma Bromberg, de Porto Alegre, que trabalhou admiravelmente com os seus amigos das praças alemãs c chegou a conseguir a operação em magníficas condições para o Tesouro do Rio Grande do Sul. 

Quando só faltava realizar a operação, que seria efetuada com o Dresdner Bank [https://en.wikipedia.org/wiki/Dresdner_Bank] , tu, Cezar, que és um estadista de alto descortino, roeste a corda e desististe da operação... 

Ficaste marcado na “palleta” desde esse dia! 

[“Como os presos falam, a gente é marcado na paleta, feito boi” https://wp.ufpel.edu.br/ppgs/files/2014/06/guilherme-kratz.pdf . “DAMIÃO deve ser marcado na paleta a ferro quente, o número do COISA RUIM, e não é o 666, mas o 9. Marcado como um boi em algum latifúndio qualquer do Alegrete”. https://impedimento.wordpress.com/2011/05/15/pessimismo-e-o-novo-budismo-ou-o-nirvana-dos-desenganados/ . “De novo é a percepção do que deveria ser e não, a realidade do que pode ser. Mas é preciso ter em mente que a força da percepção, sobre o comportamento humano é, muitas vezes, bem maior que a da realidade. E ela pode mudar algo permanentemente, de difícil mudança na mente das pessoas. Por isto, é preciso ter muito cuidado com o que se diz e se faz, porque, como dizem os antigos, a primeira imagem é a que fica. Depois de “marcado na paleta” fica difícil tirar o estigma. Pense nisto!”.

https://nelsonccunhamoreira.medium.com/percep%C3%A7%C3%A3o-ou-realidade-o-que-tem-mais-valor-4dfb48b23d40 ]. 

Depois disso surgiu na imprensa uma afirmação assombrosa do teu gênio dc financeiro e da tua admirável capacidade de administrador, afirmação que não podia deixar dc ser notada e anotada nos canhenhos dos homens de negócios, principalmente estrangeiros, que estão espalhados, como sabes, no Rio Grande do Sul: banqueiros, capitalistas, comerciantes, cônsules, industriais, engenheiros, representantes de companhias, fabricas, bancos e associações da Alemanha, da Grã-Bretanha, da Bélgica, da França e da Itália... 

Publicando a tua mensagem do presidente do Estado à Assembleia dos Representantes, tu acusavas, entro louvores alevantados em termos retumbantes, a existência, nas arcas do Tesouro, de um saldo enorme, fabuloso... 

Fazias subir, assim, a tua fama do genial financeiro, dc administrador austero e davas ao resto do Brasil boquiaberto, porque nesta terra não se lê, a impressão de que o Rio Grande do Sul, sob a influência do teu sábio governo, ia nadando em oiro. 

E, porque nesta terra apenas são lidos com avidez os telegramas da Agência Americana e os livretes do Sherlock Holmes ou Nick Winter [“Em 1911, surgiu no cinema o detetive Nick Winter, interpretado por Léon Durac; também em 1911, o diretor Victorin Jasset realizou Zigomar, um seriado baseado nas aventuras de um bandido, publicadas no jornal Le Matin, e Zigomar Contra Nick Carter. Em 1913, dirigiu Protea, com a personagem principal apresentando uma mulher fatal”. https://biografias-de-artistas.fandom.com/pt-br/wiki/Seriado]   , ninguém tratava de conhecer com segurança a situação exata do Rio Grande do Sul oficial, a verdadeira fartura do Tesouro. 

O estrangeiro, porém, que a respeito de questões financeiras não lé pela cartilha que tu engendraste para embair papalvos, perguntou dc si para consigo, por que cargas d’água precisava contrair um empréstimo na Europa, quem linha lauto dinheiro no Tesouro, om saldo, a criar bolor?

Era natural a estranheza; e os capitalistas e banqueiros europeus que não vivem como tu no mundo da lua, narciso embasbacado perante a própria beleza, estabeleceram esto dilema : ou o saldo tão anunciado não existe e o governo que o acusa não pode merecer confiança porque mente, ou o saldo é real e o governo que quer fazer o empréstimo não merece confiança por que tendo tão alta soma cm depósito vem pedir capitais estranhos pelos quais ha de pagar juros, comissões e mais despesas da emissão. 

E os banqueiros foram então estudar a situação exata do Tesouro do Rio Grande do Sul sob o teu excelso predomínio e, com os próprios documentos oficiais chegaram a conclusão inabalável e desoladora de que o saldo tão decantada é uma mentira soez ou, na melhor hipótese, uma ilusão do teu narcisismo, um atestado eloquente da tua incomensurável ignorância. 

Tu, Cezar sublime, mandaste vir dos Estados Unidos da America do Norte, por encomenda à conhecida “American Bank Notes Company”, por várias vezes, uma certa e elevada soma em estampilhas ou selos dc varias cores e taxas que deveriam ser aplicados aos atos oficiais, produzindo assim, a medida que fossem vendidos, uma renda que o Tesouro escrituraria como parcela da Receita Geral do Estado em cada exercício. 

Mas essa encomenda custou, suponhamos, cinquenta contos de réis e a venda de selos em  um exercício elevou-se a 400 contos, também em hipótese; o saldo dessa conta devia ter sido de 350 contos de réis. 

Tu, porém, Cezar, fizeste uma operação genial: mandaste somar o preço nominal de todas as estampilhas ou selos quo havias recebido dos Estados Unidos, deste essa importância como dinheiro recolhido aos cofres do Tesouro c assim no cálculo geral da Receita do Estado apresentaste o “stock” de papelinhos coloridos como renda arrecadada e incluíste-o no saldo geral do Tesouro. 

Isso consta das tuas mensagens c dos relatórios da Secretaria da Fazenda nesses termos exatos. 

Dois erros, duas cincadas, dois ridículos om um só documento do teu próprio punho: 1º, confusão lamentável, grosseira, calinesca de “stock” de estampilhas com saldo entre Receita e Despesa; 2º, duas vezes foi escriturada essa patada heroica: primeiramente na venda de estampilhas produzindo uma certa soma de receita real, —por segunda vez, quando se dá o “stock” geral de estampilhas no saldo final entre Receita global c Despesa total do Estado. 

Ora, Cezar Narciso, que queres tu que pensem do ti os banqueiros c economistas da Europa, em face de tão eloquentes provas da tua absoluta ignorância dos princípios mais rudimentares da ciência das Finanças? 

Como queres tu que te cubra a confiança do capital estrangeiro, timorato, cauteloso, seguro, o perspicaz, se lho forneces elementos dessas espécies para julgamento do teu valor real? 

Era inevitável o fracasso que coroou o início do teu novo período de governo. 

E aí tens onde foi conduzido o desventurado Rio Grande do Sul, pela tua mão, pelo teu gênio, pela tua política: não merece a confiança dos banqueiros europeus. 

E não se diga que à falta de numerário na Europa cm virtude da guerra balcânica foi a causa do fracasso, não: a Bahia acaba de realizar o seu empréstimo externo nas melhores condições e, não a muito, o Estado do Rio levou o seu a bom salvamento. 

O teu procedimento com o “Dresdner Bank” preparou o terreno, a ficção financeira do teu saldo completou o monumento: um fiasco pavoroso. 

Aceita, Cesar sublime, os meus sinceros e ruidosos parabéns pelo teu triunfo. Pinto da Rocha.  [ANNO VII. DIÁRIO DA TARDE. RIO DE JANEIRO - SÁBADO, 8 DE FEVEREIRO DE 1913. NUM. 1988. O SÉCULO. https://memoria.bn.gov.br/pdf/224782/per224782_1913_01988.pdf] .


Em 1917, os diretores do Banco Pelotense eram G. C. Dickinson & Cia.; Emílio Guilayn. Na Companhia Frigorífica Rio Grande, com sede em Pelotas [https://lagalenadelsur.com/2015/04/22/argentina-avisos-publicitarios-de-casas-de-radio-iii-buxton-guilayn-co-y-el-ultradyne-a8/] , cujos incorporadores eram União dos Criadores do Rio Grande do Sul e Associação Comercial de Pelotas, Demonstravam duas coisas, a busca por uma solução tecnológica para o setor agropastoril da região da campanha ou sul do Estado,  com a introdução de frigoríficos; e, por outro lado, a busca de um fundamento econômico na figura de um banco, o que fortaleceria sobremaneira setores econômicos dessa região.  [O Brazil (RS) - 1909 a 1924. Ano 1917\Edição 00318A (1). https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=882534&Pesq=emilio%20guilayn&pagfis=298 ] . A presença de Guillayn na direção de um banco regional demonstra também a sua alta capacidade administrativa e abrangência de sua influência na economia do Estado.

Quanto a esta atitude do Governo, o deputado Emílio Guilayn assim justificava: 

“Ao mesmo tempo, porém, que as leis votadas (anteriormente) provocaram ao que parece a vinda para o nosso Estado de capitais estrangeiros destinados à exploração dessa indústria, é preciso, é mesmo imprescindível que, concomitantemente, se procure de algum modo estimular os capitalistas rio-grandenses para que ao lado dos capitalistas estrangeiros, que serão muito bem recebidos, concorram, por sua vez, para o desenvolvimento dessa indústria, nela empregando, extraordinariamente remunerador, os seus capitais, ao mesmo tempo que concorrendo, destarte, para defesa e se preciso for, dos interesses dos criadores do Estado. É sabido desta Assembleia que o principal ramo de nossas indústrias é a pecuária, consequentemente, tudo quanto se fizer para ampará-la e desenvolvê-la, será bem feito. Assim pensando, o Governo do Estado e com este a comissão do orçamento redigiu este projeto (...) Introduz-se nele — digamos assim — uma novidade do nosso meio, qual seja a garantia de juros que, no atual regime, jamais concederam os poderes públicos do Estado, mas a justificativa dessa inovação repousa no desejo de estimular o capital nacional e promover, entre nós, o surto da indústria frigorífica, com a fundação de um estabelecimento genuinamente nacional”. [Anais da Assembleia dos Representantes do Estado do Rio Grande do Sul. 38® Sessão. 22 nov. 1916. p. 140].

Note-se aqui que o orador, membro do Partido Republicano Riograndense, seria um dos diretores do projetado empreendimento.[PESAVENTO, Sandra. República Velha Gaúcha: frigoríficos, charqueadas, criadores. Porto Alegre: Movimento/IEL, 1980, p. 118].



O interesse de Guillayn em investimentos estrangeiros nem de longe era uma questão pessoal ou de interesse próprio. Na verdade, o raciocínio de Guillayn estava perfeito, pois o capital não tem fronteiras, e uma visão ultra nacionalista só atrasaria o desenvolvimento do estado e do país, bem como da América Latina. A leitura de qualquer formação social precisa estar adequada ao que realmente interessa para a população e não apenas uma questão meramente ideológica ou teórica. Os fatos precisam estar conforme as teorias se não de nada valem as teorias. A discussão ideológica não pode ser somente no plano abstrato, mas também deve estar fundamentada com a pesquisa científica. Embora a maioria das formações sobre economia ocorram também no plano da abstração, nem de longe estão descoladas da prática.

Se os Barões do charque pelotenses dos anos 1850 a 1880 diversificavam seus negócios, os seus congêneres das décadas de 1910 e 1920 o faziam ainda mais, pois os ramos favoráveis aos investimentos de capital eram os mais variados. 

Emílio Guilayn, por exemplo, também inverteu capitais em uma casa de câmbio, foi proprietário da empresa que fornecia energia elétrica na cidade, teve uma companhia de seguros, um moinho, entre outros investimentos. Fundador da Associação Comercial de Bagé, em 1898, ele também foi deputado estadual pelo PRR. A maioria dos charqueadores também atuava na criação e/ou no comércio, mas nenhum deles se comparava ao Visconde Ribeiro Magalhães. Em 1906, Antônio Nunes Ribeiro Magalhães recebeu esse título de nobreza do Rei de Portugal, seu país de origem. Em 1907, foi classificado como um dos 20 maiores industriais do Brasil. Sua trajetória exibia muita riqueza e ostentação, tendo construído um grande palacete na cidade de Bagé. Exercendo amplamente a caridade, ele também “construiu um amplo complexo urbano e industrial, composto por vila de operários, indústrias, igreja, teatro, hospital, quadra de tênis, serralharia, olaria”, entre outros, além de armazém e padaria que empregavam 140 pessoas (ASSUMPÇÃO NETO, 2015, p. 54). Em 1914, ele foi apontado como um dos maiores criadores de gado do Rio Grande do Sul, com 15.600 cabeças bovinas (PESAVENTO, 1980, p. 119).[Sobre as charqueadas do visconde, ver também BOUCINHA (1993) e SOARES (2006)].  [VARGAS, Jonas M. ELITES, FAMÍLIA E RIQUEZA NA PECUÁRIA GAÚCHA: O CASO DOS ESTANCIEIROS E CHARQUEADORES DE BAGÉ (C. 1850-1930). In História de Bagé: novos olhares [livro eletrônico]/ Gustavo Andrade; Maria Medianeira Padoin; Clarisse Ismério (Org.). Ponta Grossa: Texto e Contexto, 2021,p. 294-295)]


É interessante comparar os dados obtidos para benfeitorias cita das acima com o quadro dos maiores proprietários de gado bovino em 1914/15, do Relatório da Repartição de Estatística de 1914. Os maiores proprietários de gado são o Visconde de Ribeiro de Magalhães, com 15.600 cabeças bovinas, em Bagé, onde se havia registrado o maior número de banheiros carrapaticidas, e George Clarck Dickinson, com 17.965 cabeças, e Ismael Floriano Fagundes, com 17.000, ambos de Itaqui, outro município também apontado como líder em termos de inovações sanitárias para animais. [RELATÓRIO da Repartição de Estatística. Secretaria dos Negócios do interior e Exterior do Estado do Rio Grande do Sul. 1914. p. 179-80]. [PESAVENTO, Sandra Jatahy República velha gaúcha; charqueadas, frigoríficos, criadores. Porto Alegre, Movimento/ lEL, 1980, pp. 119 −120].



O envolvimento com o senhor João Ganzo Fernandes com relação à Companhia Telefônica Riograndense, em 1922, demonstra também que os investimentos de Emílio guillain estavam também intrinsecamente ligados a região Platina, especialmente o Uruguai, no caso. 


Organização de um sindicato. Segundo estamos informados, os serviços de luz elétrica mantidos em quase todas as localidades do estado pela empresa Ganzo, vão passar à direção de um sindicato em organização nesse estado e de qual farão parte, entre outros capitalistas, os coronéis, Emílio Guillayn e João Ganzo Fernandes, este, atual diretor gerente da Companhia Telefônica Rio-grandense. [ O Brazil (RS) - 1909 a 1924. Ano 1922\Edição 00013 (1). https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=882534&pesq=emilio%20guilayn&pasta=ano%20192&hf=memoria.bn.gov.br&pagfis=783] .







1924

Morte de um deputado estadual gaúcho. Porto Alegre, 2. Faleceu em Paris, o deputado estadual Emilio Guilayn. [O Estado (SC) - 1920 a 1929. Ano 1924\Edição 02957 (1). https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=098027_02&Pesq=emilio%20guilayn&pagfis=7668] .



Deixou, também de existir, em Paris, onde se achava, o coronel Emilio Guilayn, abastado capitalista rio-grandense e deputado à Assembleia dos representantes deste Estado. Grande financista, político republicano influente, o extinto era figura de verdadeiro destaque no Rio Grande do Sul, que pranteia, com o mais justo motivo, o seu trespasse. À família do ilustre cidadão, que, se não era um rio-grandense nato, era, contudo, um grande servidor da terra em que se elevou, por seu esforço, à posição de destaque em que morreu, os sentimentos de pesar d!”O Mundo”, que admira os que têm vontade, sabem querer, e se fazem, como Emilio Guilayn. [ O Mundo (RS) - 1924. Ano 1924\Edição 00009 (1). “Registro Mortuário”. [5 de maio]. https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=846538&pesq=%22guilayn%22&pasta=ano%20192&hf=memoria.bn.gov.br&pagfis=22] .



Coronel Emílio Guilayn trouxe nos ontem o telégrafo a infausta nova do falecimento, a primeiro do corrente, em Paris, do nosso ilustre amigo e correligionário extremoso, o digno Deputado a assembleias de representantes, Coronel Emílio Guilayn. [https://memoria.bn.gov.br/pdf/388653/per388653_1909_00277.pdf . https://memoria.bn.gov.br/pdf/388653/per388653_1909_00277.pdf . https://www2.al.rs.gov.br/biblioteca/LinkClick.aspx?fileticket=X0QsJN_JZ68%3D&] .

De alguns anos a esta parte, sentia-se  o coronel Guilayn gravemente enfermo, e preferiu nos últimos tempos, sujeitar-se a melindrosa operação, que deveria ser feita na Europa.

Semanas atrás, resolveu-se a partir para a França, em cujo capital devia ser operado. Em sua companhia levou um filho, o senhor Martín Guilayn, diretor da usina elétrica de Pelotas, tendo a poucos dias chegado a Paris. [https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/HistRev/article/view/16014/10062] .

Submetida delicada intervenção cirúrgica, sucedeu Infelizmente o que muitos dos seus íntimos previam: não pode resistir o seu combalido organismo a esse inevitável recurso médico.

Natural da Espanha, Emílio Guillayn, envolvido quando muito moço, num dos “complots” republicanos da Catalunha, com um grupo de ardorosos propagandistas como ele, viu se forçado a deixar o seu país, imigrando para o Brasil. [https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/95388/3/LEIT%C3%83O%2C%20Marina.%20Tese%2C%20vers%C3%A3o%20FINAL%20-%20CORRE%C3%87%C3%95ES.pdf] .

Tinha pouco mais de 20 anos, quando chegou ao nosso estado, escolhendo para exercer a sua atividade a Cidade de Bagé. Ali, teve ele logo a ocasião de empregá-la, como guarda-livros, na firma José Lopes Villamil. 

[Em 1902, José Lopes Villamil, tinha um cortume. 

https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=313394&pagfis=22324

 . Almanak Laemmert : Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891 a 1940. Ano 1902\Edição A00059 (2) . 

“José Lopes Villamil - O Sr. José Lopes Villamil, que se ocupa de vários ramos da indústria e comércio, tem uma fábrica de sabão e de velas, um curtume, um pequeno moinho, uma sapataria, e além destes variados estabelecimentos, ainda um armazém para a venda, por atacado e a retalho, de toda a sorte de artigos. 

A fábrica de sabão e velas produz um sabão amarelo, na razão de 20.000 quilos por mês; e diariamente, 25 caixas de 24 quilos cada uma, de velas comuns, e 25 caixas de 25 pacotes, cada, de velas de estearina. 

Em caso de necessidade, pode esta capacidade de produção ser ainda muito aumentada. 

Na fábrica trabalham 16 empregados. 

No curtume há 18 empregados, que se ocupam da manufatura de couros comumente usados. 

O moinho, que não trabalha constantemente, ocupa três homens. 

A sapataria, onde se manufatura um calçado que encontra a melhor aceitação no estado, é provida de excelente maquinismo de fabricantes ingleses, franceses e alemães. 

Em Bagé, também o Sr. Villamil tem grandes armazéns. 

O desenvolvimento tomado pelo estabelecimento, fundado em 1864, exigiu a criação de duas sucursais: uma em São Luiz, no território brasileiro, e outra do lado oposto da fronteira, no Uruguai. 

O Sr. Villamil nasceu em Espanha, mas está no Brasil há mais de 50 anos [1863? Pois o ano da preparação  da obra foi no ano de 1913? Ou seja, José Lopes Villamil já chegou em Bagé instalando uma empresa? ]. https://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300g41i.htm  . 

“ N) Judith Messerschmidt n. 14.1.1917 fal. 25.12.2013  c. 27.9.1934 c. Mário Villamil de Vargas n. Bagé 16.9.1910 f° Joaquim José Saldanha de Vargas n. (8.8.1883) e Elvira Villamil de Vargas Vargas  n. Bagé RS n. (8.11.1891) fal. 22.3.1991 (fª José Lopes Villamil e Antônia Dias Villamil). https://sites.google.com/site/genealogiacastilhense/messerschmidt  . 

“Do encontro renhido das duas forças, resultou a perda de seis inimigos, entre os quais um Alferes, no bolso de cuja blusa foram encontradas as duas notas seguintes, uma dos nomes de republicanos que deviam ser degolados, e outra das casas que deviam ser saqueadas. 

Os nomes eram:

Tenente-coronel Manoel Corrêa dos Santos;

Capitão Manoel de Vargas;

Major Cândido Bueno;

Tenente-coronel Cândido Garcia, Acácio Garcia e Tenente-coronel Lupi, mortos no Rio Negro;

Dois irmãos Monteiro, de D. Pedrito e as

Casas dos Srs. Luiz Cantera;

Paschoal Boero;

Antonio N. R. Magalhães;

José e Pantaleão de Llano;

José Lopes Villamil.

Na mesma nota havia mais cinco nomes sem designação, escritos a lápis e de letra ininteligível e já apagada. 

Apenas pudemos ler o nome de Serafim.

Fomos informados, e esta notícia corria com insistência, que muitos oficias dos bandidos traziam em listas os nomes dos republicanos contra quem havia ordem de degola, por parte dos chefes”. https://www.ecoamazonia.org.br/wp-content/uploads/2021/06/Dr.-Antenor-Soares.-Sitio-de-Bage-1893.docx  . https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=388653&Pesq=%22guilayn%22&pagfis=8937  .

“Sr. delegado fiscal no Rio Grande do Sul:

N. 91-Comunico-vos, para os devidos efeitos, que o Sr. Ministro, por despacho de 21 de março ultimo, proferido em se são do Conselho de Fazenda, conforme o parecer deste, resolveu negar provimento ao recurso ex-ofício interposto por essa delegacia do ato pelo qual julgou nulo o processo encaminhado ao Tesouro com o ofício n. 251, de 28 de outubro de 1905 e instaurado pela Colectoria das Rendas Federais em Bagé, nesse Estado, contra José Lopes Villamil, negociantes na mesma cidade, por infracção do regulamento dos impostos de consumo. Diário oficial da União. (1906). Brasil: Imprensa Nacional. https://books.google.com.br/books?id=QWwvAQAAMAAJ&pg=PA2170&dq=%22Jos%C3%A9+Lopes+Villamil%22&hl=pt-PT&newbks=1&newbks_redir=1&sa=X&ved=2ahUKEwjf-v3_noGIAxUQg5UCHfx2CfcQ6AF6BAgMEAI . https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=388653&Pesq=%22guilayn%22&pagfis=17630] .

Retirando-se dela, dedicou-se ao comércio e a indústria, iniciando assim uma brilhante carreira. 

Tendo, após aceitar, com a proclamação da república, a sua naturalização, se associado a importantes firmas de Bagé, como Torrescasana e Martim Bidart, para exploração da casa Bancária Emilio Guilayn e Cia., a usina elétrica e, mais tarde, o estabelecimento Moinho bageense e outros negócios, fê-los rapidamente prosperar.

Dotado de esclarecida inteligência e viril energia, combativa, educado a capricho, Emílio Guilayn, levado pelas suas ideias políticas, não podia deixar de se interessar pela situação do Estado. 

Em 1907, ao lado do atual deputado federal J. Nabuco de Gouvêa e do falecido coronel Carlos Nunes Nogueira, fundou, em Bagé, o jornal republicano “A Evolução”, o qual tomou ativa parte na chamada “campanha democrática” da eleição presidencial Carlos Barbosa-F. Abbot. 

Exerceu mais tarde o cargo de diretor do banco da província. Em 1917, foi eleito o diretor do frigorífico de Pelotas. Trabalhava, ultimamente, como sócio da firma Buxton, Guilayn e Cia., com sedes em Londres e em Buenos Aires e filial em Pelotas. Por ocasião da morte do deputado Estadual coronel Alberto Rosa, veio substituí-lo o Coronel Emílio Guilayn, tendo-se demorado nesta capital alguns dias. O Coronel Emílio guillain era um trabalhador infatigável, dum caráter altruístico, distinguindo-se constantemente por atos de sincera filantropia. Deixa, o ilustre deputado estadual, viúva a excelentíssima senhora Dona Belmira Guilayn, residente em Pelotas; e filhos: a senhora Lúcia Guilayn Kraemer, esposa do Senhor Alfredo Kraemer, inspetor do banco pelotense; senhoritas Carlota, Josefa e Carmem e os senhores Martin e Paulo Guillayn, aos quais, apresenta a Federação, os seus Dolorosos sentimentos. 

[NABUCO, JOSÉ TOMÁS. Dep. Fed. RS 1907-1926; emb. Bras. Uruguai 1924-1926; emb. Bras. Peru 1937. José Tomás Nabuco de Gouveia nasceu em Leopoldina–MG no dia 11 de outubro de 1872, filho de Hilário Soares de Gouveia, médico, e de Rita Nabuco de Gouveia. Seu avô materno, José Tomás Nabuco de Araújo, estadista durante a Monarquia, exerceu diversas funções públicas, entre as quais a de ministro da Justiça (1853-1857, 1858, 1859 e 1865-1866) e a de conselheiro de Estado (1866). Seu tio Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, político, diplomata e historiador, foi deputado pela província de Pernambuco (1858, 1885, 1886-1889) e lutou no Parlamento pela emancipação dos escravos. Seu primo Maurício Nabuco foi embaixador do Brasil em Santiago do Chile (1937-1939) e em Washington (1948-1951). Fez os cursos preparatórios no Rio de Janeiro, então capital do Império, e em 1890 matriculou-se na Faculdade de Medicina dessa cidade. Em 1893 foi residir em Paris em companhia do pai, que deixou o país por participar de tentativas de revolução contra o governo de Floriano Peixoto (1891-1894), e lá concluiu o curso de medicina. Em 1899 voltou ao Brasil e prestou exames que o habilitaram ao exercício da medicina no país. Fixando residência em Bajé (RS), passou a clinicar e a participar de atividades políticas. Realizou várias viagens à Europa e foi diretor de serviços do Hospital de Genebra, na Suíça. Em Bajé, ocupou o cargo de vice-intendente, chegando a governar o município durante algum tempo. Em 1907 elegeu-se pela primeira vez deputado federal pelo Rio Grande do Sul na legenda do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), assumindo o mandato em setembro. Reeleito em 1909 e 1912, passou a integrar as comissões de Diplomacia e Tratados e de Instrução Pública da Câmara dos Deputados. Em abril de 1912 foi aprovado em concurso para livre-docente da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e em agosto de 1914 tornou-se diretor da Maternidade do Rio de Janeiro. Em março do ano seguinte foi nomeado professor-substituto da cadeira de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina e foi uma vez mais eleito deputado federal. Após nova reeleição no início de 1918, chefiou em julho Missão Médica Brasileira formada em consequência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Voltou a se reeleger deputado federal em 1921, e em 1923 foi ao Rio Grande do Sul, por delegação do presidente Artur Bernardes (1922-1926), tentar promover um acordo entre os republicanos e os federalistas, que se encontravam em luta armada desde o início do ano. A pacificação foi consumada em dezembro desse ano, através da intervenção do general Fernando Setembrino de Carvalho, quando foi assinado o Pacto de Pedras Altas. Após nova reeleição em 1924, em novembro desse ano foi nomeado embaixador extraordinário e ministro plenipotenciário em Montevidéu, em substituição a Luís Guimarães Filho. Em 1925 negociou e assinou o Convênio de Cooperação Recíproca Brasil-Uruguai, para os casos de alteração da ordem nos territórios fronteiriços. Permaneceu em Montevidéu até junho de 1926, quando foi substituído por Hélio Lobo. Foi ministro no Paraguai em outubro de 1926 e concluiu seu mandato na Câmara dos Deputados em dezembro seguinte. Foi ainda ministro plenipotenciário em Berna, na Suíça, e em Bucareste, na Romênia. Durante a campanha eleitoral de 1929, ficou ao lado de Júlio Prestes, candidato situacionista, e contra a Aliança Liberal (1929-1930). Com a vitória da Revolução de 1930, foi mal recebido no Ministério das Relações Exteriores e afastou-se das atividades diplomáticas. Em agosto de 1932 foi delegado do Brasil ao IX Congresso Internacional de História da Medicina. Retornou à diplomacia em abril de 1937, quando foi nomeado pelo presidente Getúlio Vargas para substituir Alberto Jorge de Ipanema Moreira como embaixador do Brasil no Peru. Exerceu essa função até 26 de novembro do mesmo ano, sendo substituído pelo embaixador Lucílio Antônio da Cunha Bueno. Casou-se em segundas núpcias com Clotilde Paranhos do Rio Branco, filha de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco, que foi ministro das Relações Exteriores de 1902 a 1912. FONTES: ABRANCHES, J. Governos; CÂM. DEP. Deputados; CONSULT. MAGALHÃES, B.; GUIMARÃES, J. Dicionário; Ilustração Brasileira (10/22); MIN. REL. EXT. Anuário; PEIXOTO, A. Getúlio. https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/NABUCO,%20Jos%C3%A9%20Tom%C3%A1s.pdf] .

[Pode ser um equívoco do jornal: 

Folhas operárias e anarquistas de Bagé. Como Bagé foi uma das principais cidades gaúchas dentro do contexto histórico do movimento operário e anarquista do começo do século XX, muitos impressos foram produzidos por representantes do operariado local. Conforme foram identificados por este pesquisador, em análise de arquivos de jornais, guardados no Museu Dom Diogo de Souza, mantido pela Fundação Attila Taborda, vinculada à Universidade da Região da Campanha (Urcamp), há muitos impressos com esta abordagem política e social de cunho anarquista e operária entre os anos de 1902 e 1946 em Bagé. Foram identificados os seguintes títulos de jornais de imprensa libertária e do movimento operário: A Evolução – 1902 (anarquista); A Evolução – 1907 (jornal operário); La Notícia – 1910 (anarquista); A Defesa – 1910 (anarquista); O Trabalho – 1913 (jornal operário); O Pharol (por volta do começo da década de 1910, impresso da chamada “União Operária”; A Dor Humana – 1919 (órgão da União Geral dos Trabalhadores, de tendência anarquista); Solidariedade Obreira – 1920 (órgão do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil); Nossa Voz – 1923 (anarquista); A Voz Humana – 1923 (anarquista); A Revolta – 1925 (jornal operário); Tribuna Livre – 1926 (anarquista); O Confessado – 1926 (anticlerical, composto por maçônicos liberais positivistas e por anarquistas); Emancipação – 1928 (anarquista); O Boato – 1929 (não definido se o seu posicionamento era vinculado ao movimento operário); Pente Fino – 1937 (representava quatro sociedades operárias); Eco Padeiral – (órgão do Sindicato dos Padeiros) e Novo Dealbar – 1946 (anarquista). SILVA, Marcelo. (2022). O pioneirismo do jornal bageense A evolução para a mobilização operária e anarquista no interior do RS. Oficina do Historiador. 15. e41348. 10.15448/2178-3748.2022.1.41348”. https://www.researchgate.net/publication/359129032_O_pioneirismo_do_jornal_bageense_A_evolucao_para_a_mobilizacao_operaria_e_anarquista_no_interior_do_RS/citation/download  . 

O jornal do qual Guilayn participou foi O Dever, do qual foi um dos fundadores, “orgão do Partido Republicano, que circulou de 1901 a 1936. https://issuu.com/jornalminuanobage/docs/20150807 .

“Dentro desta conjuntura política, foi criado em 15 de novembro de 1900, na cidade de Bagé, o Jornal O Dever, órgão de divulgação do Partido Republicano e representante dos interesses do comércio e indústria do Estado do Rio Grande do Sul, como podemos observar na imagem a seguir: (...) .BICA, Alessandro C. et al. O jornal “O Dever”: um espaço de múltiplos olhares para a história da educação na cidade de Bagé. 2023. Disponível em: https://silo.tips/download/o-jornal-o-dever-um-espao-de-multiplos-olhares-para-a-historia-da-educaao-na-cid  . Acesso em: acesso em: 18 agosto 2024] .

[“Fernando Fernandes Abbott (São Gabriel, 12 de agosto de 1857 — São Gabriel, 13 de agosto de 1924) foi um médico e político brasileiro. Foi governador do Estado do Rio Grande do Sul (na época o cargo era denominado de presidente estadual) em duas breves ocasiões.

Biografia.

Filho do Dr. Jonathas Abbott Filho e de Zeferina Fernandes Barbosa, realizou os estudos primários na sua cidade natal, depois cursou Humanidades em Porto Alegre. Doutor pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1897, iniciou sua carreira médica no Ceará, durante a grande seca, voltando ao Rio Grande em 1899.

Abolicionista, liderou o recolhimento de fundos, em sua cidade natal, para comprar a liberdade dos escravos, atingindo o pleno sucesso em 1884.

Membro fundador do Clube Republicano de São Gabriel e destacado integrante do Partido Republicano Rio-grandense, foi eleito deputado à Constituinte Estadual, após a Proclamação da República. Em junho de 1891, na condição de vice-presidente do Estado em exercício, apresentou à Assembleia o projeto de Constituição política do estado elaborada por Júlio de Castilhos. Assumiu o governo interinamente, após o afastamento do governador Cândido José da Costa, em 16 de março de 1891, ficando no cargo até 15 de julho de 1891.

Em 27 de setembro de 1892 voltou, interinamente, ao governo do estado. No seu segundo período como governador foi um dos maiores combatentes à proposta de um tratado de livre comércio com o Uruguai, argumentando que afetaria a economia gaúcha, principalmente a pecuária. Ainda no seu governo, a força militar estadual foi reorganizada, tornando-se a Brigada Militar, conforme conhecida até hoje.

Foi deputado federal pelo Rio Grande do Sul de 1894 a 1896 e ministro plenipotenciário do Brasil na Argentina, de 1894 a 1897. Em atrito com seu colega de partido Antônio Augusto Borges de Medeiros, que se recandidatou ao cargo de governador desatendendo uma solicitação de parte do partido, deixou o PRR. Em 1908 fundou, com seu amigo Joaquim Francisco de Assis Brasil, o Partido Republicano Democrático, pelo qual competiu, como candidato da oposição, à sucessão do governador Borges de Medeiros, perdendo a eleição para o candidato da situação, o também médico Carlos Barbosa Gonçalves”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Abbott



Depois do falecimento de Emilio Guilayn, nota-se a ascensão de Martin Guilayn,  que, ao que parece, seguiu o exemplo do pai, como grande administrador. Nota-se também a presença de Martin em Pelotas, em sua vida social, jogando tênis,  assim como de suas irmãs; e no Rio de Janeiro, que Martin parece ser um aficionado do turfe.


1928

Os saudosos chefes, coronel José Octávio Gonçalves, Dr. Veríssimo de Castro e o coronel Emilio Guilayn, constituídos em comissão, iniciaram as demarches precisas. Publicava-se então, em Bagé, um diário sem cor politica, “O Commercio”. Alexandre da Costa.

(...)

A afirmação de uma grande operosidade. A luxuosa filial da Cia. Buxton Guilayn, S. A.

A afirmação de que a marcha evolutiva do país se desenvolve consideravelmente, mormente nestes últimos tempos, não pode ser contestada.

E o fato está nas empresas que aqui se fundam, umas propriamente nacionais, outras de nacionais e estrangeiras, que se empregam em grandes cometimentos e realizam empreendimentos notáveis que concorrem para a grandeza do Brasil.

E dentre essas está a poderosa Companhia Buxton, Guilayn, S. A. que a 15 de Ju- lho, deste ano, fundou sua filial nesta capital, arrendando o belo edifício mandado construir pela Intendência Municipal, á rua dos Andradas, esquina com a avenida Paysandú. 

O andar térreo, com frente para a nossa principal artéria, foi convenientemente preparado para comércio de automóveis e respectivos acessórios.

0 vasto salão de exposição foi cuidadosamente disposto para esse fim, vendo-se 3 grandes armações com 800 gavetas para distribuição de peças sobressalentes, além de finos balcões de vidro para exposição de accessórios, tendo o vasto salão 7 aberturas, sendo 5 vitrines e 2 portas amplas, para dar acesso ao interior do mesmo salão onde estão em exposição permanente os luxuosos e possantes automóveis Hudson e Essex, dos quais são agentes em todo o Estado.

Essa filial obedece à direção do distinto cavalheiro Sr. J. M. Vasques e os seus escritórios, instalados com o mais rigoroso conforto, têm como chefe o competente Sr. Jorge Portella.

A Companhia Buxton-Guilayn fundada em Buenos Aires, no ano de 1899, pelo finado coronel Emilio Guilayn, como comanditário, e pelos engenheiros ingleses Harold B. Buxton e Walter G. Cassini como sócios solidários, sob a nominação de Buxton, Cassini e Cia., especializando-se, desde o seu início, na construção de usinas eléctricas, não só na República Argentina, como no Uruguai e no Brasil. Datam dessa época as usinas de Gualeguay, Las Flores, Tandil, Corrientes, Gualeguaychú, Catamarca, Mendonza, etc., bem como Melo e Taquerembó e ainda a de Bagé, esta ultima construída em 1905, ampliada em 1912 e reconstruída em 1923. 

Concessionários dos serviços de luz, força e bondes elétricos de Pelotas construíram ali uma das usinas mais bem aparelhadas do Brasil, a primeira na America do Sul que foi dotada de caldeiras especiais para o aproveitamento do carvão mineral pobre e organizaram a grande empresa "Rio Grandense Light & Power", com um capital de £ 300.000,00, que chamou a si a concessão e exploração, e que desde seu início esteve sempre sob a direção e administração de seus sócios coronel Emilio Guilayn e Martin Guilayn. [Segundo o pesquisador Allen Morrison, de New York, uma linha de bondes com tração animal, inaugurada em 9/11/1873, serviu a cidade por 42 anos e a Rio Grandense Light & Power Syndicate, Ltd., registrada em Londres em 17/5/1912, instalou iluminação pública elétrica em Pelotas em 1914, iniciando a construção de uma linha de bondes elétricos junto com a empresa argentina Buxton, Cassini & Compañía, de Buenos Aires, começando a funcionar em 20/10/1915. https://www.novomilenio.inf.br/santos/bonden36.htm?fbclid=IwY2xjawIMywxleHRuA2FlbQIxMAABHdrob0kUNrc4IYJqJZFreuICW0J0llWDSMVVRsIEOG4PKTszHaubdrxmvw_aem_RCTS6EZlb0Gq7S3pnK_1lg . “Com este artigo pretendemos analisar a representação do gênero feminino nos anúncios divulgados pela empresa The Rio Grandense Light and Power Syndicate Limited na década de 1930 no Diário Popular. A empresa analisada, Light and Power, foi distribuidora de energia elétrica em Pelotas por mais de 50 anos no século XX. Registrada em Londres em 1912, foi responsável pela iluminação pública pelotense a partir de 1914 e pelo fornecimento de energia aos bondes da cidade no ano seguinte. Foi adquirida pela American & Foreign Power Company em 1930 e revertida à União em 1964. Porém, apenas em 1966 encerrou suas atividades quando a Companhia Pelotense

de Eletricidade, uma subsidiária da Eletrobrás, assumiu as instalações (AXT, 1995)”. https://www.editorarealize.com.br/editora/ebooks/senacorpus/2018/TRABALHO_EV103_MD1_SA19_ID589_06032018122357.pdf . Assim, 300.000.000 libras esterlinas em 1912 equivaleriam a 3.240.000 contos de réis?].

O capital da firma, que fora iniciada em 1899 com. $ 100,000,00, foi elevado gradativamente para $ 300,000,00, $ 500,000,00, $ 1.000.000,- $ 1.200.000, $ 1.500.000,-, $ 1.800.000,- (Rs. 6.500:000$) sendo que em 1926 o seu fundo de reserva atingiu quantia superior a um milhão de pesos argentinos, quantia superior a três mil seiscentos contos de nossa moeda.

Quando o automobilismo começou a interessar a America do Sul, a Sociedade, que até então só cuidava de machinas, elevadores elétricos e eletricidade, em geral, resolveu dedicar-se ao novel ramo e desde então, organizando carreiras e raids, fundando o Automóvel Club Argentino, concorrendo largamente para a construção de estradas e mantendo enorme oficina mecânica, tornou-se a "leader" do automobilismo argentino, vendendo nos primeiros anos cinquenta autos aproximadamente, para entregar hoje, anualmente mais de dois mil, encarando o negócio do ponto de vista de dar ao público o melhor serviço possível, para o que conta com três casas de venda, duas oficinas de reparação de pintura, uma fábrica de montagem especialmente construída para esse fim, em Buenos Aires, e mais de 180 representantes em toda Argentina, além das casas de Pelotas e de Porto Alegre.

Assim que se fundou a fábrica Hudson o seu primeiro agente na America do Sul foi a Organização Buxton-Guilayn, conseguindo vender no espaço de 14 anos mais de doze mil carros Hudson e Essex, e não descurando a parte esportiva levou estas marcas à vitória nas principais provas argentinas e rio grandenses, batendo sempre incríveis records sul- americanos com carros estritamente de série.

Em virtude de suas ligações de ordem afetiva com o Brasil, a Sociedade instalou em Pelotas uma filial em 1913 e tal foi o seu progresso que resolveu dar-lhe uma organização autônoma que vemos culminada agora com a incorporação da sociedade brasileira "Companhia Commercial Buxton-Guilayn" com o capital de 1.500:000$000, com sede em Pelotas e filial em Porto Alegre.

A Organização Buxton-Guilayn, teve sempre à sua frente, Harold B. Buxton e a figura do homem de negócios, coronel Emilio Guilayn, ligados a iniciativas de grande vulto do Rio Grande do Sul, está hoje rodeada de individualidades conceituadas nos meios social e comercial, como Martin Guilayn, director das casas de Buenos Aires e Pelotas, e director-presidente da "Light & Power" tambem de Pelotas; José Barbará, presidente de ambas as casas; Paulo Emilio Guilayn, director em Buenos Aires; Alfredo Kramer, ex-director-presidente do Banco do Espírito Santo, director em Buenos Aires; José M. Vasques, ex-gerente de Pelotas, director em Porto Alegre; John H. Bouwer, ex-gerente da filial de Londres, gerente geral em Buenos Aires; Arthur Buxton, gerente de exportação em Buenos Aires; Carlos Buxton, inspector geral de agências e também o Dr. Carlos Lubisco, comerciante local que desempenha as funções de vice-presidente da sociedade brasileira.

(...)

EDIFICIO HUDSON

Flagrante apanhado por ocasião do embarque dos Snrs. charles Buxton e Martin Guilayn, vendo-se ao centro O Dr. João Carlos Machado, diretor da "A Federação", e a esquerda o Snr. J. M. Vasques, digno chefe da filial Buxton, Guilayn, s. A. nesta capital.

O belo edifício mandado construir pela Intendência Municipal, á rua dos Andradas, esquina com a avenida Paysandu, e arrendado pela poderosa "Cia. Buxton, Guilay n s. A." para sua filial, denominando-o "Edificio Hudson's.

O Sr. Jorge Portella, digno gerente da importante firma nesta capital

O vasto salão de exposições dos luxuosos automoveis "Hudson" e "Essex" da poderosa firma Buxton Guilayn e Cia., nesta capital.  [ Mascara (RS) - 1918 a 1928. Ano 1928\Edição 00001-002 (4). https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=174181&Pesq=emilio%20guilayn&pagfis=5345 . https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=174181&Pesq=emilio%20guilayn&pagfis=5357] .



10 de agosto de 1956: Martin de Maranhão Guilayn: 

O falecimento do ilustre industrial e homem de sociedade


O inesperado e lamentável desaparecimento, ocorrido nesta capital, do Dr. Martin de Maranhão Guilayn, representou, para quantos o conheciam, um golpe dos mais sentidos, e para a economia brasileira, uma irreparável perda.

Personalidade das que mais se destacavam, nesta capital, pela sua alta projeção social, o Dr. Martin de Maranhão Guilayn nasceu na cidade de Bagé, no R. G. do Sul, em 1893, filho do Coronel Emilio Guilayn, exilado espanhol e um dos fundadores do sistema bancário riograndense.

Após cursar a Escola de Engenharia de Porto Alegre, permaneceu largo período da mocidade aperfeiçoando seus estudos na Inglaterra, de onde regressou para associar- se às empresas de seu pai. 

Falecido este, assumiu a direção de iniciativas de vulto, tais como a Emilio Guilayn & Cia. Ltda., a Buxton, Guilayn S. A. (Brasil e Argentina), o Rio-Grandense Light & Power Syndicate Ltd. e a Sociedade Matadouro Pelotense Ltda., da qual foi o incorporador. Data dessa fase a fundação, pelo Dr. Martin Guilayn, do "Jornal da Manha", de Porto Alegre, e do "Correio Mercantil", de Pelotas.

Transferindo-se, em 1929, para esta capital, aqui fundou o Banco Internacional de Finanças, que liquidou em 1936, e a Sociedade Técnica Industrial Ltda., da qual se afastou em 1937 

[a ação de Moore-McCormack em 4 de outubro de 1938, na qual a empresa contratou a operação de dez navios de carga e três transatlânticos pertencentes à Comissão Marítima dos Estados Unidos. Essa ação tinha como objetivo estabelecer uma operação entre os EUA e a América do Sul, conhecida como a “Good Neighbor policy” https://en.wikipedia.org/wiki/Good_Neighbor_policy  . 

Esse empreendimento contribuiu significativamente para fortalecer os laços comerciais e diplomáticos entre os países envolvidos. O objetivo da “Good Neighbor policy”, estabelecido por Moore-McCormack ao contratar a operação de navios da Comissão Marítima dos Estados Unidos entre os EUA e a América do Sul, era fortalecer as relações comerciais e diplomáticas entre os países envolvidos, promovendo a cooperação e o entendimento mútuo. Essa iniciativa visava aprimorar as conexões marítimas e o comércio entre os EUA e os países sul-americanos, ajudando a solidificar os laços de amizade e colaboração na região. Os objetivos diplomáticos da iniciativa da “Good Neighbor policy”, liderada por Moore-McCormack, eram: reforçar e divulgar as relações de amizade e cooperação entre os Estados Unidos e os países da América do Sul; promover a compreensão mútua e o cultivo da colaboração em áreas comerciais e diplomáticas; estabelecer uma rede marítima sólida que facilite o comércio e a comunicação entre os países envolvidos; demonstrar um compromisso de solidariedade e parceria na região, fortalecendo os laços históricos e políticos entre os Estados Unidos e os países sul-americanos], para ser eleito diretor da Moore-McMormack 

[“A Moore-McCormack Lines era uma série de empresas operando como linhas de navegação , operadas pela Moore-McCormack Company, Incorporated , mais tarde Moore-McCormack Lines, Incorporated , e simplesmente Mooremack , fundada em 1913 na cidade de Nova York . Ela encerrou suas atividades comerciais após sua aquisição em 1982. Os fundadores foram Albert V. Moore (1880–1953) (diretor/presidente) e Emmet J. McCormack (diretor/tesoureiro), com o Sr. Molloy (diretor/secretário). De um pequeno começo com um navio, o SS Montara https://portogente.com.br/colunistas/laire-giraud/6320-lembrancas-da-moore-mccormack-lines   , inaugurando uma rota dos Estados Unidos para o Brasil , ["The Story of Moore-McCormack" http://moore-mccormack.com/The-Company/Moore-McCormack-2.htm   , The Mooremack News , junho de 1951. Recuperado em 24 de dezembro de 2009] a linha de navegação se expandiu para se tornar uma grande linha dos EUA operando em todo o mundo. https://en.wikipedia.org/wiki/Moore-McCormack  . https://de.wikipedia.org/wiki/Moore-McCormack]  (Navegação) S. A., presidente da Cia. Brasileira de Vitaminas e Produtos Quimicos "Vitaquímica' e da Cia. de Desidratação e Congelação Rápida "Gelrap", e vice-presidente da Cia. Planaéreos do Rio de Janeiro. Foi, ainda, incorporador e primeiro presidente da Material Hospital (Mathosa) S. A., elemento destacado do Banco Industrial Brasileiro e diretor (1943-45) do Banco Hipotecário do Estado de Minas Gerais.

A atuação do Dr. Martin Guilayn na diretoria da Moore-McCormack desde 1938 é por demais conhecida para ser aqui recordada com minúcias. 

Ali ele deu o melhor de sua experiência e foi no seu difícil posto de comando que se revelou, de maneira tão extraordinária, o administrador hábil que sempre foi, o homem de tato, de invencível capacidade de trabalho, dotado de uma tenacidade diante da qual nenhum percalço resistiria.

Aliem-se a esse autêntico dínamo de negócios as qualidades morais e intelectuais que o exornavam, e ter-se-á o perfil do Dr. Martin Guilayn, um cidadão exemplar, tão cedo arrancado ao convívio de sua família e de seus inúmeros amigos.

O Dr. Martin Guilayn era casado com a Senhora Dona Maria Luisa Guilayn e não deixa filhos. [REVISTA DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL.  http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=acrjrevistas&pagfis=7831 . 1956\Ano XIX N.826. Sexta-feira, 10 de agosto de 1956; Rio de Janeiro. Circulação quinzenal. p. 2. http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=acrjrevistas&pagfis=7828 . https://memoria.bn.gov.br/pdf/386030/per386030_1956_01556.pdf . https://memoria.bn.gov.br/pdf/093092/per093092_1956_08592.pdf .

https://memoria.bn.gov.br/pdf/348970/per348970_1956_15368.pdf] .




27 de março de 1949


Mais barcos americanos em Santa catarina. O diretor da Moore Mc Cormack visita Florianópolis e Itajaí.

Vindo de Porto Alegre, deve chegar a Florianópolis hoje, às 10:25 horas, em companhia de sua esposa, o senhor Alberto V. .Moore, diretor da Moore-Mckormak Lines, que está realizando uma viagem de inspeção aos portos da América do Sul, onde escalam os navios de sua companhia.

A Moore-Mckormaq é uma pioneira na navegação regular entre os Estados Unidos e o Brasil e é conhecida a importância do estímulo que tem dado não apenas as trocas comerciais, como também é um movimento turístico através da “Frota da boa Vizinhança”.  [ http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/oestadofpolis/1949/EST194910495.pdf .O Estado. Florianópolis, Domingo, 27 de março de 1949, p. 8.O mais antigo Diário de Santa Catarina. Proprietário e D. Gerente: Sidnei Nocetti. Diretor Dr Rubens de Arruda Ramos. Diretor de redação: Gustavo Neves. Ano XXXV número 10495].



29 de novembro de 1939.

Regressa ao Brasil um dos diretores da frota da boa vizinhança. Prepara-se, nos meios marítimos, manifestação ao Senhor Martin M.Guilayn

Passageiro do “Uruguai”, uma das confortáveis unidades da “Frota da Boa Vizinhança” que fazem a linha regular de navegação entre Nova York e os portos sul-americanos, é esperado hoje, nesta capital, o senhor Martin do Maranhão Guillayn. Como diretor que é da Moore, McCormack do Brasil S.A., coube ao Senhor Martin M. Guilayn encaminhar aqui os primeiros entendimentos com os governos para venda de 14 navios destinados ao de Lloyd brasileiro. Ante o acolhimento favorável que dispensaram às negociações preliminares, as mais altas autoridades do país, foi designado, como se  sabe, para concluí-las, em Nova York, o major Napoleão de Alencastro Guimarães, a quem o governo atribuiu poderes especiais para esse fim. Viajando o chefe do gabinete do ministro Mendonça Lima para os Estados Unidos, seguiu em sua companhia o senhor Martin M. guilayn que, assim, participou diretamente das “demarches” finais de voltuoosa operação e assistiu à cerimônia da entrega do primeiro navio dos 14 adquiridos ao representante do governo brasileiro. Elementos destacados dos nossos meios sociais marítimos e comerciais preparam uma expressiva recepção ao Senhor Martin M.guilayn filho.



Referências:

http://www.sabado100.com.ar/portal/?p=1257

http://www.laopinion-rafaela.com.ar/opinion/2007/02/17/c721754.htm

http://www.direitonet.com.br/dn/lista?conf=41&p=681

http://www.ub.es/geocrit/sn-94-78.htm#29

http://www.aciba.org.br/historico.aspx

http://www.ihgrgs.org.br/inventario_bm/075_Porto%20alegre%2011.htm

http://www.ihgrgs.org.br/inventario_bm/142_Exterior.htm

http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/vivaocentro/default.php?reg=39&p_secao=17

http://www.ufpel.edu.br/ich/ndh/pdf/Gunter_Axt_Volume_04.pdf

AXT, Gunter. “A participação da iniciativa privada nacional no setor elétrico gaúcho – uma perspectiva histórica das maiores empresas (1887-1928)”. In: História em Revista, Pelotas, v.4, 63-94, dezembro/1998.

LAGEMANN, Eugenio (1985a). O Banco Pelotense & o Sistema Financeiro Regional. Porto Alegre: Mercado Aberto.

TRINDADE, Hélgio (1980). Poder Legislativo e Autoritarismo no RS (1891-1937). Porto Alegre: Sulina.

O ESTADO do Rio Grande do Sul (1915). Paris, Monte Domecq' & Cia.

AXT, Gunter & AITA, Carmen. Parlamentares Gaúchos das Cortes de Lisboa aos Nossos Dias (1821-1996). 2ª Edição. Porto Alegre: ALRS/Corag, 1996, 228 p.

FRANCO, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS)/Prefeitura Municipal, 1992

PIMENTEL, F. Aspectos gerais do município do Rio Grande. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 1944, p. 448-450


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